NASREDDIN
E A NOIVA XV – 30 JUL 2022
“Senhorita,
podemos falar com o Sr. seu pai?”
“E
qual será o objetivo da visita?”
“Tenho
certeza de que bem receber-nos ele vai
e
que a presença de meu companheiro não o irrita.”
“E
como passa?” – indagou então o pastor.
“Passo
bem, obrigada. E o cavalheiro?”
“Muito
melhor, depois que a vi primeiro,
mal
esperava ter de novo esse favor...”
Foram
os dois conduzidos ao salão.
Disse
Vladek: “Deus te guarde, feliz pai!”
“Também
a você, considerado irmão,
qual
o motivo que à minha casa o atrai?
Seja
bem-vindo e também seu companheiro,
que
pelas roupas me parece ser pastor...”
“Eu
o saúdo, meu caro senhor,
sou
realmente um simples pegureiro...”
“Sou
um pastor e de pobre indumentária,
mas
isto em nada afeta a minha pretensão;
vim
procurá-lo com a esperança necessária
para
de sua filha Zalina pedir a doce mão.”
“Parece
ao menos que aprendeu a falar...
Quer
dizer que era este o pretendente
que
sugeriu trazer-me anteriormente...
Ora,
só Deus sabe aonde o foi buscar!”
Mas
Nasreddin não se deixou intimidar:
“É
bem certo que me visto pobremente,
não
uso roupagens para pastorear,
acúleos
e espinhos enfrentarei frequente,
mas
não sou tão pobre como o senhor pensa,
tenho
mil cabras e três mil ovelhas,
uma
casinha limpa em que até espelhas
o
teu semblante em sua vidraça densa...”
além
disso, sou proprietário incontestável
de
três vales junto à falda da montanha,
o
leite que me dão é inumerável,
fabrico
queijos em proporção tamanha
que
preciso de guardá-los em um galpão,
aonde
o vem buscar os comerciantes,
que
pagam bem, em dracmas sonantes
e
minha fortuna eu enfurno no porão!”
NASREDDIN
E A NOIVA XVI – 31 JUL 2022
“Se
tem tanta riqueza, então tudo está bem.”
“Não,
não está. Sem minha inteligência,
que
como genro me acompanhará também,
pobre
seria sem qualquer indulgência.”
“Bem,
está certo. Muitas vezes afirmei
que
só aceitaria um genro bem esperto;
mas
por enquanto, não chegou nem perto,
a
interrogá-lo apenas comecei...”
“De
qualquer forma, minha fortuna é um mal,
sempre
é possível que queiram me assaltar;
e
produzo um excesso de queijo no total,
boa
parte dele, enfim, vai se estragar...”
“Sem
dúvida, será um prejuízo lamentável...”
“Não
obstante, também é um benefício,
todo
esse queijo perdido em desperdício
enfim
resulta num adubo admirável!...”
“Então
o espalho pela pradaria
e
a relva cresce ainda mais abundante;
comendo
melhor, meu rebanho mais crescia
e
é por isso que se tornou assim pujante!”
“Então
é um bem, já que o sabe aproveitar...”
“Seria
um bem, mas não evita roubos
E
o rebanho ainda atrai grande número de lobos,
os
quais preciso, com coragem, expulsar!”
“Lobos
são mesmo criaturas perigosas!”
“Não
para mim, já que sou um bom fundista;
na
minha funda coloco pedras bem nodosas,
de
seus focinhos depressa encontro a pista!...”
“Quer-me
dizer que também é homem valente?”
“Não
sou valente. Cumpro só minha obrigação:
é
meu dever defender minha criação
e
o que é preciso, sempre o farei frequente!...”
“E
por acaso, se algum urso aparecer?”
“Não
é prejuízo, me resulta em bom pelego,
com
suas peles eu posso me aquecer,
são
tão bonitas que despertam meu apego!”
“O
senhor tem sorte de ser tão bom caçador!”
“Não
é bem assim, até chega a ser azar,
pois
enquanto eu me ocupo a esfolar,
não
dou ao rebanho o cuidado protetor!”
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