O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL

(Lenda bageense, recontada por William Lagos, 15/8/11).

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL I

Durante os velhos tempos da Conquista,

havia um índio, chamado Kandalaju,

que roubara um cavalo aos portugueses

e aprendera depressa a cada pista

percorrer facilmente.  Era um índio Guaicuru

e deles se escondeu por muitos meses.

Por uma vez, portugueses e espanhóis

se haviam aliado contra os ameríndios,

comandados por Sepé Tiaraju...

Procuraram Kandalaju por muitos sóis,

como seu guia na luta com tais índios,

mas este era mais arisco que um anu...

E quando Kandalaju desentocaram,

em uma noite feia como o inferno,

porque o coitado acendera uma fogueira,

pelo clarão de longe o avistaram,

pois era época de rigoroso inverno,

deram-lhe escolha nada interesseira...

"Você pode nos guiar aos Guaranis

e deixaremos que fique com o cavalo

ou o degolamos, sem perder mais tempo."

E como os Guaicurus eram Tupis,

Kandalaju decidiu, sem mais abalo,

por mais que fosse bem certo o contratempo.

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL II

Deste modo, fui guiar os portugueses,

até cercarem Sepé Tiaraju,

o cacique que trazia lunar na testa...

E essa guerra, que durara tantos meses,

logo acabou, devido ao Guaicuru

e os europeus fizeram grande festa.

Disseram ter matado duzentos mil

dos índios guaranis nessa batalha,

sem que morresse uma centena de europeus.

E nesse tempo, nem sequer havia fuzil,

que foi inventado, para atuar sem falha,

nas próprias guerras que travaram contra os seus.

Segundo a lenda, o cacique proclamara:

"Esta terra é nossa!" antes da luta,

mas o infeliz era só um pau mandado,

que seu sangue no combate derramara,

impelido a tomar essa conduta

pelos jesuítas que o haviam cristianizado.

Pois pretendiam fundar um vasto império

nessas chamadas Guaraníticas Missões,

contra o interesse de Espanha e Portugal.

Os pobres índios levaram tudo a sério

e ali foram morrer, em multidões,

enquanto os padres sobreviviam no final.

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL III

Bem sei que aqui vou lendas contrariar,

mas índios não tinham noção de propriedade,

especialmente de propriedade agrária.

Eram os padres que queriam dominar

e lhes tiraram toda a liberdade,

para prendê-los em Redución gregária.

Um amontoado de tribos andarilhas,

que nem sequer pensavam em bem ou mal,

antes que lhes ensinassem o Cristianismo...

(Ou, pelo menos, as jesuítas trilhas,

após correrem os judeus de Portugal

e na Espanha os converter ao Catolicismo,

Para, depois, os queimar na Inquisição,

após as mil torturas mais horríveis,

para provar que não estavam convertidos.)

E aqui na América, adotaram a missão

de ensinar aos ameríndios suas incríveis

doutrinas falsas e dogmas pervertidos,

Que várias Bulas dos Papas condenaram,

autorizando o avanço dos ibéricos

de Portugal e das terras de Castela,

que o vasto oceano então atravessaram,

para enfrentar os mil gritos histéricos

daquela gente sujeita a má estrela!...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL IV

Kandalaju foi o campo percorrer,

coberto de cadáveres sangrentados.

Os europeus pegavam umas lembranças,

pontas de flechas, chifres de beber,

os poucos trajes menos estragados

ou botas de garrão, pontas de lanças...

Que nada de valor tinham os coitados:

só uns berloques feitos de madeira,

nos pescoços pendurados por embiras,

com retratos de santos mal talhados,

de Santo Inácio a face sobranceira,

alguns cocares amarrados pelas tiras...

Kandalaju, porém, achou Sepé,

no fundo de uma vala, bem lanhado,

e na sua testa brilhava ainda o lunar,

que estava preso com uma vincha até

e pegou bem depressa o bem roubado,

sem que ninguém o pudesse observar...

Depois disso, acompanhou às Reduções

os ibéricos, que as foram conquistando,

uma a uma, sendo presos os jesuítas

e fizeram mil escravos nos rincões,

especialmente as chinas dominando,

a disputar as que eram mais bonitas...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL V

Como não tinham mulheres, os soldados

quiseram namorar as mais chiquitas...

Muitos até, acabaram se casando

e daí surgiram os tais olhos puxados,

cabelos negros e lisos como fitas,

que muitos brancos até hoje vêm mostrando.

Kandalaju montou no seu cavalo,

com alguns ponchos dentro da mochila

e retornou para o Rincão do Inferno,

em que morara, por entre o capim ralo,

sem ter remorso ao ver a longa fila

das escravas, seminuas nesse inverno...

Mas ao chegar ao lugar em que morara,

bem de longe, avistou uma fogueira

e se lembrou de como fora pego...

Mas depois que a tal caverna examinara,

viu que era só um velho forasteiro,

bem mulambento, coxo e quase cego.

Então se aprochegou, dizendo "Buenas!"

sem ter medo do velho feiticeiro,

que de uma tribo guerreira foi pagé.

Os jesuítas não mostraram grandes penas

e o expulsaram para outro terreiro:

o velho bruxo chamavam de Ybagé...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL VI

Kandalaju indagou por que razão

ele saíra do arroio da fronteira,

cujo nome o bruxo havia até adotado...

Era "a água do pagé", em tradução.

Disse-lhe o velho que fora por traiçoeira

ação dos "bruxos negros" no passado.

Que a tribo inteira lhe haviam arrebatado

e levado para a terra das Missões,

que eram nômades antes, andarilhos,

que em lugar algum se haviam fixado.

Mas lhe mostraram malas intenções,

pelo que fora em busca de outros trilhos.

Kandalaju então contou a história:

que já morrera o caudilho São Sepé

e que os jesuítas tinham ido para a Europa.

Comentaram os dois a luta inglória...

Kandalaju depois propôe até

retornarem às pastagens.  E o bruxo topa.

E se arrancharam perto do riacho,

que em época de seca se afinava

e se engrossava após a tempestade.

Mas havia lenha para se acender facho,

peixe e caça para dois nunca faltava:

brancos e índios os deixavam à vontade. 

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL VII

E se tratavam como filho e pai,

embora o bruxo fosse Guarani

e do cavalo do outro desconfiasse.

"Isso é coisa dessa gente... Sei não vai

nada de bom representar aqui..."

Kandalaju deixava resmungasse...

Pois já lhe fora muito útil o animal.

De vez em quando saía a cavalgar,

até encontrar o seu povo Guaicuru.

E os convenceu a roubarem, afinal,

outros cavalos para também montar:

serviu de guia outra vez Kandalaju.

Eles iam até as bandas do Guaíba,

onde morava a gente dos Açores

e com astúcia, roubavam montarias.

Depois voltavam pela serra arriba

e se tornaram exímios montadores,

despertando as gaúchas fantasias...

A esta altura, portugueses e espanhóis

já não mantinham a aliança antiga.

Bem ao contrário, brigavam na fronteira.

Tropas marchavam desde os arrebóis,

na espreita de encontrar gente inimiga,

vermelha a terra após cada sangreira.

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL VIII

Então, um dia, outra tropa portuguesa

veio acampar perto de onde eles ficavam;

alguns oficiais então o reconheceram

e vieram visitá-lo, em gentileza...

E enquanto com o bruxo conversavam,

a Guerra Guaranítica reviveram...

E Dom Diogo, agora o comandante,

que fora só alferes na outra guerra,

gabou a eficiência do antigo guia,

narrando os feitos de forma até empolgante

e como haviam conquistado toda a terra,

pelo vigor que sua bravura permitia.

O feiticeiro, em silêncio, os escutava,

enquanto comentavam, em português,

como nunca tinham achado o tal lunar

que diziam sobre a testa carregava

Sepé Tiaraju, que lhe acendia a tez...

Até os soldados tinham feito revistar.

Kandalaju tampouco disse nada,

mas o pagé cravou nele o seu olhar

e depois que o comandante foi embora,

indagou-lhe, com voz bem controlada,

se por acaso ele pegara o lunar.

Kandalaju confessou na mesma hora.

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL IX

O feiticeiro lhe estendeu a mão.

Kandalaju foi buscar um saquitel

que guardava lá no fundo da mochila.

E quando o bruxo lhe desatou o cordão,

brilhou a lua, qual pedra de anel:

sua palma inteira nesse brilho então cintila...

E assim falou o pagé, pausadamente:

"Fui eu mesmo que abençoei este lunar;

Sepé o roubou do chefe da minha tribo.

Era um ladrão... Mas tu... traíste a tua gente,

só por querer esse animal ganhar...

Pois te darei agora o teu castigo!..."

"Como um verme da terra te portaste,

pois num verme também te tornarás!

E esse lunar na testa hás de levar,

como prova da traição que praticaste:

será num monstro que te transformarás,

igual àquele que em teu peito tem lugar!..."

Kandalaju transformou-se, prontamente,

numa cobra gigante, mas com patas:

brilhou na testa o sinal do latrocínio,

como um terceiro olho reluzente

e foi esconder-se, depressa, pelas matas,

conservando seu humano raciocínio!...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL X

Aos poucos, foi crescendo, que era onívoro:

comia as folhas, os frutos e o capim,

comia preá, quero-quero e bem-te-vi,

ainda que fosse, de preferência, herbívoro.

Para quê os dentes, tão grandes assim?

Bem pontiagudos, até, pelo que ouvi...

Mas quando o verão mais apertou,

pelas barrancas do arroio ele desceu

e se escondeu dentro d'água, num remanso,

onde mais fundo a água se juntou...

O feiticeiro, logo após isso, faleceu:

era Kandalaju que lhe dava mais descanso...

E a Cobra Grande, agora bem maior,

foi ao lugar em que jazia o pagé

e o engoliu inteiro, com prazer...

Ficou assim com força bem melhor

e criou poderes mágicos até

que, em contrário, iriam se perder...

Por esse tempo, tinham fundado um forte

em um lugar que chamaram Santa Tecla,

qual o costume daquele tempo antigo,

e que, em proteção contra a má sorte,

na defesa contra alguém do mal assecla,

sempre invocavam o santo no perigo!...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL XI

Passado o tempo, descobriu Kandalaju

que depois de engolir o feiticeiro,

conseguia transformar-se novamente

em ser humano, mas a jóia de Tiaraju

permanecia em sua testa o tempo inteiro

e a tal mudança não era permanente...

Mesmo assim, conversava com os soldados

e os avisava sobre os castelhanos,

cobrindo a testa assim, de cada vez.

Os argentinos já estavam desconfiados

das tocaias e armadilhas de haraganos,

que preparava o chefe português...

E depois, num verão mais rigoroso,

ele falou aos portugueses que mudassem

para o lugar em que havia um espraiado.

Podia às vezes ficar meio lodoso,

mas mesmo quando as chuvas lhes faltassem,

nunca acabava a água desse lado.

Embora o forte não fosse abandonado,

todo o povo que morava por ali

foi-se mudando para o manancial...

E como Kandalaju o tinha indicado,

pois já morava há muito tempo aqui,

deram-lhe o nome de Panela do Candal!...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL XII

E o índio os ajudou a construir,

para fazer das águas contenção,

um grosso dique, com largo sopé.

Trazia de longe as pedras, sem sentir

qualquer cansaço e o chamaram Paredão,

que, até hoje, ainda está de pé!...

Então, no alto dessa ribanceira,

além de suas casinhas de sapé,

construíram também uma igrejinha,

consagrada à lembrança derradeira

de El-Rei Dom Sebastião, pois tinham fé

naquela lenda que já de longe vinha!...

Mas para disfarçar, se recordaram

de um outro Sebastião, chamado Santo,

que teria morrido de flechada

e a capela os padres consagraram

ao Santo Sebastião, em belo canto,

dizendo ter sido morto pela indiada!...

E foi crescendo, depressa, a povoação.

Depois do Uruguai se tornar independente,

mudou-se gente da Argentina até.

Do norte outros vieram, para a criação

de ovelhas e de gado, mais frequente

e o povoado ganhou o nome de Bagé!...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL XIII

Foi então que aconteceu a Farroupilha,

mas a vila já tinha um bom quartel

e embora a guerra em seus campos começasse,

Kandalaju, quando via uma tropilha,

virava monstro, como grossa cascavel,

que os maragatos todos espantasse!...

De fato, ele apoiou o lado imperial,

mesmo que muita gente de Bagé

fosse lutar do lado maragato.

Mas ele achava ser mais natural

proteger as suas casinhas de sapé,

os seus rebanhos e até o próprio mato!

Durante os entreveros umas lançadas

e mais uns tiros recebeu no lombo:

criou calombos com a cicatrização.

E quando tropas aqui eram chegadas,

ao ouvirem de suas patas o ribombo,

diziam que era até São Sebastião!...

Os mais velhos da cidade até confiavam,

porém a gente nova se assustou

e quando viam o coitado a tomar banho,

com suas garruchas balas lhe atiravam,

até que um de seus olhos se furou

e ele fugiu para curar seu lanho!...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL XIV

Logo depois, o Paraguai nos atacou:

o megalômano ditador Solano López

queria um império sul-americano...

Igual que Companhia de Jesus sonhou

e sua mulher irlandesa deu-lhe uns toques,

para tornar-se do continente o soberano!

Intentou o Rio da Prata dominar:

mandou suas tropas descerem o Paraná,

para atacar a Argentina e o Uruguai

e, de passagem, chegou a conquistar

Uruguaiana; também invadira já

o Mato Grosso, para ser do Paraguai!

Quando Kandalaju viu os soldados

saírem de Bagé para a peleja,

mais uma vez atacando os Guaranis,

foi depressa colocar-se de seus lados,

embora às escondidas ora esteja,

que ajudar a sua gente sempre quis.

E em Riachuelo ajudou Tamandaré,

correu os índios de Lomas Valentinas,

combateu heroicamente em Tuiuti...

Porém não creram na gente de Bagé

e o alvejaram com balas assassinas,

até voltar a refugiar-se por aqui!...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL XV

E foi ficando mau.  Caçava ovelha,

porque escasseavam a preá e a perdiz

e tanto gado tosava até a pastagem.

E quando ia lavar roupa alguma velha

ou algum piá jogar anzol lhe quis,

ele iniciou a fazer até carnagem...

E quando o povo se reuniu para a caçada,

Kandalaju se meteu por terra a dentro

e foi cavando um túnel, sem parar.

Com os tremores a capela foi rachada,

fendeu-lhe o teto até cair no centro

e na Lagoa do Umbu foi-se homiziar...

E assim, na Revolução Federalista,

depois da igreja ser reconstruída,

muito mais sólida, não ajudou ninguém.

Não se mostrou de ninguém perante a vista,

deixou a cidade passar hora sofrida

e muita gente então morreu também...

Porém tanto massacre ele assistiu,

por causa dos caudilhos uruguaios,

o Gumercindo e o Aparício, que voltou

e aos dois Sarabias logo perseguiu:

piores eram até que os paraguaios

e nas águas da Panela se assentou...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL XVI

Mas só de noite é que ele ali é avistado,

por causa do lunar, que brilha tanto,

no meio de sua testa e até compensa

aquele olho que um dia foi furado...

É uma mistura de monstro e bicho santo,

que nas brumas da memória já se adensa.

E se contenta em bicho ruim comer

e é por isso que não existe jacaré

nessas águas que nos banham a cidade...

E em Vinte e Três voltou a proteger

a gente boa desse povo de Bagé:

aqui não houve combate de verdade!

Mas descobriu que já podia voar

e quando bate as asas, a ventania

derruba às vezes as paredes da cidade.

Até um balão já fez aterrissar,

do aeroclube toda gente desistia

e até o aeroporto perdeu a utilidade.

Não é por mal, ficou grande demais:

quando atravessa seu longo buracão,

ao se esfregar, faz com que trema a terra.

E num dia, que se mexeu um pouco mais,

do cemitério sacudiu o chão

e se espalharam ossos qual na guerra.

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL XVII

Hoje comentam que de novo a Catedral

teve o teto abalado à sua passagem,

não que se afirme isso oficialmente.

Bem mais provável é que haja um manancial

que lhe abalou os alicerces, pois coragem

não teria de maltratar a própria gente!

Só que está velho e, às vezes, meio adoece

e quando espirra, provoca um vendaval.

Uns vinte anos atrás, tossiu bem forte:

cada cipreste que no cemitério cresce

foi derrubado, um dominó do mal...

Só um ou dois escaparam dessa sorte...

Dizem que galhos furaram catacumbas

e que túmulos antigos se racharam,

nas convulsões da pobre da jibóia.

E eu, que moro bem perto dessas tumbas,

só sei que esses ventos me arrancaram,

além das telhas, até a clarabóia!...

Quando ele da saúde então melhora,

põe-se a voar por cima das coxilhas

e vai tossir bem longe de Bagé...

É para o norte que a situação piora:

provoca furacões em largas trilhas,

que antigamente nem havia, até!...

O MONSTRO DA PANELA DO CANDAL XVIII

Mas como não há mal que sempre dure,

nem bem que finalmente não se acabe,

surgiu um plano de montar uns cataventos,

aproveitando sua tosse que perdure,

para energia eólia, pois se sabe,

que rufla as asas para criar ventos...

E até a Globo pretende refilmar,

aqui em Bagé, o romance do Veríssimo,

O Tempo e o Vento... E andou um advogado,

por muito tempo, no Paredão a conversar

com o Monstro e para a tevê foi utilíssimo

esse contrato que já foi até assinado!

Porque eles querem rodar é no verão,

quando é mais fácil montar o equipamento:

vão precisar de controlar os climas...

E assim o Monstro vai sair do Paredão,

para soprar quando quiserem vento

e arrepanhar as saias das meninas!...

E prometeram até uma aposentadoria,

depois de completarem a filmagem:

Kandalaju já tem mais do que idade...

Mas um salário, minha gente, que ironia!

Não paga um aluguel e nem viagem:

pois a morar irá seguir sob a cidade!...