Os Três Figos – 5(13) fevereiro 2019
Baseado
em conto de Aparício Torelli (Aporelly), o humorista que se autoproclamou o
Barão de Itararé, o Único Barão da República, assim nomeado em função da
Batalha que Não Houve, durante a Revolução de 1932, publicado em O Tico-Tico e
recordado de minha infância. Qualquer Esquecimento
ou impropriedade são devidos ao adaptador em formato poético, o seu criado
William Lagos – e não ao genial autor do original.
Os Três Figos (III) ... ... ... 5 fev 2019
Brincadeiras (III) ... ... ... 6 fev 2019
Circo sem Cavalinhos (III) ... ... ... 7 fev 2019
Zoológicos Vazios (IV) ... ... ... 8 fev 2019
Interesses Ocultos (III) ... ... ... 9 fev 2019
Simbiose (IV) ... ... ... 10 fev 2019
Labirinto Digital (III) ... ... ... 11 fev 2019
O Girino (III) ... ... ... 12 fev 2019
A Lagarta e a Borboleta (III) ... ... ... 13 fev 2019
OS TRÊS FIGOS I – 5 FEV 19
Certo verão, frondosamente, uma figueira,
que crescia no pátio da igrejinha,
pelo ubérrimo solo que ali tinha,
deu figos dignos de qualquer
prêmio de feira!
O pobre pároco, de um galho então
se abeira,
três figos pondo em uma
tigelinha...
Mas quê três figos! Dignos de
rainha!
E chamou o sacristão: “Não faça
asneira!”
“Leve-os depressa até a Catedral
e entregue ao Sr. Bispo o meu
presente,
mas não quebre minha tigela,
entendeu bem?
Vai esta carta acompanhando igual,
com minha saudação bem reverente!
Não dou recado, que vai esquecer
também!”
O sacristão era meio “atrasadinho”,
não conseguira nem aprender a ler!
Partiu com tigela e carta a percorrer,
de boa vontade, seu longo caminho.
A dura estrada a palmilhar, bem rapidinho,
porque o Sol acabara de nascer,
mas bem depressa o ar foi aquecer
e continuou então a andar devagarinho...
Até a cidade, umas quatro horas a pé
e da tigela brotava já o cheirinho,
que emanava de cada figo madurinho!
E se esquecera de tomar café,
para atender bem depressa ao mandalete...
Na pressa, nem ao menos pusera o seu barrete!
É inegável que uma forma de
tortura
tem a maioria dos homens atingido,
sem ser padre, cada um deles
afligido
por indesejável forma de tonsura!
(*)
(*) Era costume os padres rasparem
o alto da cabeça,
como prova de humildade.
E o pobre sacristão, na estrada
dura
caminhava, já por suor esvanecido,
sob um solaço, sem sombra
protegido,
naquela sede que mais e mais
perdura!
Nesse sertão sem haver árvore ou
abrigo,
sentindo sempre o bom cheiro de
figo,
a fome e a sede cada vez mais
forte!
Abriu a tigela, para dar uma
espiada:
três figos imensos! A vasilha atopetada!
Um não faz falta! Eu vou
tentar a sorte!
OS TRÊS FIGOS II
E assim, tirou um figo da tigela,
respirou fundo e começou a comer
a enorme fruta, sua sede já a
esquecer,
seguiu depressa, sentindo a vida
bela!
Ao chegar à catedral, bateu à
janela
da casa paroquial e foi logo dizer
qual a razão por que estava a
bater
e veio um padre para abrir-lhe a
cancela.
Assim entrou, numa sala bem
fresquinha...
Com grande alivio, explicou a que
vinha,
rapidamente foi ao Sr. Bispo
levado,
que água e sanduíche lhe ia mandar
oferecer,
mas abriu a carta e começou a ler,
seu sobrecenho já meio
carregado...
Chamou então de volta o sacristão:
“Meu amigo, sabe o que diz este bilhete?”
“Eu não sei ler, Sr. Bispo. Esse
macete
é complicado para a minha atenção...”
“Bela desculpa, após armar a confusão!
Aqui diz que são três figos que remete
meu amigo, o vigário. Alguém comete
uma falha, pois dois apenas aqui estão!”
“Se o senhor diz... Já falei que não sei ler...”
“Mas nem sabe o que havia na tigela?”
“Não, senhor, eu sou meio ‘atrasadinho’”.
“Pois muito bem. Então vou
devolver,
com outra carta, a informar o que havia nela!
Retorne ao seu vigário, ligeirinho!...”
E o sacristão saiu, meio
assustado:
A tal de carta o havia denunciado!
E agora, o que dizia o outro bilhete?
Ao retornar, talvez fosse castigado!
Mas a sede novamente se intromete,
o suor a lhe escorrer feito
confete!...
Por que comi o tal figo amaldiçoado?
Qual o castigo que esse Bispo me promete?
E de repente, lhe veio o
pensamento:
De qualquer modo, vou receber castigo!
Melhor então, eu comer segundo figo!
E mastigou o outro fruto num
momento,
depois chegou na vila e na
igrejinha:
O que será que diz nessa cartinha?
OS TRÊS FIGOS III
Com medo, a carta ao vigário ele
entregou,
tendo a tigela bem firme na sua
mão.
“O que foi que me aprontaste,
sacristão?”
“Não sei desse recado que
chegou...”
“Sacristão, eu não mandei três
figos?”
“Sim, Seu Vigário, eram três
figos.”
“O Sr. Bispo diz que só dois
chegaram.”
“Pois é, Seu Vigário, dois
chegaram...”
“Deixe eu ver o que há nessa
tigela!”
“Sim, senhor, a tigelinha é
bela!...”
“Mas, Sacristão, aqui só tem um
figo!”
“Sim, senhor, aqui só tem um
figo!”
“Mas não chegaram dois na
Catedral?”
“Sim, senhor, foram dois figos, no
total...”
“Mas como é que aqui só tem um só?”
“Sim, senhor, aqui só tem um só...”
“Sacristão, pare de me arremedar!”
“Sim, senhor, não vou mais lhe arremedar!”
“Eu não mandei três figos na tigela?”
“Sim, senhor, três figos na ti... bela.”
“Mas como é que só chegaram dois?”
“Bem, foi assim... um eu comi depois...”
“Você comeu um figo no caminho?”
“Sim, senhor... é que estava um calorzinho...”
“Mas não era para entregar na Catedral?”
“Pois é, seu padre, confesso que fiz mal...
É que eu sou mesmo meio ‘atrasadinho’
Achei que não fazia falta só unzinho...”
Com um suspiro, o padre então
indagou:
“E como é que só um chegou aqui?”
“Ora, seu padre, foi um outro que
eu comi...”
“Pois não percebe que o figo me
roubou?”
“Mas como é que essa coisa me
aprontou?”
“É que a tigela no caminho abri,
e agarrei um dos dois figos que
vi,
foi assim, ó!” E o terceiro ele
agarrou!
Então na boca, inteirinho ele
enfiou!
E ficou mastigando, deliciado!
“É que eu estava com muito calor!”
“Mas no mal que me fazia nem
pensou?”
“Já que eu ia por um ou dois ser
castigado,
comi o terceiro, agora, sim,
senhor!”
EPÍLOGO
Disse o
vigário: “Você não toma jeito!
Mas o que é
que eu vou fazer, seu infeliz?”
“O Sr.
Bispo, o que na carta diz?”
“Só que eu
devo corrigir o meu defeito:
se eu vou
mandar por um ‘atrasadinho’,
então que
eu mesmo faça a pé esse caminho!”
E com uma
dúzia seguiu o padre, finalmente,
para seu
bispo conseguir deixar contente!
Reconhecendo
ter sido ele o imprudente
e insignificante
seu inicial presente!
BRINCADEIRAS I - 6
fev 19
Hoje em dia, videogueimes e televisões
dominam a jovem vida das crianças,
sentadas ante as telas, sem as danças
naturais de ancestrais civilizações;
ou então seguram um tablet nas suas mãos,
desenho e cor a observar nessas mudanças,
enquanto antes, imaginárias esperanças
alimentavam de suas mentes formações!
Dizem alguns que estas atividades
até estimulam o seu poder mental,
a rapidez da escolha, a percepção visual
e ainda enumeram mais outras qualidades,
mas certamente desestimulam o social,
padrões impondo das consumistas
sociedades!
BRINCADEIRAS II
Antigamente, maior sendo a segurança,
as crianças percorriam as calçadas,
por brincadeiras de roda entusiasmadas,
ou outras em que o movimento mais
alcança,
a pular em quadradinhos, feito em dança,
ou a “seguir o chefe”, concentradas,
ou caminhando seguindo ordens arbitradas
chegando ao “céu”, a alcançar vitória
mansa.
Sempre sob o olhar atento de um parente,
sentado nos degraus ou em cadeira,
socializante era cada brincadeira,
amizades a formar, em permanente
liame, a perdurar a vida inteira,
mesmo à distância, muita carta era
frequente.
BRINCADEIRAS III
Para dias chuvosos, sempre jogos de mesa,
xadrez e damas, com toda a certeza,
jogos de cartas, roubamonte ou um
quarteto,
com adultos compartilhando tal riqueza;
infinidade de outros jogos, em proeza
de labirintos ou qualquer puzzle secreto,
ou o Banco Imobiliário, tão dileto,
jogos de armar, de varetas, de
esperteza...
Talvez nas escolinhas, algo ainda exista,
mas das calçadas perdeu-se toda a pista,
tantos perigos que hoje rondam por aí!
Mais dos drogados à dor alheia
indiferentes,
que desses monstros humanos infrequentes
ou assaltantes, que por sorte, nunca eu
vi!
CIRCOS SEM CAVALINHOS I – 7 FEV 2019
Antigamente, o país inteiro percorriam,
alegres troupes,
palhaços e equilibristas,
domadores, quaisquer ilusionistas,
que até as menores cidades atingiam,
com toldos de lona brilhantes, que cobriam
arquibancadas e camarotes junto às pistas;
havia animais a nos encher as vistas,
bem treinados seus papeis, leões surgiam
e o domador estalava o seu chicote
no ar apenas, sem as feras atingir;
os elefantes, em geral só montaria;
mas a parte principal do convescote
eram os cavalos, com xairéis a revestir,
sobre os quais alguma jovem dançaria!...
CIRCOS SEM CAVALINHOS II
Não eram a única atração, naturalmente,
esses cavalos que lippizzaners
imitavam,
dos picadeiros os círculos rodeavam,
passos variados, a empinar frequentemente!
Sempre se viam os audazes trapezistas,
ou aqueles que corda-bamba desafiavam,
os comedores de fogo se mostravam,
engolidores de espadas nessas pistas!...
Sempre os palhaços, atletas muitos deles,
e os mágicos, a espalhar mil ilusões,
emprego davam igualmente para anões,
ou para homens muito fortes e ainda a reles
criaturas sem ter outras opções,
senão mostrar-se quais reais aberrações!
CIRCOS SEM CAVALINHOS III
Temos agora o politicamente correto,
apresentações de animais a proibir,
seu cativeiro sendo injusto, por ferir
mal-orientado preconceito hoje dileto.
Quando de fato, opostamente ao desafeto,
eram os artistas, em perigoso agir,
que se feriam ou morriam, ao fazer rir
as multidões que se agrupavam nesse teto.
Os animais bem raramente maltratados,
custavam caro e deveriam ser mantidos
em condições de higiene bem saudável,
contudo muitos hoje a ser trocados
por animais artificiais, robôs erguidos,
sem precisar de um alimento indispensável!
ZOOLÓGICOS VAZIOS I – 8 FEV 2019
Já combati mal-orientadas opiniões
sobre manter animais em cativeiro,
qualquer zoológico a condenar-se inteiro
pelo suposto interpretar das emoções
dos animais em tais instalações,
ali expostos por motivo interesseiro
a um público sem empatia por terceiro,
tão só mantidos para nossas diversões...
O que não veem ou então fingem não ver
é que os zoológicos as vidas preservaram
e a extinção de espécies impediram,
no seu ambiente natural a perecer,
porque os humanos ali se multiplicaram
e grande parte dos habitats destruíram!
ZOOLÓGICOS VAZIOS II
Que se
persiga então a caça predatória,
realizada por muitos africanos,
na verdade, desde o tempo dos romanos,
seus circos a encher por sua vanglória!
Bem diferentes os circos dessa história
que os modernos, totalmente desumanos,
querendo sangue apresentar aos soberanos,
em espetáculos de horror e falsa glória!
Hoje, porém, em África e Ásia, igualmente,
vão destruindo os campos e florestas,
para fazer de alimentos plantações
ou criar gado que aos humanos alimente,
ou servindo de churrasco nas suas festas,
indiferentes a suas possíveis emoções!
ZOOLÓGICOS VAZIOS III
Nos últimos anos, dos zoológicos, certamente,
reintroduziram-se animais na natureza,
suas espécies preservando, com certeza,
de outro modo já extintos totalmente!
De forma igual nos circos, indiferente
que humano morra a executar qualquer proeza,
é evidente essa gente, que só presa
os animais devolver ao antigo ambiente!
E ainda condenam alguns desses senhores
que tarefas se confiem aos animais,
vidas humanas que assim sejam perdidas!
Que não se treinem cães farejadores,
que nao se adestrem mais cães policiais,
banindo mesmo os cães dos salvavidas!
ZOOLÓGICOS VAZIOS IV
Que não se adestrem os cavalos de corrida,
que nenhum cão vá defender seu lar,
que nenhum gato um ratinho vá caçar,
nenhuma cobra por mangusto perseguida!
Cada mascote só por ração a ser mantida:
feijão e arroz a poderão prejudicar!
Em cavalos não se deve mais montar,
nenhuma tarefa a elefantes atribuída!
Em resultado, só se poderão criar
os animais que eles gostam de comer!
Ovelha e gado a fornecer seu churrasquinho,
milhões de frangos se podendo degolar,
até um porco suas costelas a ceder
para a feijoada compartir com seus vizinhos!
INTERESSES OCULTOS 1 – 9 FEV 2019
Quem pode ter mais interesse nisso
tudo?
Há as companhias que fabricam a ração,
Degoladores de frango em profusão,
Querem a caça proibir ao botocudo!
Só ergue a voz em algum protesto
mudo,
Já que a FUNAI lhe garante a refeição,
Pelos impostos financiadas todas são
E que há propina ali envolvida, nao
me iludo!
Naturalmente, há a indústria
digital,
Já são comuns os robôs nos safaris,
Que não devoram nem adultos, nem
guris
E de alimento não necessitam, afinal
E proliferam por aí parques
jurássicos,
Tiranossauros de metal rugindo
enfáticos!
INTERESSES
OCULTOS 2
Já
existem até mesmo cachorrinhos,
Papagaios,
tartarugas e outros mais,
Fabricados
em formatos digitais,
E não
comem nem defecam tais bichinhos!
Não são
mais de pelúcia esses ursinhos,
Mas de
peles de plástico, artificiais...
E quem
prospera, caso extintos os naturais
Impulsos
caçadores dos gatinhos?
Quem
sabe existem até ratos mais espertos
Que hoje
invistam no mercado das ações,
De tais
empresas sendo grandes acionistas?
Para o
combate dos bichanos sempre abertos,
Que
assim se possam expandir pelas nações,
O mundo
inteiro exposto a suas conquistas!
INTERESSES OCULTOS 3
E quem sabe, eliminar os cães de
guarda
Sirva ao interesse dos abigeatários,
Esses ladrões de gado refratários
A qualquer cerca ou mesmo a gualquer
farda!
Algum sem-teto a ser “eminência
parda”
De algumas leis contra os
proprietários,
Às armas de defesa os mais
contrários,
Não havendo cães, uma invasão não
tarda!
Tal gente sabe, se bem não admite:
Cães e cavalos de nós recebem
proteção
E em troca nos dão colaboração
E até o pelicano que a pescar mais
se incite,
Seria ao contrário, só um
competidor,
A ser caçado e exterminado com
fervor!
SIMBIOSE I – 10 FEV 2019
Por simbiose, se designa a
colaboração
entre duas ou mais
espécies, em benefício
uma da outra, cada qual
com seu oficio,
favorecendo deste modo a
relação;
certas colônias simbioses falsas
são,
como a medusa Cyanea
capillata, um resquício
de um grupo de indivíduos,
cujo vício
será morrerem sem do grupo
a proteção!
Pássaros ajudam
rinocerontes e elefantes,
comendo os parasitas de
sua pele,
os paquidermes sem ser
assim sugados;
pousam as aves sobre os
animais gigantes,
igual mesa de banquete que
os apele,
com a nutrição desde
sempre acostumados.
SIMBIOSE II
Talvez o exemplo melhor que se conheça
seja de nossas bactérias intestinais,
dezenas de espécies, também estomacais,
cujo trabalho a nos nutrir não cessa;
as moléculas elas quebram, sem ter pressa,
que não podemos, em suas formas naturais
absorver; das simbiontes individuais
é que vivemos, em colaboração espessa.
Quando comemos, de certo modo a mesa
servimos para tais micro-organismos,
que se alimentam pela nossa proteção;
por isso, é perigoso usar defesa
sem controle de antibióticos que possuímos,
prejudicando essa tão frágil comunhão.
SIMBIOSE III
Noutro sentido, é igualmente simbiose
a relação entre o humano e o cão,
sendo econômica e emocional tal relação,
colaborar se usufruindo em mútua dose;
também o homem e o cavalo tem gnose
de muitos séculos, uma arcana percepção;
com o jumento já menores laços são,
menos perfeita entre nós a metempsicose.
Mas com as aves e os animais de corte,
simbiose não existe: é exploração,
alimentados por uma única estação,
até serem abatidos pelo aporte
de energia que sua carne então nos dá;
colaboração entre nós nunca haverá!
SIMBIOSE IV
Não obstante, há
simbiose com a ovelha,
quando criada
para só nos dar a lã;
é bem verdade
que a vantagem sua é vã:
come o capim
que a luz do sol espelha!
Já mais
cuidada, abrigada sob a telha
será a vaca
leiteira, protegida com afã;
alimentada e
bem tratada por seu fã
será uma gata,
desde filhote a velha!...
Assim são o
mangusto e o pelicano,
que mais nos
dão, de fato, que recebem,
enquanto os
gatos apenas nos fascinam...
Sua simbiose
conosco em tom arcano,
carinho,
abrigo e leite de nós bebem,
condescendência
apenas nos destinam!...
Labirinto Digital
Um – 11 fev 19
COMPAQtuando com meu
computador,
Eu WINDOWSeio quase
diariamente,
OUTLOOKeando todo o
ardor que o peito sente,
EXPRESSando o meu
pesar e o meu amor...
INTERNETeando meus
versos, sem temor,
ONLINEando traduções
constantemente,
AVGeando em produção dolente,
LASERJETeando como um
simples impressor,
WINZIPiando meu
caminho horas a fio,
Sempre
ADOBEREADEReando meus fracassos,
FRONTPAGEando apenas
raramente,
Num POWERPOINT longo, em desafio
De todo o EXCEL à espreita de meus passos,
Por não passar de um
BIOS descontente!
Labirinto Digial Dois
HOMING retorno à minha memória-fonte,
Minha ROM sendo exclusiva em tal memória,
SWITCHBOARDeando em controlar da
escória,
Programas BRIDGINGeando os arcos de minha ponte,
Que INTEGRATED DATABASE eu não desconte,
Em QUERY LANGUAGE elaborando minha história,
Minha SHELF LIFE realmente
um tanto inglória,
Mas em XEROX tendo um mágico reponte!...
REBOOTINGueando, retorno a meu
começo,
Em BBS a pendurar meus dados novos,
CPUando a controlar meus periféricos,
Um cabo USB para mim apenas peço
Para aos CIRCUITS apresentar renovos,
HDeando os meus projetos mais
homéricos!
Labirinto Digital
Três
Na ÁLGEBRA
BOOLEANA me intrometo,
Para meu
DOS com precisão configurar,
Seu SOFTWARE submisso a meu mandar,
Sempre que a CENTRAL
MEMORY é o objeto;
Com cada PIXEL formo
um quadro mais dileto,
COMPUTER GRAPHICS não
os pode descartar,
CLIENT-FRIENDLY todo o meu programar,
CRYPTOGRAPHYado, o meu
plano não DELETO!
E de um SOURCE
DOCUMENT a informação,
Por qualquer DRIVER de
confiável direção,
Em meu
TRANSPONDER será tornada disponível
E aqui termino,
apelando à FUZZY-LÓGICA,
No desvendar de
minha LÓGICA SIMBÓLICA,
Sempre esperando seja o soneto COMPATÍVEL!
Mas percebendo que meu OFFICE se entope,
Com EMOTICONS desligarei meu FLIP-FLOP!
O
GIRINO I – 12 FEV 19
Hoje
em dia, no entorno das cidades,
há
pouca gente que saiba o que é um girino,
animalzinho
engraçado, algo de fino
nesse
“sapinho de cola” sem maldades!
Apenas
nada, com suas peculiaridades
que o
assemelham a um peixe pequenino,
mas
cada peixe será deles assassino,
a
devorá-los com totais facilidades!...
De
fato, não têm grande proteção,
macios
e lentos dentro da lagoa,
plantinhas
comem ou semente mais atoa,
para
os marrecos também suave refeição,
que
embora saiam dos ovos de uma sapa,
para
bem longe deles nada e escapa!
O
GIRINO II
Igual
que os peixes, na água os ovos põem,
seguindo
em frente, num ruidoso coaxar,
com
mil insetos irão se alimentar,
nos
intervalos desse coro que compõem!
Respiram
ar os batráquios, como soem
ser
chamados em natural classificar,
mas
são anfíbios, pode a água ser seu lar
ou
sobre as folhas vão caçar bichos que voem.
Têm
vastas línguas e as grudam nos insetos
bem
facilmente, sempre que chegam perto
e
incautamente confundem seu verdor
com o
das folhas, partisans secretos,
os
grandes olhos num cuidado semiaberto,
que
não reflitam da luz o seu fulgor!
O
GIRINO III
Mas o
girino só respira o ar da água,
tem certo
tipo de guelra, a onda passa
e ali
deixa o oxigênio que repassa;
nadam
em bandos, sem a menor mágoa;
mas
de repente, qual troar de frágua,
chega
a época da troca, que perpassa
de
forma quântica, metamórfica sua raça,
cada
girino a pular de dentro dágua!
Então
se viram, talvez sapos, talvez rãs,
deixando
a fase pisciforme para trás,
sua
fase ovóide evaporada como um gás!
E
nessas histórias de fadas, tais anãs
podem
mesmo ser princesas encantadas
por
um humano aguardando ser beijadas!
A LAGARTA E A BORBOLETA I – 13 FEVEREIRO 2019
ANDAVA UMA LAGARTA A SE ARRASTAR
POR VERDE FOLHA, AO LONGO DAS RANHURAS;
TAMBÉM VERDE E AMARELA, CORES PURAS,
ENTRE A FOLHAGEM A DEIXAVAM DISFARÇAR;
NÃO ERA MAIS QUE UM VERME A APASCENTAR,
FOME CONSTANTE, CONSTANTES AS AGRURAS
NOS INTESTINOS, POBRES CRIATURAS,
SEM OUTRO IMPULSO QUE SE ALIMENTAR!
O TEMPO INTEIRO IGUALMENTE A DESCONFIAR
DE QUALQUER AVE, ATÉ MESMO DE UM INSETO,
QUE POR PERTO PERCEBESSE A ADEJAR;
COBRAS E ARANHAS TAMBÉM A PODIAM DEVORAR
E ASSIM VIVIA NO AMBIENTE MAIS SECRETO,
SOB A FOLHA, DISCRETAMENTE A MASTIGAR!
A LAGARTA E A
BORBOLETA II
MAS QUANDO A
FOLHA JÁ CHEGAVA AO FIM,
FICAVA
EXPOSTA QUASE INTEIRAMENTE,
VENDO UMA AVE
A DEBICAR, CONTENTE,
AS SUAS IRMÃS
SEM PROTEÇÃO ASSIM.
ENTÃO UM DIA,
UMA ESPÉCIE DE ARLEQUIM
POUSOU NO
RAMO QUE PERCORRIA FREQUENTE
E NUM
MOMENTO, ELA PENSOU, FREMENTE:
É O MEU CARRASCO, A DEVORAR-ME,
ENFIM!
EM VÃO TENTOU
ESCONDER-SE, ERA COMPRIDA
E SÓ DOTADA
DE UM MOVIMENTO LENTO:
AH, QUE AO MENOS ME DEVORE
VELOZMENTE,
SEM ME DEIXAR RASGADA E MALFERIDA,
EXPOSTA AO SOL, INVÁLIDA AO RELENTO!
“ANDE,
PÁSSARO, ANTE SEU BICO SOU IMPOTENTE!”
A LAGARTA E A BORBOLETA Iii
MAS O ARLEQUIM SÓ DEU RISADA SONOLENTA:
“EU NÃO SOU PÁSSARO, PEQUENA LAGARTINHA!
NÃO TE DEVORAREI, FICA QUIETINHA,
PARA OUTRA FOLHA PASSA, BEM ATENTA...
DE FATO, AQUI ESTOU EM MISSÃO BENTA,
VENHO ATÉ TE PROTEGER DE UMA AVEZINHA:
VEEM MINHAS CORES, UM OLHO EM CADA ASINHA.
PENSAM QUE EU SEJA UMA RIVAL CRUENTA!
E A LAGARTA PASSOU PARA A RANHURA
DE OUTRA FOLHA VERDE, PROTEGIDA,
ATÉ ACABAR DE DEVORAR-LHE A CARNE FINA.
“POR QUE ME PROTEGES, FORMOSA CRIATURA?”
“SOU BORBOLETA, MEU OVO DEU-TE A VIDA,
EU SOU TUA MÃE, LAGARTA PEQUENINA!”
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William Lagos
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