terça-feira, 24 de setembro de 2019


VESTIBULAR DE BRUXARIA
Novas Séries de William Lagos 15-20/03/2019
Baseado em um conto de Mary Cary, “The Entrance Exam”, publicado em 1987 em uma antologia editada por Isaac Asimov, sob o título de Young Witches and Warlocks por Harper & Row; traduzido da versão italiana, Storie de Giovani Maghi, intitulada L’Esame d’Ammissione, publicada em maio de 1991 Por Arnoldo Mondadori Editori, de Milão.  É conveniente lembrar que a primeira edição de Harry Potter and the Philosopher’s Stone, a primeira da série de Jeanne K. Rowling, somente foi publicada em 1997 pela Bloomsbury de Londres, portanto, não existe relação.  Adaptação e versão poética de William Lagos, em quadrinhas rimadas e alternadas com hemistíquios sem rima.



VESTIBULAR DE BRUXARIA (XVI) ... ... ... 15 março 2019
TRÊS PIADAS VARIADAS (III) ... ... ... 16 março 2019
TRÊS PIADAS DE HOSPÍCIO (III) ... ... ... 17 março 2019
TRÊS PIADAS DE MANICÔMIO (III) ... ... ... 18 março 2019
TRÊS PIADAS DE COLÉGIO (III) ... ... ... 19 março 2019
TRÊS CONFUSÕES (III) ... ... ... 20 março 2019

VESTIBULAR DE BRUXARIA I – 15/3/2019

Kate Fotheringay estava assentada,
muito quietinha,
na antecâmara da Senhora Diretora,
Miss Perkle,
ao lado de sua mãe, bela senhora
de quarenta e poucos anos;
“Essa cadeira por Miss Perkle ocupada,”
disse ela, “parece ser um trono.”

“Uma cadeira alta e larga, trabalhada
com figuras minuciosas.”
Kate achou ser bastante natural
essa disposição,
que a Diretora teria direito bem real
a tal elevação,
por sua dignidade sendo consagrada,
de longa duração.

Sua mãe lhe revelara, realmente,
que nem ela sabia
a idade real dessa gentil anciã,
e nem adivinhava;
cabelos muito brancos, em veneranda cã,
brilhantes e vivazes
e uma rede de rugas, levemente,
marcando a face inteira.

Diziam algumas que já era uma matrona
na Roma antiga;
diziam outras que na Grécia ela vivera,
há muitas gerações;
que na Idade Média também sobrevivera
às más perseguições;
que para a América viera como dona
de rica embarcação.

VESTIBULAR DE BRUXARIA II

Duzentos anos atrás fundara a escola,
ali em Massachusetts...
no escritório finamente decorado
dormia um gato preto;
havia esfera de cristal enfeitiçado
a sugerir futuros;
uma coruja empalhada os olhos rola,
tal qual se fossem vivos. 

Também a escola era muito mais bela
do que esperava;
mistura de estilo colonial e vitoriano,
de hera coberta;
as paredes de pedra em tom arcano,
marcado pelo tempo;
um ar de incenso emanava dela,
misturado a poeira antiga.

Havia uma lagoa do seu lado,
em que coaxavam sapos
e um belo bosque multissecular,
carvalhos grossos,
um corredor de ciprestes a escoltar
a estradinha estreita,
junto a velho cemitério abandonado
que ninguém mais visitava.

As velhas lápides, pelo tempo corroídas,
tortas se erguiam,
quase como apoiadas pareciam,
umas nas outras,
como antigas carpideiras, que dormiam,
esquecidas de chorar
os nomes das pessoas esquecidas,
que nem se liam mais...

VESTIBULAR DE BRUXARIA III

A saleta de espera muito escura,
fechadas as janelas,
só iluminada por antiga lamparina,
em que queimava azeite;
e nas paredes, em derradeira sina,
uma dúzia de pinturas,
a pátina a ocultar a visão pura
de mulheres do passado.

Kate tentava discernir em vão
as feições ensombrecidas
daquela dúzia de antigas feiticeiras,
há muito falecidas;
sabia os nomes das mais altaneiras,
que lhe contara a mãe,
mas sem reconhecê-las no desvão
altivo e penumbroso.

Era uma escola com poucas alunas,
mas todas aprendizes
da antiga arte da feitiçaria:
sua mãe fora uma delas;
naturalmente, o povo não sabia
que era uma escola de bruxedo;
alguns diziam que ensinavam runas,
grego e latim.

Mas na verdade, sendo retirada,
sem chamar muita atenção,
em uma época de racionalismo,
poucas suspeitas;
só sabiam de seu grande exclusivismo:
raras famílias
podiam ter filha ali matriculada,
na adolescência.

VESTIBULAR DE BRUXARIA V

Kate, de fato, nem sequer sabia
quais disciplinas;
por isso se encontrava muito ansiosa
por ser aceita ali;
a prova de admissão dificultosa,
seu currículo geral
de pouco ou nada lhe adiantaria
nesse vestibular.

Seria examinada em clarividência,
na bola de cristal;
seria testada em telepatia,
por outra professora;
na compreensão dos animais teria
um novo teste;
na premonição com certa prudência:
era um tema perigoso.

Finalmente, as chamaram ao escritório,
melhor iluminado.
“Como estás, Abigail?” – indagou a diretora,
de faces bem rosadas;
“Muito bem, Miss Perkle,” – respondeu a senhora,
com certa timidez.
“Esta é sua Kate?” – começou o interrogatório
da velha feiticeira.

“Sim, Miss Perkle, está com doze anos,”
respondeu a mãe.
“Fará treze em Setembro, muito em breve,”
acrescentou a seguir.
“Excelente. Tem um ar alerta e leve,”
comentou a outra
e um pergaminho com números romanos
abriu com certo esforço.

VESTIBULAR DE BRUXARIA VI

Molhou pena de ganso no tinteiro
que tinha ao lado.
“Você é uma menina inteligente?”
foi indagando.
“Sim, Miss Perkle,” respondeu, prudente;
e não mentia.
Ótimas notas tirara, desde o primeiro
ano na escola.

Era versada em astronomia
e matemática;
boa no inglês e na literatura
que lia com prazer;
sua pronúncia era perfeita e pura,
sabia história,
conhecia muito bem a geografia
e as ciências naturais. 

“Eis aqui seu boletim e a transferência,”
explicou a mãe
e alcançou os papéis à diretora,
com leve atrevimento.
“Até aqui está bem.”  Qual escritora,
sua pena deslizou 
no pergaminho, com toda a fluência
e sem hesitação.

“Mas vamos ver em seu vestibular
como se sairá...
Suas notas normais nas disciplinas
até a recomendam,
mas não têm valor aqui. São outras sinas
que nós avaliamos,
se poderá em feiticeira se tornar,
se tem dom e talento.”

VESTIBULAR DE BRUXARIA VII

“Deveria conhecer um certo grego,
ao menos saber ler;
também latim e um pouco de hebraico
são muito necessários;
fórmulas mágicas e receituário laico
se escrevem nessas línguas;
quem não as lê, será igual que cego
em nossas disciplinas.”

“Eu lhe ensinei, Miss Perkle, pessoalmente,
sei que precisaria;
já procurei o seu talento aperfeiçoar
em telepatia e percepção...”
“Beníssimo.  Então não vai se atrapalhar
na prova de admissão;
marcaremos o exame exatamente
no seu aniversário.”

“Em que dia de Setembro, exatamente?”
perguntou, tranquila.
Mas Dona Abigail se atrapalhou:
“Dia 15, eu acredito...”
“Você... acredita?” Severamente a olhou;
“Não tem certeza?”
“Bem, não posso dizer precisamente,”
a senhora balbuciou.

“Abigail Constance Murdock Fotheringay,”
a outra repreendeu.
“Então não sabe o dia em que nasceu?”
indagou com suspeição.
“Tinha excelente memória quando permaneceu
aluna no internato;
uma de nossas melhores, eu direi...
Sofreu alguma doença?”

VESTIBULAR DE BRUXARIA VIII

“Miss Perkle,” disse a mãe, confusamente,
em voz bem baixa,
“Ela é bem dotada, eu lhe garanto,
tem um real talento;
ela é minha filha!” – exclamou, já quase em pranto,
“mas não é biológica.”
“Como assim? Em que grau é sua parente?”
Indagou, já sem sorrir.

“Miss Perkle, a menina é adotada,
mas criada como filha!
Numa cestinha foi deixada à minha porta,
nesse Setembro...”
De imediato, a diretora corta
a entrevista, num amuo,
seu livro fecha como uma bofetada:
“Por que não me avisou?”

“Meu tempo é escasso demais para perder
em pura cortesia;
conhece as regras, bem perfeitamente:
só o sangue importa;
cada aluna deverá ser descendente,
no máximo, sobrinha
de alguém que a arte veio antes aprender,
em nossa escola.”

“Miss Perkle, ela é minha filha, legalmente,
desde o primeiro mês;
eu a amei e criei com todo o amor,
foi adotada,
mas não importa todo esse calor
da vida inteira?
Se eu não sou sua mãe, qual outra gente
poderá isso afirmar?”

VESTIBULAR DE BRUXARIA IX

“Eu, certamente, não o afirmarei!
Passe bem, Abigail!”
A diretora encerrou a entrevista,
do cadeirão se ergueu.
“Regras são regras, sem exceção à vista,
queira retirar-se,
estou cheia de outras preocupações,
não me perturbe mais!”

Kate pensou que Miss Perkle já não era
assim tão adorável.
Poderia transformá-la em cogumelo,
bem que merecia!
Miss Perkle lhe lançou um olhar de gelo,
sem que ela falasse:
“Nem cogumelo, nem sapo ou qualquer fera:
pois não és bruxa!...”

“Insuportável seu atrevimento!”
Seus olhos fuzilavam.
“Mas eu não disse nada,” ela falou.
“De que me acusa?”
“Não falou, mas me olhou e até pensou,
sua pretensiosa!”
Kate e a mãe se entreolharam, no momento,
e Abigail já ia falar.

Mas, às pressas, entrou a secretária,
com um jornal na mão.
“Miss Perkle, desculpe interromper,
mas é urgente!”
A diretora foi a notícia ler
e ficou pálida;
tentou erguer-se, mas tremor sentia
por todo o corpo!

VESTIBULAR DE BRUXARIA X

“É esse prefeito maldito!  Vá embora,
Abigail, tenho de sair;
tenho de falar com ele outra vez,
nada adiantou;
nós conversamos já faz mais de um mês
e não mudou;
e agora afirma que chegou a hora
de demolir a escola!”

A mãe de Kate levantou-se, bem depressa,
bastante perturbada.
Kate sentia um enorme desaponto,
se achava injustiçada.
“Mas porque encerrou a conversa nesse ponto?
Nem quis saber
deste talento que em mim não cessa,
e cresce sem parar!”

“É inútil, minha filha, em outra hora
falaremos outra vez.”
Já em casa, foram abrir o seu jornal
na página indicada.
Não era um preconceito natural
contra a bruxaria;
o que o prefeito pretendia agora
era alargar a estrada!

E não podendo demolir o cemitério,
sobrava a escola,
que ao progresso deveria dar lugar,
em breve tempo;
oferecera indenização para mudar
e um outro prédio...
“Mas isto seria realmente um despautério!”
a mãe lhe garantiu.

VESTIBULAR DE BRUXARIA XI

Nenhum dinheiro a mudança pagaria
para outro ponto;
duzentos anos Miss Perkle empregara
com encantamentos,
até que o prédio por magia transformara
em lugar de treinamentos;
por muitos anos ensinar não poderia
noutro lugar!...

Kate pensou: Bem-feito para ela!
Não me aceitou
e agora ninguém mais vai aceitar!
Mas se acalmou.
“De fato, é pena!  Eu queria era mudar
a sua decisão...
Passava fácil nesse exame dela,
bastava começar!”

“Mamãe, por acaso reparou
quantas verrugas
tem no rosto esse prefeito?”
“Claro que sim!
Quem tu achas que lhe causou esse defeito?”
“Mas não adiantou...”
“Claro que não.  Ele nunca acreditou
ser um feitiço!...”

“E agora a Câmara de Vereadores aprovou
para a próxima semana,
que a demolição já se iniciasse,
um curto prazo,
para que Miss Perkle seus móveis retirasse
para o prédio oferecido;
caso contrário, assim determinou,
tudo seria perdido!”

VESTIBULAR DE BRUXARIA XII

“Fiquei sabendo que dois dos vereadores
tiveram catapora;
outros dois, um tremendo resfriado,
ou influenza!
Um quinto havia um braço quebrado
e o sexto, a perna!
E o último saiu de casa em mil terrores,
invadida de escorpiões!”

Mas completada, afinal, essa semana,
as máquinas vieram;
e à cerimônia, o prefeito, enverrugado,
deu logo início,
uma banda marcial tendo iniciado
a atividade...
Miss Perkle derradeira vez reclama,
inutilmente.

“Minha senhora, trouxe duas viaturas
para o transporte;
e para os móveis pesados, funcionários
da Prefeitura,
vão ajudá-la nos afazeres vários,
pela ordem pública!”
Inconformadas com decisões tão duras.
todas foram buscar.

Em longa fila, móveis e documentos,
sendo filmadas
pela televisão, em dia de festa:
mas que notícia!
A âncora no microfone até protesta:
“É uma arbitrariedade!”
Mas nada adianta nesses fatais momentos,
nem ao menos as verrugas!

VESTIBULAR DE BRUXARIA XIII

Então Kate, que assistia essa função,
chegou até o prefeito,
que a afastou com um falso sorriso:
“Saia daqui, bela menina!”
Kate murmurou alguma coisa de improviso
e fez místico sinal;
então o prefeito empunhou um alvião
para golpear a estrada!

Mas no momento em que cravou a picareta,
golpe simbólico,
surgiu do solo planta verde e espinhosa
e foi crescendo!
Uma liana enrolou-se, portentosa,
nas calças do prefeito,
que pulou para trás, igual que seta,
porém caiu de costas!

E a planta cresceu mais, rapidamente,
folhuda e grossa,
já abrangendo de lado a lado a estrada,
lançando espinhos,
pelas lianas contra a gente aglomerada,
que fugiu logo,
a televisão a gravar furiosamente,
mas já recuando!

VESTIBULAR DE BRUXARIA XIV

O prefeito gritou ao condutor
da retroescavadeira,
mas a planta envolveu-a toda inteira,
fugiu o operário,
logo restando somente a aventureira
Kate e sua mãe
e as professoras e alunas, em louvor
do mágico feitiço!

Então Kate a Miss Perkle se achegou:
“Não vai haver demolição!”
E com um gesto e fraseado inaudível,
a planta dominou,
que se encolheu com rapidez incrível,
sumindo pelo chão.
“Não se preocupe,” assim ela afirmou,
“pois crescerá de novo.”

“É só tentarem reabrir a estrada:
a escola está segura!”
”Minha cara menina, onde aprendeu
esse grande sortilégio?”
“Não sei, ele apenas me ocorreu...”
Falou a menina.
“Kate é dotada de poderes mágicos,”
Disse Dona Abigail.

 “Semana passada tentei lhe explicar,
mas a senhora não ouviu...
“Mas o Cipó Mágico nós nem mais sabemos
como criar!
Foi Hepzibah Carew,  a quem nós conhecemos
que o podia invocar!
Só feitiços menores podemos realizar,
nada tão grande!”

VESTIBULAR DE BRUXARIA XV

“Claro sabemos de outros encantamentos,
mas não queríamos
a atenção chamar tão claramente
para nossa profissão;
e a situação nos perturbou profundamente
que no pior instante,
nem sequer nos animamos por momentos
a fazer algo cruel!”

“Mesmo sendo uma criança abandonada
à minha soleira,
desde pequena fez coisas estranhas
e inesperadas,” disse a mãe.
“dificuldades eu tive bem tamanhas
para a controlar...
por isso a trouxe para ser matriculada
em nossa escola...”

A diretora mal podia acreditar,
em sua perplexidade,
que uma criança comum assim pudesse
praticar feitiçaria...
Para a escola determinou se retornasse,
as mestras espantadas,
as alunas com certa inveja a murmurar,
mas bem curiosas!

Enfim chegadas à saleta de espera,
ainda na penumbra,
Miss Perkle ergueu bem alto a lamparina
e iluminou um quadro;
não houve dúvida na semelhança fina
da bruxa retratada:
“De Hepzibah ela é a imagem vera!
Sem qualquer dúvida!”

VESTIBULAR DE BRUXARIA XVI

“Essa menina deve ser a reencarnação
da poderosa Hepzibah...
A sua magia sempre funcionou?”
quis saber Miss Perkle.
“Quase sempre, só uma vez falhou,
quando quis transformar
um garoto que me dava amolação
num sapo verde...”

“Não deu certo.  Numa vespa se virou
e veio me picar...
Em garoto de novo o transformei,
mas não mais me incomodou...
E o seu vestibular, então farei?”
perguntou à diretora.
“Minha filha, com louvor você passou!
Volte na segunda-feira...”

Apenas temo que logo seja professora,
pouco temos a ensinar,
pois já nasceu uma completa feiticeira,
descende de Miss Carew
ou essa bruxa é reencarnada inteira,
a mais forte de nós!...
Talvez um dia seja mesmo a diretora,
caso eu me aposentar...”

“Ainda teremos de enfrentar a televisão,
que há de retornar
para fazer conosco uma entrevista,
você me irá ajudar
a fazer feitiço forte, que consista
em fazer que nos esqueçam...
Precisaremos de uma vasta intervenção
para invisíveis nos tornar...”

EPÍLOGO

A escola de Miss Perkle ainda lá está,
mas ninguém mais a conhece;
uma ilusão estende o cemitério,
de lápides vetustas
como se fosse um vasto eremitério
escondendo o edifício;
somente um mago ainda avistará
a pétrea construção.

A estrada por completo se apagou
além de sua lagoa,
por que alargar o que já não existe?
Só chega até a escola
E Kate ensina um feitiço que conquiste
qualquer suspeita,
salvo na mente de quem já frequentou
o místico lugar.

As Historietas Cômicas abaixo são de domínio público e somente as coloquei em forma poética.

TRÊS PIADAS VARIADAS – 16 MAR 19

SOM DE LATA

Dois amigos conversavam calmamente;
um deles colocou concha no ouvido
que numas férias da praia havia trazido
e comentou com o outro, bem contente:
“Escute só: bem como fala a gente,
o som do mar na concha está escondido;
ponha no ouvido e ouvirá o som contido.”
“Eu já ouvi,” disse o outro, simplesmente.
“Mas isso é comum.  Já ouvi coisa mais rara:
peguei uma latinha de leite condensado
e experimentei se tinha algum ruído...”
“De telefone em criança eu já brincara,
mas é preciso um cordão ter bem atado...”
“Nada disso!  Ouvi a vaca dar mugido!...”

VAMPIRO NO HOSPITAL

Um vampiro participou de uma festinha,
bebeu demais e até se embriagou...
A vampira ao hospital o transportou;
a recepcionista começou logo a ladainha:
“Seu nome e residência?” “Ai, minha casinha
era um castelo que já quase desabou;
moro na torre que não desmoronou...”
“Seu CPF vejo aqui na carteirinha...
Nome da mãe aqui também se lê...
Mas e o sangue?  De que tipo é o seu?”
A vampira olhou-a, surpreendida;
“Ele bebeu demais, a senhora não vê?
Eu o trouxe aqui porque adoeceu
e a senhora lhe oferece outra bebida?...

ENERGIA DOS RAIOS

A professora a garotinha interrogou:
“Dê-me um exemplo de desperdício de energia.”
“Eu sei, professora,” a menina respondia:
Um dia meu papai a meu titio contou
uma história que o cabelo me arrepiou,
mas o meu titio é careca e não podia,
pois sem ter cabelo, ninguém se arrepia...”
“Resposta errada; mas porque não acertou,
então me diga: por que você avista
o raio e só depois ouve o trovão?
Está no livro, você deve ter lido...”
“Essa eu respondo sem precisar de pista:
é tudo uma questão de posição:
o olho vem na frente e só atrás que fica o ouvido!”

TRÊS PIADAS DE HOSPÍCIO – 17 MAR 19

COMPETIÇÃO DE PALMAS

Foi um concurso realizado num hospício,
para ver quem bater palmas conseguia;
cada um tentava, mas bater nenhum podia,
cada um deles com diferente vício;
um acabou por dar um nó nos braços,
o segundo só dava tapas na cabeça,
um terceiro tentou com tanta pressa
que acabou tropeçando nos seus passos...
Mas finalmente chegou o último louco:
olhou em volta, resmungando rouco,
mexeu as mãos, seus braços então se abriram
e se ajeitando, na maior das calmas,
ele bateu perfeitamente as palmas!...
E então todos os loucos o aplaudiram!

A MORDIDA

O médico foi examinar o seu paciente,
na enfermaria que havia no hospital
do manicômio, onde era natural
que cada interno ali fosse demente.
Esse trazia uma atadura, bem contente,
cobrindo marca de aspecto original.
“Mas de que jeito na testa se machucou, afinal?”
“Ora, doutor, eu me mordi, naturalmente...”
“Mordeu sua testa?  Mas isso é impossível!”
“Não é, doutor, fui eu mesmo que mordi,
olhe a marca, não vê cada dentinho?...”
“Não sei, sua história me parece incrível.”
“Não é, doutor.   É que ontem eu subi.
pra me morder, em cima de um banquinho!”

TESTE DE SANIDADE

O deputado foi visitar o hospital
psiquiátrico, para ver o atendimento
e indagou, no impulso do momento:
“De que modo vocês decidem, afinal,
se alguém precisa de algum internamento?”
“Bem, nós fazemos um teste intelectual:
mostramos banheira cheia d’água e o material
para esvaziá-la e assim testar seu julgamento...
Damos um copo, um balde e uma colher
e indagamos a melhor atitude a se tomar,
que mais depressa a banheira esvaziaria...”
“O balde, é claro, nem copo, nem colher...”
“Não, a banheira tem ralo e a tampa é só puxar...
O senhor prefere ficar em quarto ou enfermaria?”

TRÊS PIADAS DE MANICÔMIO – 18 MAR 19

A PISCINA

O diretor do manicômio inaugurou
uma piscina no meio do quintal
e a turma inteira, como era natural,
essa nova instalação aproveitou.

Logo um médico do trampolim pulou,
depois os outros, em terapia total
e os enfermeiros, mais contidos, no final,
chamando o diretor, que enfim entrou.

Disse um paciente: “Essa ideia do senhor
foi excelente, todos estamos aproveitando,
esse calor causava mesmo muita mágoa!”

“Mas amanhã vai ser ainda melhor,”
respondeu o diretor, também nadando,
“A Prefeitura vai ligar a água!...”

COMEÇAR DO COMEÇO

No consultório do psicanalista
estava o consulente atrapalhado:
“Ah, doutor, meu caso é complicado,
não sei qual a maneira que me assista

“para começar, não acho qualquer pista!
É muito difícil, está tudo misturado,
pensei que aqui eu seria aconselhado...
Talvez melhor mesmo seja que desista...”

“Não, meu amigo,” falou o alienista,
“Comece do começo, é o que lhe peço,
algum ponto que sua memória encerra...”

“Está certo, doutor, tenho uma lista,
mas se é preciso iniciar pelo começo,
bem: no princípio eu criei o Céu e a Terra...”

A PORTA

O diretor do nosocômio imaginou,
para ver se podiam já viver em sociedade,
um certo exame, para testar a sanidade
dos que se haviam curado, segundo ele pensou.

Logo a seguir, um deles desenhou
uma porta na parede e, com maldade,
convocou os colegas da irmandade:
“Vamos fugir, pessoal!” – e lhes mostrou

a porta... Logo os loucos, um a um,
em vão tentaram a porta falsa atravessar,
menos o desenhista que fingiu ser seu amigo.

“Meus parabéns, demonstrou dispor de algum
discernimento e poder os outros enganar!”
“Claro, doutor!  A chave está comigo!”

PIADAS DE COLÉGIO – 19 MAR 19

PROVA ORAL

“Joãozinho, a prova vai começar,
você não pode para os lados espiar,
nenhuma coisa escrita consultar,
só na memória é que deve confiar!”
“Sim, professora, mas como vou responder?”
“Simplesmente a resposta vai dizer,
a sua memória não o deixará esquecer,
deixa mais fácil o que deve se aprender.”

“É um exercício, entende?” “Sim, senhora,
a senhora  só quer ver o que eu já sei...”
“Tudo bem!  É conclusão bem natural...”
“Mas a resposta deve ser dada na hora,
somente oral!...  Quem foi o rei
que libertou o Brasil?”  “Foi Dom Oral!”

QUEM FOI CAXIAS

“Diga, Juquinha: quem foi o Duque de Caxias?”
“Ah, professora, eu não sei, não...”
“Pois você não estudou a sua lição?”
“É que eu estava conversando com as gurias...”
“Mas estudar só um pouquinho não podias?”
“É que depois escorreguei no corrimão,
torci o pé e machuquei a mão...”
“Mas nem ao menos a minha aula ouvias?”

“Ah, professora, de uma coisa me lembrei:
foi que a memória de Caxias fez história!”
“É verdade, mas como isso tu sabias?”
“Eu vi uma estátua na praça em que passei:
tinha uma placa: ‘Dedicada à memória
do valoroso Duque de Caxias!...”

PROVA DE SUPLETIVO

Entrou na aula, muito  sério, o professor:
“Vamos agora iniciar a prova oral.
Você da janela, estudou, é natural...”
“Quem, eu?  Não estudei nada, senhor...”
“Mas não quer passar de ano com louvor?”
“Eu só quero é usar meu material...”
“Não pode ler.  É prova intelectual,
quero testar a sua memória com rigor!”

“Seu professor, eu não lembro de nada,
só que não houve um Dom Pedro Terceiro,
tinha uma filha, chamada de Isabela...”
A classe inteira estourou em risada.
“Desculpe, professor, sou marceneiro,
só vim aqui consertar esta janela!...”

TRÊS CONFUSÕES – 20 MAR 2019

COLAR DE PÉROLAS

Foi um jovem o psicólogo consultar:
“Acho difícil entender a minha mulher,
nunca compreendo bem o que ela quer...”
“Tem um exemplo para me indicar?”
“Ano passado, eu fui lhe presentear
um colar de pérolas.   Não agradeceu sequer,
falou não ter palavras para me dizer...
Pensei que o presente fosse lhe agradar...”

Disse o psicólogo:  “Foi um jeito de afirmar
que estava por demais agradecida...”
“O resultado deste ano foi até menos solidário,
ela tenteu me bater e me arranhar...”
“Mas o que foi que a deixou tão ofendida?”
“Não sei... Eu só lhe dei um dicionário...”

O LUGAR DE DEUS

Uma freira indagou à aluninha:
“Onde é que se encontra o nosso Deus?”
“No Céu, é claro, com os santos seus...”
“Muito bem, mas é só isso, Mariazinha?”
“Não, está também no nosso coração...”
“Que resposta bonita, minha filhinha!
Vai receber um dez na sua provinha!
Pode ir brincar, tem já minha aprovação...”

“E você, Juquinha, entendeu bem?”
“Não, professora, Deus está no meu banheiro.”
“Mas como Deus poderia estar ali?”
“Ora, eu fui tomar banho também
e demorei, até a Mamãe falar ligeiro:
Meu Deus, você ainda está aí...?”

A FOLHA DE PAGAMENTO

Logo depois de vencer as eleições,
o novo prefeito de uma cidadezinha
foi conferir a Folha, para ver se tinha
alguém ganhando mais remunerações
do que ele, na melhor das intenções,
de pôr um cobro em alguém que vinha
açambarcar esse dinheiro que provinha
dos impostos que pagavam os cidadãos.

“Ah!” – disse ele – “bem que desconfiava!
Existe aqui, de fato, um Marajá,
um pagamento recebendo irracional!
Quem é esse cara que nunca trabalhava?
Inspecionei a Prefeitura e não o encontrei lá.
Quero falar com o vagabundo do Total!...”


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