VESTIBULAR DE BRUXARIA
Novas Séries de William
Lagos 15-20/03/2019
Baseado em um conto de
Mary Cary, “The Entrance Exam”, publicado em 1987 em uma antologia editada por
Isaac Asimov, sob o título de Young Witches and Warlocks por Harper & Row; traduzido da versão italiana, Storie de
Giovani Maghi, intitulada L’Esame d’Ammissione,
publicada em maio de 1991 Por Arnoldo Mondadori Editori, de Milão. É conveniente lembrar que a primeira edição
de Harry Potter and the Philosopher’s Stone, a primeira da série de Jeanne K. Rowling, somente foi publicada em 1997
pela Bloomsbury de Londres, portanto, não existe relação. Adaptação e versão poética de William Lagos,
em quadrinhas rimadas e alternadas com hemistíquios sem rima.
VESTIBULAR DE BRUXARIA (XVI) ...
... ... 15 março 2019
TRÊS PIADAS VARIADAS (III) ... ...
... 16 março 2019
TRÊS PIADAS DE HOSPÍCIO (III) ...
... ... 17 março 2019
TRÊS PIADAS DE MANICÔMIO (III) ...
... ... 18 março 2019
TRÊS PIADAS DE COLÉGIO (III) ...
... ... 19 março 2019
TRÊS CONFUSÕES (III) ... ... ...
20 março 2019
VESTIBULAR DE BRUXARIA I –
15/3/2019
Kate Fotheringay estava
assentada,
muito quietinha,
na antecâmara da Senhora
Diretora,
Miss Perkle,
ao lado de sua mãe, bela
senhora
de quarenta e poucos anos;
“Essa cadeira por Miss
Perkle ocupada,”
disse ela, “parece ser um
trono.”
“Uma cadeira alta e larga,
trabalhada
com figuras minuciosas.”
Kate achou ser bastante
natural
essa disposição,
que a Diretora teria
direito bem real
a tal elevação,
por sua dignidade sendo
consagrada,
de longa duração.
Sua mãe lhe revelara,
realmente,
que nem ela sabia
a idade real dessa gentil
anciã,
e nem adivinhava;
cabelos muito brancos, em
veneranda cã,
brilhantes e vivazes
e uma rede de rugas,
levemente,
marcando a face inteira.
Diziam algumas que já era
uma matrona
na Roma antiga;
diziam outras que na Grécia
ela vivera,
há muitas gerações;
que na Idade Média também
sobrevivera
às más perseguições;
que para a América viera
como dona
de rica embarcação.
VESTIBULAR DE BRUXARIA II
Duzentos anos atrás fundara
a escola,
ali em Massachusetts...
no escritório finamente
decorado
dormia um gato preto;
havia esfera de cristal
enfeitiçado
a sugerir futuros;
uma coruja empalhada os
olhos rola,
tal qual se fossem
vivos.
Também a escola era muito
mais bela
do que esperava;
mistura de estilo colonial
e vitoriano,
de hera coberta;
as paredes de pedra em tom
arcano,
marcado pelo tempo;
um ar de incenso emanava
dela,
misturado a poeira antiga.
Havia uma lagoa do seu
lado,
em que coaxavam sapos
e um belo bosque
multissecular,
carvalhos grossos,
um corredor de ciprestes a
escoltar
a estradinha estreita,
junto a velho cemitério
abandonado
que ninguém mais visitava.
As velhas lápides, pelo
tempo corroídas,
tortas se erguiam,
quase como apoiadas
pareciam,
umas nas outras,
como antigas carpideiras,
que dormiam,
esquecidas de chorar
os nomes das pessoas
esquecidas,
que nem se liam mais...
VESTIBULAR DE BRUXARIA III
A saleta de espera muito
escura,
fechadas as janelas,
só iluminada por antiga lamparina,
em que queimava azeite;
e nas paredes, em
derradeira sina,
uma dúzia de pinturas,
a pátina a ocultar a visão
pura
de mulheres do passado.
Kate tentava discernir em
vão
as feições ensombrecidas
daquela dúzia de antigas
feiticeiras,
há muito falecidas;
sabia os nomes das mais
altaneiras,
que lhe contara a mãe,
mas sem reconhecê-las no
desvão
altivo e penumbroso.
Era uma escola com poucas
alunas,
mas todas aprendizes
da antiga arte da
feitiçaria:
sua mãe fora uma delas;
naturalmente, o povo não sabia
que era uma escola de
bruxedo;
alguns diziam que ensinavam
runas,
grego e latim.
Mas na verdade, sendo
retirada,
sem chamar muita atenção,
em uma época de
racionalismo,
poucas suspeitas;
só sabiam de seu grande
exclusivismo:
raras famílias
podiam ter filha ali
matriculada,
na adolescência.
VESTIBULAR DE BRUXARIA V
Kate, de fato, nem sequer
sabia
quais disciplinas;
por isso se encontrava
muito ansiosa
por ser aceita ali;
a prova de admissão
dificultosa,
seu currículo geral
de pouco ou nada lhe adiantaria
nesse vestibular.
Seria examinada em
clarividência,
na bola de cristal;
seria testada em telepatia,
por outra professora;
na compreensão dos animais
teria
um novo teste;
na premonição com certa
prudência:
era um tema perigoso.
Finalmente, as chamaram ao
escritório,
melhor iluminado.
“Como estás, Abigail?” –
indagou a diretora,
de faces bem rosadas;
“Muito bem, Miss Perkle,” –
respondeu a senhora,
com certa timidez.
“Esta é sua Kate?” –
começou o interrogatório
da velha feiticeira.
“Sim, Miss Perkle, está com
doze anos,”
respondeu a mãe.
“Fará treze em Setembro,
muito em breve,”
acrescentou a seguir.
“Excelente. Tem um ar
alerta e leve,”
comentou a outra
e um pergaminho com números
romanos
abriu com certo esforço.
VESTIBULAR DE BRUXARIA VI
Molhou pena de ganso no
tinteiro
que tinha ao lado.
“Você é uma menina
inteligente?”
foi indagando.
“Sim, Miss Perkle,”
respondeu, prudente;
e não mentia.
Ótimas notas tirara, desde
o primeiro
ano na escola.
Era versada em astronomia
e matemática;
boa no inglês e na
literatura
que lia com prazer;
sua pronúncia era perfeita
e pura,
sabia história,
conhecia muito bem a geografia
e as ciências
naturais.
“Eis aqui seu boletim e a
transferência,”
explicou a mãe
e alcançou os papéis à
diretora,
com leve atrevimento.
“Até aqui está bem.” Qual escritora,
sua pena deslizou
no pergaminho, com toda a
fluência
e sem hesitação.
“Mas vamos ver em seu
vestibular
como se sairá...
Suas notas normais nas
disciplinas
até a recomendam,
mas não têm valor aqui. São
outras sinas
que nós avaliamos,
se poderá em feiticeira se
tornar,
se tem dom e talento.”
VESTIBULAR DE BRUXARIA VII
“Deveria conhecer um certo
grego,
ao menos saber ler;
também latim e um pouco de
hebraico
são muito necessários;
fórmulas mágicas e
receituário laico
se escrevem nessas línguas;
quem não as lê, será igual
que cego
em nossas disciplinas.”
“Eu lhe ensinei, Miss
Perkle, pessoalmente,
sei que precisaria;
já procurei o seu talento
aperfeiçoar
em telepatia e
percepção...”
“Beníssimo. Então não vai se atrapalhar
na prova de admissão;
marcaremos o exame
exatamente
no seu aniversário.”
“Em que dia de Setembro,
exatamente?”
perguntou, tranquila.
Mas Dona Abigail se
atrapalhou:
“Dia 15, eu acredito...”
“Você... acredita?”
Severamente a olhou;
“Não tem certeza?”
“Bem, não posso dizer
precisamente,”
a senhora balbuciou.
“Abigail Constance Murdock
Fotheringay,”
a outra repreendeu.
“Então não sabe o dia em
que nasceu?”
indagou com suspeição.
“Tinha excelente memória
quando permaneceu
aluna no internato;
uma de nossas melhores, eu
direi...
Sofreu alguma doença?”
VESTIBULAR DE BRUXARIA VIII
“Miss Perkle,” disse a mãe,
confusamente,
em voz bem baixa,
“Ela é bem dotada, eu lhe
garanto,
tem um real talento;
ela é minha filha!” –
exclamou, já quase em pranto,
“mas não é biológica.”
“Como assim? Em que grau é
sua parente?”
Indagou, já sem sorrir.
“Miss Perkle, a menina é
adotada,
mas criada como filha!
Numa cestinha foi deixada à
minha porta,
nesse Setembro...”
De imediato, a diretora
corta
a entrevista, num amuo,
seu livro fecha como uma
bofetada:
“Por que não me avisou?”
“Meu tempo é escasso demais
para perder
em pura cortesia;
conhece as regras, bem
perfeitamente:
só o sangue importa;
cada aluna deverá ser
descendente,
no máximo, sobrinha
de alguém que a arte veio
antes aprender,
em nossa escola.”
“Miss Perkle, ela é minha
filha, legalmente,
desde o primeiro mês;
eu a amei e criei com todo
o amor,
foi adotada,
mas não importa todo esse
calor
da vida inteira?
Se eu não sou sua mãe, qual
outra gente
poderá isso afirmar?”
VESTIBULAR DE BRUXARIA IX
“Eu, certamente, não o
afirmarei!
Passe bem, Abigail!”
A diretora encerrou a
entrevista,
do cadeirão se ergueu.
“Regras são regras, sem
exceção à vista,
queira retirar-se,
estou cheia de outras
preocupações,
não me perturbe mais!”
Kate pensou que Miss Perkle
já não era
assim tão adorável.
Poderia transformá-la em cogumelo,
bem que merecia!
Miss Perkle lhe lançou um
olhar de gelo,
sem que ela falasse:
“Nem cogumelo, nem sapo ou
qualquer fera:
pois não és bruxa!...”
“Insuportável seu
atrevimento!”
Seus olhos fuzilavam.
“Mas eu não disse nada,”
ela falou.
“De que me acusa?”
“Não falou, mas me olhou e
até pensou,
sua pretensiosa!”
Kate e a mãe se
entreolharam, no momento,
e Abigail já ia falar.
Mas, às pressas, entrou a
secretária,
com um jornal na mão.
“Miss Perkle, desculpe
interromper,
mas é urgente!”
A diretora foi a notícia
ler
e ficou pálida;
tentou erguer-se, mas
tremor sentia
por todo o corpo!
VESTIBULAR DE BRUXARIA X
“É esse prefeito maldito! Vá embora,
Abigail, tenho de sair;
tenho de falar com ele
outra vez,
nada adiantou;
nós conversamos já faz mais
de um mês
e não mudou;
e agora afirma que chegou a
hora
de demolir a escola!”
A mãe de Kate levantou-se,
bem depressa,
bastante perturbada.
Kate sentia um enorme
desaponto,
se achava injustiçada.
“Mas porque encerrou a
conversa nesse ponto?
Nem quis saber
deste talento que em mim
não cessa,
e cresce sem parar!”
“É inútil, minha filha, em
outra hora
falaremos outra vez.”
Já em casa, foram abrir o
seu jornal
na página indicada.
Não era um preconceito
natural
contra a bruxaria;
o que o prefeito pretendia
agora
era alargar a estrada!
E não podendo demolir o
cemitério,
sobrava a escola,
que ao progresso deveria
dar lugar,
em breve tempo;
oferecera indenização para
mudar
e um outro prédio...
“Mas isto seria realmente
um despautério!”
a mãe lhe garantiu.
VESTIBULAR DE BRUXARIA XI
Nenhum dinheiro a mudança
pagaria
para outro ponto;
duzentos anos Miss Perkle
empregara
com encantamentos,
até que o prédio por magia
transformara
em lugar de treinamentos;
por muitos anos ensinar não
poderia
noutro lugar!...
Kate pensou: Bem-feito para ela!
Não me aceitou
e agora ninguém mais vai aceitar!
Mas se acalmou.
“De fato, é pena! Eu queria era mudar
a sua decisão...
Passava fácil nesse exame
dela,
bastava começar!”
“Mamãe, por acaso reparou
quantas verrugas
tem no rosto esse
prefeito?”
“Claro que sim!
Quem tu achas que lhe
causou esse defeito?”
“Mas não adiantou...”
“Claro que não. Ele nunca acreditou
ser um feitiço!...”
“E agora a Câmara de
Vereadores aprovou
para a próxima semana,
que a demolição já se
iniciasse,
um curto prazo,
para que Miss Perkle seus
móveis retirasse
para o prédio oferecido;
caso contrário, assim
determinou,
tudo seria perdido!”
VESTIBULAR DE BRUXARIA XII
“Fiquei sabendo que dois
dos vereadores
tiveram catapora;
outros dois, um tremendo
resfriado,
ou influenza!
Um quinto havia um braço
quebrado
e o sexto, a perna!
E o último saiu de casa em
mil terrores,
invadida de escorpiões!”
Mas completada, afinal,
essa semana,
as máquinas vieram;
e à cerimônia, o prefeito,
enverrugado,
deu logo início,
uma banda marcial tendo
iniciado
a atividade...
Miss Perkle derradeira vez
reclama,
inutilmente.
“Minha senhora, trouxe duas
viaturas
para o transporte;
e para os móveis pesados,
funcionários
da Prefeitura,
vão ajudá-la nos afazeres vários,
pela ordem pública!”
Inconformadas com decisões
tão duras.
todas foram buscar.
Em longa fila, móveis e
documentos,
sendo filmadas
pela televisão, em dia de
festa:
mas que notícia!
A âncora no microfone até
protesta:
“É uma arbitrariedade!”
Mas nada adianta nesses
fatais momentos,
nem ao menos as verrugas!
VESTIBULAR DE BRUXARIA XIII
Então Kate, que assistia
essa função,
chegou até o prefeito,
que a afastou com um falso
sorriso:
“Saia daqui, bela menina!”
Kate murmurou alguma coisa
de improviso
e fez místico sinal;
então o prefeito empunhou
um alvião
para golpear a estrada!
Mas no momento em que
cravou a picareta,
golpe simbólico,
surgiu do solo planta verde
e espinhosa
e foi crescendo!
Uma liana enrolou-se,
portentosa,
nas calças do prefeito,
que pulou para trás, igual
que seta,
porém caiu de costas!
E a planta cresceu mais,
rapidamente,
folhuda e grossa,
já abrangendo de lado a
lado a estrada,
lançando espinhos,
pelas lianas contra a gente
aglomerada,
que fugiu logo,
a televisão a gravar
furiosamente,
mas já recuando!
VESTIBULAR DE BRUXARIA XIV
O prefeito gritou ao
condutor
da retroescavadeira,
mas a planta envolveu-a
toda inteira,
fugiu o operário,
logo restando somente a
aventureira
Kate e sua mãe
e as professoras e alunas,
em louvor
do mágico feitiço!
Então Kate a Miss Perkle se
achegou:
“Não vai haver demolição!”
E com um gesto e fraseado
inaudível,
a planta dominou,
que se encolheu com rapidez
incrível,
sumindo pelo chão.
“Não se preocupe,” assim
ela afirmou,
“pois crescerá de novo.”
“É só tentarem reabrir a
estrada:
a escola está segura!”
”Minha cara menina, onde
aprendeu
esse grande sortilégio?”
“Não sei, ele apenas me
ocorreu...”
Falou a menina.
“Kate é dotada de poderes
mágicos,”
Disse Dona Abigail.
“Semana passada tentei lhe explicar,
mas a senhora não ouviu...
“Mas o Cipó Mágico nós nem
mais sabemos
como criar!
Foi Hepzibah Carew, a quem nós conhecemos
que o podia invocar!
Só feitiços menores podemos
realizar,
nada tão grande!”
VESTIBULAR DE BRUXARIA XV
“Claro sabemos de outros
encantamentos,
mas não queríamos
a atenção chamar tão
claramente
para nossa profissão;
e a situação nos perturbou
profundamente
que no pior instante,
nem sequer nos animamos por
momentos
a fazer algo cruel!”
“Mesmo sendo uma criança
abandonada
à minha soleira,
desde pequena fez coisas
estranhas
e inesperadas,” disse a
mãe.
“dificuldades eu tive bem
tamanhas
para a controlar...
por isso a trouxe para ser
matriculada
em nossa escola...”
A diretora mal podia
acreditar,
em sua perplexidade,
que uma criança comum assim
pudesse
praticar feitiçaria...
Para a escola determinou se
retornasse,
as mestras espantadas,
as alunas com certa inveja
a murmurar,
mas bem curiosas!
Enfim chegadas à saleta de
espera,
ainda na penumbra,
Miss Perkle ergueu bem alto
a lamparina
e iluminou um quadro;
não houve dúvida na
semelhança fina
da bruxa retratada:
“De Hepzibah ela é a imagem
vera!
Sem qualquer dúvida!”
VESTIBULAR DE BRUXARIA XVI
“Essa menina deve ser a
reencarnação
da poderosa Hepzibah...
A sua magia sempre
funcionou?”
quis saber Miss Perkle.
“Quase sempre, só uma vez
falhou,
quando quis transformar
um garoto que me dava
amolação
num sapo verde...”
“Não deu certo. Numa vespa se virou
e veio me picar...
Em garoto de novo o
transformei,
mas não mais me
incomodou...
E o seu vestibular, então
farei?”
perguntou à diretora.
“Minha filha, com louvor
você passou!
Volte na segunda-feira...”
Apenas temo que logo seja
professora,
pouco temos a ensinar,
pois já nasceu uma completa
feiticeira,
descende de Miss Carew
ou essa bruxa é reencarnada
inteira,
a mais forte de nós!...
Talvez um dia seja mesmo a
diretora,
caso eu me aposentar...”
“Ainda teremos de enfrentar
a televisão,
que há de retornar
para fazer conosco uma
entrevista,
você me irá ajudar
a fazer feitiço forte, que
consista
em fazer que nos
esqueçam...
Precisaremos de uma vasta
intervenção
para invisíveis nos
tornar...”
EPÍLOGO
A escola de Miss Perkle
ainda lá está,
mas ninguém mais a conhece;
uma ilusão estende o
cemitério,
de lápides vetustas
como se fosse um vasto
eremitério
escondendo o edifício;
somente um mago ainda
avistará
a pétrea construção.
A estrada por completo se
apagou
além de sua lagoa,
por que alargar o que já
não existe?
Só chega até a escola
E Kate ensina um feitiço
que conquiste
qualquer suspeita,
salvo na mente de quem já
frequentou
o místico lugar.
As Historietas
Cômicas abaixo são de domínio público e somente as coloquei em forma poética.
TRÊS PIADAS VARIADAS
– 16 MAR 19
SOM DE LATA
Dois amigos
conversavam calmamente;
um deles
colocou concha no ouvido
que numas
férias da praia havia trazido
e comentou com
o outro, bem contente:
“Escute só:
bem como fala a gente,
o som do mar
na concha está escondido;
ponha no
ouvido e ouvirá o som contido.”
“Eu já ouvi,”
disse o outro, simplesmente.
“Mas isso é
comum. Já ouvi coisa mais rara:
peguei uma
latinha de leite condensado
e experimentei
se tinha algum ruído...”
“De telefone
em criança eu já brincara,
mas é preciso
um cordão ter bem atado...”
“Nada
disso! Ouvi a vaca dar mugido!...”
VAMPIRO NO HOSPITAL
Um vampiro participou de uma festinha,
bebeu demais e até se embriagou...
A vampira ao hospital o transportou;
a recepcionista começou logo a ladainha:
“Seu nome e residência?” “Ai, minha casinha
era um castelo que já quase desabou;
moro na torre que não desmoronou...”
“Seu CPF vejo aqui na carteirinha...
Nome da mãe aqui também se lê...
Mas e o sangue? De que
tipo é o seu?”
A vampira olhou-a, surpreendida;
“Ele bebeu demais, a senhora não vê?
Eu o trouxe aqui porque adoeceu
e a senhora lhe oferece outra bebida?...
ENERGIA DOS RAIOS
A professora a
garotinha interrogou:
“Dê-me um exemplo de
desperdício de energia.”
“Eu sei, professora,”
a menina respondia:
Um dia meu papai a meu
titio contou
uma história que o
cabelo me arrepiou,
mas o meu titio é
careca e não podia,
pois sem ter cabelo,
ninguém se arrepia...”
“Resposta errada; mas
porque não acertou,
então me diga: por que
você avista
o raio e só depois
ouve o trovão?
Está no livro, você
deve ter lido...”
“Essa eu respondo sem
precisar de pista:
é tudo uma questão de
posição:
o olho vem na frente e
só atrás que fica o ouvido!”
TRÊS PIADAS DE
HOSPÍCIO – 17 MAR 19
COMPETIÇÃO DE
PALMAS
Foi um
concurso realizado num hospício,
para ver quem
bater palmas conseguia;
cada um
tentava, mas bater nenhum podia,
cada um deles
com diferente vício;
um acabou por
dar um nó nos braços,
o segundo só
dava tapas na cabeça,
um terceiro
tentou com tanta pressa
que acabou
tropeçando nos seus passos...
Mas finalmente
chegou o último louco:
olhou em
volta, resmungando rouco,
mexeu as mãos,
seus braços então se abriram
e se ajeitando,
na maior das calmas,
ele bateu
perfeitamente as palmas!...
E então todos os loucos o aplaudiram!
A MORDIDA
O médico foi examinar o seu paciente,
na enfermaria que havia no hospital
do manicômio, onde era natural
que cada interno ali fosse demente.
Esse trazia uma atadura, bem contente,
cobrindo marca de aspecto original.
“Mas de que jeito na testa se machucou, afinal?”
“Ora, doutor, eu me mordi, naturalmente...”
“Mordeu sua testa? Mas
isso é impossível!”
“Não é, doutor, fui eu mesmo que mordi,
olhe a marca, não vê cada dentinho?...”
“Não sei, sua história me parece incrível.”
“Não é, doutor. É que
ontem eu subi.
pra me morder, em cima de um banquinho!”
TESTE DE SANIDADE
O deputado foi visitar
o hospital
psiquiátrico, para ver
o atendimento
e indagou, no impulso
do momento:
“De que modo vocês
decidem, afinal,
se alguém precisa de
algum internamento?”
“Bem, nós fazemos um
teste intelectual:
mostramos banheira
cheia d’água e o material
para esvaziá-la e
assim testar seu julgamento...
Damos um copo, um
balde e uma colher
e indagamos a melhor
atitude a se tomar,
que mais depressa a
banheira esvaziaria...”
“O balde, é claro, nem
copo, nem colher...”
“Não, a banheira tem
ralo e a tampa é só puxar...
O senhor prefere ficar
em quarto ou enfermaria?”
TRÊS PIADAS DE MANICÔMIO – 18 MAR 19
A PISCINA
O diretor do manicômio inaugurou
uma piscina no meio do quintal
e a turma inteira, como era natural,
essa nova instalação aproveitou.
Logo um médico do trampolim pulou,
depois os outros, em terapia total
e os enfermeiros, mais contidos, no final,
chamando o diretor, que enfim entrou.
Disse um paciente: “Essa ideia do senhor
foi excelente, todos estamos aproveitando,
esse calor causava mesmo muita mágoa!”
“Mas amanhã vai ser ainda melhor,”
respondeu o diretor, também nadando,
“A Prefeitura vai ligar a água!...”
COMEÇAR DO COMEÇO
No consultório do psicanalista
estava o consulente atrapalhado:
“Ah, doutor, meu caso é complicado,
não sei qual a maneira que me assista
“para começar, não acho qualquer pista!
É muito difícil, está tudo misturado,
pensei que aqui eu seria aconselhado...
Talvez melhor mesmo seja que desista...”
“Não, meu amigo,” falou o alienista,
“Comece do começo, é o que lhe peço,
algum ponto que sua memória encerra...”
“Está certo, doutor, tenho uma lista,
mas se é preciso iniciar pelo começo,
bem: no princípio eu criei o Céu e a Terra...”
A PORTA
O diretor do nosocômio imaginou,
para ver se podiam já viver em
sociedade,
um certo exame, para testar a
sanidade
dos que se haviam curado, segundo
ele pensou.
Logo a seguir, um deles desenhou
uma porta na parede e, com
maldade,
convocou os colegas da irmandade:
“Vamos fugir, pessoal!” – e lhes
mostrou
a porta... Logo os loucos, um a
um,
em vão tentaram a porta falsa
atravessar,
menos o desenhista que fingiu ser
seu amigo.
“Meus parabéns, demonstrou dispor
de algum
discernimento e poder os outros
enganar!”
“Claro, doutor! A chave está comigo!”
PIADAS DE COLÉGIO – 19 MAR 19
PROVA ORAL
“Joãozinho, a prova vai começar,
você não pode para os lados espiar,
nenhuma coisa escrita consultar,
só na memória é que deve confiar!”
“Sim, professora, mas como vou responder?”
“Simplesmente a resposta vai dizer,
a sua memória não o deixará esquecer,
deixa mais fácil o que deve se aprender.”
“É um exercício, entende?” “Sim, senhora,
a senhora só quer ver o
que eu já sei...”
“Tudo bem! É conclusão
bem natural...”
“Mas a resposta deve ser dada na hora,
somente oral!... Quem foi
o rei
que libertou o Brasil?”
“Foi Dom Oral!”
QUEM FOI CAXIAS
“Diga, Juquinha: quem foi o Duque de Caxias?”
“Ah, professora, eu não sei, não...”
“Pois você não estudou a sua lição?”
“É que eu estava conversando com as gurias...”
“Mas estudar só um pouquinho não podias?”
“É que depois escorreguei no corrimão,
torci o pé e machuquei a mão...”
“Mas nem ao menos a minha aula ouvias?”
“Ah, professora, de uma coisa me lembrei:
foi que a memória de Caxias fez história!”
“É verdade, mas como isso tu sabias?”
“Eu vi uma estátua na praça em que passei:
tinha uma placa: ‘Dedicada à memória
do valoroso Duque de Caxias!...”
PROVA DE SUPLETIVO
Entrou na aula, muito sério, o professor:
“Vamos agora iniciar a prova oral.
Você da janela, estudou, é natural...”
“Quem, eu?
Não estudei nada, senhor...”
“Mas não quer passar de ano com louvor?”
“Eu só quero é usar meu material...”
“Não pode ler. É prova intelectual,
quero testar a sua memória com rigor!”
“Seu professor, eu não lembro de nada,
só que não houve um Dom Pedro Terceiro,
tinha uma filha, chamada de Isabela...”
A classe inteira estourou em risada.
“Desculpe, professor, sou marceneiro,
só vim aqui consertar esta janela!...”
TRÊS
CONFUSÕES – 20 MAR 2019
COLAR DE
PÉROLAS
Foi um jovem
o psicólogo consultar:
“Acho difícil
entender a minha mulher,
nunca
compreendo bem o que ela quer...”
“Tem um
exemplo para me indicar?”
“Ano passado,
eu fui lhe presentear
um colar de
pérolas. Não agradeceu sequer,
falou não ter
palavras para me dizer...
Pensei que o
presente fosse lhe agradar...”
Disse o
psicólogo: “Foi um jeito de afirmar
que estava
por demais agradecida...”
“O resultado deste
ano foi até menos solidário,
ela tenteu me
bater e me arranhar...”
“Mas o que
foi que a deixou tão ofendida?”
“Não sei...
Eu só lhe dei um dicionário...”
O LUGAR DE DEUS
Uma freira indagou à aluninha:
“Onde é que se encontra o nosso Deus?”
“No Céu, é claro, com os santos seus...”
“Muito bem, mas é só isso, Mariazinha?”
“Não, está também no nosso coração...”
“Que resposta bonita, minha filhinha!
Vai receber um dez na sua provinha!
Pode ir brincar, tem já minha aprovação...”
“E você, Juquinha, entendeu bem?”
“Não, professora, Deus está no meu banheiro.”
“Mas como Deus poderia estar ali?”
“Ora, eu fui tomar banho também
e demorei, até a Mamãe falar ligeiro:
Meu Deus, você ainda
está aí...?”
A FOLHA DE PAGAMENTO
Logo depois de vencer as
eleições,
o novo prefeito de uma
cidadezinha
foi conferir a Folha, para
ver se tinha
alguém ganhando mais
remunerações
do que ele, na melhor das
intenções,
de pôr um cobro em alguém
que vinha
açambarcar esse dinheiro
que provinha
dos impostos que pagavam os
cidadãos.
“Ah!” – disse ele – “bem
que desconfiava!
Existe aqui, de fato, um
Marajá,
um pagamento recebendo
irracional!
Quem é esse cara que nunca
trabalhava?
Inspecionei a Prefeitura e
não o encontrei lá.
Quero falar com o vagabundo
do Total!...”
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