domingo, 16 de agosto de 2020

 

AS JOVENS DE ROMA VI

 DRUSILLA

 

ÁVIDO ESTOU APENAS, PERMEIO À GUERRA PÁLIDA,

VAGA DE GLÓRIA, SEM GANHO, ÔCA DE FÉ,

NEGRA DE LUZ SENSÍVEL, QUE ME SUJEITA ATÉ

A QUERER DE NOVO ERGUIDOS OS MEUS ADVERSÁRIOS

 

SÓ PARA NÃO FICAR SOZINHO, NESTA ESQUÁLIDA

SEPULTURA COMUM DE MORTOS DESPOJADOS,

NUM CAMPO DE BATALHA: OS MEDOS DERROTADOS

ERAM PARTE DE MIM.  E AGORA, MULTIFÁRIOS,

 

EU VEJO TÃO SOMENTE OS DEDOS DA NEBLINA...

TENTÁCULOS ESPARSOS DE VASTIDÃO E A SINA

DE VAGAR DESVALIDO, AO PERCEBER DISPERSOS

 

FARRAPOS DE MINHALMA, ASSIM MALBARATADOS,

A OUTROS CORAÇÕES E ESPÍRITOS MANDADOS,

DEIXANDO-ME O VAZIO DE ONDE ARRANQUEI

MEUS VERSOS.

 

AS JOVENS DE ROMA VII

 IÚLIA

 

RÉSTIAS DE LUZ, APENAS SUFOCADAS,

MAL ENTREVISTAS, NESSA VÃ VIAGEM,

QUE ME CONDUZ DO BERÇO SEM MENSAGEM,

ÀS MENSAGENS SEM BERÇO REVELADAS,

 

NO DESTINO FINAL DA SEPULTURA,

ONDE QUERIA, TAL COMO OS ROMANOS,

QUE APENAS CINZAS DOS MEUS DESENGANOS

DEPOSITADAS FOSSEM NUMA PURA

 

URNA DE BARRO... OU, TALVEZ, DE ARGILA:

ARGILA DE MEUS SONHOS, NUNCA OURO,

DO BARRO DE MINHALMA A NOSTALGIA...

 

E, NESTA LÁPIDE, DE MEU FADO ANCILA,

QUE NADA FOSSE ESCRITO, POR DESDOURO,

SENÃO O NADA DE UMA DOR VAZIA...

 

AS JOVENS DE ROMA VIII

 CATULLA

 

AOS DEUSES AGRADEÇO PELO PRANTO

QUE POUCO DERRAMEI; PELA CADÊNCIA

SUTIL DA MÁGOA INQUIETA; PELA URGÊNCIA

DE TOMAR VIDA NOS DEDOS, PELO ENQUANTO

 

QUE NUNCA SE SUSTENTA; PELA FENDA

DO TEMPO, EM QUE ME VEJO MALFERIDO,

POR ESSA RÉSTIA DE ESPANTO EM QUE, INSERIDO,

EU SEMPRE ME ENCONTREI, NA ESCURA SENDA.

 

POIS SÓ CONSIGO CHORAR FELICIDADE

POR BENS INESPERADOS; E QUÃO RARA

FOI ESTA EM MINHA VIDA: QUANTA ESCARA

 

VEJO NOS BRAÇOS, NAS MÃOS E PELAS PERNAS,

PORQUE AFLIÇÕES, EU TIVE EM QUANTIDADE,

POR MAIS QUE CHAMAS DISTRIBUÍSSE TERNAS...

 

AS JOVENS DE ROMA IX

 VATISSA

 

ELA VESTIU-SE EM NÚTRIA E ZIBELINA,

PARA ENFRENTAR OS RIGORES DESSE FRIO

QUE LHE QUEIMAVA ALMA, ESSE VAZIO

QUE NUNCA SE AQUECIA, A MALHA FINA

 

DO CORAÇÃO SOLERTE E DA MALÍCIA

PROFUNDA E QUEDA DO MAIS PURO EGOÍSMO.

NADA TINHA A ME DAR: APENAS, CISMO

QUE SEJA INDA POSSÍVEL MAIS DELÍCIA

 

COM ELA RESTAURAR; MAS TANTA MÁGOA,

NO ROUCO DE SUA VOZ, A RESSUMBRAR,

ECOA DENTRO EM MIM, TANTA AMARGURA,

 

QUE ATÉ PARECE, NO ESTALO DESSA FRÁGUA,

QUE DERRAMEI EM VÃO TODA A DOÇURA

COM QUE TENTEI SUAS PENAS CONFORTAR...

 

 

AS JOVENS DE ROMA X

 AGRIPPINA

 

QUERIA DEVORAR O MEU AMOR: TÊ-LA COMPLETA,

POR BAIXO DE MINHAS CARNES, DE MEUS OSSOS,

DENTRO DOS NERVOS, NAS JUNTAS, NESSES FOSSOS

CHEIOS DE SANGUE... E NA VISÃO DO ESTETA

 

QUE SUGA AS PRÓPRIAS VEIAS...  VÃOS AMORES,

A SERVIR EM MEUS PRATOS CINTILANTES...

VERSOS APENAS...?  ARTÉRIAS PALPITANTES,

A REVESTIR HORMÔNIOS DE ESTERTORES...

 

QUERIA TÊ-LA ASSIM, TODA, SÓ MINHA,

COMPARTILHANDO TODOS SEUS SEGREDOS,

A TRANSPLANTAR NO MEU SEU CORAÇÃO.

 

PORÉM DE MIM SE ESQUIVA ESSA RAINHA...

E QUE FAZER, ENTÃO...?  COMEM-SE OS DEDOS,

NUM FESTIM MAGRO DE FRÁGIL REFEIÇÃO.

 

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