O MENINO E O CARNEIRO – 31/1- 4/2/2019
Folklore Mexicano – traduzido e adaptado por
William Lagos
O MENINO E O CARNEIRO (VI) ... ...
... 31 janeiro 2019
AZUL, QUE TE QUERO AZUL (III) ...
... ... 1º fevereiro 2019
AZUL CELESTE (III) ... ... ... 2 fevereiro
2019
OS SETE JARRÕES (V) ... ... ... 3
fevereiro 2019
REUNIÃO CHEIROSA (III) ... ... ...
4 fevereiro 2019
O MENINO E O CARNEIRO
I – 31 JAN 2019
Era uma vez um menino
mexicano
que cultivava um
campinho de pimenta;
uma boa cerca a seu
redor assenta,
que não entrasse
animal causando dano.
Por muito tempo o pimenteiro prosperou
e quando amadureciam as frutinhas
o garoto as colhia em duas cestinhas,
indo na feira vender o que apanhou.
Sua pimenta de muito boa qualidade,
era na feira então muito procurada,
por variados alimentos seria trocada:
disso vivia o garotinho, na verdade.
Quando voltava, ele
encontrava um galo
e lhe dava um
punhadinho de farinha;
ele chamava sua
esposa, uma galinha:
cacarejando agradeciam
esse regalo.
Depois o garoto percebia um gatinho
e lhe jogava de peixe uma cabeça,
que o gato devorava, sem ter pressa:
miando, agradecia esse carinho.
Mais adiante, deparava com um cão
e um osso com carne lhe entregava,
o cachorro logo nele se atracava:
latindo, agradecia a refeição.
A seguir, ele passava
por um burro
e uma bela cenoura lhe
alcançava,
o jumento calmamente a
mastigava
e agradecia, soltando
um belo zurro!
E no caminho havia ainda uma vaquinha,
a que ofertava de milho verde espiga,
“O sabugo espero que você comer consiga!”
Mugia a vaca, numa breve ladainha...
Enfim, passava por um formigueiro
e como trazia nas mãos um pão de milho,
esfarelava um pouco no seu trilho,
cada formiga a se apossar ligeiro!
E para casa seguia o
mexicaninho,
um saco cheio de boas
provisões,
que lhe dariam para
muitas refeições:
bela colheita que lhe
dera o seu campinho!
O MENINO E O CARNEIRO
II
Essa rotina se repetiu
por muitos meses:
ele cuidava das
plantas no cercado,
arrancava ervas
daninhas com cuidado,
rogava ao Sol: “Minha
plantação não leses!”
Porém um dia, da feira retornando,
viu um carneiro, que arrebentara a cerca!
Mas esse bicho vai fazer que tudo eu perca!
Entrou depressa e o animal foi espantando!
“Carneirinho, Carneirão, saia daí!
É o meu campinho, eu que plantei o pimenteiro!”
Mas o carneiro retorquiu-lhe, bem ligeiro:
“Agora entrei e não saio mais daqui!”
O menino se esforçou,
o carneiro a empurrar,
não teve sorte, viu o
bicho resistir!
“Mal-educado, pare
logo de insistir,
estou aqui dentro e
agora é o meu lugar!”
“Mas você vai comer toda a minha pimenta!
Preciso dela para vender na feira,
dela depende minha comida toda inteira,
comeu um pouco, veja se agora se contenta!”
Mas o carneiro baixou a sua cabeça,
e no menino deu marrada muito forte!
O coitado voou longe, mas por sorte,
nao se feriu, porém, por mais que peça,
O carneiro continuava
a mastigar,
não só a pimenta, mas
até o pimenteiro,
nessa marcha, em
breve, do canteiro
pouco ou nada haveria
de sobrar!
“Carneirinho, Carneirão, por que está a me roubar?
Eu que plantei, eu que cuidei, eu cultivei
meus pimenteiros!... Eu não permitirei
que continue a me prejudicar!...”
“Ah, não vai me permitir?
E de que jeito?
Já viste que não podes me empurrar;
enquanto houver pimenta, eu vou ficar,
entrei aqui e vou tirar todo o proveito!...”
O garotinho principiou
a chorar:
“Não faça isso comigo,
Seu Carneiro!
Não é só por mim,
comidinha eu dou, certeiro,
para a vaca e para o
burro ao retornar!”
O MENINO E O CARNEIRO
III
“Dou comidinha para o
cão e o gato,
até um pouco para o
galo e a galinha,
jogo farelos para a
formiguinha,
vão todos passar fome,
bicho ingrato!”
“Por que, ingrato? Para
mim nada me deu!
Bem que do alto da colina observei,
a boa sorte desses bichos invejei:
se todos comem, por que não como eu?”
“Vá embora de uma vez, me deixe em paz,
porque eu só vou sair deste cercado,
depois da pimenta ter toda devorado:
o forte é o dono, é assim que a gente faz!”
E o garotinho saiu
dali, chorando,
sem ter ideia do que
havia de fazer:
foi ver a vaca para
lhe dizer
o que o carneiro
estava lhe aprontando!
Pois a vaca falou: “Ora, eu sou muito maior!
Vou dar um jeito nesse tal bicho abusado!”
E devagar caminhou até o cercado,
em que o carneiro fazia já estrago bem pior!
“Carneirinho, Carneirão, saia daqui!
Este cercado plantou meu amiguinho!...”
“Coisa nenhuma, eu entrei neste cantinho,
não vou embora enquanto tudo não comi!”
A vaca achou o buraco
lá na cerca,
que o carneiro antes
havia arrebentado
e entrou ali com seu
passo bem pausado:
“Seu invasor, chispe
daqui e se perca!...”
Mas o carneiro soltou um balido forte,
baixou a cabeça para a vaquinha atacar
e com marrada, conseguiu-a lançar
em cambalhota do mais grande porte!
Depois se ergueu, mas com dificuldade
e foi mancando até o mexicaninho:
“Lo siento mucho, es um
bicho muy daniño
e me venceu com a maior facilidade!”
Chegou o burro e então
se habilitou,
“Eu dou um jeito nesse
vagabundo!”
e explodindo num zurro
bem profundo,
ao cercadinho foi
troteando e se achegou!
O MENINO E O CARNEIRO
IV
“Carneirinho,
Carneirão, saia daqui,
senão eu vou entrar e
te escoicear!”
“Você e quantos mais
vão me atacar?
Eu sou o dono e vou
ficar aqui!...”
Então o burro a passagem encontrou,
virou de costas, para dar coice no carneiro,
mas este forte marrada deu primeiro:
por sobre a cerca, o burrinho até voou!
“Sinto muito,” – meio trôpego, falou,
”Esse carneiro é forte demais pra mim!”
“Mas o que eu faço? Se
continuar assim,
nem um só pé de pimenta me sobrou!...”
Chegou o cachorro
então e declarou:
“Vou eu agora morder
esse bandido!”
Correu ao cercado com
um forte latido,
mas o carneiro
ferozmente o encarou!
“Carneirinho, Carneirão, sai já daqui!
Senão, eu vou entrar e te correr!”
“Você e quantos mais vão me vencer?
Eu sou o dono e vou ficar aqui!...”
Então o cachorro entrou no cercadinho
e quis morder as patas do carneiro,
este baixou a sua cabeça, bem ligeiro,
dando marrada no pobre cachorrinho!
E o coitadinho voou
sobre o cercado,
ganiu de dor durante o
voo curto,
já meio tonto, sem
impedir o furto,
bateu no chão, todo
destrambelado!
“Eu sinto muito, não consegui morder,
esse bicho é realmente bem feroz,
de todos nós está virando o algoz,
acho que toda a sua pimenta vai comer!”
Então o gato falou: “Sou mais esperto!
Eu é que vou espantar ele dali!
Carneirinho, Carneirão, saia daí!” –
Disse aos miados, quando chegou mais perto!
Mas o carneiro nem
abaixou a cabeça,
só deu um coice no
pobre do gatinho,
que voou pelo ar,
estropiadinho
e depois, foi embora,
a toda pressa!
O MENINO E O CARNEIRO
V
Então o galo falou:
“Tenho esporão,
darei um salto no ar,
como na rinha,
já muito galo eu
coloquei na linha,
eu furo os olhos desse
animal ladrão!”
“Carneirinho, Carneirão, saia daqui!
Eu sou o galo, o rei do galinheiro,
vou te vencer também, velho carneiro,
já muita ave com o esporão feri!...”
Mas ao chegar bem perto do carneiro,
novamente, ele não deu sequer marrada,
mas aplicou-lhe uma feroz patada:
perdeu o galo todo o jeito de altaneiro!
Ficou em prantos o
menino mexicano:
“Ele vai me devorar
toda a pimenta!
Vá embora carneiro,
ela é que me sustenta,
já me causou até agora
o maior dano!”
“Pois é” -- riu-se o carneiro – “falta pouco,
não se assuste, logo, logo, eu vou embora,
sem deixar uma pimenta nessa hora!
Se me vencer outro tentar, é muito louco!”
Mas então se apresentou a formiguinha:
“Fiquei com raiva até desse sujeito!
Tenho certeza de que posso dar um jeito!”
“Logo você? Você é tão
pequenininha!...”
“Mas eu consigo! Só não vou fazer de graça!
Econômicas nós somos,
as formigas
e não topamos entrar
em quaisquer brigas
sem bom motivo que nos
satisfaça!”
“Eu lhe dou um saco de milho de presente!”
“Ah, não, isso é demais, muito pesado!”
“Então um saco já meio ‘desvaziado’!...”
“Ainda é demais para a nossa gente!...”
“Eu lhe prometo um quilo, então, de milho!”
“Não, é demais, faço por menor preço:
só o que possa carregar lhe peço,
que lá no fundo de nossa casa empilho...”
“Então, eu lhe darei
só um punhado...”
“Acho que agora é boa
quantidade,
mas cada grão é
pesado, na verdade...
Tem de me dar moído ou
esmagado!”
O MENINO E O CARNEIRO
VI
“Está bem assim,
Pablito?” – perguntou.
“Mas como é que você
sabe o meu nome?”
“Todo som vibra e pela
terra some:
muitas vezes o
formigueiro já o escutou!”
“Pois está certo, ponho o milho no pilão,
faço quirera, igual que para pinto.”
“Vai ser melhor assim, é o que pressinto,
mas só me dê após cumprir a minha missão!”
E a formiguinha caminhou até o cercado,
sem ser notada sequer pelo carneiro;
subiu no casco de um quarto traseiro,
até o lugar que pelo rabo é bem tapado!
E nesse ponto, tão
macio e tão sensível,
onde não cresce pelo no
carneiro,
no buraquinho bem no
meio do traseiro,
deu-lhe picada com uma
força incrível!
O carneiro sentiu então uma dor aguda
e começou a pular, violentamente,
saltou a cerca nesse agitar fremente
e a formiguinha picando, sempre muda!
Saiu o carneiro, então, em disparada
e veloz, pulou ao chão a formiguinha!
“Pronto, já fiz! Cadê a
minha farinha?”
“Está aqui, que já foi toda pilada!...”
“Mas veja só o
desastre no cercado!
Ele comeu cada pé de
pimenteiro!
Ai, que maldade me fez
esse carneiro!
Nem há semente para
ali ser replantada!”
“Não seja por isso,” – falou a formiguinha,
“Muita coisa nós temos na despensa,
vamos achar, naquela massa densa,
sementes novas para cada pimentinha!...”
E dito e feito! Um
carreiro de formigas
subiu de dentro do seu formigueiro,
muitas sementes a levar até o terreiro,
em que as plantaram, como boas amigas!
E como estavam já bem
fertilizadas,
seu crescimento
depressa começaram,
fechar a cerca os
animais logo ajudaram,
breve as colheitas a
ser recuperadas!
EPÍLOGO
E até hoje, Pablito e
seus netinhos
deixam farinha em cada
formigueiro,
para no caso da volta
do carneiro
terem a ajuda dos
hábeis insetinhos!
AZUL, QUE TE QUERO AZUL I – 1º FEV 2019
A nossa bela bandeira brasileira
traz em seu centro um círculo azulado,
reprodução do firmamento contemplado
sobre a antiga capital, na derradeira
visão solene da coroa altaneira
de nosso pobre Imperador já exilado,
em um vapor para a Europa transportado,
quando a República surgiu por vez primeira!
As estrelas ali mostrando a posição
que nessa noite teriam ocupado
constelações nesse belo céu ornado...
Mas certamente, foi só na escuridão
que essas estrelas todas cintilaram
e não no fundo azul que desenharam...
AZUL, QUE TE QUERO AZUL II
O correto teria sido um fundo preto,
em que as estrelas se pudessem destacar,
forte na ausência do Sol brilho estelar,
contudo, o azul é muito mais dileto...
Círculo negro, mesmo sendo mais discreto,
faria um leito funerário relembrar
da monarquia que quiseram derrubar
republicanos, após seu pacto secreto!
Ficou assim o círculo azulado,
cada estado a ali ser representado,
por uma estrela brilhante de brancor,
qual no sentido do futuro que se espera,
que sua vaidade maior problema gera
que o rosto amigo do velho Imperador!
AZUL, QUE TE QUERO AZUL I
Mas ali está a bandeira, que não tem
nenhum sinal de sangue derramado,
verde-amarelo e azul, sem encarnado,
a primeira na época que assim vem!
Muitos países africanos, há, porém,
nos dias de hoje, de tom assemelhado,
porém por muitas décadas isolado
o nosso pavilhão tais cores só retém!
E realmente, é muito bela essa bandeira,
com o seu dístico original Positivista:
“Liberdade por Princípio, Ordem por Meio
E Progresso por Fim”, alvissareira
essa promessa fabulosa de conquista,
que ainda aguardo, a cada vez que a leio!
AZUL CELESTE I
– 2 FEV 2019
Essa nuance de
azul chamam celeste,
mas não é o
firmamento dessa cor:
um telescópio
qualquer mostra o negror
do espaço
sideral que astros ateste.
De fato, é a
cor do ar que nos reveste
e na verdade,
nem do ar é o azul senhor,
são moléculas
que demonstram tal pendor
e absorvem
outras cores, até que reste
apenas o azul
que no alto contemplamos,
salvo nas
grandes cidades, é evidente,
a poluição a
subir ali constantemente,
até que só a
escala cinza conservamos,
mais escura
que até alguma tempestade,
toda riscada
em coriscosa claridade!
AZUL CELESTE
II
Lembro ter
lido, até em mais de uma fonte,
que sobre
Marte fica o céu avermelhado,
que o azul é
absorvido e só mostrado
o comprimento
vermelho nessa ponte.
É igual que
vemos, na fímbria do horizonte,
um esplendor
crepuscular mostrado
ou alvorecer
pintalgado de encarnado,
com outras
cores em magnífico reponte!
Mas se o ar
realmente fosse azul,
caminharíamos
por entre um mar de anil
e não por
nossa atmosfera transparente,
do mesmo jeito
que, sobre o mar exul,
brilham
cerúleo ou o ciano a mil,
porém só nas
superfícies, realmente.
AZUL CELESTE
III
Pois já basta
mergulhar um metro ou dois,
que o azul se
vai depressa diluindo,
cinzor em
nuances o irá substituindo,
até o negro
que há de surgir depois...
Mas nesse azul
o teu amor depões
o teu olhar
bem ansioso recaindo
sobre uma flor
ou um pássaro seguindo;
mesmo em sua
ausência a meiga cor repões!
Porque existe
entre os humanos a paixão
por esse azul
que nos coroa o firmamento,
durante o dia,
a iluminar cada momento,
mas engolfado
depois na escuridão,
seja da noite
ou por fatal portento
de tempestade
a perturbar teu coração!
OS SETE JARRÕES I – 3 FEVEREIRO 2019
(Baseado em um conto de Aporelly (Aparício Torelli), dito o
“Barão de Itararé”,
Publicado em “O Tico-Tico” e recordado de minha infância).
Havia um Sultão, em um país do
Oriente,
Cujo palácio era repleto de riqueza,
Mas seu maior orgulho, com certeza,
Eram sete jarrões de fulgor
opalescente!
Vasto trabalho requerido, certamente,
Até mostrarem sua magnífica beleza,
Cada um deles irradiando de pureza,
Cada temática no teor mais
surpreendente!
Eram vasos de alabastro, raridade
Que existissem assim desse tamanho,
Seis pés de altura, um pouco mais,
talvez!
Brunidos até espelhar a realidade,
Sem a menor emenda ou qualquer lanho,
Mil cores espelhadas em sua tês!
OS SETE JARRÕES II
Eram o dote de sua esposa amada,
Que morrera de parto há vários anos,
Os mais formosos objetos muçulmanos,
Lá do interior da Ásia perfumada!
Não tinham preço! A nação seria empenhada
Sem se comprarem outros vasos
soberanos,
Jarrões erguidos nos salões, arcanos,
Augustos símbolos de vitória
conquistada!
Tinham de ser esfregados diariamente,
Com o máximo de carinho e de cuidado,
Um velho escravo sempre disso
encarregado,
A noite inteira em seu polir
frequente,
Para que o brilho fosse salientado
Na diária audiência oferecida à gente!
OS SETE JARRÕES III
Porém o servo já estava envelhecendo,
Sua vista fraca, as pernas
vacilantes,
Não tinha a força que tivera dantes,
Seu equilíbrio mal e mal mantendo.
Já se previa o que acabou
acontecendo,
Mas o velhinho, com ideias
delirantes,
Não repassava a função para
ajudantes,
Somente ele da tarefa capaz sendo!...
Então uma noite, já de madrugada,
Quando esfregava o sétimo jarrão,
O banquinho em que subia vacilou!
Para o jarrão lançou a mão
encarquilhada
E com barulho igual ao de um trovão,
Virou-se o vaso e se despedaçou!
OS SETE JARRÕES IV
Naturalmente, o Sultão ficou arrasado
E o velho servo foi levado a
julgamento,
À morte sendo condenado num momento
O infeliz que no chão estava
estirado!
“Tens algo a me dizer, velho criado,
Antes que sigas para teu
padecimento?”
O servo ergueu-se e, num rápido portento,
Pegou a lança da mão frouxa de um
soldado!
Primeiro, ele a apontou para o
Sultão,
Depois jogou-a direto a outro jarrão,
Que se desfez em mil pedaços, de
imediato!
“Por que agiste assim, seu insensato?”
“Senhor, eu já estou morto por um só;
Já sou ancião, mesmo assim, não
tendes dó!”
OS SETE JARRÕES V
“Por um eu morro, por dois eu morro
enfim,
Já que minha vida um jarrão irá
levar.”
Perturbado, o Sultão foi exclamar:
“Isso não foi, contudo, bem assim!”
“Primeiro a lança apontaste para mim!
Então pensaste realmente em me
matar?”
“Não, meu senhor, quis apenas
demonstrar
O que alguém sente ao perceber da
vida o fim!”
“Podeis agora ordenar o meu castigo,
Em consequência menos de inabilidade,
Que da vaidade de meu coração!...”
Disse o Sultão, porém: “Meu velho
amigo,
Bem me indicaste: seria um ato de
maldade!
E de imediato concedeu-lhe o seu
perdão!
REUNIÃO CHEIROSA I – 4
fev 2019
Chegou a nova
secretária no escritório,
encarregada de atender
ao telefone,
sem treinamento
adequado que lhe dome
a grosseria de seu
passado inglório;
mas afirmou, em tom
peremptório,
que por ser pobre, a
inteligência não lhe some:
para falar não é
preciso que se tome
algum curso
secretarial preparatório!
E o gerente, assim, se
convenceu
e diante dela colocou
o receptor,
que nele fosse
transmitir informações...
e no começo, bom
resultado então se deu,
pois falava
“obrigada!” e “sim, senhor!”
perfeitamente a par de
suas funções!
REUNIÃO CHEIROSA II
Mas no segundo dia,
houve incidente:
atendeu bem ao
interlocutor,
tom educado e bem
respeitador,
mas ele disse querer
falar com o gerente!
“Agora não pode,
senhor, foi na patente...”
Os funcionários no
maior horror,
outro pegou depressa o
receptor:
“Desculpe-me, senhor,
foi a servente!”
“De que é que o senhor
necessitava?”
“Já disse, quero falar
com o gerente!”
“Só um instante, foi
atender assunto urgente.
mas em seguida estará
de volta no escritório...
Quer aguardar ou o
recado me passava...?”
“Diga que ligue para o
Dr. Honório!”
REUNIÃO CHEIROSA III
O funcionário
gentilmente agradeceu
e então explicou para
a telefonista:
“Dona Patela, é
preciso que lhe insista:
é um bom cliente e
quase se ofendeu!
Não fale assim,
desconverse nessa pista,
faça o que eu fiz,
diga que o Dr. Tadeu
está em reunião ou que
o patrão o recebeu
ou coisa assim, da
educação nunca desista!”
A secretária
concordou, bem educada,
e respondeu, na
próxima chamada:
“O Seu Tadeu está em
reunião com algum
outro cliente, mas bem
depressa vou avisar...”
“Será que ele irá
muito demorar...?”
“Acho que não. Passou aqui soltando pum!”
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William Lagos
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