domingo, 28 de janeiro de 2024


 

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO I – 18 DEZ 23

 

Deus Jehovah, poderoso e onisciente,

teve consciência de que certos rumores

na mente fiel dos mais fiéis seguirores,

sobre um certo dom que deveria estar presente,

 

na mente dos humanos, estranha gente,

mas não na mente de qualquer dos anjos

e nem ao menos na mente dos arcanjos,

o livre-arbítrio a perturbar sua mente,

 

não que o houvesse de fato concedido,

mas que os humanos, com o fruto proibido,

o haviam recebido ao ser desobedientes,

 

o Jardim do Paraíso assim perdido,

antes que de novo mostrassem-se indigentes

e um outro fruto tivessem adquirido.

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO II

 

Este lhes daria o final conhecimento

do Bem e do Mal e para a eternidade

teriam longas vidas em plena saciedade

e assim poderiam viver a seu contento.

 

Porém os anjos não receberam tal portento,

sendo incapazes de qualquer iniquidade,

obedecendo na maior fidelidade,

na plenitude de seu próprio entendimento.

 

Não compreendiam porque seres imperfeitos,

que haviam sido criados desde o pó,

não de divina matéria angelical,

 

pudessem ter do livre-arbítrio esses direitos,

sem compromisso com rancor ou qualquer dó,

ao invés dos moradores do solo divinal.

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO III

 

Então Jehovah convocou os Arcanjos Sete,

que se prostraram diante Dele em obediência,

depois se ergueram na humildade da paciência:

nenhum rancor em suas mentes se intromete,

 

que então Jehovah sobre suas mentes se projete

e os encare na mais total benevolência,

vendo que alguns Lhe lamentam a beneficência

do Livre-Arbítrio que só aos homens subjete

 

e projetou-lhes um claro pensamento:

“Alguns de vós estão a monstrar incompreensão,

pois lhes darei uma escolha individual.”

 

Colhendo o ouro de uma nuvem em seu alento,

o distribuiu aos Sete em julgamento:

”Tendes agora poder de escolha em dom real.”

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO IV – 19 dezembro 2023

 

Os Sete Arcanjos entreolharam-se indecisos.

Falou Dumael, o protetor do nascimento:

“Senhor meu Deus, não necessita tal portento,

mas a recusa de dons tão incisivos

 

“seria ingratidão. Tenho motivos bem precisos,

vou empregá-los a proteger cada rebento

que for abortado ou ameaçadoem algum momento

poder a vida perder sem mais avisos...”

 

“Com este dom, aumentarei Tua glória

e a pura honra que recebereis frequente

desses filhos que Criaste desde a poeira:

 

“que se multipliquem através da história,

enchendo a Terra em obediência permanente,

até o vale e a montanha derradeira.”

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO V

 

Disse Uriel, o protetor da vida:

”Senhor meu pai, não mereço o donativo,

é tão só para servi-Lo que aqui vivo,

mas recusá-lo seria coisa inconcebida,

 

“seria ingratidão e ofensa mal havida,

portanto o empregarei em dote ativo,

na proteção de Teu povo tão altivo,

dos terremotos e dos vulcões dar-lhe guarida,

 

“assim os apoiarei em permanência,

sem fome passarem, penúria ou doença,

para que possam Teus louvores decantar

 

“e mais ainda que tal divina complacência

sirva de modo a reforçar sua crença

e o Livre-Arbítrio melhor saber aproveitar.”

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO VI

 

Então Azrael, o Arcanjo Protetor da Morte,

“Também eu, meu Deus e Pai, não necessito

para mim esse Teu dom assim bendito;

protegerei então da infeliz sorte

 

“os que tombarem da batalha em corte,

os que morrerem em acidente aflito,

os afogados em Teu mar quase infinito

e assim os recolherei com braço forte.

 

“Darei aos corpos a necessária sepultura

e as suas almas para Ti conduzirei,

por entre os passos do sendeiro estreito;

“pelo Teu dom tornarei cada alma pura

e em plena graça todos eles levarei,

que o Livre-Arbítrio saibam usar direito.”

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO VII – 20 dez 2023

 

Falou então o Arcanjo Rafael:

“Igual que meus irmãos não saberei

como o usar, mas não recusarei

essa Tua dádiva tão doce quanto o mel,

 

“mas não a posso utilizar em meu quartel,

porém no Cofre das Bênçãos então a lançarei,

que sejam distribuídos também as administarei,

pelo quadro da vida no mais ínclito pincel.”

 

A tudo isso Jehovah nada dizia,

somente observava com divinal paciência

como os Arcanjos tal arbítrio usavam

 

e até que ponto cada qual exerceria

o usufruto da divina Providência,

até que ponto com tal bem se adaptavam.

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO VIII

 

Tomou a palavra o Arcanjo Gabriel:

“Senhor, fizeste de mim Teu mensageiro

e com Tuas tropas divinas é corriqueiro

que me ocupe pelo poder de Teu anel.

 

“Mas que farei com este dom em tal quartel?

Depositá-lo antes pretendo bem ligeiro

no Cofre das Graças, que em dom alvissareiro

se distribuam, quais favos de mel!...”

 

Deus Jehovah novamente se calou,

a observar o resultado da experiência,

vendo como Seus Arcanjos reagiriam,

 

se com os dois restantes então se comprovou,

como aos Tronos e Dominações da Providência,

ou às Potestades de qual modo reagiriam...

 

DE MIGUEL E O DRAGÃO IX

 

Provados cinco, nenhum ressentimento

viera à tona nas respostas recebidas.

Disse então Miguel Arcanjo, recolhidas

suas reações em pleno assentimento.

 

“Senhor meu Deus, construirei um vasto assento,

uma pirâmide para que os homens convertidos

pela Tua graça e a Teu poder reconhecidos,

possam louvar-Te com o maior contentamento.”

 

E o Arcanjo Luciel enfim falou:

“Vou adquirir vastos campos de cultivo,

darei emprego a muitos camponeses;

 

“cada colheita que da terra resultou

distribuirei como o máximo incentivo,

alimentando suas famílias e igual suas rezes.”

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