O TERCEIRO HÓSPEDE III
Então Macário encontrou um galho duro,
mas de haste bem fina e foi serrando:
fez dois tarugos e depois foi empurrando
nos buracos em que um dia houvera pregos
e no cabo que cortara, abriu dois regos,
enfiando uma cavilha em cada furo,
para cortar depois, pacientemente,
de cada lado, a ponta que sobrara;
fizera inchar o pedaço que ficara,
pondo-lhe água até ficar bem preso,
deixando o cabo perfeitamente teso
e capaz de aguentar golpe potente.
Foi desse modo que Macário conseguiu
um excelente instrumento de trabalho,
com que podia cortar um grosso galho
e aumentou suas cargas, bem contente,
vendendo, por um preço diferente,
cada acha grossa que agora produzia...
O TERCEIRO HÓSPEDE IV
Mas embora sua renda melhorasse,
seus filhos aumentaram mais depressa:
teve dez, teve doze; e depois dessa,
procurou ficar longe da mulher:
não poderia sustentar, com seu mister,
mais nenhum filho que ela lhe gerasse.
Todos os dias comia raízes e frutinhas
e fizera uma vasilha de taquara,
comprida e grossa, carregada numa vara,
que de água enchia; e assim, a toda hora,
a fome se enganava e ia embora,
enquanto mastigava umas folhinhas.
E às vezes, conseguia roubar mel,
enxotando as abelhas da colmeia,
que levava para a esposa, Rosicleia,
com as frutas que pudesse carregar,
e que seus filhos vinham logo disputar,
breve consolo para o amargor de fel...
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