CRISTAIS E MAIS
– 9-18/09/2016
Novas Séries de
William Lagos.
(AMETHYSTE, TAMARA DE LEMPIKA)
CRISTAIS I
– 9 SET 2016
É UM
ESPINHO DE FOGO ISSO QUE CHAMAM
DE AMOR,
UMA TRAGÉDIA ESPECULAR;
A GENTE
PENSA QUE A OUTREM PODE AMAR,
PORÉM
TODOS A SI MESMOS É QUE AMAM.
VEMOS NOS
OUTROS O BEM QUE NOS INFLAMAM,
NESSE
ABROLHO AGUÇADO, SEM PENSAR
NUM
ABRUNHO PESTÍFERO A RASGAR (*)
PROFUNDAMENTE
A ALMA QUE RECLAMAM.
(*) FRUTA EUROPEIA DO ABRUNHEIRO.
E NEM NOS
AMAM POR NÓS, MAS PARA SI
É TODO O
AMOR QUE PENSAMOS TER AQUI,
DE SUA
PRÓPRIA VAIDADE É A COMUNHÃO,
ENQUANTO
NÓS SOMENTE A NOS AMAMOS
E POR
MAIOR O ALTRU[ISMO, SÓ BUSCAMOS
ESSA
DOÇURA QUE AQUECE O CORAÇÃO.
CRISTAIS
II
AMOR É UM
SENTIMENTO DE CRISTAL
QUE NOS
ESPELHA A FORÇA DO DESEJO,
QUE EM NÓS
EXISTE POR ALHEIO BEIJO,
PARA NÓS
MESMOS EM CARÍCIA NATURAL.
ESSE AMOR
QUE PROFESSAMOS, AFINAL,
QUEREMOS
RETRIBUÍDO SEM MAIS PEJO,
SONHO DE
OURO A FLUTUAR EM LEVE ADEJO,
QUE AMOR
DE LONGE É MUITO POUCO NATURAL.
POIS ESSE
AMOR QUE SUSTENTA ALGUM CASAL
É AMOR DO ESPELHO
EM QUE NOS REFLETIMOS:
É POR NÓS
MESMOS QUE TAL AMOR SENTIMOS
E SE O
BEBEMOS, É LICOROSO E DIVINAL
E É PARA
NÓS QUE AMOR A OUTREM DAMOS
E É PARA
NÓS CADA BEIJO QUE ROUBAMOS.
CRISTAIS
III
AMOR É UM
SENTIMENTO ESPECULAR,
NOS OLHOS
DE OUTREM A PROCURAR REFLEXO,
EM
RELACIONAMENTO ACHANDO NEXO
QUANDO AS
PALAVRAS NOS VÊM ACARICIAR.
NUNCA É
AMOR UM SENTIMENTO SINGULAR:
NÃO
ENCONTRAMOS AMOR NO PRÓPRIO AMPLEXO;
SEMPRE É
UMA MESCLA DE AMBIÇÃO E SEXO,
QUANDO SE
BUSCA UM OBJETO PARA AMAR.
QUANDO SE DIZ:
“SEM TI NÃO SEI VIVER!”
É MUITO
MAIS PARA NÓS QUE ASSIM PENSAMOS
DO QUE NA
VIDA DE QUE GOZA NOSSO PAR,
QUE O AMOR
DE OUTREM QUEREMOS RECEBER,
COMO UM
ESPELHO EM QUE NOS CONTEMPLAMOS
ATÉ QUE UM
DIA SE VENHA A ESTILHAÇAR!...
CRISTAIS
IV
E ASSIM,
RECONHECEMOS NA SAUDADE
QUE DO
AMOR DE ALGUÉM DIZER SENTIMOS,
QUE TER DE
NOVO É A VONTADE QUE NUTRIMOS;
E EM GRAU
MENOR, É ASSIM TODA A AMIZADE.
EXISTE EM
AMBAS CERTO TOQUE DE VAIDADE:
QUE
SEJAMOS PREFERIDOS – PREFERIMOS.
EM
ALTRUISMO TÃO SÓ NOS ILUDIMOS,
SEMPRE
QUEREMOS TER RECIPROCIDADE.
ASSIM O
AMOR ALHEIO COMPENSAMOS
COM TANTO
AMOR QUANTO PODEMOS DAR,
AO
PERCEBERMOS NO PAR IGUAL ANSEIO
E NESSE
DAR AMOR, AMOR GUARDAMOS,
NESSE
ESPELHO DE CRISTAL DE CADA OLHAR,
TAL QUAL
REENCONTRO DE UM MATERNO SEIO.
CATADOR DE
ENTULHO I – 10 SET 16
Como um
autômato, revejo o verso azul
que me
escorre dos dedos, sem piedade;
são
refeições de palavras, na verdade,
verso por
verso em carnação exul,
acumulando
mais acervo assim inúl (*)
numa costura
de retalho e veleidade
de um dia
reformar-se a sociedade,
o nada a
distribuir de norte ao sul.
(*) Inútil.
Na verdade, cada vez sou mais descrente
dessas gotas de sangue coagulado
que não conferem a mim qualquer nobreza,
mas são azuis, porque azul é cor
potente,
que escorre em turbilhão deliberado,
na expressão de minha caneta, com
certeza.
CATADOR DE ENTULHO II
No passado, compus muita melodia:
bastava apenas ao piano me sentar,
dali os dedos facilmente a retirar
grupos de notas em réstias de harmonia,
que com cuidado em pauta redigia
e certamente fui além de algum milhar,
mesmo que incêndio fosse após queimar
uma metade do que então fazia.
Algumas vezes aguardando, sem dormir,
quando me punha a indagar se eram minhas
aquelas notas respingadas no papel,
ou se era apenas o piano a produzir
as doces notas de tristes ladainhas,
talvez de espírito a fazer nele
quartel...
CATADOR DE ENTULHO III
Uma coisa é realmente verdadeira:
houve um incêndio e o piano se queimou;
mais tarde outro piano se comprou,
sem que voltasse a inspiração ligeira...
Bem diferente a inclinação certeira
que a redigir sonetos me levou,
que neste quarto de século brotou,
bem mais forte que a melodia feiticeira.
E quando falo ser o verso azul,
a desconfiança surgiu-me e não secreta:
seria dos versos tão somente um catador?
Ou este fluxo que me escorre, exul, (*)
pertenceria de fato a essa caneta
com que o rascunho no maior ardor...?
(*) Exultante.
CATADOR DE ENTULHO IV
Mas quando a desconfiança sobrevém,
eu tomo em conta essa longa profusão
de canetas que morreram por minha mão
e que, acabadas, descartei também...
Tais quais cordeiros pascais serão,
porém?
Um sacrifício que me requer a inspiração
para brotar de mim em borbotão,
sem cujas mortes nada mais me vêm?
Ou é meu próprio inconsciente que hoje
esbulho
e é dele que retiro meus versos de
meiguice
ou assombrados, ao invés, pela revolta?
Sendo não mais que um catador de entulho
e dos cartões que rascunho algo me disse
como catar tanto sonho que anda à solta?
ANOSOGNOSIA I – 11 SET 2016
Muito embora eu aprecie o rock’n’roll,
se bem menos que a música erudita,
nem toda a melodia me concita
e não sinto apreciação por futebol...
Bem mais bonito eu acho o voleibol:
mais educado, o corpo inteiro incita,
sua execução geral é mais bonita
e agrado igual me dá o basquetebol.
Mas não me agrada o golfe, que
blasfêmia!
E muito menos essas longas revoadas
de automóveis percorrendo curvas pistas.
Falando francamente, é mais a fêmea
de minha raça que me atrai, mais
encantadas
que tais corridas por efêmeras
conquistas...
ANOSOGNOSIA II
Passados anos, ainda encaro o futebol
com a mesma indiferença do passado
e quando vejo o combate hoje acirrado
entre as torcidas envolvidas nesse
anzol,
sinto-me às vezes tal qual um caracol,
a deslizar em seu avanço compassado,
sem ambição de se tornar pássaro alado,
entre o crepúsculo e o brilho do
arrebol...
É como se eu em mim desconhecesse
alguma falha de personalidade
ou que pura e simplesmente recusasse
a narcísica ferida que dentro se
estampasse,
numa estranheza de minha realidade
que para outros natural se demonstrasse.
ANOSOGNOSIA III
Tudo pensado, hoje digno-me a afirmar
ser fã de um time ou outro, sem de fato
a menor bola atribuir ao desacato
ou aos triunfos que possam conquistar.
Talvez mesmo não me irão acreditar
quando eu afirmo para qualquer contato
que só sei dos resultados por boato,
sem nunca um jogo ter ido acompanhar,
seja em estádio ou por televisão,
não assistindo sequer um campeonato,
pois nem a tal Copa do Mundo me
interessa.
Mas se o afirmo, de soslaio me olharão,
como se eu fosse um louco sem recato
porquanto o povo de tais jogos não se
esqueça.
ANOSOGNOSIA IV
É bem verdade que me parece ser delírio
esta loucura de caráter nacional;
alguns assistem mais o internacional
campeonato europeu de maior brio;
e reconheço que até mesmo conseguiu
a seleção, para um espanto triunfal,
nas Olimpíadas chegar até o final
e ser laureada, após perder anos a fio,
algo que nunca aconteceu anteriormente
e mesmo nessa infeliz Copa do Mundo,
só um fracasso se obteve, bem rotundo,
num desaponto total de tanta gente...
E alguma vezes eu chego a imaginar
que foi por pena o seu tento a marcar!
ANOSOGNOSIA V
Mas de outra coisa sinto desconfiança,
considerando nossa atual corrupção:
que os resultados combinados são,
para um grande apostador ganhar bonança.
O povão que torce tanto não alcança
que antes exista uma tal combinação,
os vencedores já escolhidos de antemão,
tal qual em lutas descobrir-se não se
cansa.
Sempre recordo do Ronaldo, lá na França,
apresentando tal moléstia tão estranha:
foi ameaça ou pagamento da artimanha?
Sua própria vida, talvez, nessa balança,
um povo inteiro a assim desapontar,
para um mafioso qualquer poder ganhar!
ANOSOGNOSIA VI
Talvez, de fato, esse meu desinteresse
seja uma forma de anosognosia,
que em mim mesmo não reconheceria
incapacidade qualquer que
experimentasse.
Mas de meu pai talvez o mesmo se falasse
ou de meus filhos – nenhum deles aprecia
desses esportes coletivos a mania...
Quiçá um genético defeito se
tratasse?...
Mas retornando para o rock’n’roll,
que só escutei, dançar coisa que não
fiz,
sendo auditivo em minha apreciação,
então a volta completando desse rol,
reconhecer o meu problema agora eu quis:
o que eu detesto é a movimentação!...
BALADA DO JAMAIS I – 12 SET 16
Tive jamais demais na minha vida;
jamais vi um vulcão avermelhado;
jamais confabulei com desdentado,
jamais achei de tamanduá a guarida...
Demais tive do amor a despedida,
jamais eu fui famoso e respeitado,
demais por meu labor fui entediado,
jamais por mim foi ópera assistida.
Demais paguei impostos ao governo,
jamais a pesca pratiquei submarina,
demais tive dos espinhos o fundo pique,
jamais me fui queixar de um só inverno,
demais verões achei na minha sina
e jamais pude visitar Reykjavik...
BALADA DO JAMAIS II
Demais jamais foram meus fogos naturais
que se conservam mesmo hoje no repique,
de Dionyso guardo a lira que me pique,
das Nove Musas tive os beijos
divinais...
Jamais demais meus dons espirituais,
que deles me afastar eu nunca fique,
que o despeito jamais minhalma bique,
rancores sempre em mim só temporais
e que me levem jamais aos afinais
e que afinal eu não me perca no jamais,
desalento sem sofrer nunca demais,
seguindo sempre em busca do ademais
e ainda usufrua doravantes mais,
em mil considerandos seminais...
BALADA DO JAMAIS III
De que serve pensar seja demais
para algures jamais sair do cais,
para nenhures perder-me nos cascais,
ultrapassados derradeiros vendavais,
quando os sonhos me levam ao ademais,
sem converter-se em belos planos mais
esses projetos de grandes cabedais,
quimeras puras em seus voos irreais,
irresponsáveis como são os carnavais,
caules inermes como têm os canaviais,
tão numerosos que nunca soube quais,
preferências a dever às sendas tais
que se bifurcam ao vezo dos finais,
sempre atolado nos abismos do jamais...
BALADA DO JAMAIS IV
Quem recebeu talentos por demais
jamais consegue definir-se pelos quais
deva seguir, enquanto os mais banais
seguem um só, sem se perder jamais.
Quando os caminhos se multiplicam mais
os labirintos nos prendem nos gerais
artifícios emotivos do ademais
ou em desistências plenamente
consensuais.
Jamais, portanto, na política ingressei,
a medicina para mim jamais busquei
nem as complexas interpretações da lei
e me limito a aceitar o pouco-mais,
incapaz de dominar o todo-mais
nos demasiados dramalhões do meu
jamais...
modéstia 1 – 13 set 16
eu me contento com qualquer gratuito dom
que cada rosto fere ou acaricia,
beijos de vento que a pele amanhecia
quando se abre a janela em áspero tom.
postigos ou vidraças em igual som,
para acolher a manhã que se inicia,
a face exposta que no leito se escondia,
clara a epiderme que o escuro faz marrom.
também o mundo eu abro, diariamente,
deixando entrar em mim perfume esquivo,
que mais não seja a fumaça de algum cano...
minhas narinas abrindo de imprudente,
bebendo o vento como um dom altivo
de meu amado e gélido minuano!...
modéstia 2
meu rosto lavo também à luz do sol,
que para todos brilha sem reserva,
que as rochas ilumina como a erva,
dando à prece e ao pecado igual farol.
na brisa busco o cantar do rouxinol,
quando a manhã sua melodia conserva,
enquanto a água do café e mate ferva,
a luz mais forte a enfrentar de parassol.
de fato o sol é para todos, como o vento,
já à sombra é mais difícil ter lugar,
durante a noite a sombra é mais relento...
do sol e vento eu sorvo meu alento,
não mais do que qualquer pode alcançar,
sem de qualquer pagamento precisar...
modéstia 3
eu me alimento assim com água e ar
(e com arroz, batatas e feijão),
pois de carne nunca tive apreciação,
as coisas simples bem me podem agradar...
os bens da terra nunca saio a procurar,
salvo de livros e de discos profusão,
não tenho celular e ao ligar televisão
aos noticiários vou em geral me limitar...
mas bebo o vento e as geadas eu mastigo;
como o luar e o sol diuturnamente,
serão cavernas de ar puro o meu abrigo,
de água e nuvens a minha montaria,
nessa modéstia que me domina a mente,
tudo pensado, mesmo mais do que eu queria...
MEMÓRIAS DE PELÚCIA 1 –14 SET 16
A deusa aranha chiava docemente,
Na tecelagem sedosa de mantilhas,
Em nós de arco-íris as suas armadilhas,
Em nós de prata a aguardar
pacientemente...
As aracnídeas tendas, realmente,
Ao serem distendidas, longas milhas
Abrangem facilmente, frágeis filhas
Do próprio ventre da mãe ali presente.
Mas quando lança liana mais potente
Perante as trancas de alguma portalada,
Bem mais densa terá tal pirataria,
Capturando dentro em nós a própria
mente,
Medula inteira nessa rede entrelaçada,
Em mescla breve que prisão nem
pressentia.
MEMÓRIAS DE PELÚCIA 2
Se dos insetos ela faz captação,
Pretendendo lhes sugar o conteúdo,
Na gentileza que demonstra não me iludo,
Sei bem tem gula de meu coração.
E assim pretende ter idêntica emoção,
Comigo a partilhar seu verso mudo;
Seu alfabeto cordado então estudo,
Letras buscando nos palpos que ali
estão.
Esses pelos de pelúcia que apresenta
Pelos não são, porém agudas farpas;
É como fêmea humana acinturada,
Porém do próprio macho se alimenta...
Ai de quem possa confiar na
deusa-aranha,
Cujo ferrão sua mente fundo lanha!...
MEMÓRIAS DE PELÚCIA 3
Já me deixei prender na seda pura
Quando teceu para mim laurel coroa,
Com velame de veludo a cobrir proa
Até a popa, em plena investidura!...
O sol tapando com tal pelúcia escura,
Dolente a entoar sua falsa loa
Que nos porões da mente fundo soa,
Enquanto a carne em pontos dez perfura!
A deusa-aranha nos promete falso trono
Na refração de luz que nos fascina,
Porém são ovos a esmeralda e o seu
marfim,
Para tomar-me em seu pleno abono,
Tão logo prenda ali sua obra-prima
Com que suas crias há de nutrir enfim.
MEMÓRIAS DE PELÚCIA 4
Mas se mostrou-me a deusa-aranha falso
amor,
Querendo apenas se aproveitar de mim,
Eu demonstrei mais falsidade assim,
Nessa artimanha em que exerci o meu
pendor.
Seus fios de teia recolhi com pleno
ardor,
Nessa entretela creme de marfim,
Teci losangos em trajo de arlequim,
Em terciopelo a gerar maior vigor.
Se foi aranha para mim, tornei-me vespa,
Para em seu ventre semear os meus
poemas,
Colhendo a deusa no meu esconderijo,
Pondo o laurel de bardo sobre a testa,
Enquanto as crias de minha carne alijo
E ao palco lanço as redes de minhas
penas!
O SALMO
137 DE BILL I – 12 out 2007
Junto aos
rios de Babilônia, os judeus
penduravam
suas harpas nos salgueiros
e
recusavam, quando outros lhes pediam
que
interpretassem os cantos de seu Deus.
Bem ao
contrário, sobre os idumeus (*)
chamavam
maldições e até queriam
que
morressem os filhos dos guerreiros
que antes
haviam trucidado os seus...
(*) Seus primos bíblicos, descendentes
de Edom.
Também eu
sou escravo, neste mundo
e,
diariamente, nas carnes sinto a farpa,
mas não
me ponho, dolente, a lamentar...
Em
verso e atos demonstro amor profundo,
pois sou
escravo e não penduro a harpa,
mas permaneço
louvores a cantar!...
0 SALMO
137 DE BILL II – 15 SET 16
Em mim
aceito como plena a escravidão,
que me
conduz a esta récita diária
na
profissão de fé mais perdulária,
que lanço
aos ares sem lhe dar perdão.
E nem ao
menos permito-lhe a impressão
em
profusão de cópia multifária:
alfanumérica
a espalho como pária,
sem
esperar que ali encontre aceitação.
Houve um
tempo de meu relapso passado
em que os
poemas que me foram destinados
guardei
no lenço para enterrar no chão,
sem
proclamar esse seu canto atribulado,
mas
conservando para mim só reservados
os
paradigmas de meu próprio cantochão.
O SALMO
137 DE BILL III
Alguns
milhares então datilografei;
outros
milhares resultantes de meu punho,
acumulados
em formato de rascunho
ainda se
encontram na tumba em que os deixei.
Passados
tempos, afinal me acostumei
com algo
mais do que meu próprio cunho;
muitos
frutos recolhi de meu abrunho
e outros
milhares, pouco a pouco digitei.
Então a
harpa novamente retomei
dos
galhos verdes restantes no abrunheiro
e me
votei a dedilhar como o salmista,
nesse
teclado sem cordas que comprei,
cada
sentença a se inscrever ligeiro
dessa
Internet a percorrer a pista...
O SALMO
137 DE BILL IV
Reconheço
que esses versos não são meus,
mas que
pertencem ao Tesouro do Senhor,
essa
confiança em mim maior favor
do que
foi dado à maioria dos judeus.
Como
David, em seus salmos perigeus, (*)
tangi
minha harpa no maior fervor,
em mil
papiros gravei o meu pendor
para
rancor e inveja dos ateus...
(*) Próximos à Terra, que percorrem a
Terra.
Os do salmista atravessaram três mil
anos;
não sei se os meus poderão atravessar
sequer mil dias, mas não mais os escondo
e assim redijo apogeus e desenganos,
em vez de lira, na tela os vejo
saltitar,
sobre a qual fibras do coração vou
pondo!
0 SALMO
137 DE BILL V
Esse
servo que prendeu seu dom em lenço
e o
enterrou com grande precaução
prêmio
não teve por seu grau de devoção,
quando o
Senhor o exprobou em verbo denso.
Conservar
o seu talento foi-lhe infenso: (*)
Deus lho
tirou e o colocou na mão
do que
mostrou maior realização,
desdém
divino a brilhar no rosto tenso.
(*) Proibido.
Desta
forma, compreendi a minha lição,
tal qual
se fora redigida para mim.
Se
antigamente poucas cópias distribuía,
hoje me
exponho em vasto cantochão,
o dom que
tenho distribuindo assim,
mas sem
saber se tais versos alguém lia.
O SALMO
137 DE BILL VI
Se
doravante renegar a inspiração,
“que se
resseque a minha mão direita
e que
minha língua fique então sujeita,
sem ser
capaz de balbuciar qualquer noção,”
disse o
salmista ao lembrar-se de Sião,
quando
instado a cantar daquela feita,
pois
recusou a inspiração perfeita
que
descer lhe deveria ao coração.
Mas sou
escravo de meu Inspirador
e esses
versos que me dá, proclamarei,
pois cada
linha emana incenso de louvor;
e sendo
um servo, as ordens cumprirei:
os meus
talentos ao mundo entregarei,
para
minhas penas entregar a meu Senhor!
O
SALMO 42 DE BILL I – 12 OUT 2007
Como
a corça suspira pelas fontes,
assim
minhalma anseia só por ti.
Em
plena sede, sempre assim vivi,
desde
que ergui os olhos para os montes
e
em suas cristas não te percebi,
por
mais que perscrutasse os horizontes,
por
mais que me esforçasse em novas pontes
lançar...
por tua ausência ainda sofri.
Caso
outros saibam, tanto mais terão zombado
destas
lágrimas vertidas por minhalma,
até
que as pálpebras ficassem tumefatas. (*)
(*) Inchadas.
Agora
sei que não me tens abandonado
e
meu abismo se encheu de estranha calma,
ao
chamar por outro abismo em cataratas...
O SALMO 42 DE BILL
II – 16 SET 16
Honestamente, não
posso me queixar
de ser lançado
nessas cataratas;
por certo tive
minhas infaustas datas,
mas sem da cólera
divina reclamar;
nem todas as ondas
e vagas vi passar
por sobre mim. Aceito que me batas,
Senhor meu Deus,
mas me deixaste intactas
as ossamentas,
mesmo após me castigar.
Tua proteção sobre
mim foi perenal
de todos os perigos
através;
não usufruí de um
prêmio triunfal,
mas tampouco sofri
de grande mal
e assim me ponho
diante de teus pés,
humilde servo ante
o trono divinal.
O SALMO 42 DE BILL
III
Talvez eu tenha na
vida pouco ousado,
mas desde sempre
aprendi a respeitar
aquela voz em
silencioso aconselhar,
a me dizer: “Não
vás para esse lado!”
E dessas vezes em
que não foi respeitado
esse aviso
carinhoso a me afagar,
não me dei bem,
pisando em mau lugar,
no próprio ato
sendo em breve despeitado.
Não acredito que do
céu venha o castigo:
humanos entram em
muitos extravios,
cada um sendo de si
grande inimigo.
Nem é preciso falar
em tentação,
pois quem se lança
em corrediços rios
só segue o impulso
de seu próprio coração.
O SALMO 42 DE BILL
IV
Porém de mim já
falei hoje demais:
tenho certeza de
que também escutas
essa voz muda a
proteger-te de tuas lutas;
resta saber se lhe
atendes aos fanais.
Se te disser: “Não
vás!” aonde vais,
porém pisares tais
perigosas grutas,
se o bom conselho
para ti refutas,
em tua vaidade a
não seguir jamais.
Alguns a chamam de
voz da tua consciência,
outros de aviso de
qualquer anjo da guarda;
os orgulhosos
afirmam que Deus fala...
Mas teu espírito te
aconselha com paciência,
quando má trama
algum destino carda;
não a recuses, que
um dia a voz se cala!
O SALMO 42 DE BILL
V
Traz esse salmo um
final de grande horror,
um versículo da
mais feroz intemperança,
numa incerteza que
o coração te alcança:
como aceitar a voz
selvagem de rancor?
“Bendito seja”, diz
o salmista com ardor,
“quem a cabeça dos
pequeninos lança
e esmaga contra o
muro!” Assim avança
esse poslúdio do
salmo em estridor!...
É até possível que
alguém tenha seguido
literalmente esse
fero mandamento,
causando a morte de
crianças inocentes;
a maioria, creio
eu, após ter lido
essas palavras em
qualquer momento,
há de sentir
repulsas bem pungentes!...
O
SALMO 42 DE BILL VI
Contudo,
pensa bem. Esse inimigo
é
o mau impulso que está dentro de ti
e
que te leva a buscar, segundo eu cri,
o
mal de outrem para seu castigo.
Porém
comparte o coração contigo,
crescendo
aos poucos, como em certos vi,
na
corrupção que encontramos por aqui,
de
tuas melhores qualidades o jazigo!
Portanto,
esmaga a sua cabecinha
quando
sua voz perceberes sussurrar
isso
que sabes não deverias fazer,
pois
se cederes a tal voz mansinha,
o
pensamento te irá, aos poucos, dominar,
até
tua mente e tua alma preencher!...
AMOR
DE CÂMARA XX (20) – 13 OUT 2007
Ela
girava e esbatia o sapateado,
nesse
flamenco, em sabor de Andaluzia,
estremecendo
o tampo do tablado
e
o eco das guitarras se envolvia...
Ele
girava em volutas o capeado,
morto
o touro em sangrenta aleivosia,
guampas
e espada em combate simulado
que,
finalmente, em sangue se escorria...
Num
mar dolente de maromba e ventarolas,
que
olés furiosos aos ares emancipam,
paixão
feroz que assola e jamais falha...
Na
dança o brilho de muitas castanholas,
nessa
tourada em que chifres não destripam,
fazendo
amor com a música de Falla.
AMOR DE
CÂMARA XXI (21) – 13 OUT 2007
Renova o
mundo e sempre fica o mesmo:
as
gerações se iludem, ao pensarem
poder
costumes novos adotarem,
por mais
que o façam aleatório e a esmo...
Pois tudo
que hoje é feito, já se faz,
por
séculos sem conta e nada novo
existe
sob o sol... Todo renovo
imita
apenas, em sua vez fugaz,
outro
modelo oriundo do passado.
Trocam-se
as roupas, é nova a orquestração,
mas se
repetem as músicas e a paixão.
E é assim
que nos deitamos, lado a lado,
em
catadupas que crescem e se esvaem,
fazendo
amor ao som de Bernstein...
BATUQUE PARA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO I
– 14 OUT 07
Existem nesta vida talismãs
de grande força e poder imaculado:
alguns protegem, outros têm o fado
de lançar maldições sobre essas vãs
tentativas de quebrar as forças sãs,
que protege um amuleto consagrado.
São coisas frágeis, qual segredo alado
em que confiam quaisquer almas anãs
nelas depondo de sua vida a orientação.
São assim esses breves, essas guias,
prendas de búzios, mães de fantasias,
porque só valem quando se tem fé
tais relicários, tais ossos, tal
axé,
contas vazias da novena da
ilusão...
BATUQUE PARA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO II
– 17 set 16
É bem certo que entre povos primitivos
todo feitiço terá grande poder;
para que ajam basta o povo crer
que possam governar mortos e vivos.
Quem acredita das maldições nos crivos
algumas vezes é levado até a morrer;
perde a energia e se deixa assim vencer
por um punhado de balbucios esquivos.
Já entre os povos mais civilizados
menor poder possuem os atabaques,
que geralmente serão postos de lado,
como crendice de homens atrasados,
completamente irrelevantes os seus
baques
que aos crentes deixam o peito
atribulado.
BATUQUE PARA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
III
Porém persistem historietas de terror,
como a dessas bonequinhas do vudu,
com cabelos e unhas, poder cru,
destinado à perdição de um ofensor.
Mesmo sem crença em tal infenso horror,
cravada agulha no seu peito nu
e realizado do batuque o sururu,
a reforçar da maldição o autor!...
Sem qualquer dúvida, persiste uma
atração
por essas lendas de medo constritor ,
mesmo que sejam ridicularizadas.
Tornadas fatos pela repetição,
entranhadas na mente do leitor,
até tornarem-se, lentamente, acreditadas!
BATUQUE PARA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO IV
É como corre esse ditado do espanhol:
“Não creio em bruxas, porém sei que as
há!”
A superstição como tal, descartará
qualquer pessoa instruída... à luz do
Sol!
Mas quando chega a noite, sem farol,
um lobisomem nas colinas uivará,
algum vampiro nosso sangue buscará;
de mortos-vivos no cinema há um vasto
rol!...
Existem esses que têm medo de um espelho
sendo quebrado... sete anos dá de azar
e não se deve cruzar por sob escada;
ver gato preto à nossa frente é mau
conselho
e traz má sorte algum saleiro derrubar,
mil semicrenças de origem bem variada...
BATUQUE PARA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO V
E sem querer ofender a religião,
que diferença existe em relicário
e qualquer breve de terreiro vário?
Tudo depende do poder de aceitação!...
Esse sinal da cruz que faz cristão
para vencer qualquer demônio
sanguinário,
surgiu após as Cruzadas, no ordinário
imitar da muçulmana saudação.
E que dizer das contas do Rosário,
também copiadas desses maometanos,
que ainda as dedilham, em gesto
solidário,
nunca existentes na Igreja Primitiva:
pelo desenho de um peixe é que os
romanos,
uns aos outros confessavam sua Fé viva.
BATUQUE PARA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO VI
O fato é que muita gente necessita
desses sinais de externa aceitação;
a tantos santos se faz consignação
de uma vela ou promessa e se acredita
que seja aceita e assim graça bendita
a nós confiram mediante tal negociação.
Que desrespeito a mostrar tal emoção:
comprar um santo para nos mudar a dita!
(*)
(*) Destino, Fado.
Mais infeliz de todos Santo Antonio:
acusado de ser mau casamenteiro,
alguns o emborcam num poço, bem ligeiro!
Tal qual filtro de amor de algum
demônio,
nessa crença de que o santo castigado
marido desse e assim fosse libertado!...
AS JOVENS DE ROMA LXII (62) – 14 OUT
2007
VIBIENNA
QUANDO A TRISTEZA ESCORRE COMO FONTE,
POR DESENTENDIMENTO DE PASSAGEM,
NA MARCA DESCONFORME DA MIRAGEM
DE SENTIMENTOS QUE NEM SEQUER SE CONTE,
QUANDO A DOR VEM À TONA, NUM REPONTE,
POR MÁS PALAVRAS, É COMO UMA CLIVAGEM,
QUE GERA UM MONSTRO, DESPIDO DE CORAGEM,
MAS ANSIOSO POR ERGUER-SE NO HORIZONTE.
E ASSIM FOI CONTIGO, NESSE SENSO
DE PERDA E DE PROFUNDA HUMILHAÇÃO,
AO TE JULGARES SUJEITA À REJEIÇÃO.
MAS NÃO HAVIA MOTIVO – FOI INTENSO
O QUEBRANTAR EM TI DESSA VAIDADE,
MAS AINDA INTACTA A TUA
FEMINILIDADE...
QUERELAS I – 15 OUT 2007
Chegou o tempo de falar desta mortalha,
cortina ou colcha em que fui envolvido,
como o desejo é, às vezes, compreendido
da forma mais alheia e se enxovalha...
Então se põem a inaugurar batalha
por um trabalho de anos empreendido,
uma diz que só amor está contido
nessa coberta por que sua vida
espalha...
Outra pensa que, ao contrário,
tudo é dolo,
nem tanto pelo mal, mas a interferência
que enroscou sua vida em mil baraços...
Talvez só eu perceba quanto é tolo
esse embate infeliz, nessa aquiescência
de ver no rosto da outra os próprios
traços.
QUERELAS II – 18 SETEMBRO 2016
Sem qualquer dúvida, muita gente empenha
a fé
em símbolos de caráter material,
num sacrifício proposto a um imortal
que no passado teria sido humano até.
Igual que há gente que em borra de café
lê um destino ponderoso e perenal,
determinado por potência divinal:
crenças pagãs de antiquíssimo sopé.
Manifestou-se a religião em ecletismo,
os santuários pagãos beatificados,
seus semideuses em santos transformados.
E no Brasil difundiu-se igual modismo.
sendo entre nós os orixás santificados,
e com madonas e santos comparados.
QUERELAS III
Na verdade, até mesmo os Mandamentos
modificaram-se, para justificar
a imageria e o suntuoso decorar
das catedrais e os ricos paramentos
dos bispos e cardeais em ornamentos
nas procissões, para os fiéis
maravilhar,
sobrepelizes simples a trocar
pelas dalmáticas, como santos
tegumentos.
Assim o “Não farás imagem de escultura
para ti e jamais as adorarás”,
conforme um dia proclamou Moisés,
foi descartado, por intenção impura
e dividido esse “Não cobiçarás”,
com o fito de acolher as novas fés.
QUERELAS IV
O mandamento nos diz, bem claramente:
“A casa de teu próximo não cobiçarás,
nem sua mulher, nem seu campo buscarás,
nem seu boi, nem seu jumento”,
integralmente.
Porém Tomás de Aquino, esse inclemente,
cujo ódio à mulher encontrarás
bem definido nos escritos que nos traz,
declarou tal divisão ser exigente,
devido à estranha imposição do celibato,
que tanto fortalece o homossexualismo
e em grau pior, essa terrível perversão,
que difundiu a pedofilia, sem recato,
como direta expressão desse modismo
que na mulher vê do pecado a aceitação.
QUERELAS V
Porém, de fato, foi a desobediência
pura e simples dessa tal proibição,
enquanto o Gênesis nos indica, com razão
não ter sido perder por sexo a
inocência.
Deus Jeová nos ordenou, com precedência:
“Crescei e multiplicai-vos!” Pois então,
como a Mãe Eva e nosso Pai Adão
o poderiam cumprir, com obediência,
sem praticarem coabitação sexual?
Não está no sexo o conhecimento
perturbador do que seja Bem e Mal;
foi bem diverso o Pecado Original
do que tornar qualquer fruta em
alimento,
o que no fundo seria apenas natural.
QUERELAS VI
Mas outra árvore no Paraíso havia,
cujo fruto nos daria a Vida Eterna,
imensa graça e maravilha superna,
como a Escritura claramente nos dizia,
pois Jeová, majestaticamente, falaria:
“Para que não sejam iguais a Nós” e
alterna,
tal qual teria feito a mente hodierna,
proibição que mais ainda atrairia,
se fosse essa a árvore proibida,
bem certamente, pela curiosidade,
mais a tendência para sermos
transgressores...
Porém passou então despercebida;
caso contrário, hoje seria a Humanidade
uma espécie imortal de pecadores!...
A FILHA
DE APOLLO XIX (19) – 16 OUT 2007
Alguns
suportam longas situações,
sem nem
saber porquê, por tantos anos,
até que
se acumulam desenganos
e
então, rebentam, lá nos corações,
inesperadas
fibras, sem ruído,
sem
mais alarde, em vago sentimento:
elas se
partem, explode num momento,
aquele
fio que já estava a ser puído...
O mais
estranho é que isso só acontece
onde
existiu amor, profundamente:
são os
cristais mais valiosos que se quebram...
A dor
aumenta, enquanto angústia cresce,
são
claras emoções que mais se entrevam
e se
esfacelam... de forma permanente.
AS JOVENS DE ROMA LXIII (63) – 16 OUT 07
LAENELLIA (LENÉLIA)
EU NÃO LAMENTO DE MODO ALGUM SURGISSE
O QUE ENTRE NÓS SURGIU POR UM MOMENTO.
SE HOUVESSE DE SURGIR UM SENTIMENTO,
ENTÃO FOSSE O DE AMOR QUE NOS URDISSE.
EU NÃO LASTIMO O FATO ACONTECIDO,
TAL COMO ACONTECEU: FOI PLANEJADO,
NÓS DOIS QUISEMOS E FOI BEM DESEJADO
QUE ACONTECESSE TAL ENCONTRO PRETENDIDO.
AGORA RESTA PENSAR SÓ NO FUTURO,
CASO IR-SE-Á REPETIR IGUAL BONANÇA,
OU SE DELA RESTARÁ TÃO SÓ LEMBRANÇA.
MAS DE UMA COISA, ENFIM, ESTOU SEGURO:
FOI UM ATO DE AMOR, NÃO FOI CASUAL
E, SENDO ATO DE AMOR, FOI IMORTAL.
REGRAS DA
VIDA XL (40) – 16 OUT 2007
Para
todos existe um lar seguro,
um porto
de invernada, onde a borrasca
é
defendida por molhes e a nevasca
não se
acumula, gelada, sobre o peito.
Para
todos existe um sonho puro,
em que se
foge da real Tarasca (*)
que é a
vida e não nos corta a aguda lasca
da inveja
dos outros e despeito...
(*) Monstro do folclore francês; mulher
malvada.
Olha bem
para ti, vê qual é o teu,
esse
lugar que recordas, com certeza,
antes de
te perderes pela vida.
Ou senão,
eu te convido para o meu:
fica no
meu coração, pois há beleza
em
partilhar contigo tal ermida...
REGRAS DA
VIDA XLI (41) – 16 OUT 2007
O mundo
vem buscar, frequentemente,
um pedaço
de ti, sempre quer mais.
E, se
deixares, não terás jamais
um só
momento teu de permanente.
Constrói
então um círculo ao redor
de ti e
bem demarca teus limites.
[Nem a
quem amas penetrar permites,
depois de
tais fronteiras pressupor.]
Porque
são tuas: é o espaço teu, sagrado,
em que
ingressar ninguém terá poder,
nem
insistir em tirar de ti vantagem...
Então
restaura o coração atribulado
nesse
cerne de ti mesma, em teu dever
de a ti
prestar a primeira vassalagem...
Recanto
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