terça-feira, 20 de agosto de 2019




Os Três Figos – 5(13) fevereiro 2019
Baseado em conto de Aparício Torelli (Aporelly), o humorista que se autoproclamou o Barão de Itararé, o Único Barão da República, assim nomeado em função da Batalha que Não Houve, durante a Revolução de 1932, publicado em O Tico-Tico e recordado de minha infância.  Qualquer Esquecimento ou impropriedade são devidos ao adaptador em formato poético, o seu criado William Lagos – e não ao genial autor do original.



Os Três Figos (III) ... ... ... 5 fev 2019
Brincadeiras (III) ... ... ... 6 fev 2019
Circo sem Cavalinhos (III) ... ... ... 7 fev 2019
Zoológicos Vazios (IV) ... ... ... 8 fev 2019
Interesses Ocultos (III) ... ... ... 9 fev 2019
Simbiose (IV) ... ... ... 10 fev 2019
Labirinto Digital (III) ... ... ... 11 fev 2019
O Girino (III) ... ... ... 12 fev 2019
A Lagarta e a Borboleta (III) ... ... ... 13 fev 2019

OS TRÊS FIGOS I – 5 FEV 19

Certo verão, frondosamente, uma figueira,
que crescia no pátio da igrejinha,
pelo ubérrimo solo que ali tinha,
deu figos dignos de qualquer prêmio de feira!

O pobre pároco, de um galho então se abeira,
três figos pondo em uma tigelinha...
Mas quê três figos! Dignos de rainha!
E chamou o sacristão: “Não faça asneira!”

“Leve-os depressa até a Catedral
e entregue ao Sr. Bispo o meu presente,
mas não quebre minha tigela, entendeu bem?

Vai esta carta acompanhando igual,
com minha saudação bem reverente!
Não dou recado, que vai esquecer também!”

O sacristão era meio “atrasadinho”,
não conseguira nem aprender a ler!
Partiu com tigela e carta a percorrer,
de boa vontade, seu longo caminho.

A dura estrada a palmilhar, bem rapidinho,
porque o Sol acabara de nascer,
mas bem depressa o ar foi aquecer
e continuou então a andar devagarinho...

Até a cidade, umas quatro horas a pé
e da tigela brotava já o cheirinho,
que emanava de cada figo madurinho!

E se esquecera de tomar café,
para atender bem depressa ao mandalete...
Na pressa, nem ao menos pusera o seu barrete!

É inegável que uma forma de tortura
tem a maioria dos homens atingido,
sem ser padre, cada um deles afligido
por indesejável forma de tonsura! (*)
(*) Era costume os padres rasparem o alto da cabeça,
como prova de humildade.

E o pobre sacristão, na estrada dura
caminhava, já por suor esvanecido,
sob um solaço, sem sombra protegido,
naquela sede que mais e mais perdura!

Nesse sertão sem haver árvore ou abrigo,
sentindo sempre o bom cheiro de figo,
a fome e a sede cada vez mais forte!

Abriu a tigela, para dar uma espiada:
três figos imensos!  A vasilha atopetada!
Um não faz falta!  Eu vou tentar a sorte!

OS TRÊS FIGOS II

E assim, tirou um figo da tigela,
respirou fundo e começou a comer
a enorme fruta, sua sede já a esquecer,
seguiu depressa, sentindo a vida bela!

Ao chegar à catedral, bateu à janela
da casa paroquial e foi logo dizer
qual a razão por que estava a bater
e veio um padre para abrir-lhe a cancela.

Assim entrou, numa sala bem fresquinha...
Com grande alivio, explicou a que vinha,
rapidamente foi ao Sr. Bispo levado,

que água e sanduíche lhe ia mandar oferecer,
mas abriu a carta e começou a ler,
seu sobrecenho já meio carregado...

Chamou então de volta o sacristão:
“Meu amigo, sabe o que diz este bilhete?”
“Eu não sei ler, Sr. Bispo.  Esse macete
é complicado para a minha atenção...”

“Bela desculpa, após armar a confusão!
Aqui diz que são três figos que remete
meu amigo, o vigário.  Alguém comete
uma falha, pois dois apenas aqui estão!”

“Se o senhor diz... Já falei que não sei ler...”
“Mas nem sabe o que havia na tigela?”
“Não, senhor, eu sou meio ‘atrasadinho’”.

“Pois muito bem.  Então vou devolver,
com outra carta, a informar o que havia nela!
Retorne ao seu vigário, ligeirinho!...”

E o sacristão saiu, meio assustado:
A tal de carta o havia denunciado!
E agora, o que dizia o outro bilhete?
Ao retornar, talvez fosse castigado!

Mas a sede novamente se intromete,
o suor a lhe escorrer feito confete!...
Por que comi o tal figo amaldiçoado?
Qual o castigo que esse Bispo me promete?

E de repente, lhe veio o pensamento:
De qualquer modo, vou receber castigo!
Melhor então, eu comer segundo figo!

E mastigou o outro fruto num momento,
depois chegou na vila e na igrejinha:
O que será que diz nessa cartinha?

OS TRÊS FIGOS III

Com medo, a carta ao vigário ele entregou,
tendo a tigela bem firme na sua mão.
“O que foi que me aprontaste, sacristão?”
“Não sei desse recado que chegou...”

“Sacristão, eu não mandei três figos?”
“Sim, Seu Vigário, eram três figos.”
“O Sr. Bispo diz que só dois chegaram.”
“Pois é, Seu Vigário, dois chegaram...”

“Deixe eu ver o que há nessa tigela!”
“Sim, senhor, a tigelinha é bela!...”
“Mas, Sacristão, aqui só tem um figo!”

“Sim, senhor, aqui só tem um figo!”
“Mas não chegaram dois na Catedral?”
“Sim, senhor, foram dois figos, no total...”

“Mas como é que aqui só tem um só?”
“Sim, senhor, aqui só tem um só...”
“Sacristão, pare de me arremedar!”
“Sim, senhor, não vou mais lhe arremedar!”

“Eu não mandei três figos na tigela?”
“Sim, senhor, três figos na ti... bela.”
“Mas como é que só chegaram dois?”
“Bem, foi assim... um eu comi depois...”

“Você comeu um figo no caminho?”
“Sim, senhor... é que estava um calorzinho...”
“Mas não era para entregar na Catedral?”

“Pois é, seu padre, confesso que fiz mal...
É que eu sou mesmo meio ‘atrasadinho’
Achei que não fazia falta só unzinho...”

Com um suspiro, o padre então indagou:
“E como é que só um chegou aqui?”
“Ora, seu padre, foi um outro que eu comi...”
“Pois não percebe que o figo me roubou?”

“Mas como é que essa coisa me aprontou?”
“É que a tigela no caminho abri,
e agarrei um dos dois figos que vi,
foi assim, ó!” E o terceiro ele agarrou!

Então na boca, inteirinho ele enfiou!
E ficou mastigando, deliciado!
“É que eu estava com muito calor!”

“Mas no mal que me fazia nem pensou?”
“Já que eu ia por um ou dois ser castigado,
comi o terceiro, agora, sim, senhor!”

EPÍLOGO

Disse o vigário: “Você não toma jeito!
Mas o que é que eu vou fazer, seu infeliz?”
“O Sr. Bispo, o que na carta diz?”
“Só que eu devo corrigir o meu defeito:
se eu vou mandar por um ‘atrasadinho’,
então que eu mesmo faça a pé esse caminho!”
E com uma dúzia seguiu o padre, finalmente,
para seu bispo conseguir deixar contente!
Reconhecendo ter sido ele o imprudente
e insignificante seu inicial presente!

BRINCADEIRAS I  -  6 fev 19

Hoje em dia, videogueimes e televisões
dominam a jovem vida das crianças,
sentadas ante as telas, sem as danças
naturais de ancestrais civilizações;
ou então seguram um tablet  nas suas mãos,
desenho e cor a observar nessas mudanças,
enquanto antes, imaginárias esperanças
alimentavam de suas mentes formações!

Dizem alguns que estas atividades
até estimulam o seu poder mental,
a rapidez da escolha, a percepção visual
e ainda enumeram mais outras qualidades,
mas certamente desestimulam o social,
padrões impondo das consumistas sociedades!

BRINCADEIRAS II

Antigamente, maior sendo a segurança,
as crianças  percorriam as calçadas,
por brincadeiras de roda entusiasmadas,
ou outras em que o movimento mais alcança,
a pular em quadradinhos, feito em dança,
ou a “seguir o chefe”, concentradas,
ou caminhando seguindo ordens arbitradas
chegando ao “céu”, a alcançar vitória mansa.

Sempre sob o olhar atento de um parente,
sentado nos degraus ou em cadeira,
socializante era cada brincadeira,
amizades a formar, em permanente
liame, a perdurar a vida inteira,
mesmo à distância, muita carta era frequente.

BRINCADEIRAS III

Para dias chuvosos, sempre jogos de mesa,
xadrez e damas, com toda a certeza,
jogos de cartas, roubamonte ou um quarteto,
com adultos compartilhando tal riqueza;
infinidade de outros jogos, em proeza
de labirintos ou qualquer puzzle secreto,
ou o Banco Imobiliário, tão dileto,
jogos de armar, de varetas, de esperteza...

Talvez nas escolinhas, algo ainda exista,
mas das calçadas perdeu-se toda a pista,
tantos perigos que hoje rondam por aí!
Mais dos drogados à dor alheia indiferentes,
que desses monstros humanos infrequentes
ou assaltantes, que por sorte, nunca eu vi!

CIRCOS SEM CAVALINHOS I – 7 FEV 2019

Antigamente, o país inteiro percorriam,
alegres troupes, palhaços e equilibristas,
domadores, quaisquer ilusionistas,
que até as menores cidades atingiam,
com toldos de lona brilhantes, que cobriam
arquibancadas e camarotes junto às pistas;
havia animais a nos encher as vistas,
bem treinados seus papeis, leões surgiam

e o domador estalava o seu chicote
no ar apenas, sem as feras atingir;
os elefantes, em geral só montaria;
mas a parte principal do convescote
eram os cavalos, com xairéis a revestir,
sobre os quais alguma jovem dançaria!...

CIRCOS SEM CAVALINHOS II

Não eram a única atração, naturalmente,
esses cavalos que lippizzaners imitavam,
dos picadeiros os círculos rodeavam,
passos variados, a empinar frequentemente!
Sempre se viam os audazes trapezistas,
ou aqueles que corda-bamba desafiavam,
os comedores de fogo se mostravam,
engolidores de espadas nessas pistas!...

Sempre os palhaços, atletas muitos deles,
e os mágicos, a espalhar mil ilusões,
emprego davam igualmente para anões,
ou para homens muito fortes e ainda a reles
criaturas sem ter outras opções,
senão mostrar-se quais reais aberrações!

CIRCOS SEM CAVALINHOS III

Temos agora o politicamente correto,
apresentações de animais a proibir,
seu cativeiro sendo injusto, por ferir
mal-orientado preconceito hoje dileto.
Quando de fato, opostamente ao desafeto,
eram os artistas, em perigoso agir,
que se feriam ou morriam, ao fazer rir
as multidões que se agrupavam nesse teto.

Os animais bem raramente maltratados,
custavam caro e deveriam ser mantidos
em condições de higiene bem saudável,
contudo muitos hoje a ser trocados
por animais artificiais, robôs erguidos,
sem precisar de um alimento indispensável!

ZOOLÓGICOS VAZIOS I – 8 FEV 2019

Já combati mal-orientadas opiniões
sobre manter animais em cativeiro,
qualquer zoológico a condenar-se inteiro
pelo suposto interpretar das emoções

dos animais em tais instalações,
ali expostos por motivo interesseiro
a um público sem empatia por terceiro,
tão só mantidos para nossas diversões...

O que não veem ou então fingem não ver
é que os zoológicos as vidas preservaram
e a extinção de espécies impediram,
no seu ambiente natural a perecer,
porque os humanos ali se multiplicaram
e grande parte dos habitats destruíram!

ZOOLÓGICOS VAZIOS II

        Que se persiga então a caça predatória,
realizada por muitos africanos,
na verdade, desde o tempo dos romanos,
seus circos a encher por sua vanglória!

Bem diferentes os circos dessa história
que os modernos, totalmente desumanos,
querendo sangue apresentar aos soberanos,
em espetáculos de horror e falsa glória!

Hoje, porém, em África e Ásia, igualmente,
vão destruindo os campos e florestas,
para fazer de alimentos plantações
ou criar gado que aos humanos alimente,
ou servindo de churrasco nas suas festas,
indiferentes a suas possíveis emoções!

ZOOLÓGICOS VAZIOS III

Nos últimos anos, dos zoológicos, certamente,
reintroduziram-se animais na natureza,
suas espécies preservando, com certeza,
de outro modo já extintos totalmente!

De forma igual nos circos, indiferente
que humano morra a executar qualquer proeza,
é evidente essa gente, que só presa
os animais devolver ao antigo ambiente!

E ainda condenam alguns desses senhores
que tarefas se confiem aos animais,
vidas humanas que assim sejam perdidas!
Que não se treinem cães farejadores,
que nao se adestrem mais cães policiais,
banindo mesmo os cães dos salvavidas!

ZOOLÓGICOS VAZIOS IV

Que não se adestrem os cavalos de corrida,
que nenhum cão vá defender seu lar,
que nenhum gato um ratinho vá caçar,
nenhuma cobra por mangusto perseguida!

Cada mascote só por ração a ser mantida:
feijão e arroz a poderão prejudicar!
Em cavalos não se deve mais montar,
nenhuma tarefa a elefantes atribuída!

Em resultado, só se poderão criar
os animais que eles gostam de comer!
Ovelha e gado a fornecer seu churrasquinho,
milhões de frangos se podendo degolar,
até um porco suas costelas a ceder
para a feijoada compartir com seus vizinhos!

INTERESSES OCULTOS 1 – 9 FEV 2019

Quem pode ter mais interesse nisso tudo?
Há as companhias que fabricam a ração,
Degoladores de frango em profusão,
Querem a caça proibir ao botocudo!
Só ergue a voz em algum protesto mudo,
Já que a FUNAI lhe garante a refeição,
Pelos impostos financiadas todas são
E que há propina ali envolvida, nao me iludo!
Naturalmente, há a indústria digital,
Já são comuns os robôs nos safaris,
Que não devoram nem adultos, nem guris
E de alimento não necessitam, afinal
E proliferam por aí parques jurássicos,
Tiranossauros de metal rugindo enfáticos!

INTERESSES OCULTOS 2

Já existem até mesmo cachorrinhos,
Papagaios, tartarugas e outros mais,
Fabricados em formatos digitais,
E não comem nem defecam tais bichinhos!
Não são mais de pelúcia esses ursinhos,
Mas de peles de plástico, artificiais...
E quem prospera, caso extintos os naturais
Impulsos caçadores dos gatinhos?
Quem sabe existem até ratos mais espertos
Que hoje invistam no mercado das ações,
De tais empresas sendo grandes acionistas?
Para o combate dos bichanos sempre abertos,
Que assim se possam expandir pelas nações,
O mundo inteiro exposto a suas conquistas!

INTERESSES OCULTOS 3

E quem sabe, eliminar os cães de guarda
Sirva ao interesse dos abigeatários,
Esses ladrões de gado refratários
A qualquer cerca ou mesmo a gualquer farda!
Algum sem-teto a ser “eminência parda”
De algumas leis contra os proprietários,
Às armas de defesa os mais contrários,
Não havendo cães, uma invasão não tarda!
Tal gente sabe, se bem não admite:
Cães e cavalos de nós recebem proteção
E em troca nos dão colaboração
E até o pelicano que a pescar mais se incite,
Seria ao contrário, só um competidor,
A ser caçado e exterminado com fervor!

SIMBIOSE I – 10 FEV 2019

Por simbiose, se designa a colaboração
entre duas ou mais espécies, em benefício
uma da outra, cada qual com seu oficio,
favorecendo deste modo a relação;
certas colônias simbioses falsas são,
como a medusa Cyanea capillata, um resquício
de um grupo de indivíduos, cujo vício
será morrerem sem do grupo a proteção!

Pássaros ajudam rinocerontes e elefantes,
comendo os parasitas de sua pele,
os paquidermes sem ser assim sugados;
pousam as aves sobre os animais gigantes,
igual mesa de banquete que os apele,
com a nutrição desde sempre acostumados.

SIMBIOSE II

Talvez o exemplo melhor que se conheça
seja de nossas bactérias intestinais,
dezenas de espécies, também estomacais,
cujo trabalho a nos nutrir não cessa;
as moléculas elas quebram, sem ter pressa,
que não podemos, em suas formas naturais
absorver; das simbiontes individuais
é que vivemos, em colaboração espessa.

Quando comemos, de certo modo a mesa
servimos para tais micro-organismos,
que se alimentam pela nossa proteção;
por isso, é perigoso usar defesa
sem controle de antibióticos que possuímos,
prejudicando essa tão frágil comunhão.

SIMBIOSE III

Noutro sentido, é igualmente simbiose
a relação entre o humano e o cão,
sendo econômica e emocional tal relação,
colaborar se usufruindo em mútua dose;
também o homem e o cavalo tem gnose
de muitos séculos, uma arcana percepção;
com o jumento já menores laços são,
menos perfeita entre nós a metempsicose.

Mas com as aves e os animais de corte,
simbiose não existe: é exploração,
alimentados por uma única estação,
até serem abatidos pelo aporte
de energia que sua carne então nos dá;
colaboração entre nós nunca haverá!

SIMBIOSE IV

Não obstante, há simbiose com a ovelha,
quando criada para só nos dar a lã;
é bem verdade que a vantagem sua é vã:
come o capim que a luz do sol espelha!
Já mais cuidada, abrigada sob a telha
será a vaca leiteira, protegida com afã;
alimentada e bem tratada por seu fã
será uma gata, desde filhote a velha!...

Assim são o mangusto e o pelicano,
que mais nos dão, de fato, que recebem,
enquanto os gatos apenas nos fascinam...
Sua simbiose conosco em tom arcano,
carinho, abrigo e leite de nós bebem,
condescendência apenas nos destinam!...

Labirinto  Digital  Um – 11 fev 19

COMPAQtuando com meu computador,
Eu WINDOWSeio quase diariamente,
OUTLOOKeando todo o ardor que o peito sente,
EXPRESSando o meu pesar e o meu amor...
INTERNETeando meus versos, sem temor,
ONLINEando traduções constantemente,
AVGeando  em produção dolente,
LASERJETeando como um simples impressor,

WINZIPiando meu caminho horas a fio,
Sempre ADOBEREADEReando meus fracassos,
FRONTPAGEando apenas raramente,
Num POWERPOINT  longo, em desafio
De todo o EXCEL  à espreita de meus passos,
Por não passar de um BIOS descontente!

Labirinto Digial  Dois

HOMING retorno à minha memória-fonte,
Minha ROM sendo exclusiva em tal memória,
SWITCHBOARDeando  em controlar da escória,
Programas BRIDGINGeando os arcos de minha ponte,
Que INTEGRATED DATABASE eu não desconte,
Em QUERY LANGUAGE elaborando minha história,
Minha SHELF LIFE  realmente um  tanto inglória,
Mas em XEROX tendo um mágico reponte!...

REBOOTINGueando,  retorno a meu começo,
Em BBS a pendurar meus dados novos,
CPUando a controlar meus periféricos,
Um cabo USB para mim apenas peço
Para aos CIRCUITS apresentar renovos,
HDeando  os meus projetos mais homéricos!

Labirinto  Digital  Três

Na ÁLGEBRA BOOLEANA  me intrometo,
Para  meu  DOS  com precisão configurar,
Seu SOFTWARE  submisso a meu mandar,
Sempre que a CENTRAL MEMORY  é o objeto;
Com cada PIXEL  formo  um quadro mais dileto,
COMPUTER GRAPHICS não os pode descartar,
CLIENT-FRIENDLY  todo o meu programar,
CRYPTOGRAPHYado, o meu plano não DELETO!

E de um SOURCE DOCUMENT  a informação,
Por qualquer DRIVER de confiável direção,
Em meu TRANSPONDER  será tornada disponível
E aqui termino, apelando à FUZZY-LÓGICA,
No desvendar de minha  LÓGICA SIMBÓLICA,
Sempre esperando  seja o soneto COMPATÍVEL!

Mas percebendo que meu OFFICE se entope,
Com EMOTICONS desligarei meu FLIP-FLOP!

O GIRINO I – 12 FEV 19

Hoje em dia, no entorno das cidades,
há pouca gente que saiba o que é um girino,
animalzinho engraçado, algo de fino
nesse “sapinho de cola” sem maldades!

Apenas nada, com suas peculiaridades
que o assemelham a um peixe pequenino,
mas cada peixe será deles assassino,
a devorá-los com totais facilidades!...

De fato, não têm grande proteção,
macios e lentos dentro da lagoa,
plantinhas comem ou semente mais atoa,

para os marrecos também suave refeição,
que embora saiam dos ovos de uma sapa,
para bem longe deles nada e escapa!

O GIRINO II

Igual que os peixes, na água os ovos põem,
seguindo em frente, num ruidoso coaxar,
com mil insetos irão se alimentar,
nos intervalos desse coro que compõem!

Respiram ar os batráquios, como soem
ser chamados em natural classificar,
mas são anfíbios, pode a água ser seu lar
ou sobre as folhas vão caçar bichos que voem.

Têm vastas línguas e as grudam nos insetos
bem facilmente, sempre que chegam perto
e incautamente confundem seu verdor

com o das folhas, partisans secretos,
os grandes olhos num cuidado semiaberto,
que não reflitam da luz o seu fulgor!

O GIRINO III

Mas o girino só respira o ar da água,
tem certo tipo de guelra, a onda passa
e ali deixa o oxigênio que repassa;
nadam em bandos, sem a menor mágoa;

mas de repente, qual troar de frágua,
chega a época da troca, que perpassa
de forma quântica, metamórfica sua raça,
cada girino a pular de dentro dágua!

Então se viram, talvez sapos, talvez rãs,
deixando a fase pisciforme para trás,
sua fase ovóide evaporada como um gás!

E nessas histórias de fadas, tais anãs
podem mesmo ser princesas encantadas
por um humano aguardando ser beijadas!

A LAGARTA E A BORBOLETA I – 13 FEVEREIRO 2019

ANDAVA UMA LAGARTA A SE ARRASTAR
POR VERDE FOLHA, AO LONGO DAS RANHURAS;
TAMBÉM VERDE E AMARELA, CORES PURAS,
ENTRE A FOLHAGEM A DEIXAVAM DISFARÇAR;
NÃO ERA MAIS QUE UM VERME A APASCENTAR,
FOME CONSTANTE, CONSTANTES AS AGRURAS
NOS INTESTINOS, POBRES CRIATURAS,
SEM OUTRO IMPULSO QUE SE ALIMENTAR!
O TEMPO INTEIRO IGUALMENTE A DESCONFIAR
DE QUALQUER AVE, ATÉ MESMO DE UM INSETO,
QUE POR PERTO PERCEBESSE A ADEJAR;
COBRAS E ARANHAS TAMBÉM A PODIAM DEVORAR
E ASSIM VIVIA NO AMBIENTE MAIS SECRETO,
SOB A FOLHA, DISCRETAMENTE A MASTIGAR!

A LAGARTA E A BORBOLETA II

MAS QUANDO A FOLHA JÁ CHEGAVA AO FIM,
FICAVA EXPOSTA QUASE INTEIRAMENTE,
VENDO UMA AVE A DEBICAR, CONTENTE,
AS SUAS IRMÃS SEM PROTEÇÃO ASSIM.
ENTÃO UM DIA, UMA ESPÉCIE DE ARLEQUIM
POUSOU NO RAMO QUE PERCORRIA FREQUENTE
E NUM MOMENTO, ELA PENSOU, FREMENTE:
É O MEU CARRASCO, A DEVORAR-ME, ENFIM!
EM VÃO TENTOU ESCONDER-SE, ERA COMPRIDA
E SÓ DOTADA DE UM MOVIMENTO LENTO:
AH, QUE AO MENOS ME DEVORE VELOZMENTE,
SEM ME DEIXAR RASGADA E MALFERIDA,
EXPOSTA AO SOL, INVÁLIDA AO RELENTO!
“ANDE, PÁSSARO, ANTE SEU BICO SOU IMPOTENTE!”

A LAGARTA E A BORBOLETA Iii

MAS O ARLEQUIM SÓ DEU RISADA SONOLENTA:
“EU NÃO SOU PÁSSARO, PEQUENA LAGARTINHA!
NÃO TE DEVORAREI, FICA QUIETINHA,
PARA OUTRA FOLHA PASSA, BEM ATENTA...
DE FATO, AQUI ESTOU EM MISSÃO BENTA,
VENHO ATÉ TE PROTEGER DE UMA AVEZINHA:
VEEM MINHAS CORES, UM OLHO EM CADA ASINHA.
PENSAM QUE EU SEJA UMA RIVAL CRUENTA!
E A LAGARTA PASSOU PARA A RANHURA
DE OUTRA FOLHA VERDE, PROTEGIDA,
ATÉ ACABAR DE DEVORAR-LHE A CARNE FINA.
“POR QUE ME PROTEGES, FORMOSA CRIATURA?”
“SOU BORBOLETA, MEU OVO DEU-TE A VIDA,
EU SOU TUA MÃE, LAGARTA PEQUENINA!”

William Lagos
Tradutor e Poeta – lhwltg@alternet.com.br
Blog:
www.wltradutorepoeta.blogspot.com
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