O TAPETE MÁGICO
(Retirado de O Thesouro
da Juventude, provavelmente originado das Mil e Uma Noites,
Versão poética de WILLIAM LAGOS, 16 ABR 14)
O TAPETE MÁGICO I
O Rajá de Bahawalpur,
além de governar
o seu extenso reino,
tornara-se regente
da região vizinha,
igualmente extensa
do Walpuristan,
após a morte de seu irmão
Shadernazzar,
em um combate, em que
lutaram juntamente,
sendo a vitória bem
escassa recompensa
pela morte desse irmão.
Shadernazzar tivera só uma filha,
bela menina, a quem chamara Nurinar
e o rajá a tomou a seus cuidados,
em sua capital;
criou-a num palácio, em bela ilha,
para seu dote um dia lhe entregar,
tão logo dentre os muitos namorados
escolhesse o
melhor.
Naturalmente, seria também rajá
qualquer marido que lhe fosse escolhido;
destarte, teve muitos pretendentes
de alta nobreza,
ou mesmo príncipes, pois na Índia muitos há
e o objetivo seria por eles perseguido
e em grande número ficariam descontentes
os rejeitados.
Baranadur, que era o nome
do rajá,
teria de empregar grande
cuidado
para evitar arranjar um
inimigo
ou mesmo vários:
os ofendidos, a quem sua
mão não dá,
trariam exércitos,
talvez, de cada lado,
causando ao reino ainda
maior perigo
que as guerras anteriores.
O TAPETE MÁGICO II
E depois, mesmo
escolhendo muito bem,
e obtendo o consentimento
da princesa,
de que forma garantiria o
seu futuro,
caso fosse um cobiçoso?
Mesmo inocente a
aparentar também,
até surgir a ambição de
mais riqueza,
trazendo aos reinos o
destino duro
de batalhas terríveis!...
Mas Nurinar tinha apenas cinco anos
e embora na Índia se casassem cedo,
qualquer desculpa poderia inventar,
sem provocar ofensa.
Poderia garantir aos soberanos
que seu irmão pedira-lhe, em segredo,
antes dos quinze a sua filha não casar,
para entender
melhor.
Ora, Baranadur três filhos já tivera.
belos meninos de viril aspecto,
que haviam crescido junto com a princesa,
brincando alegres.
E depois que Nurinar bela crescera,
todos três, ao ver-lhe o porte tão dileto
começaram a cortejá-la com nobreza,
porém sem disputar.
Os três príncipes eram,
de fato, muito amigos,
não iniciariam disputas
sem razão
e a princesa gostava
deles igualmente,
sem ter um favorito.
Baranadur escolheria, sem
cortejar perigos
e sem receio de
causar-lhes dissensão,
dizendo os três aceitarem
de boa mente,
a paterna decisão.
O TAPETE MÁGICO III
Porém surgiam muitos
outros pretendentes,
visitando a sua corte e
essa princesa;
a nenhum deles queria o
rajá ofender,
e assim dizia
que não podia aceitar os
seus presentes,
por mais que fossem prova
de riqueza,
sem que Nurinar se
decidisse a escolher
seu preferido.
Mas seu irmão, em seu leito de morte,
lhe havia dito que desse preferência
a algum dos três primos da princesa,
na real família,
que vasto reino, de amplidão no porte,
originaria essa atual dupla potência,
pois preferia que lhe herdasse a realeza
seu próprio sangue.
Nurinar, alegre, a todos recebia,
mas sempre acompanhada dos três primos
e a todos rejeitava, gentilmente:
“Só mais tarde
escolherei...”
Um de seus primos, porém, preferiria,
de preferência até ao maior dos mimos
que um estranho lhe trouxesse de presente,
como era
costume...
Os pretendentes
reuniram-se, porém
e pediram a Baranadur sua
decisão,
que consultou o conselho
e seu vizir
e após lhes declarou:
“Todos merecem
consideração também;
para esta escolha não
encontro uma razão,
pois é, de fato, mui
difícil decidir...
Então prova determino.”
O TAPETE MÁGICO IV
“Nurinar concordou que
aceitaria
por consorte quem o mais
maravilhoso
objeto de presente lhe
trouxesse...
Não o mais rico!...
Um de meus filhos, de
fato, preferia,
mas não sabe decidir qual
mais formoso
e de tantos pretendentes
se envaidece:
cabe a mim determinar.”
“Portanto, a todos eu darei prazo de um ano
para o presente mais curioso me trazer;
de novo digo, o que vale é a maravilha
e não seu preço.
Decidirei qual é o melhor reclamo,
e por meu genro aceitarei o que escolher,
pois a princesa é como fosse a filha
de meu coração.”
“Contudo, para que não haja algum rancor,
de vocês todos exijo um juramento:
que a decisão acatarão de boa vontade,
sem reclamar;
que tratarão com amizade ao vencedor
e o apoiarão, em bom ou mau evento,
se por acaso disto houver necessidade,
com o máximo
valor.”
Diante disso,
manifestaram incerteza:
devê-lo-iam auxiliar em
qualquer guerra?
“Sim, vocês todos, se for
um dia atacado
por algum estranho.”
“E meditar, poderemos?” –
com altiveza,
falou o príncipe de uma
grande terra.
“Naturalmente,” – disse o
rajá, bem humorado.
“Terão uma semana...”
O TAPETE MÁGICO V
“Ficarão todos hospedados
no castelo
e comerão do bom e do
melhor;
somente vinho não poderão
beber,
pois somos muçulmanos...”
Falou o príncipe, sua voz
em tom de gelo,
contemplando aos demais
em derredor:
“Vossa Alteza nos
pretende converter?
Eu sigo Brahma!”
“Bem, religião é uma escolha individual,
mas será sobre o Alcorão o juramento,
dos livros santos o de maior valor
aos veros crentes.”
“Pois para mim terá valor só nominal,
a minha palavra lhe dará garantimento,
caso eu aceite apoiar o vencedor,
se não for eu.”
Falou o vizir aos ouvidos do rajá
e este dirigiu-se aos visitantes:
“Podeis jurar por sobre o Rig-Veda,
sagrado para hindus.”
“E quem o velho rito ainda honrará
do Zoroastrismo?” disse um dos circunstantes.
“O juramento que a nós mais firme enreda,
é sobre o Zend-Avesta...”
Disse Barandur, com ar
benevolente:
“Os três livros guardamos
no castelo
e os tratamos com
respeito, porém mais
atribuímos ao Corão.”
Ainda indeciso, saiu cada
pretendente.
Valeria da princesa o rosto belo
comprometê-los de formas tão reais
ou
mesmo um trono?
O TAPETE MÁGICO VI
Deste modo, no transcurso
da semana,
os hinduístas e os
zoroastristas
pediram desculpas
cerimoniosamente
e então partiram.
Porém cumprido o prazo
que se afana,
temendo guerras de defesa
ou de conquistas,
os restantes demonstraram
claramente
ser demais o compromisso.
“Também nós fiéis somos muçulmanos,
sobre o Alcorão nunca podemos prometer
em lugar de nossos pais e nossos reis,
quaisquer guerras a
travar.
E dessa forma, muito lamentamos,
mas hoje temos de nos desfazer
de nossas pretensões, mas compreendeis
nossa tristeza...”
E dessa forma, foram embora os pretendentes,
ficando apenas os três filhos do rajá,
seu pai alegres a encarar com harmonia
e com resolução.
“Somos irmãos e filhos obedientes:
O juramento cada um de nós fará;
temos certeza de que Nurinar já pretendia
escolher algum de nós.”
Mas o vizir de novo
murmurou
nos ouvidos do rajá o seu
conselho
e Baranadur acenou com a
cabeça,
dando-lhe razão.
E aos três filhos, então,
determinou:
“Na decisão anterior
ainda me espelho;
que o melhor resultado
permaneça
a indicar o vencedor!...”
O TAPETE MÁGICO VII
“Sem dar ofensa aos
outros pretendentes,
darei a mão de Nurinar a
quem trouxer
o objeto que mostrar mais
maravilha,
dentro de um ano.
Saiam, portanto, em busca
dos presentes,
cada um leve o dinheiro
que quiser
e dos cavalos, os
melhores que se encilha
em minhas cocheiras.”
Os três irmãos de boa mente concordaram:
para eles, mais seria uma aventura
que, realmente, qualquer competição
que os apartasse.
Assim, um ponto de encontro combinaram,
para tudo realizar com mais lisura
e retornarem os três dessa missão,
ao mesmo tempo.
O príncipe mais velho, que se chamava Hussein,
viajou até a cidade de Bokhara,
sem nada encontrar que o agradasse
por ser
maravilhoso.
Havia elefantes brancos e também
estátuas de ouro de aparência cara,
mas sendo imagens que a fé lhes contrariasse,
deixou-as de lado.
Finalmente, deparou com
um ambulante;
grosso tapete enrolado
carregava
e apregoava seu preço em
altos brados:
“Quarenta dinares de ouro!”
Achou o príncipe até
mesmo interessante
essa alfombra que o
vendedor desenrolava,
com arabescos e volutas
aprestados,
em vivas cores...
O TAPETE MÁGICO VIII
“Teu tapete, realmente, é
muito belo,
porém estás pedindo até
demais;
quarenta dinares! – mas é
muito dinheiro:
esvaziará minha bolsa!”
“Não é demais pelo
tapete, pois quem fê-lo
foi a Fada Paribana!...
Eu já pedi bem mais:
cem dinares, depois
oitenta; e só de travesseiro
me tem servido...”
“Mas e por que a grande Fada Paribana
dar-lhe-ia um tapete assim tão belo?
Ou está velho e tão só um encantamento
o faz parecer
novo?”
“É que eu prestei um serviço à grande dama,
pois retelhei inteiramente o seu castelo
e assim, o recebi em pagamento
por meu
trabalho...”
“Pensei que o venderia facilmente,
mas na Pérsia se fabricam tantos mais...
E todos vendem por preço bem menor,
porém, não
este!...
Aqui por perto está passando pouca gente:
subamos nele, sem ligar para os demais;
verá que um preço vale ainda maior
que quarenta
dinares!
Hussein então subiu sobre
o tapete
e com olhar sincero, lhe
disse o vendedor:
“Pense um lugar em que
deseje ir
e diga alto: ‘Aldorim!’”
Então o príncipe o
agarrou pelo topete:
“Pois você irá comigo,
meu senhor!
Em nenhuma arapuca eu vou
cair,
pois não sou tolo!...”
O TAPETE MÁGICO IX
“Mas se eu quisesse
enganá-lo, o deixaria
sair com meu tapete,
simplesmente?
Pois irei junto, para mim
é mais seguro,
só demonstrei confiança!”
Fácil a imagem de seu
castelo lhe surgia
e disse Hussein:
“Aldorim!”, meio descrente;
um turbilhão os arrastou,
ante o ar puro,
sobre o tapete!
Mas não passou pelo menor perigo:
em Bahawalpur chegou no mesmo instante,
sentindo apenas o girar do turbilhão
e leve tontura.
“Bem vale o preço que pediu, amigo!...
“Então, me pague, após levar-me adiante
até o local em que ocorreu nossa reunião,
lá em Bokhara!”
Sem discutir, no local Hussein pensou;
disse em voz alta o nome mágico: “Aldorim!”
e lá estavam, justamente no lugar
de sua partida.
Quem passava por ali sequer notou,
tão rápida sua viagem fora assim...
Os dinares pagou, sem reclamar...
E o vendedor
sumiu!
Mas será um feiticeiro ou algum mago
e me ludibriou para roubar-me o dinheiro...?
Lembrou o ponto de
encontro combinado
com seus irmãos...
Na minha bolsa, ele causou um grande estrago!
Mas “Aldorim” falou e,
bem ligeiro,
se encontrava no lugar
que havia indicado:
Era verdade!...
O TAPETE MÁGICO X
Só então se lembrou do
seu cavalo,
que preso a um poste
deixara numa rua,
enquanto no tapete
viajava,
lá em Bokhara!...
Será que poderia transportá-lo?
Logo o tapete, de volta,
ali flutua;
seu cavalo ajaezado ainda
o esperava,
tranquilamente...
O animal fez subir sobre o tapete;
falou “Aldorim!” e chegou logo à hospedaria;
pôs o tapete enrolado atrás da sela
e foi bater-lhe à
porta.
E muito embora sua vitória já projete,
sem esperar seus irmãos não seguiria,
empós a mão de sua querida prima bela,
a formosa
Nurinar!...
O outro príncipe se chamava Ali
e após procurar, muito esforçado,
nada encontrava que valesse realmente
o prêmio que
buscava...
Viajou a Shiraz e deparou-se aqui
com um vendedor, de aspecto cansado,
que procurava vender a toda a gente
um tubo de
marfim...
“Realmente, é muito belo
e trabalhado,”
disse-lhe Ali, “porém,
qual é seu preço?”
“Quarenta dinares,” disse
o vendedor
“de puro ouro!”
“Meu amigo, esse preço é
demasiado...
Dou-lhe quatro, consoante
o meu apreço...”
“Não está caro demais,
belo senhor,
é um tubo mágico!...”
O TAPETE MÁGICO XI
Ali sorriu. “E qual é a sua magia...?”
“Foi construído pela Fada
Paribana,
que me pagou com ele por
serviço
que lhe prestei...”
“Ora, sem dúvida o
artesanato valeria,
caso a feitura fosse de
quem proclama...
Mesmo assim, que proveito
eu tiro disso?
É muito ouro!...”
“Não, meu senhor, está até barato!
Tentei vender por cem dinares, no começo,
mas fui baixando, pois ninguém mo quis comprar,
pois só viam sua
beleza...
Nem examinar eles quiseram, triste fato!
Caso tivessem, bem veriam que esse preço
é bem menor do que eu queria cobrar...
Mas tenho fome...”
“Cinco dinares dou,” – disse Ali, a barganhar.
“Para meu pai será um presente interessante,
sem que de fato, em nada maravilhoso
seu objeto
seja...”
“Não, meu senhor! Basta que
venha a pensar
em qualquer coisa que deseje ver por diante;
olhe no tubo e então diga: “Aldoroso!”
e logo a
enxergará!...”
Ali dispôs-se, então, a
experimentar;
pensando em Nurinar,
disse: “Aldoroso!”
e a enxergou, conversando
alegremente,
com suas aias e criadas!
Já convencido, concordou
tudo pagar,
que aquele tubo era algo
maravilhoso!
O concurso venceria, facilmente,
e
a mão da prima!...
O TAPETE MÁGICO XII
Mas tão logo entregou os
seus dinares,
com um sorriso, sumiu-se
o vendedor!
Mas o quê?
Esse bruxo me enganou
e
sem ele, não funciona?
Porém após furiosos
divagares,
disse: “Aldoroso!”,
pensando em seu senhor,
o rajá seu pai – e a
seguir o avistou,
sentado no seu trono!...
Em nome de Alá! – pensou o rapaz, então –
Certamente essa disputa
já venci!...
Montou em seu cavalo e assim partiu
empós a
hospedaria...
Seus três irmãos, cumprida a sua missão,
aguardaria, honestamente, Ali
e pelo tubo, facilmente então os viu,
alegres e
saudáveis...
O terceiro príncipe, que se chamava Ahmed,
após buscar em vão, meses a fio,
foi para o norte, tomou a estrada da seda,
e chegou a
Samarkand...
Logo a ventura o destino lhe concede:
um vendedor apregoava em grande brio,
a venda de maçã, de artesanato leda,
feita de cobre...
Ahmed, ao chegar, sentiu
o perfume:
“Mas como cheira bem essa
maçã!...
Contudo, bem percebo ser
feita de metal...
Qual é o segredo?
Logo a verdade terá de
vir a lume!...
Você borrifa algum olho
na louçã
superfície, sem ter
perfume natural,
não é verdade?”
O TAPETE MÁGICO XIII
“Não, meu senhor, o
perfume é natural;
a maçã é mágica e vem da
Fada Paribana,
que me deu por um serviço
em pagamento:
limpei todo o seu jardim...”
“Paribana... E a sua beleza vai além do material,
qual gabam todos, em nossa
terra hindustana?
É realmente de tanto
encantamento?
Diga-me agora!...”
“É a mulher mais bela que encontrei
e mora em magnífico castelo,
senhora que é do mais rico e poderoso
reino da Índia...”
“Talvez o seja... Porém quanto pagarei
por tal maçã e por seu perfume belo...?”
“Quarenta dinares, senhor meu, generoso
e valente
príncipe!...”
“Quarenta dinares... Pagaria para vê-la,
mas não dou tanto por qualquer maçã...”
“Mas ela é realmente maravilhosa,
meu grande
príncipe!
Porque essa essência não é somente bela,
porém pessoa enferma torna sã,
após cheirar essa fruta poderosa,
que afronta a
morte!...”
“Veja o senhor que lá, no
fim da rua,
muitas pessoas choram e
lamentam:
há algum doente realmente
grave
e quase à morte!
Dê-lhe a maçã a cheirar e
diga: “Aldorua!”
Verá que de imediato se
espaventam
os vapores da doença e
todo o entrave:
ficará logo curado!”
O TAPETE MÁGICO XIV
“Se for assim, e
realmente maravilha!
Presente digno para o
rajá meu pai...
Mas como quer que eu vá
lá fazer a prova?
Não me conhecem...”
“Ah, meu senhor, eu lhe
abrirei a trilha...
Irei primeiro e a seguir
o senhor vai...
Estarão dispostos a
experimentar a cura nova,
que tudo mais falhou...”
“Além disso, ao ver sua indumentária,
todos verão que é um príncipe real!...
Se o curar, só lamentarão as carpideiras,
sem mais
trabalho...”
“Você menciona aquela gente tão nefária,
que é paga para um choro inatural,
quando alguém morre e mostram mil maneiras
com que fingir ter
dor...?”
“Sim, meu senhor, já estão todas lá chorando,
aquele grupo com roupas amarelas,
sinal de luto aqui em Samarkand,
e até na
China!...”
“Pois siga em frente e me vá apresentando...
Eu levarei essa maçã, que mãos tão belas
confeccionaram, com o desejo grande
de conhecer tal
fada!”
O ambulante chegou à casa
do doente
entrou e logo após fez um
sinal
para que Ahmed com a maçã
entrasse
e o doente fosse ver.
Ahmed levou o perfume,
ainda descrente,
disse: “Aldorua!” e o
perfume divinal
fez que o enfermo num
instante se curasse
e do leito se erguesse!...
O TAPETE MÁGICO XV
Ficaram os presentes
todos assombrados
e cem doentes lhe
trouxeram a curar;
com o perfume, de
imediato ali sararam,
até os piores!...
Antes que outros
chegassem, apressados,
o vendedor obrigou-o a
retornar
até o lugar em que antes
se encontraram,
sem mais delongas...
Ahmed lhe pagou o preço combinado
e o vendedor sumiu em pleno ar!...
O príncipe então montou em seu cavalo,
saindo da cidade,
antes que outros buscassem seu cuidado...
Duas semanas levou a galopar,
chegando à hospedaria sem abalo,
seguro de
ganhar!...
Os três irmãos alegremente se abraçaram
e revelaram os poderes dos presentes,
sem saber qual dos três era o melhor:
Que o pai
decida!
E para Bahawalpur em seguida cavalgaram,
mas nessa noite acamparam bem contentes,
pois se queriam os três com mútuo amor,
fiéis irmãos...
Chegou a manhã e Hussein
quis espiar...
Como ensinado por Ali,
falou: “Aldoroso!”
e desejou ver como se
achava sua princesa,
no lar distante.
Mas assustou-se, vendo a
jovem a agonizar,
damas e aias em um
lamento pavoroso!
“Sem a sua maçã, ela
morre, com certeza!”
falou a Ahmed.
O TAPETE MÁGICO XVI
“Será que o tapete nos
carrega os três
e mais o peso de nossos
cavalos...?
“Vamos subir, não custa
experimentar...”
E o tapete se esticou!
Ouviu “Aldorim!” e levou
todos de uma vez,
sem se esgarçar, apesar
de transportá-los
e então Ahmed foi às
pressas penetrar
no quarto da doente...
Disse: “Aldorua!” e sua princesa respirou
de sua maçã o mágico perfume,
abrindo os olhos e recobrando a cor,
curada de
imediato!
Grande banquete seu retorno festejou
e a cura da princesa, que se assume
ser devida à magia de esplendor
da maçã de
Paribana!
E depois de já estar tudo explicado,
os três juntos interpelaram o Rajá:
“Pai, qual de nós ganhou, afinal
sua grande
prova...?”
Ficou o Rajá Baranadur atrapalhado:
“Presentes mais valiosos não os há
e os três serviram, de maneira igual,
para a cura da
princesa...”
“Terei, portanto de achar
outra solução:
Amanhã, depois que todos
descansarem,
com seus arcos farão
prova diferente:
tiro à distância...
Quem lançar flechas mais
longe na ocasião,
depois que os três ali se
revezarem,
nesse concurso, perante
toda a gente,
será o vencedor!”
O TAPETE MÁGICO XVII
No outro dia, os irmãos
se revezaram,
cada um deles três
flechas disparando,
indo as de Ali mais longe
que as de Hussein,
sem qualquer dúvida.
Mas quantas do arco de
Ahmed dispararam
foram mais longe ainda; e
não se achando,
decretou o rajá assim,
também,
ser Ali o vencedor!...
Assim, Hussein herdou o trono de seu pai
e Ali casou-se com a prima Nurinar
e se tornou o rajá de outra nação...
E o pobre Ahmed?
Sem se queixar, empós suas flechas vai
e a muito custo, as foi podendo achar,
levando dias entre cada obtenção...
Teria sido o
vento...?
Mas a terceira flecha achou cravada
diretamente na porta principal
do palácio da Fada Paribana...
E ela mesmo a
abriu...
Confessou-lhe ter sido a seta desviada,
não porque lhe quisesse qualquer mal,
mas por nutrir paixão quase que insana
pelo belo Ahmed...
E desse modo, ela não
consentiria
que ele casasse com
qualquer outra mulher,
mas só com ela contraísse
matrimônio,
pois feliz o iria tornar.
Era tão bela que ninguém
a rejeitaria
e desposá-la aceitou
Ahmed, sem sequer
por um momento pensar no
patrimônio
de que partilharia...
EPÍLOGO
Seu casamento também o tornou um rajá;
ficaram os irmãos na maior felicidade
e assim os três reinos firmaram aliança
de lealdade
eterna...
Baranadur tornou-se então um marajá
e abdicou para Hussein de boa vontade,
todos contentes até onde a mente alcança,
“nas plagas do
Industão.”
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