A FADA DO RIO XVII
(Eleonora Duse, musa do teatro da Belle Époque)
Levko tomou o menino pela mão,
que não parava de se debater...
"Não me jogue no rio! Eu vou perder
a última chance de minha salvação!..."
Contudo, Levko o levou até a margem
e Rusalka muitas vezes invocou.
Finalmente, dentre as ondas assomou,
pois tivera de fazer longa viagem...
Levko então mostrou-lhe o pequenino.
"É um nenê rusalka," ela afirmou.
"E o que posso fazer?" Levko indagou.
"Tens de ir à igreja e lá tocar o sino;
pois ficarás visível e poderás pedir
ao sacerdote que o batize, então.
Seu espírito alcançará o perdão
e para os céus conseguirá partir..."
Mas o menino não parava de gritar
e contra Levko tão só se debatia.
Rusalka então, logo a seguir, se decidia
a nos cabelos da criança colocar
seu mágico pente, que fez que se aquecesse
o pequenino, que não mais chorou.
Mas Rusalka, com firmeza lhe ordenou
que seu pente, sem falta, devolvesse!...
A FADA DO RIO XVIII
Levko recobrou sua humana forma
ao ir à igreja, em seus braços o menino,
do campanário após tocar o sino...
O seu pedido então ao padre informa,
que declarou não batizar de graça...
"Não tenho dinheiro," disse Levko, impaciente.
"Não tens dinheiro? Então me dá esse pente!",
disse o padre, resmungando uma pirraça.
Levko hesitou, mas a criança
lhe pareceu ser bem mais importante
e o pente entregou, no mesmo instante,
da salvação do menino na esperança.
E o padre proferiu, de má vontade
o ritual do batismo... E o sacramento
exerceu o seu poder nesse momento:
valia mais que do padre a sua maldade!...
E para espanto dos dois, essa criança
elevou-se no ar, no mesmo instante!...
E se foi ao paraíso, triunfante,
recompensando de Levko a esperança.
E o padre se mostrou tão espantado,
que devolveu, seu protestar, o pente.
Então Levko sumiu, incontinenti,
deixando o padre quase morto de assustado!
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