O SAPO NA ARCA DE NOÉ &+ – 11 A 20/5/2017
Séries humorísticas de WILLIAM
LAGOS
(A Arca de Noé, Edward Hicks)
O SAPO NA ARCA
DE NOÉ I – 11/5/2017
(Baseado em conto de Viriato
Corrêa)
Antigamente, o
sapo era bonito,
de terno verde,
esguio, desempenado,
nos bailes
sendo muito requestado,
os noivos a
deixar de olhar aflito.
Mas se portava
com alto gabarito,
sem ofender a
qualquer enamorado,
dançava apenas
e fazia o galanteado
de belas
frases, sem qualquer maldade!
Dessa forma, se
tornou bem popular,
ainda mais que
cantava muito bem,
e a Dona Sapa o
cuidava, bem de perto,
assanhamento de
mulher sem aceitar!
Ainda tocava
violão, flauta também,
tudo afinado e
no maior acerto!...
O SAPO NA ARCA
DE NOÉ II
Mas certo dia,
avisou Deus a Noé
que por
quarenta dias choveria
e que uma arca
construir se deveria:
quem não
entrasse se afogaria até!...
Devia primeiro
avisar, com boa-fé,
porém sua gente
escutar não quereria
e então casais
de bichos buscaria
para seu barco
encher desde o sopé!...
E logo todos os
bichos se apressavam,
cada par
procurando o seu lugar,
logo a
formar-se uma longa procissão,
enquanto as
gentes ao redor zombavam:
“Nunca essa
arca vai sair desse lugar!
Cheia de
bichos! Só um quadrado pesadão!”
O SAPO NA ARCA
DE NOÉ III
Não pretendia o
Sr. Sapo essa viagem:
“Para quê? Pois não sou bicho de água?
Não é uma chuva
que vai me causar mágoa...”
Porém o dilúvio
começou numa voragem!...
E a Dona Sapa
foi arrumar a sua bagagem...
Saíram os dois
tremendo sob a frágua,
entraram pela
porta embaixo dágua,
mas sem sobrar
lugar nessa estalagem!...
Viram então um
Elefante em seu potreiro
e disse a Sapa:
“Aqui está nosso lugar!”
Acomodaram-se-lhe
em baixo da barriga!...
No outro dia
embarcou o bicho derradeiro,
muito animal e
muita gente a se afogar,
sem mais espaço
que na Arca se consiga!
O SAPO NA ARCA
DE NOÉ IV
E assim que o
barco começou a flutuar,
Noé e a família
foram fazer chamada:
cada casal em
sua baia destinada,
o rol inteiro
se marcando sem faltar!...
Mas quando aos
Sapos foi Noé chamar
resposta alguma
por ninguém foi escutada...
“Será que o
Sapo não achou a nossa escada?”
Porém seu
filho, Jafé, veio afirmar:
“Os dois eu vi
entrando certo instante...”
Então todos se
puseram a procurar
e aos paquidermes
fizeram levantar...
Foi só então
que, de baixo do Elefante,
os dois
Sapinhos conseguiram se arrastar,
feios e tortos
sob o peso do gigante!...
EPÍLOGO
Por isso hoje,
sem dançar, o Sapo pula!
e sem cantar,
hoje em dia só coaxa!...
Quem no lugar
em que deita se relaxa,
feio acidente
certamente adula!...
A GALINHA E O
PATO i – 12 maio 2017
(Sobre conto infantil de Viriato
Corrêa)
Talvez isto nos
pareça crueldade,
mas para quê se
criam os animais?
Cavalos servem
de montarias naturais
E os Cães
protegem as casas, na verdade.
E mesmo os
Gatos, com sua rapacidade,
caçam os Ratos
que invadem os quintais,
os Passarinhos
e também Cobras-corais,
sempre
ocultando possuir tal capacidade...
Vacas dão
leite, Ovelhas dão-nos lã...
Mas por que as
aves em nossos galinheiros?
Ora, seus ovos
certamente nos darão!...
Porém cessado
seu principal afã,
matam-se os
Porcos, as Cabras e os Terneiros
para um
churrasco, sem grande compaixão!
A GALINHA E O
PATO ii
Certo dia, veio
o marido da cidade,
avisando que
suas primas chegariam;
sua mulher dava
o milho, que comiam
várias
galinhas, na maior alacridade!
“Mas o que vou
lhes servir? Não é saudade!
Aqui ao menos
uma noite pousariam!
Têm língua
solta e depois se queixariam
Se a nossas custas
não comerem à vontade!...”
“Não podemos
servir só o que a gente come!”
“Bueno, então,
por que não mata essa galinha?
É a mais gorda
a ciscar no galinheiro!...”
“Ah,
querido!... Não é galinha para a fome!
Esta é de
raça... Mas não tem galo a pobrezinha,
só este galo
comum cá do terreiro!...”
A GALINHA E O
PATO III
“Pois,
então? Ia ter duas de matar em seu
lugar,
elas estão bem
mais magras que essa aí!...”
Ficou a esposa
muito triste e nem sorri,
mas a galinha
conseguiu tudo escutar!...
E nessa noite
foi sua trouxa preparar...
Tentou fugir,
mas a Lua não lhe ri.
Está escuro!... Vou perder-me por aqui!
Foi até a casa
do Pato se abrigar...
Mas depois de
toda a história lhe explicar,
Pôs-se o Pato a
coçar a sua cabeça:
“Comadre, lá isso
é coisa que se peça?”
“Mas vai
chover! Onde mais eu vou ficar?”
“Se
desconfiarem que hoje dei-lhe proteção
são até capazes
de cortarem minha ração!...”
A GALINHA E O
PATO iV
“Não, comadre,
vá embora bem depressa!
A duas léguas
daqui fica a capoeira:
nem pega a
chuva, caso corra bem certeira!”
E a Galinha se
escapou, na maior pressa!...
Mas no outro
dia, a procura já não cessa,
sem encontrarem
sua galinha poedeira
e a manhã já ia
passando bem ligeira...
“Só há uma
solução: comida à beça
“nos dará esse
Pato!... E sarrabulho
também se faz,
já que tem o sangue grosso!”
E o Pato gordo
assim mataram para o almoço!
A negativa foi
do Pato o seu esbulho:
caso em sua
toca a Galinha ele acolhesse,
seria a outra –
e não ele – quem morresse!
A LIBÉLULA E O MARIMBONDO
I – 13 mai 17
(Sobre outro conto de Viriato
Corrêa)
No Principado
das Aves não havia
nenhum inseto a
ser tão detestado
como era o
Marimbondo, um desgraçado
gordo e
disforme, que feroz zumbia!
Todos falavam
das maldades que fazia,
muitos maltratos,
pretensioso e indelicado,
mas seu ferrão
era de tudo o mais odiado,
pois com prazer
ave e inseto ele feria!...
Os coitados
sofriam fortes dores
e muitos deles
chegavam até a morrer!
Deste modo, ao
Marimbondo se evitava!...
Morrem Abelhas
ao ferroar, em estertores,
mas o
Marimbondo só picava, sem sofrer,
sem pena alguma
por aqueles que matava!
A LIBÉLULA E O
MARIMBONDO II
Era a Libélula
o contrário, justamente:
dentre os
alados, a mais pura e delicada,
por passarinhos
e insetos procurada,
mas sem manter
qualquer namoro permanente.
Mas não
importa, cada moço mais valente,
ave ou inseto,
de tendência mais ousada,
entrava em
duelo por querer sua bem-amada
só para si, em
seu furor impertinente!...
Mas a Libélula,
ao saber, só lamentava
e até dizia:
“Não é por mim que brigam!
Bem ao
contrário, é por orgulho e por vaidade!”
Para nenhum
favoritismo ela mostrava:
“Não é brigando
que meu amor consigam,
já que eu
detesto qualquer brutalidade!...”
A LIBÉLULA E O
MARIMBONDO III
Diz um ditado: Opostos também se atraem.
E pela mata
correu logo um boato,
a confirmar-se
como um terrível fato:
“A Libélula e o
Marimbondo juntos saem!...”
Das nuvens, os
pretendentes logo caem:
de modo algum
aceitavam tal contato.
“Como ela pode
suportar o trato
de um
grosseirão? Não se contraem
“seus belos
olhos ao ver suas más ações?
Um grave mal,
por certo, lhe fará!...”
Porém nenhum
enfrentá-lo se atrevia...
Deram
conselhos, na melhor das intenções,
mas à donzela
nenhum convencerá:
“É pura inveja
isso que dele se dizia!...”
A LIBÉLULA E O
MARIMBONDO IV
“O Marimbondo
tem um belo coração,
são os outros
que sempre o tratam mal
e assim o pobre
se defende – é natural!
Tudo é por
causa de tal perseguição!...”
E o resultado
causou grande comoção:
marcada a data logo
foi para o esponsal
e o Marimbondo,
para o espanto mais geral,
logo mudou
totalmente sua atuação!...
Todos tratava
bem, vestia-se melhor,
dava a Libélula
mil presentes e carinho
e então na
igreja, sua noiva foi beijar!...
Mas coisa
triste! Foi movido pelo ardor,
sem conseguir
se aproximar devagarinho
e sem querer,
sua bela noiva foi ferroar!...
EPÍLOGO
O Marimbondo o
mal sempre praticara
e por mais que
crescesse o seu amor,
matou sua noiva
num instante de fervor,
no ardente
beijo com que se descuidara!
APARTHEID
I (folclore do futebol) – 14 maio 2017
Certo dia,
partiu a nossa seleção
para a África
do Sul, quando ainda havia
separação que
aos negros oprimia,
determinada
pela local legislação.
É preciso
reconhecer que os brancos são
a minoria ali –
mas a terra era vazia
que haviam
encontrado – e se insistia
que haviam eles
construído essa nação.
No século vinte
somente se instalaram
os africanos
descidos lá do norte:
eram amarelos
os habitantes primitivos,
que os Zulus,
sem piedade, exterminaram,
cada mulher
tomando por consorte,
nessa invasão
os guerreiros mais ativos!
APARTHEID II
Assim os afrikaners, descendentes de holandeses,
foram vencidos,
após cruéis combates,
pelos
britânicos, a sofrer grandes abates,
pela metade
descendendo de franceses...
Obtida a
independência, em poucos meses,
dependendo da
maneira com que os dates,
para afastar de
suas fazendas os atabaques,
zonas tribais
separaram várias vezes,
nas quais as
tribos deveriam se assentar,
deixando aos
brancos o resto do país,
em que podiam
só entrar como empregados,
para, acabados
seus contratos, retornar
para essas
terras que o governo lhes dar quis,
morando antes
só em prédios alugados...
APARTHEID III
De Apartheid a tal sistema eles chamaram,
”Separação”
significando em holandês;
durante
décadas, assim é que se fez,
até que a ONU e
outros países protestaram.
Só então seu
preconceito abandonaram,
por insistência
do Parlamento inglês...
Mas ao ver um
jogador de escura tês.
os jornalistas
bem depressa lhe indagaram
sobre o Apartheid qual seria a sua opinião,
sem que
soubesse o que isso era, o jogador
que fosse um
time adversário então pensou!...
“O Apartheid pode ser o seu campeão,
Mas nossa
equipe sem dúvida é melhor
e posso
garantir a vocês que já ganhou!...!
O FORRÓ I
(folclore do futebol) – 15 maio 2017
Um time de
futebol foi até a capital
para amistoso,
antes do campeonato;
jogaram bem – e
a equipe, após o fato,
tinha vontade
de fazer um carnaval!...
O treinador resistiu
– é natural:
“Vão para o
hotel descansar do espalhafato!”
Mas os
jogadores queriam outro contato:
carinho humano
não lhes faria mal!...
“É
quinta-feira,” explicou o treinador.
“Está tudo
fechado e até as sessões
dos cinemas
estão já se encerrando...”
“Ir a botecos,
nem pensar, será um horror!
Canha
barata! Irá estragar seus corações
e já amanhã nós
estaremos retornando...”
O FORRÓ II
Porém um dos
jogadores garantiu:
“Quando o
ônibus para o estádio nos trazia,
eu vi uma placa
bem clara, que dizia:
FORRÓ DO GERSON. “ “Tem certeza do que viu?”
“Mas é
claro! O proprietário até mesmo
redigiu:
ABERTO DE
SEGUNDA A SÁBADO! Neste dia,
ou melhor, hoje
à noite, bem que nos servia!”
E ao time
inteiro foi convencendo assim...
“Sabe como é,
Forró! Lugar cheio de gatas,
a turma toda
pode hoje se dar bem!...”
“Está certo...”
– concordou o treinador,
mas as
acomodações aqui não são baratas
e às cinco da
manhã não quero mais ninguém
fora do quarto
do hotel!...” “Mas sim, senhor!...”
O FORRÓ III
Tomaram banho e
já na recepção
meia dúzia de
táxis conseguiam.
Os motoristas
tal lugar não conheciam
e até afirmaram
não haver tal locação!...
Mas o rapaz
insistiu na afirmação:
“Eu vi do
ônibus quando nos dirigiam
a caminho do
hotel!...” Como insistiam,
seguiram os
táxis em alegre procissão!...
Do tal lugar já
os companheiros duvidavam,
enquanto os
veículos andavam a girar,
as bandeiradas
a aumentar de preço!...
Até que enfim,
ao tal “forró” chegaram.
“É aqui!” –
falou o amigo, a suspirar...
Mas dizia o cartaz:
FORROS DE GESSO!
CARRO AMASSADO I – 16 mai 17
(Folclore, recolhido por Paulo Paiva).
Estava a jovem dirigindo na cidade,
toda arrumada, no retrovisor a olhar,
mas de repente, para o seu azar,
bateu num ônibus, na maior velocidade!
Seguiu o coletivo, com naturalidade,
só o automóvel na batida a se amassar;
chegou um guarda para o choque registrar,
porém o ônibus estava longe, na verdade!
“De anotar a sua placa não lembrou?”
“Não, seu guarda, fiquei muito chocada!
E agora, já não pode fazer nada...?”
“Mas foi, de fato, a senhora quem chocou?
É a empresa que deve ser indenizada!...”
”Mas foi só o meu carrinho que amassou!...!”
CARRO AMASSADO II
“E agora, o que é que eu vou fazer?!
Então, o guarda, por maldosa diversão,
disse: “A senhora se agache aqui no chão
e o escapamento sopre para o carro encher!”
Pobre lourinha!... Pois se dispôs a obedecer
e se ajoelhou, executando a operação,
as suas meias rasgando na ocasião,
a sua boquinha no cano grosso a se prender!
Então o guarda embarcou na viatura,
com o colega pôs-se a rir, às gargalhadas,
vendo a bundinha da garota ali empinada,
no escapamento soprando com bravura...
Seguiram os dois pela rua em disparada,
deixando a moça em tarefa assim tão dura!
CARRO AMASSADO III
Mas finalmente, outra loura estacionou:
“Meu bem, o que está fazendo aí?”
“Com meu carrinho num ônibus bati,
já foi embora, o meu é que amassou!...”
“Para assoprar o escapamento me mandou
aquele guarda e o conselho obedeci,
mas até agora coisa alguma consegui,
só meu pulmão, que já quase rebentou!...”
“Mas, querida, está fazendo uma bobagem:
Soprar assim não vai lhe adiantar nada,
só vai sujar as suas roupinhas tão belas!...”
“Tem de fazer a correta manobragem:
primeiro feche todas as janelas
e só depois recomece essa assoprada!...”
O IOGURTE DA LOURINHA I – 17 MAI 17
(Folclore, recolhido por Paulo Paiva)
Chegou a loira para a amiga, suspirando:
“Terminei meu iogurte, finalmente!”
“Mas quantas caixas você comeu, demente?”
“Foi só um potinho,” – foi depressa se explicando.
“Mas me levou duas semanas, certamente!”
“Mas e por que todo esse tempo foi gastando?”
“O rótulo é que ficou me atrapalhando:
CONSUMIR EM QUINZE DIAS, totalmente!...”
“Mas, queridinha,” – a sua amiga respondeu,
que era morena e assim se surpreendeu.
“Era o contrário, para de quinze não passar!”
“Eu não passei! Todo o
tempo então levei!
Só uma colher a cada dia eu retirei
e apenas ontem é que pude terminar!...”
O IOGURTE DA LOURINHA II
“Ai, meu Deus!” – disse a amiga, num gemido.
“Mas o que veio aqui fazer na minha lojinha?”
“Quero comprar uma cortina pequeninha,
para cobrir o computador do meu marido...”
“É protetor de tela... todo o brilho é removido.”
“Ah, não! Quero mesmo é
cortininha,
meu marido vai notar que sou boazinha
e que busco o bem-estar do meu querido!...”
“Mas não se usa cortina em um pecê!...”
“Não seja boba! Conheço o
nome do sistema:
diz em inglês o mesmo que “Janela”!...”
“Cortininha cor-de-rosa, bem pequena,
com bainha de rendinhas sobre a tela:
é da Windows o
sistema, você vê!...”
O IOGURTE DA LOURINHA III
“Mas me desculpe. Você é
uma boa amiga,”
disse a morena, “Não são janelas de verdade!
São quadradinhos sobre a tela, em realidade!
A menor coisa será preciso que lhe diga...?”
“Você nem sabe qual caminho em que prossiga!
Se algum dia, por infelicidade,
de um barranco cair, nem a gravidade
vai lhe indicar o caminho por que siga!...”
“Que vai flutuar eu garanto sem cair!...”
“Ah, queridinha, já isso é até demais!
Não sou tão boba assim!
Ora, carinho,
“Na descida alguma ajuda eu vou pedir!
Não me envergonho de perguntas naturais:
vou perguntar para alguém qual é o caminho!...”
OS DOIS CAVALOS I – 18 MAIO 17
(Folclore, coletado por Paulo Paiva)
Certa lourinha, que herdara uma fortuna
comprou um haras e foi criar cavalos;
foi aprendendo, aos poucos, a tratá-los,
nas melhores condições que se presuma.
O empreendimento é fácil que se assuma,,
tendo bons empregados a treiná-los,
se bem, de fato, preferisse amá-los,
bom sentimento que a tal lado ruma...
Até aprendeu a fazer adestramento,
mostrando as pernas e a soltar gritinhos,
a cada vez que seu cavalo se empinava,
mas sobre a sela a manter firme o assento,
sempre carinho dando a seus bichinhos:
só a melhor ração e aveia lhes comprava!
OS DOIS CAVALOS II
Porém um dia ela comprou dois parelheiros
da melhor raça que se achava no mercado,
ambos garbosos, cada qual mais empinado,
ambos dignos dos melhores cavaleiros!...
Chamou um de Martim e o outro Medeiros,
em homenagem a um antigo namorado;
logo um problema surgiu, bem complicado:
como o nome distinguir desses parceiros?
Primeira achava que um era o Martim,
depois pensava ser o Medeiros, afinal:
como ao dilema dar solução, enfim?
Mas um vizinho lhe explicou assim:
“Apare o rabo só de um animal:
olhando apenas, já sabe qual é qual!...”
OS DOIS CAVALOS III
Contudo, o outro se enroscou num espinheiro,
ficando a cola com idêntico tamanho!
Trocar os arreios achou coisa de tacanho,
Seria ofensivo para cada parelheiro!...
Mas cada vez que entrava no potreiro,
já não sabia qual dos dois tomara banha!
Fugiam-lhe os nomes da cabeça num assanho:
como saber dos dois qual o primeiro?
Certo dia, aceitou ela a sugestão
e foi medir dos dois cavalos a altura,
descobrindo alegremente, então,
que o negro Martim era mais alto
do que o Medeiros, em toda a sua brancura:
quando montava nele, usava salto!...
FLORESTA ENCANTADA I – 19 MAI 17
(Sobre piada em prosa recolhida por Paulo Paiva)
Todos conhecem a Floresta Encantada,
bem lá no meio do país das fadas...
Branca de Neve entre as nela refugiadas,
buscando abrigo de sua Rainha Malvada!
Chapeuzinho Vermelho, desacompanhada,
do Lobo Mau ouviu propostas desusadas,,,
Mas por que as presas não mostrou, arreganhadas,
para pegar a tal cestinha carregada?
Mas até mesmo a Bela Adormecida
passou um século no castelo de espinheiros;
Cachinhos Dourados invadiu a residência
para aos Três Ursos roubar a sua comida;
João e Maria, os dois irmãos arteiros,
da Bruxa Má provocaram a paciência!...
FLORESTA ENCANTADA II
Mas também houve ali um botequim
que frequentava um Mago Poderoso,
sua caipirinha tomando, prazeroso,
muitos malvados observando assim...
Tantas mentiras ele escutou que, enfim,
se decidiu por um feitiço majestoso,
que enviaria para lugar bem espantoso
quem das mentiras se mostrasse afim!...
Para um vasto urtigal seria mandado
e até que conseguisse se escapar,
seu corpo ardia, inteiro, de empolado!
Logo correu a má-fama do lugar,
os vilões a demonstrar todo o cuidado
para apenas a verdade ali falar...
FLORESTA ENCANTADA III
Mas certo dia, chegaram três turistas,
cada uma delas pedindo um uisquezinho.
Falou a Ruiva: “Estive pensando, com carinho:
sou a mulher mais bonita destas vistas!”
E de repente, apesar de suas conquistas,
foi transferida ao urtigal vizinho!...
Disse a Morena: “Pois eu penso mais certinho:
sou a mulher mais atraente destas pistas!...”
E de repente, também puf! – adeus, Morena!
Das três a Loura ficou sozinha no barzinho:
“Mas o que foi que por aqui aconteceu...?”
“Das minhas amigas fiquei louca de pena!
Este lugar eu achei tão bonitinho!...
E até pensei...” – e também desapareceu!
UMA
GLOSA PARA DRUMMOND – 20 MAI 2017
(Parodiando
Carlos Drummond de Andrade)
“Mundo,
mundo, vasto mundo,
Se
eu me chamasse Raymundo...”
Correia,
de preferência,
Teria
maior potência,
A
inspiração que completa,
Para
ser melhor poeta!...
“Vasto
mundo” de Drummond,
Com
talento apenas bom,
Mas
tornado tão famoso,
Sem
ter verso poderoso
Como
As Pombas de Raymundo,
De
sentido mais profundo.
“E
agora, José” de Andrade?
Que
bvscas na sociedade?
Com
tua triste confissão,
Não
tiveste uma ocasião
De
escrever para outro nome?
Só
ser Carlos te consome?
Um
poeta “modernista”
Há
um século deixou-nos pista
Bastante
escorregadia,
Por
fácil que parecia,
Sem
precisar se esforçar
Para
em rimas se encontrar!
O
teu José que se mate,
Covarde
para o combate,
Presunçoso
para o amor,
A
declamar, sem calor,
“Domingo
e segunda-feira”
Que
pode ser derradeira.
Teu
amor desencantado,
“Amor
verticalizado”,
Parece
ter sido duro.
Nem
“todo amor pede escuro”
E
se teu Carlos foi triste,
Meu
amor ainda resiste!...
Recanto das Letras
> Autores > William Lagos
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