AS
JOVENS DE ROMA XI
CYNTHIA
SINTO
NA BOCA O GOSTO DO PERFUME:
OLOR
ALADO DE ESPLENDOR FUNESTO...
O
TATO DE TEU BEIJO, QUAL INCESTO
DE
UM SONETO A FECUNDAR, SÓ POR CIÚME,
OUTRO
SONETO, SEU IRMÃO DE SANGUE ---
UM
CRIA O OUTRO, FORMAM NOBRE RAÇA,
QUE
LIVRA DE IMPUREZAS, CLARA TAÇA,
NOVO
FUTURO DE AMARGOR EXANGUE...
E,
NESSE LEITO DE VERSOS REVOLVIDO,
DO
SABOR DE TEU BEIJO JÁ ESQUECIDO,
JÁ
NEM RECORDO MAIS O QUE SENTIA...
SOMENTE
SEI QUE A LÂMPADA SE APAGA
E
É ENTÃO QUE ENXERGO A LUZ, QUAL UMA CHAGA,
NESSA
ALVORADA DE UMA DOR MACIA...
AS JOVENS DE ROMA XII
OVÍDIA
EU REALMENTE PASSO TODA A NOITE,
OU QUASE A NOITE INTEIRA A DELIRAR;
EU SINTO POR MEUS DEDOS, NUM AÇOITE,
FRASE APÓS FRASE DOIDA A DESLIZAR:
QUE SÃO RECORTES DALMA, ESSES POEMAS,
ME DOEM AO SAIR, POIS ME RETALHAM...
O TEMPO ME ESFATIAM, ESSAS GEMAS,
A CARNE É O PÃO E É SANGUE QUE ME ESPALHAM.
NÃO SÃO APENAS PRODUTOS DE MINHA MENTE,
SÃO NERVO E OSSOS, GRÂNULOS DE LINFA,
SÃO ARTICULAÇÕES FEITAS SURDINA...
E EU NÃO DESCANSO, NESSE AFÃ FREQÜENTE:
AO VENTO E PELA CHUVA, ESCUTO A NINFA,
NESSA INCORPÓREA VOZ QUE ME FASCINA...
AS JOVENS DE ROMA XIII
LIVILLA
DEPOIS DE TANTO AMOR, TANTA DOÇURA,
ENTREMEADAS, AINDA ASSIM, DE AFASTAMENTOS,
DE RUSGAS E DE ABRAÇOS VIOLENTOS,
DE MOMENTOS RECAMADOS DE TERNURA,
DEPOIS QUE ME EMPOLGASSE, COM POTENTES
INCENTIVOS A SER QUEM MAIS QUISERA,
E A VEJO ENSIMESMADA; E NÃO PUDERA
COMPREENDER TAIS MUDANÇAS, TÃO FREQÜENTES,
AO CONTEMPLAR SEU ROSTO INDIFERENTE,
EU ME PERCEBO FLÁCIDO E IMPOTENTE,
JÁ NEM SEQUER COMPREENDO POR QUE INSISTA;
MAS EU SÓ SEI QUE, EM TERMOS DE POESIA,
JÁ SUPEREI EM MUITO A MAIORIA
E NEM SEQUER SE IMPORTAM QUE EU EXISTA!...
AS JOVENS DE ROMA XIV
ZARXINIA
TU ME ENXUGASTE A LUZ QUE EU TINHA AOS OLHOS,
LAVASTE-ME A AUDIÇÃO, EM VÃO SUSPIRO;
MEU TATO NÃO ENXERGA E TRISTES GIROS
FAZEM MEUS DEDOS, A LAMBER ESCOLHOS.
DE PESO MULTICOR, DOCES ORVALHOS,
QUE RESPIRO EXAURIDO, NA TENSÃO MAIS DENSA;
MEUS PÉS MARCHAM DESNUDOS POR CASCALHOS,
NAS FÉS ESMAECIDAS DE TAIS CRENÇAS...
POIS SE OS DEUSES TAIS CORTES PERMITIRAM,
A MEU PUDOR, QUE A TANTO ME EXPUSESSE
E REVELASSE A TANTOS MEU SENTIR,
OU NÃO SE IMPORTAM, OU ENTÃO, NADA SENTIRAM,
INDIFERENTES AO SANGUE QUE SE ESQUECE,
NA ÂNSIA DESSE AMOR, DE REFLUIR...
AS JOVENS DE
ROMA XV
VIRGÍNIA
NÃO ACHAS QUE É
TARDE, QUE É INÚTIL AGORA?
QUE MESES ATRÁS
RETORNARES DEVIAS,
QUE A VIDA
PROSSEGUE, SE ESVAI NOSSA HORA,
SE ESVAI TEU
LAMENTO, QUANDO ANTES PODIAS
DAR LUZES AO
SONHO, DAR CORES À AURORA,
DAR MARGENS AO
VENTO, DAR VISTAS À CHUVA,
DAR CHEIROS À
NOITE, DAR PRESSA À DEMORA,
DAR OLHOS AO
CRÂNIO, DAR DEDOS À LUVA?
E LUZES NÃO
DESTE E ESVAI-SE MEU SONHO;
E CORES NEGASTE
E A AURORA APAGOU-SE;
E AO VENTO
INCONTIDAS BARREIRAS NÃO PONHO;
E A CHUVA ESTÁ
CEGA E A NOITE É ESTRANGEIRA...
TORNOU-SE A
DEMORA MAIS LENTA; E ENCERROU-SE
EM MEUS DEDOS
VAZIOS, SECOS OSSOS QUE TE EXPONHO.
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