A PRINCESA LAILY
(Conto de Fadas
Hindu, colocado em formato poético por
William Lagos,
18 NOV 12)
A PRINCESA LAILY I
Dizem as crônicas que no reino de
Danthal
havia um rajá por nome Chandragari,
extremamente rico e venturoso;
valoroso vencedor de cem batalhas,
trouxera a paz e combatia qualquer
mal
em qualquer ponto do reino por que
gire,
seu povo próspero e seu solo
dadivoso...
Uma só coisa afligia o soberano:
sua esposa falecera e as concubinas
lhe haviam dado multidão de
filhas...
Já velho, Chandragari novamente,
aceitando o parecer de Gargamana,
seu irmão e seu vizir, uniu suas
sinas
a uma princesa das Maldivas Ilhas...
Lakhmê, sua nova esposa, engravidou
e três meninos deu-lhe de uma vez,
Mohandas, Moshnali e Mashnun,
que se tornaram fortes e guerreiros;
mas um faquir, chamado Ruda, se
mostrou,
de barbas longas e bem escura tez,
profetizando que viveria só um...
Em sua dor, o rajá mandou
encarcerá-lo;
então desceu povo inimigo da
montanha
apoiado por piratas desde o mar,
querendo o reino submeter à sua
pilhagem.
Saiu o rajá com os filhos a
enfrentá-lo,
causando nele destruição tamanha,
que o adversário nunca mais quis
retornar.
A PRINCESA LAILY II
Contudo, das feridas do combate,
o Príncipe Mohandas faleceu
e quando saíram a expulsar os piratas,
também morreu o Príncipe Moshnali.
Ficou Mashnun apenas, como o vate
profetizara e o rei se arrependeu,
mandando-o retirar das casamatas...
Ruda surgiu e o rajá se desculpou;
fingiu o faquir não sentir
ressentimento,
pois sua própria prisão vaticinara
e Chandragari só ao destino
obedecera...
Mas lá no fundo o seu ódio o dominou
e resolveu extorquir em pagamento
a própria vida do terceiro que
sobrara...
Ora, Gargamana, do rajá vizir e
irmão,
tendo um só filho, a quem chamara
Hussein,
não ambicionava o trono para si...
Hussein casara com uma das filhas do
rajá,
as outras casadas com cada cortesão,
como uma honra do rajá, também,
e seus netos já brincavam por ali...
Porém Ruda, conquistando-lhe a
amizade,
colocou-lhe más ideias na cabeça:
“Hussein é o sobrinho e o genro do
rajá,
bem indicado para sua sucessão...”
“Mashnun é o herdeiro de
verdade!...”
“Mas é solteiro ainda, não se
esqueça...
pode morrer, acidentes sempre os
há...”
A PRINCESA LAILY III
Gargamana com seu filho conversou,
porém Hussein demonstrou-se
revoltado:
“É meu amigo Mashnun, desde
criança!...
Se alguma coisa almejo, é ser vizir,
seguir seus passos, meu pai...” lhe
confessou.
“Após ter sido Mashnun entronizado:
que tenha um longo reino é minha
esperança!...”
“Nós dois brincamos desde
menininhos,
comíamos juntos as frutas do jardim;
ele me deu a sua adaga de ouro;
ainda saímos em longas excursões,
caçamos juntos, pescamos uns
peixinhos,
como um irmão foi ele sempre para
mim:
nossa amizade é o meu maior
tesouro!...”
Gargamana referiu toda essa história
a Ruda, que ficou um tanto pensativo
e prometeu então o trono para
Hussein,
sem precisar que morresse Mashnun.
Duvidou o vizir de tal visão
inglória,
mas o faquir lhe mostrou sorriso
altivo:
“Confie em mim, que planejo muito
bem...”
Então Ruda foi falar com Mashnun
e lhe mentiu que tivera uma visão
sobre a mulher mais bela deste
mundo,
a ele destinada por Shiva, o rei das
fadas.
“Não se deixe iludir por mais
nenhum:
ela é a esposa do seu coração
e já o ama com um ardor profundo...”
A PRINCESA LAILY IV
“Nunca se esqueça de que existe essa
mulher
que já o ama, mesmo sem tê-lo
conhecido,
mas desde a infância seu nome já
conhece...
Portanto, não aceite mais ninguém;
não há no mundo outra jovem sequer
cuja beleza o mundo tenha ouvido
igual à dela, nem ao menos numa
prece!”
E a Mashnun sem demora convenceu
de que devia por tal jovem esperar;
e embora o pai o instasse, com
frequência,
recusava-se a casar com qualquer
outra.
Morreu Lakhmê e Chandragari
envelheceu,
mas Mashnun continuava a recusar,
sem o trono brindar com
descendência...
Havia um reino cujo nome era Falana,
localizado a muitas léguas de
distância;
e seu rajá, por estranha
coincidência,
também tivera somente filha única,
chamada Laily, de beleza mais que
humana,
por muitos cortejada em vã
constância,
a lhe pedirem a mão com
insistência...
Porém Ruda, por artes de feitiço,
apareceu-lhe em sonhos, disfarçado
como avatar divino e lhe determinou
casar somente com o jovem Mashnun.
E ela passara seus anos de mais viço
a repetir todo o tempo o nome amado,
como o esposo que Shiva lhe mandou.
A PRINCESA LAILY V
Porém Falana era um reino bem
distante
das fronteiras do reino de Danthal
e ali ninguém conhecia Mashnun;
mas ela criara para si ideia fixa,
sempre seu nome a pronunciar, constante,
e só de o ouvir o Rajá Mansuk
sentia-se mal:
“Por que repetes tal nome e mais
nenhum...?”
“Ruda, o avatar, de Shiva o
mensageiro,
disse-me em sonhos que seria o meu
marido
e não me casarei com ninguém
mais...”
“Mas onde mora, afinal, esse
rapaz...?”
“Não o sei. Sei que é príncipe estrangeiro
e nenhum outro será o meu prometido:
senão com ele, não casarei
jamais”...”
O rajá seu pai enviou muitos
correios
em busca do tal Príncipe Mashnun,
porém nenhum o conseguiu achar,
pois ocorreu que, para sua vergonha,
Gargamana envidou todos os meios
Para esconder, quando chegava algum
até Danthal, mandando-o
encarcerar...
E destruía de Mansuk suas mensagens;
e assim o tempo foi passando, aos
poucos;
Mashnun e Hussein continuavam suas
caçadas
e sempre o primo o buscava convencer
de que esquecesse as profecias e
miragens,
que Ruda só recitava versos loucos;
e lhe indicava as mais belas
namoradas...
A PRINCESA LAILY VI
Porém Mashnun não se deixava
convencer;
“Hussein, sempre foste seu amigo,
mas não posso me evadir à
profecia...”
Os filhos de Hussein já eram
crescidos;
o rajá velho não custaria a morrer;
estava o reino em plena paz e
abrigo,
mas já certa inquietação se
pressentia...
“O povo quer que continues a
dinastia!”
dizia Chandragari e o ministério
aconselhava:
“O rajá tem muitos netos na cidade:
não faltará alguém que se revolte,
se nenhum filho seu na sucessão
seguia...”
Pois a ambição a mostrar-se começava
e alguns dos genros já pensavam em
maldade.
Hussein, aos poucos, quase
convencera
seu amigo a pôr de lado sua ilusão
de ter a mulher mais linda deste
mundo...
E Ruda e Gargamana já se
preocupavam,
porque o vizir também envelhecera,
sem ver o fruto de sua maquinação,
começando a nutrir rancor
profundo...
E então, um dia, empregando sua
magia,
Ruda afastou os animais da mata,
enquanto Mashnun saía em caçada,
salvo um veado que corria
velozmente...
E o príncipe essa caça perseguia;
léguas e léguas a perseguição
desata,
sem que sua presa jamais fosse
alcançada...
A PRINCESA LAILY VII
Os dois haviam parado, já cansados,
quando escutaram uma voz
entusiasmada:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun...”
E o príncipe respondeu, sem hesitar:
“Quem por meu nome chama nesses
brados?”
E Laily se apresenta, apaixonada,
a proclamar seu amor tão incomum...
Mas quinze anos já haviam passado
e a princesa já não tinha mais seu
viço;
o sol da pele roubara-lhe a
brancura,
trazia desgrenhada a cabeleira,
suas vestes os espinhos haviam
rasgado
e Ruda ainda lançara outro feitiço,
que lhe emprestava a aparência de
feiura...
E Mashnun se sentiu desapontado,
pensando ter achado uma mendiga,
embora um resto de beleza
conservasse
e perguntou: “Quem és? Por que me chamas?”
Comovido, mas um tanto
horrorizado...
“Sou Laily, filha e herdeira dessa
antiga
dinastia que em Falana se
encontrasse.”
Porém Hussein mostrou-se
consternado:
“Mas tu não vês que essa mulher é
louca?
Se algo é, é a mais feia deste
mundo!...
Há mil mulheres mais belas em
Danthal!...”
E assim Mashnun se afastou, muito
abalado,
pois doravante em sua memória só espoca
esse nome, “Laily”, em amor
profundo...
A PRINCESA LAILY VIII
Mas Laily retornou para a cidade
e disse ao pai ter encontrado
Mashnun
e que somente com ele casaria...
Seu pai, já bem cansado, perguntou:
“Mas onde está esse homem, por
piedade?”
Mandou seus guardas pela mata, mas
nenhum
pôde encontrar a quem ela
descrevia...
Mas a princesa de jeito algum se
convenceu
e o foi buscar também pela floresta,
sem achar rastro do seu belo
caçador.
E se passaram assim mais quinze
anos...
Entrementes, Chandragari faleceu
E Mashnun não permitiu que houvesse
festa:
subiu ao trono, governando sem
amor...
Gargamana e Ruda se alegraram,
enquanto Hussein se tornou o novo
vizir
e como um meio de evitar guerra
civil,
Mashnun o nomeara como herdeiro,
porém seus olhos jamais se
contentaram
com as mulheres que Hussein fez vir
por despertar-lhe o instinto
varonil.
“Quem eu quero é Laily, na
realidade...”
“Mas ela é velha e feia, meu
amigo...”
“Não importa, mande arautos a
Falana,
para pedir-lhe a mão em
casamento!...”
Eles partiram, mas sem ter
felicidade:
seu pai lhes dera boa acolhida e
abrigo,
mas Laily havia sumido há uma
semana!...
A PRINCESA LAILY IX
Ora, acontece que Ruda a encontrara
no meio da floresta, a procurar,
e a aconselhou, então, o mau faquir:
“Princesa, o reino de Danthal é
muito longe,
só há um meio de encontrar sua
estrada;
no Bagirati está um peixe a respirar
e em sua boca te deverás
introduzir...”
“Seu nome é Rayú e ele irá te
conduzir
até as praias do reino de
Danthal...”
Com o mau conselho, esperava que
morresse,
pois pelo monstro seria devorada...
O peixe achou nas margens, a dormir
de boca aberta; e sem temer o mal,
lá se jogou – que seu amor a
protegesse!...
E lá de dentro, não parava de falar:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun!”
O pobre monstro sentiu-se
desvairado:
Mas
como eu falo com a língua dessa gente?
Desesperado, se lançou a nadar,
do Bagirati ao Ganges e em nenhum
ponto dos rios o tal som foi
silenciado...
Rayú foi percorrer os Sete Mares,
mas a voz nunca cessava no seu peito:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun!”
Voltou à Índia e às praias de
Danthal,
sem conseguir aliviar os seus
pesares,
a voz soando para seu despeito,
sem que a pudesse parar de modo
algum!...
A PRINCESA LAILY X
E foi subindo, aos poucos, pelo rio,
depois de quinze anos a vagar,
pela voz assustadora acompanhado:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun!”
Meio sem forças, passando fome e
frio,
sem saber de que maneira se livrar
daquele horrível som amaldiçoado!...
Veio assisti-lo o seu amigo Karakal.
“O que é que tens, Rayú? – lhe
perguntou.
“É essa voz que nunca para de gemer:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun!”
“Mashnun é o rajá velho de Danthal,
que até hoje donzela alguma
desposou...
Talvez eu possa até te socorrer...”
“Se prometeres que não vais me
mastigar,
eu posso entrar em tua boca para
ver...”
E Rayú escancarou-se num bocejo,
mas o chacal não demorou a sair:
“Tens uma velha no ventre, a te
assombrar!
Estou com medo e nada mais posso
fazer,
talvez o Tigre satisfaça o teu
desejo!...”
E Karakal foi chamar a outra fera.
“Que tens, Rayú...?” Shirhan lhe perguntou.
“É essa voz que nunca para de falar:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun!”
“Há quinze anos que me acho nessa
espera
e só agora é que o chacal me relatou
que há uma velha lá dentro, a me
assombrar!”
A PRINCESA LAILY XI
“Se prometeres que não vais me
mastigar,
eu posso entrar na tua boca,
inteiro,
para poder te prestar um
benefício...
Tigres não temem qualquer mulher
velha!”
Então Rayú abriu a boca, a bocejar
e Shirhan foi entrando, sorrateiro,
porém fugiu como quem acha um
malefício!
“Rayú, não engoliste uma mulher:
tens no teu ventre uma velha
feiticeira!
Desculpa, mas não posso te ajudar,
mas vou chamar a grande cobra
Píton...
Ela esmaga qualquer fera que quiser
e será a tua esperança derradeira...
Ninguém mais poderá te libertar!...”
Chegou Naga, a negra píton, se
arrastando;
grossos anéis tem a rainha das
serpentes...
“Que tens, Rayú...?” “É uma voz que
me persegue:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun!”
“Há quinze anos passa me assombrando
e me obrigando a falar a língua das
gentes!
Não tenho salvação, se Naga Píton me
renegue!...”
E a cobra se arrastou pela garganta
e viu lá dentro uma velhinha a
murmurar:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun!”
“Terei de abrir-te o ventre com
minhas presas!’
“Mata essa bruxa, assim ela não mais
canta!”
“Não, Rayú, não a posso assassinar:
Shiva a protege e não me trouxe mal
algum!”
A PRINCESA LAILY XII
“Mas então, tu preferes me
matar...?”
disse o pobre Rayú, desesperado.
“Não te amofines, que não vais
morrer...”
E assim dizendo, abriu com uma
dentada
a barriga do peixe, para o libertar
da princesa que o havia atormentado,
por tantos anos, sem seu mal
querer...
Laily saiu, sem ter sofrido nada
e a píton passou a língua na ferida,
que se fechou, sem maior
dificuldade.
Rayú lhe agradeceu profusamente
e se afastou, dando grande rabanada,
ventre vazio, com fome ensandecida:
por quinze anos não comera de
verdade!
Mas Laily já estava bem velhinha,
cabelos brancos, toda desdentada,
da mocidade já perdera todo o viço
e nem sequer conseguia caminhar...
“Monta em minhas costas, doce
princesinha,
eu vou levar-te até teu bem-amado,
que ainda te espera, mesmo com o
feitiço...”
E todo o povo daquela capital
fugiu das ruas, com medo da
serpente...
Contudo, estavam ainda mais
apavorados
por essa velha encarquilhada nas
suas costas...
Porém, chegadas ao palácio real,
a mulher proclamou urgentemente
a sua intenção perante os seus
soldados...
A PRINCESA LAILY XIII
“Levem-me agora à presença do
Rajá!...”
E os soldados, sentindo grande medo,
foram dar a notícia ao soberano...
“Majestade, está aí fora a Fada
Píton,
carregando uma mulher, que exige já
uma audiência com o maior segredo...
É muito velha, mas tem porte
sobre-humano!”
Sem demora, Mashnun a mandou entrar
e a recebeu do alto de seu trono,
suas barbas brancas quase na
cintura...
Laily fez-lhe grande reverência,
mas lhe disse: “Senhor, vim-me
casar!
De meu coração tu foste o eterno
dono
e permaneço inteiramente pura!...”
“Sou Laily, do Reino de Falana,
única filha de meu nobre pai!...”
“E ainda vive o bom Rajá Mansuk?”
indagou Mashnun. “É bem velhinho,
mas a esperança lhe dá força
soberana
e nossa boda ainda assistir vai...
Olhe meus olhos. Não existe qualquer truque.”
Porém Ruda e o vizir antigo
se apresentaram, em contradição.
Soltou a píton sonora gargalhada
e, de um só bote, ela engoliu os
dois!...
“Tanta maldade castigar ainda
consigo!”
disse a serpente e então sofreu
transformação,
pois era Lakshmi, em serpente
disfarçada!
A PRINCESA LAILY XIV
Então a Fada do Amor para os hindus
disse ao rajá que provocara o
casamento.
“Mas agora vejo que estão velhos
demais...
Tirem as roupas, vocês dois!” –
determinou.
“E subam nelas, após ficarem
nus!...”
Obedeceram-lhe, em seu encantamento,
sem por momentos hesitar jamais...
Então Lakshmi soprou-lhes longa
flama,
que transformou suas roupas em
fogueira,
sem que o casal das chamas se
apartasse...
E assim que o fogo inteiro se
apagou,
a multidão dos cortesãos exclama!...
Estavam jovens os dois, nessa
ligeira
chama de amor que seus anos
resgatasse!...
E Mashnun reuniu grande cortejo
e foi com Laily, em palanquim,
até do Reino de Falana a capital,
onde ainda achou os pais de Laily;
e o casamento celebrou-se nesse
ensejo,
com grande pompa e alegria sem fim,
como é de praxe em toda união
real...
Mas logo após, os pais de Laily
morreram,
as suas cinzas no Ganges derramadas:
só o retorno da filha é que
aguardavam;
e então Laily como Rani foi
coroada...
Seu caminho de volta percorreram,
duas almas totalmente apaixonadas,
e a Danthal todos logo retornavam...
A PRINCESA LAILY XV
Contudo, após voltarem ao castelo,
a Fada Lakshmi quis provar o seu
amor,
desconfiada dos intentos de um
humano...
E um relâmpago fez cair do céu!
Por um instante, de Laily o rosto
belo
se iluminou, mas virou cinzas sem
calor:
ficou sozinho novamente o soberano!
Lançou-lhe as cinzas ao Ganges,
desolado,
e retornou de palanquim à capital,
no peito apenas um vazio sentindo...
“De que me serve ser de novo um
jovem?”
E o velho Hussein, seu vizir
encarquilhado,
que governara, em seu lugar,
Danthal,
foi-lhe outros casamentos
sugerindo...
Mas ele disse ao seu fiel vizir:
“Somente Laily será minha esposa!”
“Como podes casar, se ela está
morta?”
Mas por três anos Mashnun ficou fiel
e então Lakshmi de uma roseira fez
cair
um botão rubro, da nuance mais
formosa,
que foi girando, como o vento o
exporta...
E no momento em que o rajá o
segurou,
escutou-se um trovão pelo castelo
e em Laily, novamente, se mudou,
sorrindo Lakshmi pelo seu milagre...
E os dois enamorados abençoou:
cada qual permaneceu jovem e belo
pelos cem anos que seu reino
continuou...
EPÍLOGO
Porém no dia dos cem anos de reinado
o casal assomou à sua sacada,
aclamados pela alegre multidão,
pois sempre haviam governado com
justiça...
Mas, de repente, dos céus veio um
chamado:
e o par subiu, como poeira
iluminada,
ante o toque triunfal de outro
trovão...
Mostram ainda, no Reino de Danthal,
duas roseiras que brotaram da
sacada,
por entre as frestas de seu
pavimento.
Florescem sempre, no inverno e no
verão,
seu perfume a percorrer a capital,
sem que jamais qualquer seja regada
e ninguém tem explicação para esse
evento...
Dizem também, que uma vez cada cem
anos,
se escuta a voz de uma das roseiras:
“Mashnun, Mashnun, vou casar com
Mashnun!”
“E eu casarei com minha doce Laily!”
Responde logo, com timbres mais
arcanos,
uma voz masculina, em derradeiras
juras de amor, como igual não há
nenhum!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário