(A
MOCHILA MÁGICA VII
JUDITH ANDERSON & GENE TIERNEY)
Experimentou
de novo. Bastava pedir
e já lá
na mochila qualquer coisa se achava!
À
velhinha agradeceu, com sinceridade...
De
repente, uma luz viu na frente a luzir,
uma
lâmpada acessa que já rebrilhava...
Talvez
ali arranjasse a hospitalidade...
Seguiu
seu caminho e uma granja encontrou;
a porta
empurrou, viu um velho sentado,
ante
pilhas de ouro brilhante e dourado,
que
logo pistola ao soldado apontou...
“Vá embora daqui, ou atiro, ladrão!”
“Ladrão eu não sou, vim só pedir comida
ou quem sabe um lugar em que pouse esta noite...”
“Vou chamar os cachorros, se vai armar confusão!”
“Tudo bem,” disse Brian, “não me quer dar guarida,
vou-me embora depressa, não preciso de açoite!...”
E como era honesto, seguiu pela estrada,
embora sentisse forte ressentimento:
Tantas pilhas de ouro e nem reparte o
alimento!
Pois quero o ouro na mochila, sem lhe
deixar nada!
Desta vez, já aguardava seu peso sentir;
abriu a mochila, que se achava estufada:
Não preciso, de fato, de todo esse
ouro!
Então desejou só uma parte possuir,
que o resto voltasse à granja deixada...
E com bem menos peso, marchou sem desdouro.
Mas logo outras luzes à frente enxergou,
encontrou uma aldeia, chegou à estalagem,
mostrou uma moeda e pediu hospedagem
e com boa vontade, o hospedeiro o aceitou.
Mas
depois que bebeu e comeu, já bem farto,
o
estalajadeiro se mostrou meio embaraçado:
“A casa
está cheia, chegou bem na feira...”
“Mas
serve-me o estábulo, não precisa ser quarto...”
“Também
está cheio, está tudo tomado...”
“Eu me
deito no chão, pode ser numa esteira...”
(Recordou
ter nos bolsos todo aquele dinheiro).
“Eu
posso pagar, mas na rua, há perigo!...”
“Tem
toda razão, mas lamento, meu amigo,
está
tudo lotado,” disse o estalajadeiro.
A
MOCHILA MÁGICA VIII
“Quer
dizer, tenho um quarto, porém não alugo,
pois já
várias pessoas morreram ali...”
“Não
seja por isso, me alugue essa peça,
mal
algum poderá tomar-me em seu jugo,
tenho a
graça de Deus, ficarei bem aqui...
Eu me
responsabilizo e que esta libra agradeça!”
O
estalajadeiro aceitou, de expressão constrangida
e
destrancou o quarto, que abriu para arejar.
“No
meio da noite, a fome me faz acordar,
quero
vinho bastante e bastante comida!...”
“É uma pena, rapaz, simpatizei contigo...”
Mas puseram uma mesa com quatro cadeiras,
comida à vontade e garrafas de vinho...
Após trancar a porta, disse Brian consigo:
Vou deixar acesas quatro velas
inteiras
e dormir com um olho só, como bom
soldadinho!
E lá pelas tantas, mal e mal cochilava,
um barulho escutou, descendo a lareira;
ergueu-se depressa, sentou-se em cadeira
e ficou à espreita de quanto o aguardava...
Então, viu surgir um diabo encarnado
e de braços abertos; mas logo o convidava:
“Venha comer, meu amigo, deve estar com fome!”
O diabo o olhou com surpresa e de lado:
“Você não tem medo?” E já se
aproximava.
“Cada um que me vê, só de susto já some!...”
“Pelo contrário, olhe aqui, está servido o jantar,
não está com fome? Sente-se para
comer...”
Viu o diabo a comida com o maior prazer
e à mesa sentou-se, sem fazer-se rogar...
Surgiu
em seguida um diabo amarelo,
que
parou espantado ao pé da lareira;
um
diabo bem negro desceu-lhe na esteira
e Brian
os chamou para o banquete belo
e logo
se puseram a comer e a beber,
mostrando
naquilo evidente prazer...
Então
lhe falou o diabo vermelho:
“Cristão,
você é o primeiro a nos convidar,
e assim
lhe explicarei por que vou lhe matar...
É que aqui
se hospedou um pirata bem velho.
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