A
MOCHILA MÁGICA IX
(Claudette Colbert. apogeu Hollywood)
Ele
deixou enterrado na lareira um tesouro,
sobre o
qual fez cair bem feroz maldição;
nós
somos os guardas, ninguém pode pegar;
e lhe
agradecemos, belo soldado louro,
mas
agora devemos cumprir nossa função:
reze
então, se quiser, temos que te matar!”
“Não
seja por isso,” falou Brian. “Desejo
que
entrem os três dentro de minha mochila!”
Desapareceram
os três, com os rabos em fila,
muito
bem trancada a mochila no ensejo!...
E embora gritassem, Brian não se importou:
lavou as mãos e o rosto e foi-se deitar;
dormiu toda a noite, na graça de Deus...
No dia seguinte, o estalajadeiro chegou
e batendo na porta, fez o rapaz despertar:
“Mas como escapou, sem ferimentos seus?”
“Ah, dormi muito bem, estava boa a comida,
agora, contudo, quero um bom desjejum;
limpe bem essa mesa e não deixe nenhum
restinho que azede no prato ou em bebida...”
Após comer bem, sopesando a mochila,
o soldado indagou se ali havia um ferreiro;
e sem hesitação, disse-lhe o estalajadeiro:
“Sem dúvida, há oficina do outro lado da vila.”
“Por favor, três rapazes bem fortes consiga
Para levar-me a mochila, pesa como uma viga!”
Ficou o estalajadeiro bastante surpreendido
vendo quanto pesava tão pequeno objeto;
e o carregaram os três, com um medo secreto,
até a ferraria, em um canto escondido...
Então
Brian pagou muito bem ao ferreiro
para
malhar a mochila, com toda a energia:
“Não
tenha receio, que não vai se rasgar!”
Mas
assim que bateu, ouviu-se um berreiro
e logo
o vigário da vila surgia,
que
Brian chamara para a mochila abençoar!
Só
assim o ferreiro seguiu martelando
e até
os três rapazes no trabalho ajudaram:
durante
a manhã, todos se revezaram;
após a
benzedura, o clamor silenciando!...
A
MOCHILA MÁGICA X
Depois
a levaram até a beira do rio
e Brian
desejou que dela saísse
todo o
seu conteúdo, num jato ligeiro.
Escorreu
uma poeira vermelha num fio,
depois
amarela, que então negra seguisse;
a
mochila perfeita, sem rasgão, tudo inteiro.
Após
pagar todos, retornou à estalagem
e
fechou-se no quarto com o estalajadeiro.
“A
maldição acabou, meu bom companheiro;
e eu
até poderia lhe fazer malandragem...”
Mas sei que há um tesouro no sopé da lareira,
se o acharmos agora, rachamos meio a meio?”
“Ora, é claro!...” disse o outro, sem acreditar.
“Porem há outra coisa que eu quero, certeira...
Gostei de sua filha e caso sem receio,
se você permitir e se ela aceitar!...”
O velho concordou, com um vasto sorriso
e então desembainhou sua adaga o soldado
e os tijolos se pôs a soltar, com cuidado,
até aparecer um baú sob o piso...
Aberto o baú, estava cheio de ouro,
de mistura com joias... Então
Brian falou:
“Se eu quisesse, com tudo ficar poderia!
Mas vamos agora repartir o tesouro!...
E pleno segredo a parelha jurou,
mediante a promessa de que se casaria...
Falaram com a moça e ela logo aceitou,
já antes pusera seu olhar no soldado,
rapaz alto, bonito e tão bem educado...
E em seguida o casório assim se realizou!
Pois
Brian comprou uma granja ali perto
e dez
filhos aos poucos teve o jovem casal,
sem que
os pobres diabos jamais retornassem...
Também
o estalajadeiro se portou com acerto
e
enquanto viveram, nada sofreram de mal,
embora,
à socapa, do mistério falassem...
Mas
hóspede algum voltou a ser maltratado,
vivendo
a família na graça de Deus,
a
igreja auxiliando, em puro amor dos céus,
toda a
gente da vila tendo assim prosperado!
EPÍLOGO
E quanto à velhinha? Não mais se
ouvir falar
e Brian nunca soube quem era, com certeza.
Que era Nossa Senhora pensou mencionar:
não dá a graça de Deus, com a maior singeleza,
qualquer feiticeira, uma santa, ou até fada...
Aumentada a capela, a Madona entronizada
usava manto negro e a cobria um negro véu,
os aldeões protegendo na marcha para o céu.
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