O URSO BICARBONATO
(Folclore dos Estados Unidos, tradução,
adaptação e versão poética de William
Lagos, 14/10/2018)
O URSO BICARBONATO
– 14/10/2018
A VELHA DA MOSCA
(versão revisada) – 15/10/2018
A JIBÓIA (versão
revisada) – 15/10/2018
QUEM É O MEU PAPAI?
– 15/10/2018
A GELATINA –
16/10/2018
PRESENTE DE
ANIVERSÁRIO – 16/10/2018
CAVALOS DE FORÇA –
16/10/2019
O URSO BICARBONATO I -- 14/10/2018
Nos Cafundós do Judas havia uma
fazendinha,
Em que moravam um Avozinho e uma
Avozinha,
Acompanhados por um Netinho e uma
Netinha,
Numa casa pequena, mas muito bonitinha.
A Netinha ajudava a Avozinha na cozinha
E o Netinho ajudava o Avozinho pela
granja;
Não era muito grande e seu trabalho era
canja;
A historinha não conta a respeito dos
pais,
Decerto trabalhavam em lugar longe demais
E só podiam fazer visita bem curtinha!...
O URSO BICARBONATO II
Certo dia, o Avozinho falou para a Avozinha:
“Tenho saudade daqueles pratos de rosquinha
Que você me fazia, sempre gostosinha!”
E a Avozinha disse: “Com a ajuda da Netinha,
Vou fazer uma fornada desa sua bolachinha!”
Porém na sua receita levava Bicarbonato
De Sódio, para deixar bem mais compacto
E então, ela pediu: “Meu querido Netinho,
Vai até o armazém para comprar um
pacotinho...
Vai num pé só e volta depressinha!...”
O URSO BICARBONATO III
O Netinho pegou o dinheiro e foi comprar
Lá no armazem o Bicarbonato foi pegar
E o dono da venda foi depressa procurar
E colocou numa sacola de papel para
entregar
E o Netinho voltou, bem depressa a
caminhar!
Mas no meio do caminho havia uma ponte
E ali morava um Urso! E é preciso que te conte,
Chamado Sody Sallyraytus, que adorava
Bicarbonato de Sódio e depressa farejava
Qualquer pacote que na ponte via passar!
O URSO BICARBONATO IV
Quando o Netinho do armazém voltou
Sody Sallyraytus ao Bicarbonato farejou!
E pela margem depressa ele trepou
E sobre a ponte depressa se enfiou:
“É Bicarbonato de Sódio que você comprou?
Pois passe para cá, que eu vou engolir!”
O Netinho se assustou, porém quis resistir:
“Comprei no armazém para a minha Avozinha,
Que me mandou buscar para fazer rosquinha!...
Rugiu o Urso: “O seu Bicarbonato me negou?”
O URSO BICARBONATO V
“POIS VOU ENGOLIR VOCÊ INTEIRO MAIS O
PACOTINHO!”
O Netinho quis fugir, mas o Urso,
ligeirinho,
Abriu o seu bocão e o engoliu todo
inteirinho,
Mais o Bicarbonato de Sódio completinho;
Deu um arroto e retornou para o
riozinho...
A Avozinha já estranhou tanta demora:
Ele devia retornar há mais de hora!
Menino arteiro, deve estar brincando
E o meu serviço fica demorando!...
Onde será que se meteu o levadinho...?
O URSO BICARBONATO VI
Então a Avozinha falou para o Avozinho:
“Avozinho, vá depressa procurar o seu
Netinho,
Senão, não posso fazer seu biscoitinho.”
Disse o Avozinho: “Estou muito cansadinho,
Levantei cedo e trabalhei hoje sozinho!
Você mandou meu Netinho ao armazém
E a parte dele tive de fazer também!...”
Então a Netinha falou, bem satisfeita:
“Deixe que eu vou. Sei onde ele se deita
Quando se cansa no meio do caminho!...”
O URSO BICARBONATO VII
Disse a Avozinha: “Mas quem vai me
ajudar?
Estou velhinha, tenho de fazer o jantar,
Além das bolachinhas. Seu irmão vai me atrasar!”
Mas a família tinha um Esquilinho para
criar:
Sobre a tampa da lareira costumava se
deitar...
Disse o Esquilinho: “Vovó, deixe que eu
vou!”
Mas a Avozinha ao Esquilinho não deixou:
“Você é muito pequeno, vai demorar
demais,
A minha Netinha conhece bem os seus
sinais
E bem depressa o seu irmão vai
encontrar!...”
O URSO BICARBONATO VIII
Então a Netinha foi atrás do seu irmão;
Passou pela ponte sem qualquer perturbação,
(Sody Sallyraytus fazia a sesta na ocasião)
E foi até o armazém para pedir informação.,
Porque seu irmãozinho não achou pela região;
Pelos lugares em que os dois brincavam
procurou
Mas em nenhum ponto a Netinha o encontrou
E assim ela chegou finalmente ao armazém
E disse o dono: “Olhe, o seu irmão também
Esteve aqui, mas já saiu faz um tempão!”
O URSO BICARBONATO IX
A Netinha pensou e tirou da sua bolsinha
A sua mesada, que estava guardadinha
E como ela era bem cuidadosinha
Comprou Bicarbonato com o dinheiro que
ela tinha!
Deu até logo e voltou bem depressinha...
Mas no momento em que na ponte ela
chegou,
Sody Sallyraytus novamente farejou
E subiu muito depressa pela margem!...
A Netinha o enfrentou, pois tinha
coragem,
Mas o Urso lhe rosnou: “Quero essa
sacolinha!”
O URSO BICARBONATO X
“Não dou, não dou! Comprei com meu dinheiro
E preciso voltar para casa bem ligeiro,
Minha Avozinha quer o Bicarbonato inteiro!
Não sei para onde foi o meu irmão arteiro...”
Mas o Urso respondeu, todo altaneiro:
“EU ENGOLI UM MENINO HÁ UMA HORA!
PASSE PARA CÁ O BICARBONATO SEM DEMORA!
SOU O URSO SODY SALLYRAYTUS BEM FEROZ!
SE NÃO ME DER, VAI TER DESTINO ATROZ!”
E o Urso, então, engoliu a Netinha, bem
faceiro!
O URSO BICARBONATO XI
Lá na fazendinha estranhavam a demora:
“Essa menina já saiu há mais de hora!
Achou o irmão que primeiro foi embora
E estão brincando os dois, Nossa Senhora!
A minha farinha vou ter de jogar fora!”
E o Esquilinho se ofereceu de novo:
“Eu sei cada lugar em que brinca esse
povo,
Vou procurar e encontro os dois bem
ligeirinho!”
Mas a Avozinha falou para o Avozinho:
“Vai, Avozinho! Quero o Bicarbonato agora!”
O URSO BICARBONATO XII
E lá se foi o Avozinho, bem depressa,
Pensando assim: Melhor que eu não me esqueça
E traga o Bicarbonato de Sódio para essa
Mulher mandona, antes que ela me peça!
Depois procuro meus netinhos, que estão nessa
Brincadeira já fazem duas horas
E lhes darei um bom castigo, sem demoras!”
E assim pensando, foi até o armazém:
“Seu Netinho esteve aqui e a Netinha também!
Quer outro pacotinho? É Bicarbonato à beça!...”
O URSO BICARBONATO XIII
Mas quando ele voltava, o Urso se acordou
E uma vez mais o Bicarbonato farejou!
E bem depressa para a ponte ele galgou:
“Avozinho, Bicarbonato você também comprou!
Passe logo para cá! – num rugido, ele
gritou!
“Ah, não!” – disse o Avozinho. “Eu comprei para a mulher
E não lhe darei um punhado sequer!”
SOU SODY SALLYRAYTUS, JÁ ENGOLI UM
GAROTINHO
E DEPOIS SUA IRMÃZINHA! ENTREGUE O
PACOTINHO,
SENÃO TE ENGULO TAMBÉM!” – o Urso
ameaçou!
O URSO BICARBONATO XIV
O Avozinho era valent: “De você não tenho
medo,
Se engolir o pacotinho, o Bicarbonato fica
azedo!
Engoliu meus netinhos, é esse o seu segredo!
Pois um sou grande demais, no teu olho enfio
o dedo!
Não consegue me engolir e o pacotinho eu não
cedo!”
Mas o Urso chegou perto e agarrou o Avozinho,
Mais o Bicarbonato e engoliu tudo,
inteirinho!
Soltou um grande arroto e desceu até o rio:
Acho que comi demais, está me dando frio,
Melhor na minha caverna me deitar bem quedo!
O URSO BICARBONATO XV
E a Avozinha começou a se zangar:
Será que o Avozinho se parou a conversar?
Meu Netinho e minha Netinha não foi procurar,
Nem o Bicarbonato de Sódio foi ele comprar!...
Já está ficando quase na hora do jantar,
Preciso ir procurar. Vou
colocar meu xale
E sair a caminhar ao longo desse vale!...
Mas do tampo da lareira falou o Esquinho:
“Não vai, Vovó, que eu vou ficar sozinho!
Se eu cair daqui, posso me machucar!...”
O URSO BICARBONATO XVI
Mas a Avozinha disse: “Fique quieto,
Esquilinho,
Só vou até o armazém. É perto, só um pulinho...
E se acaso primeiro aparecer o meu Netinho
Ou chegar a minha Netinha ou vier o Avozinho,
Diga a eles que já estou na metade do
caminho!”
E a Avozinha saiu, mas sem ninguém achar...
Sabem de uma coisa? Meu
Bicarbonato eu vou comprar!
E assim pela ponte passou sem interrupção,
Que Sody Sallyraytus não farejou nada na
ocasiao
E lá no armazém ela chegou, bem ligeirinho!
O URSO BICARBONATO XVII
“Olhe, Avozinha, seu Netinho esteve aqui
E depois a sua Netinha e o Avozinhio eu
vi,
Fazem três horas que o Netinho foi daqui,
Fazem duas horas que a Netinha eu atendi,
Faz uma hora que ao Avozinho eu vendi
Mais Bicarbonato e não sei o que
aconteceu...”
“Então me venda mais um!” E o vendeiro
lhe vendeu.
E assim a Avozinha até o tal ponte chegou
E Sody Sallyraytus mais Bicarbonato
farejou:
Mais outro pacotinho passava por ali!...
O URSO BICARBONATO XVIII
E bem depressa sobre a ponte ele trepou:
“Avozinha, mais Bicarbonato você hoje
comprou!
Me dê o pacotinho!” – o Urso Mau rosnou.
Mas a Avozinha disse: “É claro que eu não
dou!
O Bicarbonato que eu tinha na despensa se
acabou.
Este eu preciso para fazer o biscoitinho
Que hoje de manhã me pediu o Avozinho!”
Mas o Urso se zangou e foi gritando:
“O seu Bicarbonato você está me negando?”
“Saia do meu caminho!” – a Avozinha
protestou.
O URSO BICARBONATO XIX
EU SOU SODY SALLYRAYTUS E ENGOLI UM
GAROTINHO,
DEPOIS SUA IRMÃZINHA E AFINAL O AVOZINHO!
PASSE DEPRESSA PARA CÁ O PACOTINHO,
SENÃO TE ENGULO TAMBÉM! “Seu atrevidozinho,
Foi você que atacou minha gente no
caminho?”
FUI EU! FUI EU! VOU TE ENGOLIR TAMBÉM,
VÁ ME ENTREGANDO O BICARBONATO DO
ARMAZÉM!
Mas como a Avozinha não quis nada lhe
dar,
O
Urso abriu um bocão para a velhinha tragar
E mais o Bicarbonato e depois deu outro
arrotinho!
O URSO BICARBONATO XX
Ora, lá na fazenda ficou só o Esquilinho,
A olhar pela janela, ao longo do caminho,
A correr pela lareira, muito apressadinho:
E o meu jantar? Cadê o meu
pratinho?
E finalmente, para a mesa deu um pulinho
E da mesa, bem depressa, saltou para o chão,
Correu pela cozinha e saiu pelo portão;
E como ninguém da família ele encontrava,
Ao longo da estradinha velozmente se
apressava,
Chegando até a ponte, pulinho após pulinho!
O URSO BICARBONATO XXI
E assim pulou depressa até o armazém,
Esticou-se inteirinho para indagar
também.
O dono do armazém não o enxergou, porém,
E precisou guinchar com a vozinha que
tem,
Até que o vendedor o pôde enxergar bem.
“Mas você é o Esquilinho Falante da
granja...
Chegar até aqui decerto não foi canja!”
“Onde está a Avozinha? Onde está o Avozinho?
Onde se acha a Netinha? Onde se acha o Netinho?
A minha comidinha é preciso que me deem!”
O URSO BICARBONATO XXII
Mas o dono do armazém ficou muito intrigado:
“Olhe, Esquilinho, já faz um bom bocado
Que o Netinho esteve aqui muito apressado
E depois a Netinha a procurar esse avoado
E depois o Avozinho com o mesmo recado
E mais a Avozinha, para comprar Bicarbonato!
Será que um piquenique estão fazendo os
quatro?”
Pensou o Esquilinho: Não vão fazer sem mim!
E pela estrada voltou, a correr depressa
assim,
Até chegar à ponte e ver o Urso acordado!
O URSO BICARBONATO XXIII
“Seu Urso, por acaso você viu minha
Avozinha,
Meu Avozinho, meu Netinho e minha
Netinha?”
CLARO QUE EU VI! CHEGARAM DEPRESSINHA,
MAS EU ENGOLI O VELHINHO E A VELHINHA,
ENGOLI O GAROTO E ENGOLI A GAROTINHA
E AGORA TU VAIS SER A MINHA SOBREMESA!
E avançou bem depressa para a nova presa!
Mas o Esquilinho esticou a caudinha e
fugiu
Enquanto Sody Sallyraytus depressa o
perseguiu:
Aonde um corria, o outro também vinha!
O URSO BICARBONATO XXIV
Então o Esquilinho numa árvore subiu,
Mas ursos trepam em árvores e ali o
perseguiu;
Para a ponta de um galho o Esquilinho fugiu,
E Sody Sallyraytus acompanhá-lo conseguiu!
Depois o Esquilinho uma outra árvore viu
E deu breve pulinho e outro galho alcançou!
Sody Sallyraytus, cheio de raiva, então
berrou:
SE TU CONSEGUES FAZER COM TUAS PATINHAS,
EU TAMBÉM POSSO, POIS MAIORES SÃO AS MINHAS!
Mas calculou mal o pulo e o galho não
atingiu!
O URSO BICARBONATO XXV
Pois levou um enorme tombo e caiu até o
chão,
Quebrou a sua cabeça e abriu seu
barrigão!
Estava cheio demais pela enorme
refeição...
E a Avozinha olhou para fora e viu um
clarão:
“Ora, ora, até parece que se abriu um
portão!”
E saiu muito contente com o seu
pacotinho;
E com outro pacotinho, saiu o Avozinho
E a Netinha foi atrás, mais um a carregar
E o Netinho com o seu para fora foi
passar!
Ficou Sody Sallyraytus mortinho e sem
ação!
O URSO BICARBONATO XXVI
O Avozinho então falou: “Minha faca eu vou
buscar
E de Sody Sallyraytus toda a pele vou
esfolar!
Depois de se curtir, a Avozinha vai me
costurar
Um belo sobretudo que eu vou poder usar!”
Mas a Avozinha só pensava no jantar
E os quatro prosseguiram, cada qual com
pacotinho,
Caminhando bem depressa ao longo do caminho,
E o Esquilinho corria, mas ia se atrasando:
“Esperem por mim!” – dizia ele guinchando:
“Vocês andam muito depressa, não consigo
acompanhar!”
O URSO BICARBONATO XXVII
E assim, todos chegaram até a fazendinha.
A Avozinha foi direto até a cozinha
E preparou uma fornada com muita
bolachinha,
Ajudada alegremente por sua linda
Netinha,
Enquanto o Avozinho foi pegar a sua
faquinha
E com o seu Netinho todo o Urso foi
esfolar
E até pegaram carne para depois salgar
E quando retornaram os dois, bem
carregados,
Para comer bolachinhas foram convidados,
Dessa grande fornada que fizera a
Avozinha!
EPÍLOGO
Disse então a Avozinha: “Tenho Bicarbonato
Para muita comida e para limpar sapato!”
Ficou só o esqueleto do Urso no mato
E quando o Esquilinho pediu sua comidinha,
Foi ganhando bolachas e encheu a barriguinha
E lhe disse o Netinho: “Você hoje foi o herói!
Bastante bolachinha agora você rói!...”
OBSERVAÇÕES:
Na tradição europeia, quem se esconde sob as pontes são os Trolls. Mas os montanheses da região dos Montes
Appalaches o transformaram em um urso, ameaça bem mais conhecida. Também o nome foi sendo transformado por
pessoas iletradas, passando a história de boca em boca. De Sodium
Bicarbonate ou Baking Soda (literalmente
“soda de cozinhar”) derivou-se primeiro Soderatus
Soda e daí veio o nome Sody
Sallyraytus. Também é possível que
os imigrantes europeus tivessem na memória racial um nome específico dado a
algum Troll e aqui ocorresse um fenômeno de convergência.
A
VELHA DA MOSCA – 12 OUT 2018
Versão
Revisada em 15/10/2018
Conheço
uma velha que engoliu uma mosca!
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinha e assim não matou!
Na
sua barriga zunia a mosquinha,
Zumbia
e voava, fazendo cosquinha!
A
pobre da velha nunca mais ficou só!
Engolir
uma mosca só faz um coió!
Será
que ela morre?
Conheço
uma velha que engoliu uma aranha!
Donde
é que tirou uma bobagem tamanha?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinha e assim não matou!
Na
sua barriga andava a aranhinha,
Pulava
e saltava, fazendo cosquinha!
A
pobre da velha engoliu essa aranha!
Donde
é que tirou uma bobagem tamanha?
Engoliu
essa aranha para pegar a mosca!
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Será
que ela morre?
Conheço
uma velha que engoliu um canário!
Donde
é que tirou essa ideia de otário?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinho e assim não matou!
Na
sua barriga o canário cantava,
Voava
e piava, fazendo cosquinha!
Ficou
quase louca a pobre velhinha!
Engoliu
o canário para pegar a aranha,
Engoliu
a aranha para pegar a mosca,
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Será
que ela morre?
Conheço
uma velha que engoliu um gato!
Donde
é que tirou essa ideia de rato?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinho e assim não matou!
Na
sua barriga o gatinho pulava,
Miava
e saltava e cosquinha lhe dava,
Atrás
do canário e o canário voava,
Atrás
dessa aranha e a aranha girava,
Atrás
da mosquinha e nunca pegava!
Engoliu
o gatinho para pegar o canário,
Engoliu
o canário para pegar a aranha,
Engoliu
a aranha para pegar a mosca,
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Será
que ela morre?
Conheço
uma velha que engoliu um cachorro!
Donde
é que tirou essa ideia de zorro?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinho e assim não matou!
Na
sua barriga o cãozinho pulava,
Latia
e gania e cosquinha lhe dava,
Atrás
do gatinho e o gatinho miava,
Atrás
do canário e o canário voava
Atrás
dessa aranha e a aranha girava,
Atrás
da mosquinha e nunca pegava!
Engoliu
o cachorro para pegar o gatinho,
Engoliu
o gatinho para pegar o canário,
Engoliu
o canário para pegar a aranha,
Engoliu
a aranha para pegar a mosca,
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Será
que ela morre?
Conheço
uma velha que engoliu uma cegonha!
Donde
é que tirou essa ideia de pamonha?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinha e assim não matou!
Na
sua barriga a cegonha piava,
Pulava
e saltava e cosquinha lhe dava,
Atrás
do cachorro e o cachorro latia
Atrás
do gatinho e o gatinho miava,
Atrás
do canário e o canário voava
Atrás
dessa aranha e a aranha girava,
Atrás
da mosquinha e nunca pegava!
Engoliu
a cegonha para pegar o cachorro,
Engoliu
o cachorro para pegar o gatinho,
Engoliu
o gatinho para pegar o canário,
Engoliu
o canário para pegar a aranha,
Engoliu
a aranha para pegar a mosca,
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Será
que ela morre?
Conheço
uma velha que engoliu uma ovelha!
Donde
é que tirou essa ideia da telha?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinha e assim não matou!
Na
sua barriga a ovelha saltava,
Balia
e corria e cosquinha lhe dava,
Atrás
da cegonha e a cegonha piava
Atrás
do cachorro e o cãozinho pulava,
Atrás
do gatinho e o gatinho miava,
Atrás
do canário e o canário voava,
Atrás
dessa aranha e a aranha girava,
Atrás
da mosquinha e nunca pegava!
Engoliu
a ovelha para pegar a cegonha,
Engoliu
a cegonha para pegar o cachorro,
Engoliu
o cachorro para pegar o gatinho,
Engoliu
o gatinho para pegar o canário,
Engoliu
o canário para pegar a aranha,
Engoliu
a aranha para pegar a mosca,
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Será
que ela morre?
Conheço
uma velha que engoliu uma vaca!
Donde
é que tirou uma ideia tão caca?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinha e assim não matou!
Na
sua barriga a vaca girava
Mugia
e corria e cosquinha lhe dava,
Atrás
da ovelha e a ovelha saltava,
Atrás
da cegonha e a cegonha piava,
Atrás
do cachorro e o cãozinho pulava,
Atrás
do gatinho e o gatinho miava,
Atrás
do canário e o canário voava,
Atrás
dessa aranha e a aranha girava,
Atrás
da mosquinha e nunca pegava!
Engoliu
a vaquinha para pegar a ovelha,
Engoliu
a ovelha para pegar a cegonha,
Engoliu
a cegonha para pegar o cachorro,
Engoliu
o cachorro para pegar o gatinho,
Engoliu
o gatinho para pegar o canário,
Engoliu
o canário para pegar a aranha,
Engoliu
a aranha para pegar a mosca,
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Será
que ela morre?
Conheço
uma velha que engoliu um cavalo!
Donde
é que tirou essa ideia de galo?
Porque
não mordeu e nem mastigou,
Engoliu
inteirinho e assim não matou!
Na
sua barriga o cavalo troteava
Relinchava
e corria e cosquinha lhe dava,
Atrás
da vaquinha e a vaquinha dançava,
Atrás
da cegonha e a cegonha piava,
Atrás
da ovelha e a ovelha saltava,
Atrás
do cachorro e o cãozinho pulava,
Atrás
do gatinho e o gatinho miava,
Atrás
do canário e o canário voava
Atrás
dessa aranha e a aranha girava,
Atrás
da mosquinha e nunca pegava!
Engoliu
o cavalo para pegar a vaquinha,
Engoliu
a vaquinha para pegar a ovelha,
Engoliu
a ovelha para pegar a cegonha,
Engoliu
a cegonha para pegar o cachorro,
Engoliu
o cachorro para pegar o gatinho,
Engoliu
o gatinho para pegar o canário,
Engoliu
o canário para pegar a aranha,
Engoliu
a aranha para pegar a mosca,
Donde
é que tirou uma ideia tão tosca?
Será
que ela morre?
Mas
estava apertado e o cavalo sofrendo
Encheu
os pulmões e deu um relincho tremendo!
E
saiu pela boca da pobre velhinha,
E
a vaca mugiu e saiu depressinha,
E
a ovelha baliu e saiu inteirinha,
E
a cegonha piou e saiu arrepiadinha,
E
o cachorro latiu e saiu rapidinho,
E
o gato miou e saiu de fininho,
E
o canário piou e saiu molhadinho,
E
a aranha pulou para a rua sozinha,
Trazendo
na boca aquela pobre mosquinha!
Então
a velhinha ficou aliviada,
Soltou
um arroto, sem engolir mais nada!
Porque
inventei de engolir essa mosca?
Donde
é que eu tirei uma ideia tão tosca?
E
aí foi à cozinha fazer seu jantar
A
barriga roncando depois de esvaziar!
A
JIBÓIA – 13 out 18
(Folclore
Estados Unidos, tradução e adaptação
De
WILIAM LAGOS)
(Versão
Revisada em 15/10/2018)
Estou
sendo engolido por uma jibóia!
Estou
sendo engolido por uma jibóia!
Estou
sendo engolido por uma jibóia!
Estou
sendo engolido por uma jibóia!
E
não gosto nada disso!
Oh,
não, oh, não,
Engoliu
meu dedão!
Engoliu
meu dedão!
Ai
que gelo, ai que gelo,
Chegou
ao tornozelo!
Chegou
ao tornozelo!
Ai,
velho, ai, velho,
Engoliu
o meu joelho!
Engoliu
o meu joelho!
Ai,
perigo, ai perigo,
Engoliu
meu umbigo!
Engoliu
meu umbigo!
Ai,
criatura, ai criatura,
Já
chegou na cintura!
Já
chegou na cintura!
Ai,
que osso, ai, que osso
Engoliu
meu pescoço!
Engoliu
meu pescoço!
Ai,
que pressa, ai que pressa,
Engoliu
minha ca...!
QUEM É O MEU PAPAI? – 15/10/2018
Certa Mamãe, cheia de nostalgia,
o seu álbum de retratos foi olhar
e seu filhinho no seu colo foi sentar
e estranhou uma foto que ali via!
“A senhora está de biquini nessa
fotografia?”
“Pois é, filhinho, eu costumava usar...”
“Quem é esse homem que está vindo lhe
abraçar?”
“Ora, filhinho, é o seu pai, não conhecia?”
“Mas esse cara é cabeludo e musculoso!”
“É o seu Paizinho, fazem já uns quinze
anos...
Tiramos a foto logo depois que nos
casamos...”
“Então esse é meu pai? Ele parece tão vaidoso,
fazendo pose na praia... Mas quem é esse
horroroso
careca barrigudo com quem nós dois moramos?”
A GELATINA – 16/10/2018
A Mamãe comprou pó de gelatina
e preparou um doce colorido
para servir a seu filhinho tão querido,
que a comer tal sobremesa não se
inclina...
“Ela se mexe, Mamãe, tem luz em cima,
é transparente, o tremor é repetido!
Não vou tocar, não quero ser mordido,
mesmo que a boca seja muito pequenina!”
“Ora, querido, essa é a sua sobremesa...
É gelatina, muito gostosa e perfumada...
Nunca tinha visto antes, tem certeza?”
“Prove um pouquinho, não vai se arrepender!
É uma delícia, muito doce e delicada...”
“Ah, não, Mamãe! Só depois que ela
morrer!”
PRESENTE DE ANIVERSÁRIO – 16/10/2018
A garotinha fez uma enorme lista
do que queria no aniversário ganhar
e a Mamãe, que não ia poder tudo comprar,
foi perguntar-lhe, para ver se a conquista:
“Mas o que quer de verdade? Me dê uma pista...”
“Quero um irmãozinho para poder brincar!”
“É até possível, mas só mais tarde irá
chegar,
seu natalício só mais três meses
dista!...”
“Ora, Mamãe, não escutou o Papai
contar que lá na fábrica, se há um pedido
com muita pressa, como é que ele vai
“dar um jeito, para a encomenda
completar?
Qualquer problema pode ser fácil
resolvido:
Ponho mais homens para nele
trabalhar!...”
CAVALOS DE FORÇA – 16/10/2018
Um rapazinho em um caixote ia pregando
rodas e eixos para fazer um carrinho;
chegou um amigo, que era filho do vizinho
e alguns defeitos foi logo ali botando...
O rapazinho ficou quieto, só escutando,
mas estava muito chato o amiguinho,
tudo queria fazer de outro jeitinho
e seu projeto estava assim atrapalhando!
Finalmente, ele apontou para um vazio:
“Esse seu carro nem ao menos tem motor!”
E o fabricante respondeu com muito brio,
já que o invejoso começava a perturbá-lo:
“Você é mesmo um tapado, sim senhor!
Ponho um galão de poeira de cavalo!...”
Aqui há um trocadilho que fica melhor em inglês: em vez de Horse Power, ou Cavalo de Força (HP),
ele falou Horse Powder, ou “Poeira de
Cavalo” para tapar a boca do intrometido.
As quatro piadas acima fizeram parte do programa radiofônico de Art Linkletter,
que traduzi, adaptei e versifiquei.
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