CREDO
ATANASIANO
Santo Atanásio de Alexandria
(um dos Doutores da Igreja Cristã, 20º Arcebispo de Alexandria, no Egito, nasceu
em 296 d.C e faleceu a 2/5/373 de nossa era, aos 77 anos, ambos eventos
igualmente em Alexandria) foi um ministro fiel que combateu o Arianismo
unitário pregado pelo Bispo Ário, a que se converteram muitos dos invasores
germânicos nos Bálcans e na Hispania.
Defendeu o ensino bíblico da Ssa. Trindade e a natureza dual de Jesus
Cristo, afirmando que Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, consoante o
Credo Niceno. Em sua forma atual, o
Credo Atanasiano, originalmente do século IV d.C, data do século VI. Apesar da consonância auditiva não tem a
menor relação com o nome de Satanás, um dos muitos atribuídos ao demônio. Em seus
aspectos básicos, este texto é uma tipificação expandida dos mesmos tópicos dos
Credos Apostólico e Niceno. Contudo,
sendo de cunho da Alta Idade Média, insiste sobre a natureza do pecado e afirma
a condenação eterna em detrimento da Remissão dos Pecados. O Credo Atanasiano é reconhecido pela Igreja
Anglicana, pela Igreja Romana e pela maioria das denominações protestantes,
contudo, devido à sua complexidade minuciosa e sua insistência FINAL no
castigo, geralmente deixa de ser mencionado. Cabe ao leitor decidir se esta
versão integral corresponde à original de Santo Atanásio ou se esta insistência
no fogo eterno ou na morte eterna (que não são mencionados nos demais
credos) é não mais que uma interpolação da Igreja Católica Romana, determinada
por algum dos primeiros papas do século sexto de nossa era, possivelmente com a
melhor das intenções, para fazer as pessoas ignorantes seguirem os mandamentos
da Igreja através do temor, se não por fé e por amor. Eis pois o texto
integral, segundo a versão atual.
01.Qualquer
um que queira ser salvo, antes de tudo deve seguir a fé universal.
02.
Aquele que não a guardar integral e intocada, sem dúvida perecerá eternamente.
03. A
fé universal é esta: que adoremos o único Deus na Trindade e a Trindade na
Unidade.
04. Não
confundindo as Pessoas, nem separando o Ser.
05.
Pois uma é a Pessoa do Pai, outra a Pessoa do Filho e outra a Pessoa do
Espírito Santo.
06. Mas
o Pai e o Filho e o Espírito Santo possuem uma só divindade, igual glória e
igual majestade eterna.
07.
Assim como é o Pai, assim é o Filho, assim é também o Espírito Santo.
08.
Incriado é o Pai, incriado é o Filho, incriado o Espírito Santo.
09.
Imenso é o Pai, imenso é o Filho, imenso é o Espírito Santo.
10.
Eterno é o Pai, eterno é o Filho, eterno é o Espírito Santo.
11.
Contudo, Eles não são três eternos, mas Um Só eterno.
12.
Como não são três incriados, nem três imensos, mas Um Só incriado e Um Só
imenso.
13.
Igualmente, o Pai é todo-poderoso, o Filho é todo-poderoso e o Espírito Santo é
todo-poderoso.
14.
Contudo, Eles não são três todo-poderosos, mas Um Só todo-poderoso.
15.
Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus.
16.
Contudo, Eles não são três deuses, mas Um Só Deus.
17.
Assim, o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, o Espírito Santos é Senhor.
18.
Contudo, Eles não são três senhores, mas Um Só Senhor.
19.
Pois assim como nós somos compelidos, pela Verdade Cristã, a confessar cada
Pessoa singular como Deus e Senhor,
20.
Assim nos é proibido, pela Fé Universal, falar de três deuses ou de três
senhores.
21. O
Pai não foi feito por ninguém, nem criado, nem gerado.
22. O
Filho não foi feito, nem criado, mas gerado somente pelo Pai.
23. O
Espírito Santo não foi feito, nem criado, nem gerado pelo Pai e pelo Filho, mas
este procede Deles, do Pai e do Filho.
24.
Então, Um Só Pai, não três pais, Um Só Filho, não três filhos, um só Espírito
Santo, não três espíritos santos.
25. E
nesta Trindade não há nada anterior ou posterior, nem maior ou menor.
26. Mas
todas estas três Pessoas têm a mesma eternidade e igualdade.
27. Por
isso, como já foi dito, seja venerada em tudo a Unidade na Trindade, assim como
a Trindade na Unidade.
28.
Portanto, quem quer ser salvo, deve reconhecer assim a Trindade.
29. Mas
é necessário, para a salvação eterna, crer também fielmente na encarnação de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
30.
Então, a verdadeira fé é que cremos e confessamos que Nosso Senhor Jesus
Cristo, Filho de Deus, é igualmente Deus e Homem.
31. Ele
é Deus da substância do Pai, gerado antes de todos os tempos. Ele é homem da substância da mãe, nascido no
tempo.
32.
Perfeito Deus, perfeito Homem, subsistindo de alma racional e carne humana.
33.
Igual ao Pai, visto Sua natureza eterna; menor que o Pai, visto Sua naturea
humana.
34.
Ele, mesmo sendo Deus e Homem, não é dois, mas Um Só Cristo.
35. Ele
é Um, não por ser convertida a divindade em carne, mas porque Deus assumiu a
natureza humana.
36. Ele
é Um, não por confusão de substância, mas pela unidade de uma Pessoa.
37.
Pois assim como a alma racional e a carne são uma Pessoa, assim Deus e Homem
são um só Cristo.
38. (A
partir daqui alguns teólogos julgam que houve interpolações no texto original) [Ele
padeceu por nossa salvação, desceu ao reino dos mortos, ressurgiu dos mortos no
terceiro dia.
39.
Subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de
vir a julgar os vivos e os mortos.
40. Com
a vinda Dele, todas as pessoas vão ressurgir com seus corpos e dar conta de
seus próprios atos.
41. Os
que tiverem feito o bem, entrarão na vida eterna, os que tiverem feito o mal,
no fogo eterno.]
42.
Esta é a fé universal; quem nela não crer fielmente e firmemente, não poderá
ser salvo.
É evidente que o tom dos versículos 38 a 41 é
bem diferente do texto geral, que (possivelmente) deveria passar do versículo
37 para o 42, o qual, naturalmente, seria então o 38; ou antes, os versículos marcados existiram de
forma diversa no original.
O Credo Niceno, de 323 d.C., não menciona nem
a descida ao Hades, nem a comunhão dos santos e refere a ressurreição dos
mortos e não a do corpo.
O Credo Apostólico, datando do final do
século quarto de nossa era em sua forma atual, não menciona inferno ou
condenação eterna; refere a Anasthasis, ou descida ao Hades e a Hagioeukomenia,
ou Comunhão dos Santos, mas igualmente a Remissão dos Pecados.
As epístolas paulinas deixam perfeitamente
claro que ninguém pode ser salvo por seus próprios méritos, mas exclusivamente
pela Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo através da Remissão dos Pecados.
Que tire o leitor suas próprias conclusões.
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