domingo, 14 de julho de 2019




A PANQUECA FUJONA
Folklore norueguês, versão William Lagos, 21/11/2018
(Recolhida em prosa por Aarne Thomson-Uther e atribuída a Asbjornsen e Moe, em coletânea publicada em 1859 por Geroges Dasent);

A Panqueca Fujona (VIII) – 21 nov 2018
Savonarola (I) – 22 nov 2018
A Praça de Santa Maria (II) – 22 nov 2018
Aviso Policial (II) – 23 nov 2018
Fotografias (I) – 23 nov 2018
Inquérito Policial (II) – 24 nov 2018
Destinatário (I) – 24 nov 2018
Persistência (IV) – 25 nov 2018



A PANQUECA FUJONA I

Era uma vez uma senhora muito bela,
Que tinha sete filhos, dependentes dela
Para comer, morar e se vestir.

Um dia, ela derramou leite desnatado
Com um pouco de farinha misturado
E uma panqueca começou a cozinhar.

Chiava a panqueca na sua frigideira
E borbulhava com o calor, inteira,
Com as sete crianças a assistir.

Já exalava um cheiro bem gostoso,
Cheio de gula cada rostinho mais formoso,
Todos querendo a panqueca mastigar!

“Mamãe, me dá agora um pedacinho!”
Disse o primeiro. “Não, meu queridinho!
Não está ainda pronta, coração!”

“Mamãe querida,” – disse a segunda criança,
“Um pedacinho me dá!” – sua vozinha mansa.
“Ainda está meio crua, coração!”

“Mamãe boa e querida,” falou a terceira.
“Quero um pedaço do que está na frigideira!”
“Ainda não cozinhou, meu coração!”

“Mamãe boa, bonita e querida,” disse a quarta,
“Só um pedacinho para mim reparta!”
 “Não deu tempo de aprontar, meu coração!”

“Mamãe boa, gentil, bonita e querida,” disse a quinta,
“Só um pedacinho para mim consinta!”
“Está quente, coração, vai queimar a tua boquinha!”

“Mamãe boa, gentil, bonita, querida e inteligente,”
Disse a sexta, “Corta um pouco para a gente!”
“Por favor, por favor, um pedacinho!”

A Mamãe, já meio cansada, deu um suspiro,
“Meus queridos, vocês sabem que eu me viro,
Mas só está pronta de um lado, coração!”

“Mamãe boa, gentil, bonita, doce, querida e inteligente,”
Disse a sétima, “Minha fome é bem valente!”
“Por favor bonitinho, só me dá um pedacinho!”

Cada criança pedia com maior gentileza...
“Têm de esperar, meus queridos, com certeza...
Primeiro a panqueca tem de se virar!...”

A PANQUECA FUJONA II

Nesse momento, a panqueca se acordou,
Muito surpresa com isso que escutou:
Sou eu que agora preciso me virar?

E num impulso, se lançou no ar,
Dando uma volta, para certeira retornar
À grande frigideira do fogão!

E como a panqueca gostou de sua proeza,
Deu outra volta no ar, com ligeireza,
Mas desta vez, ela caiu no chão!

E sem perder mais tempo, foi rolar
Até a porta, para logo atravessar:
“Eu vou embora, não vão me pegar!

“Não, panqueca!” – disse a senhora – “Volte aqui!”
“Não, panqueca!” – disse uma criança – “Eu não comi!”
“Não, boa panqueca!” – disse a segunda – “Gosto de ti!”
“Não, boa e gostosa panqueca!” – disse a terceira –
“Não vai para ali!”
“Não, boa, gostosa e cheirosa panqueca” – disse a quarta –
“Eu já te vi!”
“Não, boa, gostosa, cheirosa e gordinha panqueca!” –
Disse a quinta – “Vais te sujar aí!”
“Não, boa, gostosa, cheirosa, gordinha, gentil panqueca!”
Disse a sexta – “Volta, eu te pedi!”
“Não, boa, gostosa, cheirosa, gordinha, gentil, amarela panquequinha!” – “O meu jantar perdi!”

A PANQUECA FUJONA III

Mas a panqueca só deu uma risadinha
E saiu rolando, muito apressadinha:
Passou o portão e já chegou na estrada!

Correu a senhora, segurando a frigideira,
Na outra mão, a sua raspadeira:
“Pára, panqueca!  Pára, volta aqui!”

“Não paro, não paro, dona senhora-bora!
Nem paro, nem paro para criança-mansa!”
E assim correu a se perder de vista...

Não adiantou nada a família perseguir:
Logo a Mamãe foi da corrida desistir
E fazer outra panqueca bem depressa!

Mas desta vez, com a porta bem fechada,
Para a fome matar da criançada,
Sem que a outra lhe fugir pudesse!

A PANQUECA FUJONA IV

Rolou a panqueca ao longo do caminho,
Até encontrar um velho pequeninho:
“Bom dia, panqueca!” – disse o homem.

“Não corre assim! Pára aqui só um pouquinho,
Deixa que eu coma só um pedacinho...”
“Não vou parar! Quero ficar inteira!”

“Fugi primeiro dessa senhora-bora,
Depois fugi de cada criança-mansa,
Não paro para ti, velhinho-pinho!

E a panqueca rolou pela estradinha,
Até que apareceu uma galinha!
“Bom dia, panqueca!” – disse o galináceo.

“Bom dia, galinha!  Estou muito apressada!”
“Espera um pouco!  Quero dar só uma bicada!”
“Não paro para ti, galinha-linha!”

“Fugi primeiro dessa senhora-bora,
Depois fugi de cada criança-mansa,
Depois fugi de um velhinho-pinho,
Não paro para ti, galinha-linha!...

A PANQUECA FUJONA V

E a panqueca pela estrada foi rolando,
E com um pato foi então se deparando:
“Bom dia, panqueca!” – disse o pato.

“Não corre tanto, quero dar uma mordida!
De jeito nenhum, ninguém me faz ferida
E muito menos tu, pato-sapato!”

“Fugi primeiro dessa senhora-bora,
Depois fugi de cada criança-mansa,
Depois fugi de um velhinho-pinho,
Depois fugi de uma galinha-linha!...
Não paro para ti, pato-sapato!...”

Correu a panqueca com outro riso manso,
Até no seu caminho encontrar um ganso:
“Bom dia, panqueca!” – disse a ave.

“Bom dia, ganso-panço! Eu vou seguir!”
“Pára um pouquinho, quero te engolir!”
“Não vais tirar de mim um só pedaço!”

“Fugi primeiro dessa senhora-bora,
Depois fugi de cada criança-mansa,
Depois fugi de um velhinho-pinho,
Depois fugi de uma galinha-linha,
Depois fugi desse pato-sapato,
Não paro para ti, seu ganso-panço!...”

A PANQUECA FUJONA VI

E continuou a rolar pelo caminho,
O seu lado de fora bem sujinho,
Não pretendia parar para ninguém!

E de repente, ela encontrou um porco!
“Bom dia, panqueca! Por que tanta pressa?
“Bom dia, porco-tosco, não vais me comer!”

“Espere aí, estou de pança bem cheinha,
Não precisas de ter medo, panquequinha!”
Roncou-lhe então o suíno gentilmente.

“Pois então, não queres mesmo me comer?
Cada um que vejo, um pedaço meu quer ter!”
“Mais perigoso vai ser dentro da floresta...”

“Ora, porco-tosco, ninguém pode me agarrar!
Quando alguém tenta, depressa vou rolar
E os famintos vou deixando para trás!...”

“Fugi primeiro dessa senhora-bora,
Depois fugi de cada criança-mansa,
Depois fugi de um velhinho-pinho,
Depois fugi de uma galinha-linha,
Depois fugi desse pato-sapato,
Depois fugi daquele ganso-panço,
Não paro para ti, seu porco-tosco!...”

A PANQUECA FUJONA VII

“Pois muito bem, minha bela panquequinha,
Mas na floresta não darás tua corridinha,
Há muitas árvores, tem serapilheira...”

“Folhagem seca sobre as raízes elevadas,
Se correres, vais dar mil tropeçadas,
Melhor então que eu te vá acompanhar...”

“Me acompanhar?” – disse a panqueca, já cansada.
“Claro, querida, vão te ver acompanhada,
Bichos e aves não chegarão para atacar!”

“Bem, se é assim, então vamos caminhar...”
“Claro, panqueca, podemos conversar
Sobre essa gente que não têm respeito!

E seguiram os dois pela floresta,
Sua amizade o porco logo atesta,
Nem esquilo, nem ave a aparecer!

A PANQUECA FUJONA VIII

Mas a seguir, surgiu um riachinho
E o porco entrou ali, bem ligeirinho...
“Como é que eu fico?” – indagou a panqueca.

“Monta depressa sobre meu focinho...
Assim não vais te molhar no riachinho...”
E a panqueca logo concordou...

Então o porco levantou a sua cabeça,
Com três dentadas, engoliu-a bem depressa,
Sem que a panqueca pudesse se escapar!

“Bem gostosinha...” – disse o porco em seu roncar,
“Para comer bem, é preciso conversar
E nunca ao outro indicar que se tem fome!...”

E como a panqueca não mais se escapou,,
Esta historinha aqui já se acabou,
Pede à Vovó para te ler de novo!...

Esta história norueguesa deve ter a mesma origem da história do Boneco de Gengibre, que traduzimos e adaptamos anteriormente.  Talvez  origem comum, talvez uma tenha originado a outra... As piadas seguintes foram recolhidas (em prosa, naturalmente) por Ernst Heimeran, jornalista e escritor (1902, Helmbrechts–1955, Starnberg), e publicadas em München (Munique), capital da Baviera, em abril de 1935, sob o título de Unfreiwilliger Humor (Humor Involuntário), traduzidas e adaptadas em forma poética por William Lagos.  A ideia de Heimeran foi ironizar cartazes e avisos que pretendiam ser totalmente sérios, sem os autores perceberem qualquer tolice ou absurdo neles incluídos.  Abraços, Bill.



SAVONAROLA – 22/11/2018

Em mil quatrocentos e noventa e oito, foi queimado,
na Praça de São Marcos, em Florença,
o monge Savonarola, devido à sua descrença
no poder pelo Papa proclamado.

O pobre monge foi assim executado
numa fogueira, perante turba densa,
muita gente a protestar por tal ofensa,
por ter mensagem de sua prédica adotado.

Isto nos deve servir como lição
para o perigo que o fogo pode provocar,
causando a morte do sincero pregador...

E fica aqui séria recomendação:
Para em sua casa um incêndio se evitar,
tenha o cuidado de comprar um extintor!

PRAÇA DE SANTA MARIA I – 22/11/2018 (*)
(*) Marienplatz, no centro de München.

Um rapazinho de escola primária,
na cidade de Munique residente,
a capital da Baviera, ingenuamente,
escreveu tal redação documentária:

A Praça de Santa Maria é muito vária;
tem um prédio construído antigamente,
como central de vendas, onde hoje, realmente,
ninguem faz mais.  A Prefeitura, essa ordinária,
tomou conta do lugar e ali funciona,
por alegar ser um edifício histórico,
melhor votado para a administração;
também da estátua se declara ser a dona,
a cujos pés há um dragão simbólico
e uma mulher, lá no alto, erguendo a mão.

A PRAÇA DE SANTA MARIA II

Dizem ser a estátua da Virgem Maria,
a qual na Bíblia a um dragão venceu,
mas meu avô jamais se convenceu
que essa imagem ali a representaria.
“É a Princesa da Baviera,” – me dizia (*)
e no dragão ele também reconheceu
a revolução que contra ela se ergueu,
que massacrada foi pela burguesia.
Mas se, afinal, esse lugar é tão sagrado,
que a Prefeitura para seu uso tomou conta
e os negócios nesse prédio não permite,
por que há tantas lojas do seu lado?
Tanto povo que a gente deixa tonta!
E o movimento até ao dragão irrite!...
(*) A estátua chama-se “Bavaria” e simboliza a Baviera.

AVISO POLICIAL I  -- 23/11/2018

Mostrou a polícia discutível eficiência:
um cidadão  certo pacote lhe entregou,
que em um ponto da rua ele encontrou,
feito o registro com a máxima paciência.

Naturalmente, desconhecida a residência,
nem sequer nome o pacote lhe indicou,
mas pela rádio ao proprietário se avisou,
assim tomada a necessária providência:

FOI ENTREGUE HOJE NESTA DELEGACIA
UM PACOTE SEM TER NOME OU ENDEREÇO,
A SER ENTREGUE A SEU DESTINATÁRIO;
AO DESCONHECIDO SE SOLICITARIA
QUE VIESSE BUSCÁ-LO COM APREÇO,
IDENTIFICANDO-SE COMO SENDO O PROPRIETÁRIO.

AVISO POLICIAL II

Em mil novecentos e trinta e três, foi em Berlim
este aviso pela polícia publicado:

O aniversário de Bismarck será comemorado
frente à residência que ele ocupou por fim;
ambas esquinas serão fechadas assim,
para qualquer veículo de caráter motorizado,
aos pedestres só o espaço consagrado,
sem o evento ser perturbado, enfim.

CONTUDO FICA EXPRESSAMENTE PROIBIDO
TRAZER CACHORROS OU GATOS NA OCASIÃO,
QUE ASSIM POSSAM INCOMODAR A MULTIDÃO;
O PROPRIETÁRIO QUE SEU CÃO TENHA TRAZIDO,
SEM A DEVIDA COLEIRA E UMA CORRENTE
SERÁ MULTADO PELO INCONVENIENTE!

FOTOGRAFIAS – 23/11/2018

Um alemão foi procurar um conhecido
com quem há muito o contato já perdera
e lhe disseram que um amigo conhecera
que em restaurante fora admitido.

Sua mãe gravemente havia adoecido,
mas de seu filho nunca se esquecera;
queria achá-lo, antes que ela morrera,
um abraço a renovar antes perdido.

No restaurante, soube que o amigo
não deixara endereço quando fora demitido,
mas disse o dono: “Tenho uma fotografia...”

“Ah, que bom!  Mostrar a alguém então consigo!”
Pelo dono um vasto pacote foi trazido,
mas como o identificar, sendo o tal desconhecido?

INQUÉRITO POLICIAL I – 24/11/2018

Muitos se queixam da longa duração
dos processos na justiça brasileira,
mas este leva de longe uma dianteira,
conforme indica oficial declaração,

apresentada seriamente em impressão
do Jornal Oficial do Reino, por inteira, (*)
a 5 de julho de 1927, sobre vaca leiteira,
cujo furto fora registrado na ocasião.
(*) Reichsgesetzblatt

“Foi a denúncia apresentada em Setembro
De 1867,” reza o registro oficial,
“então iniciadas as investigações,

conforme o registro que se fez em Novembro,
pelo escrivão do distrito policial,
encarregado destas averbações.”

INQUÉRITO POLICIAL II

“Como ocorresse modificação da lei,
a 30 de junho de mil oitocentos e oitenta e três,
novo processo foi aberto por sua vez,
conforme estatuto determinado pelo Rei;

mas em 1900, novo adendo ali encontrei,
após a unificação da Alemanha, que se fez,
reaberto pelo Código Imperial durante o mês
de Abril, consoante aqui eu registrei,

interrompido pela guerra, infelizmente,
foi reaberto em 1924; e afinal,
por este termo passando para o arquivo:

não se encontrou nem a vaca, nem o agente
encarregado do inquérito inicial,
nem o queixoso sendo achado vivo.”

DESTINATÁRIO – 24 NOV 2018

Depois de anos de separação,
ao sentir saudades de um ausente,
carta escreveu-lhe uma senhora sua parente,
retomar pretendendo a relação.

Após demora de uma certa duração,
foi devolvida a carta à remetente:
“Morreu o destinatário, sem causa aparente,
mas descobrimos sua localização.”

Ainda anotado o seguinte despautério:
“O endereço desapareceu no bombardeio,
perdida a vida, então, temos receio...”

“Não foi possível entregar no cemitério,
porque o coveiro não a queria receber
e nenhum vizinho nos poderia responder.”

PERSISTÊNCIA I – 25/11/2018

Já este caso foi totalmente diferente:
Em 1852, um certo cidadão,
de Schleswig, que ficava na ocasião
no norte da Alemanha, mas era independente,
uma carta escrevera a um seu parente,
endereçada para Lindenberg,
mas se mudara para Kaltenberg
e lá não era mais tampouco residente.

Ess correio, responsável e eficiente,
conseguiu descobrir novo endereço,
numa pequena cidade da Renânia;
levada a carta em atenção ao remetente,
descobriram, com cuidadoso apreço,
que se mudara para a Pomerânia!

PERSISTÊNCIA II

Naturalmente, o tempo foi passando,
mas continuaram as investigações;
sem ser costume dessas repartições
um envelope ao remetente se enviando,
na posta-restante a carta foi ficando,
até se descobrir que, em Altenberg,
o destinatário residira num albergue,
sem a filha querer ficar incomodando.

Havia boatos de seu falecimento,
porém não era notícia de confiança,
outro endereço procurando esse correio
e alguns anos após o desaparecimento,
surgiu na agência novel esperança
e foi a carta reenviada por tal meio.

PERSISTÊNCIA III

A essa altura, já chegara a Grande Guerra,
que afirmavam seria a derradeira;
a Inflação veio a seguir tomar dianteira,
para assolar da Alemanha toda a terra;
mas a pesquisa nem assim se encerra,
informação chegando bem certeira
do endereço da filha, mãe solteira
e em 1935, já com Hitler, não se emperra.

Encontrada, finalmente, a residência
do bisneto do tal destinatário,
a velha carta foi, enfim, entregue;
ele a guardou com carinho e com paciência,
de sua memória sendo solidário,
se bem seu rosto lembrar sequer consegue...

PERSISTÊNCIA IV

Porém passada já a Segunda Guerra,
seu filho se tornou filatelista
e a velha carta o lançou em certa pista:
Que selo é este que a sobrecarta encerra?
E no Catálogo a surpresa quase o aterra:
de Schleswig-Holstein a estampa avista:
“Dois Schilling rosa, 1850,” a sua conquista:
grande valor possuía e em nada erra!

Foi a Berlim, sobre o envelope ainda o selo,
homologado por um especialista,
com a sobrecarta sendo posto num leilão!
Uma fortuna recebendo, por desvelo
desse correio que em persistência invista,
para ao trineto trazer exultação!...

(Lemos este episódio em uma revista filatélica, afirmado como sendo histórico, tendo o leilão ocorrido em 1972, cento e vinte anos após o envio da carta pelo remetente! Estes selos são de fato muito raros, embora os do Plebiscito posterior sejam relativamente comuns).

Um comentário:

  1. Olá, escritor. Muito criativa e inventiva esta coletânea poética. Abraços

    ResponderExcluir