NOVAS SÉRIES DE
PIADAS
William Lagos
O ANÃO ASSASSINO I – 22 JUN
14
Chegou a condessa ao
castelo, de carruagem,
com seu filho, um menino
inteligente,
porém muito orgulhoso e
impertinente
e logo veio para abrir-lhes
o portão
um corcunda, que mal tinha um
metro e vinte
e o garoto gritou: “Olha o
anão!
Que bicho feio! Como é que têm coragem?
Lá isso é um empregado que
se pinte?”
O ANÃO ASSASSINO II
“Não fale desse jeito!” – a
mãe lhe disse –
“Pois o coitado até
ofender-se poderá...”
“Mas que diferença isso me
fará?
Esse monstrinho nem sequer é
gente!...
Até eu sou mais alto do que
ele!...”
Mas o anão fingiu estar
indiferente,
fazendo grande esforço, até
que abrisse
o portão, tarefa que nem era
dele...
O ANÃO ASSASSINO III
A carruagem cruzou o pátio até
a porta
e o mordomo os recebeu,
alvoroçado:
“Senhora Condessa, não ouvi
que tinha tocado!...
– enquanto o portão o anão
fechava...
“Meu cocheiro nem
tocou. O seu porteiro
viu a carruagem quando se
aproximava...”
Ficou o mordomo com a cara
meio torta:
“Mas quem lhe abriu foi o
nosso jardineiro!...”
O ANÃO ASSASSINO IV
Entraram a condessa e o seu
menino.
“Você é inútil para ser
porteiro!”
– disse o garoto, com jeito
sobranceiro.
“Eu sou o mordomo, senhor!
Vou repreender
o porteiro porque não veio
lhe atender...”
“Se é o mordomo, sua função
devia saber!”
“Meu filho,” – falou a
condessa – “Seja fino!...”
“Essa ralé então que cumpra
o seu dever!...”
O ANÃO ASSASSINO V
Porém nos dias que depois
seguiram,
o filho da condessa
destratou
a cada um dos empregados;
reclamou
do banho, da cama, da
comida...
A condessa estava bem
envergonhada;
era visita, afinal, bem
recebida
pelo grão-duque, com quem
era aparentada,
porém real desaprovação seus
olhos viram...
O ANÃO ASSASSINO VI
Mas o moleque entrava na cozinha
e ofendia diretamente o
cozinheiro;
foi ao jardim e chutou o
jardineiro
e depois disso, se enfiou na
estrebaria,
com uma vara batendo nos
cavalos;
quebrando vasos na maior
estripulia,
derrubando uma terrina nos
abalos
da rasteira que passou na
copeirinha!...
O ANAO ASSASSINO VII
E no outro dia, pôs-se
pedras a jogar,
procurando quebrar cada
vidraça;
quis acertar uma pombinha,
por pirraça,
mas derrubou uma telha o mau
menino
que direto na cabeça lhe
caiu!...
E a condessa exigiu que o
assassino
a polícia viesse a executar,
que bem depressa um culpado
descobriu!
O ANÃO ASSASSINO VIII
Não havia dúvida: tinha sido
o jardineiro!
A polícia interrogou os
empregados,
todos estavam bastante
assustados,
após saberem da morte do
menino...
E indagaram se tinham pista
ou opinião
sobre quem poderia ser o
assassino;
e todos eles, do último ao
primeiro,
responderam bem depressa:
“Ah, não!...”
PIADAS DO BARNABÉ
O OPERÁRIO I – 23 JUN 14
O operário foi queixar-se ao
sindicato:
“O meu emprego é muito ruim,
doutor!
Eu tenho de trabalhar feito
um horror;
do capataz ainda escuto
desacato!...”
“Levanto às cinco e gasto
meu sapato
até a pedreira, que é longe
que é um pavor!
Quebro pedra sem capacete
protetor,
depois carrego o caminhão, um
triste fato!”
“Sobre as pedras eu viajo
empoleirado
e tenho de pular, na maior
pressa,
ou a caçamba me descarrega
junto!”
“Carrego tijolo e cimento
até ficar cansado
e o meu patrão de reclamar
não cessa,
ai, seu doutor, assim vou
virar presunto!”
O OPERÁRIO II
“Ninguém me deu um
vale-refeição,
vou pro serviço só com um
gole de café;
quentinha a minha barriga
até que é,
mas só chacoalha, porque não
tenho pão!”
“Por que o senhor não troca
de profissão?”
“Doutor divogado, bem que eu
queria até,
mas não sei fazer mais nada,
nem dar ré!
Trabalho duro para o meu
patrão!...”
“Está certo,” concordou o
funcionário,
“Nós vamos os seus direitos
garantir...
Uma tarefa assim é até
malsã...”
“Insalubridade lhe vamos
conseguir...
Há quanto tempo nesse
emprego começou?”
“Ah, seu doutor, vou
principiar só amanhã!...”
FALECIMENTOS – 23 JUN 14
O borracho tomava a sua caninha
e começou a se queixar para os amigos:
“Ai, esta vida tem tantos perigos!
Minha família morreu toda, coitadinha!...”
“Mas de que foi que a sua gente morreu?”
“A senhora minha mãe morreu de Vinha...”
“Era adivinha? Mas o que foi que sucedeu?”
“Ela pensou que o bonde ia e o bonde
vinha...”
“Pois o meu pai morreu de Derramou...”
“De derrame?” “Não, ele guiava um caminhão,
deu uma batida, fez um estourão,
abriu a porta e ele se derramou...”
“Minha irmã, a pobre, morreu de Panela...”
“Mas como assim, estourou o botijão?”
“Ela cruzou a rua com desatenção,
e o caminhão do meu pai fez Pá! Nela...”
“E o meu irmão morreu de Lacaiu!...
Ele escutou a barulhada lá na rua...
Era de noite, não se via à luz da Lua,
enfiou a cabeça e lá a janela caiu!...”
“Pior minha prima, que morreu de Maria...”
“Mas como assim?” “É que ela foi à praia,
tirou os sapatos, arregaçou a saia,
pensou que o mar vinha e o mar ia...”
***
*** ***
Para o Pelé fizeram homenagem:
colocaram num trono, como um rei,
saíram a carregar, tocando apito...
Mas disse o Barnabé: “Eu me enganei,
aquela gente carregando com coragem...
Pensei que fosse para São Benedito!”
***
*** ***
Por que baiano vira madeira de lei,
assim que começa a engatinhar...?
É que a mãe diz: “Ai, meu rei!
Que gracinha! Ele já quer andá!”
COMPOSIÇÕES – 24 JUN 14
O BARNABÉ QUIS SER
COMPOSITOR,
“IGUAL ÀQUELE CONJUNTO LÁ DA
HORTA!”
“COMO ASSIM?” E RESPONDEU, COM
A LÍNGUA TORTA
“COMO AQUELESBEATLERRABAS, MEU SENHOR!”
“MAS ESCREVI UMA MÚSICA
MEXICANA
E ATÉ O CHAPÉU EU ME PRENDI
COM GOMA...
VEIO A POLÍCIA, QUIS ME PÔR
EM CANA,
MAS EU CANTEI: TUTUTUTARUIM, PALOMA!”
“DEPOIS ESCREVI UMA MÚSICA
EM INGLÊS;
O NOME DELA É BONITO: I KNOW...”
“AI NÔU? E COMO É QUE COMEÇOU...?
“Ai, no sertão houve uma
vez...”
“MAS TEM OUTRA QUE, ESSA
SIM, FOI UM LUXO!
ERA MIPRI – EU ESCREVI EM FRANCÊS...
VOU LHE CANTAR E VAI FICAR
FREGUÊS:
MI PRIGUNTARAM SE EU SOU GAÚCHO...”
*** ***
***
O BARNABÉ FOI LÁ NA PRAIA UM
DIA,
VER AS GAROTAS NUMA PRAIA DE
NUDISTAS...
“Bom pra saúde, o sol!”
alguém dizia...
“Que nada! É bom mesmo pras vistas!”
*** ***
***
O BARNABÉ SAIU VENDENDO OVO
E UVA ,
PASSOU NA RUA, OFERECENDO À
TOA...
BOFETADA ELE LEVOU DE UMA
VIÚVA:
ELE GRITAVA: “OVO E UVA BOA!”
JAPONÊS NO RESTAURANTE – 25 JUN 14
Entrou num restaurante o japonês
e o garçom veio logo lhe atender.
“Pois não!
O que o senhor vai querer?”
“Eu não faro muito bem porotuguês...”
“Não me lemboro do nome dessa boia...
Mas sabe aquera guerra do cavaro...?
Com mir sordado que ari dêntoro moro...?”
“O senhor quer dizer, a Guerra de Tróia?...”
“É isso mermo! E quem foi a tal muier
que eres foro e robaro na sua terra
e depois acabaro nessa guerra?”
“Helena de Tróia, é o que senhor quer...”
“Pois é, né?
E o marido dessa Herena,
como era o nome?” “Ora, era Menelau!”
“Agora recordei de toda a cena:
Eu quero é uma água Minerau!...”
O garçom foi buscar a mineral...
“E que mais que o senhor vai querer?”
“Eu continuo esses nome a me esquecer...
Diga outro nome da garafa, afinal...”
“O senhor quer dizer, quem sabe, um litro?”
“E quar a ave que só faiz gru-gru...?”
“Glu-glu?
O senhor quer pedir peru...?”
“Ah, não, eu quero só um piruritro!...”
Foi o garçom lhe trazer um pirulito...
“Mas, senhor, isso é apenas sobremesa...
Vai querer uma outra coisa, com certeza...
Mas diga logo, já estou ficando aflito!...
“Eu recordei, onde é que põem a gente
morta?”
“No cemitério!... Na cidade dos pés-junto!...”
“É isso mermo!...” Falou com a língua torta:
“Eu quero é um sanduíche de presunto!...”
Saiu o garçom e foi buscar o sanduíche,
a sua paciência logo se esgotando:
“Olhe, o patrão já está me reclamando!
Gastei todo esse tempo e o pedido foi tão
miche!”
“Vou lhe trazer a conta...” “Mas o que é que
fura?”
“Como assim?
Está falando grego?”
“O que fura na parede...” “Será o prego?”
“Isso mermo!
A conta você agora pindura!...”
OS DOIS CAIPIRAS I – 26 JUN 14
Zeca e Juca trabalhavam em plantação,
de sol a sol e entra mês, sai mês,
quando a paciência de um deles se desfez:
“Não posso mais com a minha situação!”
“É um mês inteiro de capinação,
da semeadura já chegou a vez
e assim que essa parte a gente fez,
já chega a hora de colher a produção...”
“Metade não se come. É pra
semente;
o que se vende, nos rende uma miséria!
A vida inteira sem uma novidade...”
“É o intermediário que só explora a gente!...
Tomei, compadre, decisão bem séria:
vou me mudar amanhã para a cidade!...”
OS DOIS CAIPIRAS II
“Olhe, compadre, não fale desse jeito!
Diga: ‘Eu vou me mudar, se Deus quiser...’”
“Vou me mudar, até se Deus não quer,
a vida é minha e tenho o meu direito!...”
Mas Deus ouviu a blasfêmia do sujeito,
porque Ele escuta quanto se disser;
Dele provém o quanto der e vier;
devemos sempre tratá-Lo com respeito!
E sabiamente, resolveu-se a castigar
o tal caipira por sua impertinência,
todo orgulhoso, feito galo inchando o papo!
E ao ver como ele estava a se gabar,
para mostrar qual era a sua potência,
sem perder tempo, o transformou num sapo!
OS DOIS CAIPIRAS III
E lá se foi o caipira para o brejo,
um sapo enorme, verde e enverrugado,
falando ainda!... “Ai, paguei o meu pecado,
compadre!... Deus castigou o meu desejo!,,,”
Disse o compadre: “Zeca, eu te protejo;
sigo cuidando do nosso cercado,
metade é sua quando for perdoado;
eu passo aqui todos os dias e te vejo...”
Ficou o Zeca no meio da lagoa,
comendo mosca e namorando sapa,
até que um dia ele se arrependeu,
a lamentar aquela vida à toa...
Deus teve pena, cobriu-o com sua capa
e num caipira de novo o converteu!...
OS DOIS CAIPIRAS IV
Chegou alegre e o compadre o recebeu,
os dois de novo a cuidar da plantação,
dia e noite, numa só capinação,
depois plantio, depois colher o que nasceu...
Daí a um tempo, do castigo se esqueceu,
de novo ao Juca só a fazer reclamação:
“Não aguento esta vida, meu irmão!...”
“Deus o perdoou, você não se arrependeu?”
“Eu me arrependi, sim, mas vou embora
para a cidade!” “Diga, ‘se Deus
quiser’,
compadre! Falar assim não é
coisa boa!...”
“Sabe o que mais? Cansei mesmo
nesta hora!
Vou pra cidade pro que der e vier!...
Se Deus não quiser, eu volto pra lagoa!...”
PIADAS DO PAULO PAIVA
ACIDENTE GAÚCHO I – 27 JUN 14
O gaúcho chegou ao trabalho todo machucado
e os colegas indagaram o acontecido...
E ele falou, completamente aborrecido:
“Foi uma guria que me deixou neste estado!”
“O quê? Te
bateu? Você foi atropelado?”
“Barbaridade, vou narrar-lhes o ocorrido...
Eu vinha pro serviço, distraído,
E vinha correndo uma china do outro lado!...”
“Só imaginem que ela estava no volante,
acelerando a mais de cem por hora,
pintando os olhos, sem nem a roda segurar!”
“Até que era uma prenda interessante,
Mas já entrava na minha faixa, sem demora!
Tchê, mal e
mal eu consegui me desviar!...”
ACIDENTE GAÚCHO II
“Mas, e aí?
Vocês dois se pecharam?”
“Tchê, levei um susto, no maior terror,
mas eu larguei depressa o barbeador
e no guidão os meus joelhos se firmaram!”
“Mas a bomba e o mate despencaram,
meu celular dentro da cuia, que pavor!
Interrompeu a chamada, foi um horror,
molhei as bombachas, meus dedos se queimaram!”
“Graças a Deus, que só bati no acostamento
e a chinoca ainda passou ventando;
dirigir ao hospital eu nem consigo!...”
“Chegou o SAMU e me deu pronto atendimento,
Mas pelo acidente ainda iam me culpando!
Bá, tchê!
Mulher no volante é um perigo!...”
O CHAMBRE E O PALA I – 27 JUN 14
Foi o gauchão a São Paulo se hospedar,
mas no café, quando foi pegar fiambre,
viu uma gente a usar robe de chambre
e das bombachas resolveu se envergonhar...
Voltou ao quarto para se trocar,
tirou as pilchas e colocou o pala,
era verão... Desceu de novo para a sala,
pegou o café e numa mesa foi sentar...
Aí sentiu calor e a aba do pala ele jogou
por cima do ombro, como era o seu costume
e ficou comendo e bebendo, tranquilaço!
Tava pelado por baixo!... E se espantou,
quando o segurança a situação assume
e o retirou bem depressa do pedaço!...
PEÃO VALENTE – 28 JUN 14
Rodrigo era peão, valente e domador,
mas um dia rodopiou, caiu sem jeito,
quebrou as pernas, não se tratou direito
e as feridas arruinaram que é um horror!
Levaram a Porto Alegre e lá o doutor
não conseguiu consertar mais o defeito
e degolou as duas pernas do sujeito!
Por sorte, o desinfeliz nem sentiu dor!...
Quando acordou da forte anestesia,
o médico lhe disse: “Tenho notícia boa e má.”
“Notícia má premero nestas horas...”
“Tuas duas pernas eu amputei na cirurgia...”
“Bá, doutor, depois notícia boa não há!...”
“Há sim, o anestesista quer comprar as tuas
esporas!”
DENTISTA
O peão foi consultar um dentista,
que lhe disse estar podre a embocadura...
“Vou ter de arrancar metade e uma dura
dentadura postiça vendo à vista...”
“Bá, doutor, é melhor que eu não resista,
Essas minhas dores de dente são tortura!”
“Vou lhe aplicar anestesia e logo a cura,
você nem sente e a dor logo se conquista...”
Lá pelas tantas, o paciente se acordou...
“Já despertou?
Notícia ruim e outra pior...”
“Ora, o que foi?
O senhor não terminou?”
“Ainda faltam quatro dentes neste dia...”
“Mas não faz mal, não estou sentindo dor...”
“Mas vai sentir.
Acabou minha anestesia...”
CRIAÇÃO DO ARGENTINO – 28 JUN 14
Naquele sábado, terminava já a tardinha,
deu um suspiro de alívio o Criador...
“Já completei minha tarefa, com fervor,
cada povo coloquei na sua terrinha...”
Mas, de repente, lembrança mais mesquinha:
“Ora, e a Argentina? Eu me esqueci, que horror!
Não criei nenhuma gente nesse andor...”
O Sol se punha...
O domingo logo vinha...
“Saecula
saeculorum!” – disse Ele,
aborrecido,
chutando forte uma bosta de vaca,
sujando desta forma o santo pé...
E lá estava, até então bem escondido,
o primeiro castelhano na cacaca...
Gritando: “Maradona é melhor do que o Pelé!”
PINTO VERDE I –29 JUN 14
Um brasileiro era metido a explorador
e foi procurar, nas terras do Japão,
Kokô Sima, ilha que nenhuma expedição
havia exibido nas tevês para o exterior...
Era a “Ilha Proibida” e, com terror,
até os japoneses evitavam tão região,
que raramente sofrera exploração...
“Ikenai! Não deve ir lá, senhor!...”
O brasileiro, porém, era teimoso;
comprou um mapa e uma lancha a motor,
achou a ilha e foi lá desembarcar...
Porém andava bastante cauteloso,
temendo algum monstro ou outro pavor,
mas deu a volta, sem ali nada encontrar...
O PINTO VERDE II
Isso é só
superstição dos japoneses!...
Decerto pensam em
qualquer assombração...
Mas só existe por
aqui esse vulcão,
O Kokô Yama, que
fumega há alguns meses...
Era um lugar bonito, embora, às vezes,
se espantasse, vendo incomum coloração
naquelas árvores de vistosa floração,
tudo filmando para futuros fregueses...
Era uma ilha, afinal, desconhecida...
De Kokô Sima iria vender a imagem
e decerto, faturar um bom dinheiro...
A estranhos pássaros Kokô dava guarida;
sendo pretos, se ocultavam na paisagem
e às vezes, surpreendiam o brasileiro...
O PINTO VERDE III
Nesse momento, viu pinheiro muito estranho,
as suas agulhas longas e encarnadas,
com frutas negras, bastante perfumadas,
porém as encarou com um certo acanho...
Mas então viu dos pássaros o assanho,
comendo as frutas em negras revoadas...
Pensou: As aves comem e não são envenenadas,
Não há razão para
um receio assim tamanho...
Colheu então uma dúzia de frutinhas,
com medo apenas de levar umas bicadas
e as foi comendo, ainda com cuidado...
Mas tinham gosto de ameixas madurinhas...
E até catou umas sementes espalhadas,
que aquelas frutas o haviam deliciado...
O PINTO VERDE IV
Daí a um mês, já de volta no Brasil,
passou a sentir uma forte comichão...
Levou um susto, pior que de assombração,
porque lhe sucedia coisa vil!...
O seu pinto foi ficando cor de anil
e depois verde, e qualquer ensaboação
não adiantava, insistiu na esfregação,
chegou a pensar em passar um esmeril!
Foi consultar o seu médico a seguir,
que lhe disse ser uma forte infecção;
de antibióticos lhe deu grande injeção;
cem comprimidos obrigou-o a ingerir,
porém o verde começou a se espretear
e disse o médico: “Não tem jeito: vou cortar!”
O PINTO VERDE V
Desesperado, foi falar com um amigo:
“Cara, eu não quero ser castrado!
Não sou gato, para depois ficar deitado
numa almofada!
Assim viver eu não consigo!”
“Conselho não adianta, mas lhe digo:
conheço um médico japonês muito afamado;
quem consultou, somente o tem louvado,
talvez ele lhe evite um tal perigo!...”
E lá se foi o pobre explorador,
para a consulta com o médico japonês,
que antes mesmo de o examinar,
já foi dizendo: “Foi ao Japão, não foi, senhor?
Brasileiro por aqui só é meu freguês,
Quando doença de japonês foi arranjar...”
O PINTO VERDE VI
“É o meu pinto, doutor, que se esverdeou...”
“Já sei, quando o senhor andou pelo Japão,
em Kokô Sima foi fazer exploração...
Disseram que não fosse, mas desobedeceu...”
“É perigosa aquela ilha do vulcão:
muita cinza radioativa ali desceu...
O senhor viu passarinho que comeu
umas frutinhas e quis fazer imitação...”
“Eles tiveram tempo para se aclimatar...
Vou comeu as frutas com toda a coragem,
porque viu não fazer mal a passarinho...”
“E um doutor brasileiro agora quer cortar
o seu pinto, não é?
Pura bobagem!
Espere um mês, que ele vai cair sozinho!...”
POSIÇÃO – 30 JUN 14
Jesus
Cristo, em Sua sabedoria,
em
parábolas transmitia sua mensagem;
quem
O escutava, criava nova imagem
e
em nova vida, então, procederia!...
Ele
afirmava que o pobre acabaria,
desde
que honesto e vivendo sem miragem,
por
conquistar o Paraíso, com coragem,
enquanto
o rico para entrar mais sofreria...
Ele
dizia: “Os últimos serão os primeiros
e
os primeiros serão os últimos”; e então
toda
a audiência Nele cria, sem receio...
“Mas,
Senhor,” indagaram forasteiros,
“E
os do meio, em que ponto ficarão?”
“Ora,
os do meio continuarão no meio!...”
A
VIOLONCELISTA – 30 JUN 14
A
grande orquestra contratou violoncelista,
que
era uma loura bonita, realmente,
mas
nos ensaios, ela chegava, bem frequente,
meio
atrasada, porém seguia a lista
correta
da partitura. Para quem pouco o avista,
o
violoncelo fica entre as pernas da gente;
a
mão esquerda dedilha; a direita, firmemente,
maneja
o arco e a melodia assim conquista.
Mas
certo dia, a infeliz desafinou...
“Entre
as pernas,” disse-lhe o regente,
“tem
um instrumento maravilhoso, de epopeia!”
“E
se a senhora o tocar, como mandou
o
compositor, virada bem de frente,
grande
prazer ira dar para a plateia!...”
O
MINEIRO – 30 JUN 14
Foi
o capiau na Quinta da Boa Vista,
para
dizer que estivera no Museu;
e
muita coisa bonita conheceu,
que
as relíquias do Império ali avista!
Meio
cansado já estava dessa pista
e
de seguir a excursão se arrependeu...
Lá
pelas tantas, uma cadeira apareceu
e
ele sentou, aliviado em sua conquista...
Mas
de repente, um guarda apareceu:
“Que
está fazendo? Vai deixar o assento
imundo!
Vá
procurar uma cadeira em outro canto!...”
“Cheguei
primeiro! Este lugar é meu!”
“Mas
esse é o Trono de Dom Pedro Segundo!”
“Tá
bom, se ele chegar, eu me levanto!...”
LÃMPADA MÁGICA – 01
JUL 14
UMA GAROTA SAIU NA
PRAIA A CAMINHAR,
QUANDO CHUTOU UMA
LÂMPADA MUITO ANTIGA.
“QUE MARAVILHA! TALVEZ AGORA EU CONSIGA
TODAS AS COISAS QUE SEMPRE QUIS AMAR”
DITO E FEITO: TÃO
LOGO FOI A LÂMPADA ESFREGAR
SAIU UM GÊNIO: “TEM
TRÊS DESEJOS, MINHA AMIGA,
MAS JÁ LHE AVISO,
PARA SUA PIOR INIMIGA,
VOU DAR EM DOBRO
TUDO O QUE ME SUPLICAR...”
“Está certo: então
me dê uma mansão!”
E três mansões
surgiram de imediato...
“Agora eu quero que
me dê um milhão!”
SUA INIMIGA GANHOU
DOIS, QUE TRISTE FATO!
DISSE A GAROTA, COM
A CARA UM TANTO TORTA:
“ME DÊ UMA SOVA,
ATÉ QUE EU FIQUE MEIO MORTA!”
PAPA ARGENTINO – O1
JUL 14
MUITA GENTE COM A
ELEIÇÃO SE INCOMODOU
DE UM NOVO PAPA,
NASCIDO NA ARGENTINA;
E POR MAIS QUE ELE
FOSSE GENTE FINA,
ERA CASTELHANO E
ESSA GENTE NÃO GOSTOU...
“NÃO SEI POR QUE
NOSSO SENHOR CONCORDOU!
DE UM BRASILEIRO
DEVERIA SER TAL SINA!
AO PAÍS MAIS
CATÓLICO É QUE SE DESTINA
QUEM TODA A IGREJA
AGORA COMANDOU!...”
PORÉM DEUS OS
ESCUTOU PACIENTEMENTE
OUVINDO AS QUEIXAS
DOS CRENTES DO BRASIL:
“EU MUITO AMO O
VOSSO CATOLICISMO,
MAS É QUE EU SOU
BRASILEIRO, MINHA GENTE!
ESTA ELEIÇÃO TERIA
UM RESULTADO VIL,
PORQUE A SUA LEI
PROÍBE O NEPOTISMO!...”
PEDIDO DE DIVÓRCIO
– 01 JUL 14
O MANUEL FOI PARA
OS ESTADOS UNIDOS,
SEM SABER BEM EM
QUE ESTADO IA MORAR;
TODA SEMANA ELE
VINHA TELEFONAR
PARA CONTAR OS
RESULTADOS OBTIDOS
PARA A MARIA, QUE
COMEÇOU A SE APAVORAR
E DO DIVÓRCIO FOI
ENTRANDO COM OS PEDIDOS,
DIZENDO QUE ESTAVAM
MESMO DESUNIDOS
E QUE O MARIDO
TINHA INTENÇÃO DE A ABANDONAR...
MAS DISSE O
ADVOGADO: “ELE NÃO FOI TRABALHAR?”
“POIS É, MAS COM
UMA GEÓRGIA SE ENCANTOU;
DEPOIS SE
ENRABICHOU POR UMA CAROLINA...
DE CADA VEZ ME
ARRANJA OUTRA MENINA!...
AGORA COM UMA
VIRGINIA QUER MORAR!...
ORA, O NOSSO
CASAMENTO SE ACABOU!...”
O COPISTA I – 01 JUL 14
(Homenagem a Walter Oliveira
Dias]
Foi admitido um noviço num
mosteiro,
logo a seguir à biblioteca
encaminhado
e a copiar velhos manuscritos
ordenado,
mas estranhou sua tarefa bem
ligeiro...
“Senhor abade, não sei se sou o
primeiro
a ficar com este sistema
perturbado,
mas meus irmãos, eu vejo, têm
copiado
cópias de cópias, como eu faço
derradeiro...”
“Claro, meu filho, preservamos o
original,
senão se estragaria facilmente...
não podemos permitir seu
manuseio...”
“Perdoe minha ousadia, mas
afinal,
se houver um erro de cópia
inicialmente
será sempre mantido, assim
receio...”
O COPISTA II
“Podem pular uma palavra ou uma
sentença
ou trocar letras, por
inabilidade...”
“Meu filho, tudo revisamos, na
verdade...
Não é tão fácil um erro, como
pensa...”
Desculpou-se o noviço pela
ofensa,
sendo perdoado, com
magnanimidade;
porém deixou curioso o velho
abade,
que foi ao porão, onde reserva
imensa
de manuscritos originais eram
guardados...
No outro dia, deram falta dele
e finalmente o foram procurar...
Tirara o hábito, tinha gestos
tresloucados!
Ninguém sabia o que acontecera
com ele,
a comunidade inteira a se
assombrar...
O NOVIÇO III
Finalmente, o carregaram para a
cela,
sob os cuidados do médico da
abadia;
deram-lhe chás e tisanas, quanto
havia,
fervia-lhe a testa enquanto o
sangue gela...
Os manuscritos retiraram da
procela
pois misturados deixar não se podia
e descobriram o que o abade lia:
a velha Regra da Ordem a que ele
apela...
Eventualmente, quando recobrou a
razão,
ele mandou convocar o tal
noviço...
“Meu filho, descobriu toda a
verdade!”
“É diferente a nossa Regra no
porão:
não exigia a Castidade, em seu
início:
o nosso voto inicial... foi
Caridade!...”
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