terça-feira, 12 de setembro de 2023


 

 

A FADA DO RIO XVII

(Eleonora Duse, musa do teatro da Belle Époque)

 

Levko tomou o menino pela mão,

que não parava de se debater...

"Não me jogue no rio!  Eu vou perder

a última chance de minha salvação!..."

Contudo, Levko o levou até a margem

e Rusalka muitas vezes invocou.

Finalmente, dentre as ondas assomou,

pois tivera de fazer longa viagem...

 

Levko então mostrou-lhe o pequenino.

"É um nenê rusalka," ela afirmou.

"E o que posso fazer?" Levko indagou.

"Tens de ir à igreja e lá tocar o sino;

pois ficarás visível e poderás pedir

ao sacerdote que o batize, então.

Seu espírito alcançará o perdão

e para os céus conseguirá partir..."

 

Mas o menino não parava de gritar

e contra Levko tão só se debatia.

Rusalka então, logo a seguir, se decidia

a nos cabelos da criança colocar

seu mágico pente, que fez que se aquecesse

o pequenino, que não mais chorou.

Mas Rusalka, com firmeza lhe ordenou

que seu pente, sem falta, devolvesse!...

 

A FADA DO RIO XVIII 

 

Levko recobrou sua humana forma

ao ir à igreja, em seus braços o menino,

do campanário após tocar o sino...

O seu pedido então ao padre informa,

que declarou não batizar de graça...

"Não tenho dinheiro," disse Levko, impaciente.

"Não tens dinheiro?  Então me dá esse pente!",

disse o padre, resmungando uma pirraça.

 

Levko hesitou, mas a criança

lhe pareceu ser bem mais importante

e o pente entregou, no mesmo instante,

da salvação do menino na esperança.

E o padre proferiu, de má vontade

o ritual do batismo... E o sacramento

exerceu o seu poder nesse momento:

valia mais que do padre a sua maldade!...

 

E para espanto dos dois, essa criança

elevou-se no ar, no mesmo instante!...

E se foi ao paraíso, triunfante,

recompensando de Levko a esperança.

E o padre se mostrou tão espantado,

que devolveu, seu protestar, o pente.

Então Levko sumiu, incontinenti,

deixando o padre quase morto de assustado!

 

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