AS JOVENS DE ROMA VI
DRUSILLA
ÁVIDO ESTOU APENAS, PERMEIO À GUERRA PÁLIDA,
VAGA DE GLÓRIA, SEM GANHO, ÔCA DE FÉ,
NEGRA DE LUZ SENSÍVEL, QUE ME SUJEITA ATÉ
A QUERER DE NOVO ERGUIDOS OS MEUS ADVERSÁRIOS
SÓ PARA NÃO FICAR SOZINHO, NESTA ESQUÁLIDA
SEPULTURA COMUM DE MORTOS DESPOJADOS,
NUM CAMPO DE BATALHA: OS MEDOS DERROTADOS
ERAM PARTE DE MIM. E AGORA,
MULTIFÁRIOS,
EU VEJO TÃO SOMENTE OS DEDOS DA NEBLINA...
TENTÁCULOS ESPARSOS DE VASTIDÃO E A SINA
DE VAGAR DESVALIDO, AO PERCEBER DISPERSOS
FARRAPOS DE MINHALMA, ASSIM MALBARATADOS,
A OUTROS CORAÇÕES E ESPÍRITOS MANDADOS,
DEIXANDO-ME O VAZIO DE ONDE ARRANQUEI
MEUS VERSOS.
AS JOVENS DE ROMA VII
IÚLIA
RÉSTIAS DE LUZ, APENAS SUFOCADAS,
MAL ENTREVISTAS, NESSA VÃ VIAGEM,
QUE ME CONDUZ DO BERÇO SEM MENSAGEM,
ÀS MENSAGENS SEM BERÇO REVELADAS,
NO DESTINO FINAL DA SEPULTURA,
ONDE QUERIA, TAL COMO OS ROMANOS,
QUE APENAS CINZAS DOS MEUS DESENGANOS
DEPOSITADAS FOSSEM NUMA PURA
URNA DE BARRO... OU, TALVEZ, DE ARGILA:
ARGILA DE MEUS SONHOS, NUNCA OURO,
DO BARRO DE MINHALMA A NOSTALGIA...
E, NESTA LÁPIDE, DE MEU FADO ANCILA,
QUE NADA FOSSE ESCRITO, POR DESDOURO,
SENÃO O NADA DE UMA DOR VAZIA...
AS JOVENS DE ROMA VIII
CATULLA
AOS DEUSES AGRADEÇO PELO PRANTO
QUE POUCO DERRAMEI; PELA CADÊNCIA
SUTIL DA MÁGOA INQUIETA; PELA URGÊNCIA
DE TOMAR VIDA NOS DEDOS, PELO ENQUANTO
QUE NUNCA SE SUSTENTA; PELA FENDA
DO TEMPO, EM QUE ME VEJO MALFERIDO,
POR ESSA RÉSTIA DE ESPANTO EM QUE, INSERIDO,
EU SEMPRE ME ENCONTREI, NA ESCURA SENDA.
POIS SÓ CONSIGO CHORAR FELICIDADE
POR BENS INESPERADOS; E QUÃO RARA
FOI ESTA EM MINHA VIDA: QUANTA ESCARA
VEJO NOS BRAÇOS, NAS MÃOS E PELAS PERNAS,
PORQUE AFLIÇÕES, EU TIVE EM QUANTIDADE,
POR MAIS QUE CHAMAS DISTRIBUÍSSE TERNAS...
AS JOVENS DE ROMA IX
VATISSA
ELA VESTIU-SE EM NÚTRIA E ZIBELINA,
PARA ENFRENTAR OS RIGORES DESSE FRIO
QUE LHE QUEIMAVA ALMA, ESSE VAZIO
QUE NUNCA SE AQUECIA, A MALHA FINA
DO CORAÇÃO SOLERTE E DA MALÍCIA
PROFUNDA E QUEDA DO MAIS PURO EGOÍSMO.
NADA TINHA A ME DAR: APENAS, CISMO
QUE SEJA INDA POSSÍVEL MAIS DELÍCIA
COM ELA RESTAURAR; MAS TANTA MÁGOA,
NO ROUCO DE SUA VOZ, A RESSUMBRAR,
ECOA DENTRO EM MIM, TANTA AMARGURA,
QUE ATÉ PARECE, NO ESTALO DESSA FRÁGUA,
QUE DERRAMEI EM VÃO TODA A DOÇURA
COM QUE TENTEI SUAS PENAS CONFORTAR...
AS JOVENS DE ROMA X
AGRIPPINA
QUERIA DEVORAR O MEU AMOR: TÊ-LA COMPLETA,
POR BAIXO DE MINHAS CARNES, DE MEUS OSSOS,
DENTRO DOS NERVOS, NAS JUNTAS, NESSES FOSSOS
CHEIOS DE SANGUE... E NA VISÃO DO ESTETA
QUE SUGA AS PRÓPRIAS VEIAS...
VÃOS AMORES,
A SERVIR EM MEUS PRATOS CINTILANTES...
VERSOS APENAS...?
ARTÉRIAS PALPITANTES,
A REVESTIR HORMÔNIOS DE ESTERTORES...
QUERIA TÊ-LA ASSIM, TODA, SÓ MINHA,
COMPARTILHANDO TODOS SEUS SEGREDOS,
A TRANSPLANTAR NO MEU SEU CORAÇÃO.
PORÉM DE MIM SE ESQUIVA ESSA RAINHA...
E QUE FAZER, ENTÃO...?
COMEM-SE OS DEDOS,
NUM FESTIM MAGRO DE FRÁGIL REFEIÇÃO.
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