AS JOVENS DE ROMA XVI
TÁCITA
POR MUITO QUE TIVESSE REVELADO
O SEU AMOR, EM SUSPIRO CONSAGRADO,
ELA PARTIU, PARA UM LUGAR DISTANTE,
NÃO GEOGRÁFICO, NEM SEQUER CONSTANTE:
NUM REFÚGIO SECRETO, NOS NEURÔNIOS,
CONFIGURADO APENAS NOS AXÔNIOS,
MAS DE ACESSO IMPOSSÍVEL PARA MIM,
ELA ESCOLHEU SE RETRAIR ASSIM...
E NÃO CONSIGO, POR MAIS QUE ME ESFORCE,
ENTENDER PORQUE TANTO SEDUZIU-ME,
PARA DEPOIS FUGIR AO MEU DESVELO...
AO PERCEBER O ARDOR QUE ME RETORCE,
NO MAIS ESTRANHO BEIJO, RECOBRIU-ME
O PEITO INTEIRO COM CRISTAIS DE GELO!...
AS
JOVENS DE ROMA XVII
HADRIANNA
AMOR
NUNCA NOS É O QUE PARECE:
É
MULTIFÁRIO – É MÁGOA DE UM INSTANTE,
UMA
DOR FINA, QUE CHEGA COMO PRECE
E
ENTÃO, LOGO SE ESVAI, ALVO DISTANTE,
E
SEMPRE INATINGÍVEL: É ESTA ÂNSIA
DE
CONSEGUIR, QUE VALE MAIS NO AMOR;
COM
QUE FREQÜÊNCIA AFASTA, NA CONSTÂNCIA
DE
TER AO LADO A AMADA, EM TAL FULGOR
DE
BRILHO QUE SE APAGA E INTERMEDIA
A
CRIAÇÃO DE NOVA NOSTALGIA,
PARA
QUE NOVO AMOR ASSALTE O PEITO.
É
INCONSTANTE E VAGO, EM SEU AFETO,
POR
MAIS QUE SE AME E QUEIRA O BEM DILETO,
AMA-SE
A AUSENTE E NÃO QUEM ESTÁ NO LEITO.
AS JOVENS DE ROMA XVIII
TIBÉRIA
UM DIA, SERÃO LIDOS ESTES VERSOS; SÓ QUE, ENTÃO,
QUEM FOI A INSPIRADORA, A MUSA, QUERERÃO
SABER, OU POR CURIOSOS, OU POR CONHECIMENTO,
PARA TRAÇAR-ME AS DATAS, OS PRAZOS E O PORTENTO
QUE LEVOU TANTOS VERSOS A ASSIM SE DERRAMAREM,
SEM PEJO TER, SEM MÁCULA, DESTARTE APRESSURAREM,
LINHA APÓS LINHA, POEMA ATRÁS POEMA,
ENQUANTO OUTROS TALVEZ, A ALMA, NUM DILEMA,
RASGASSEM À PROCURA DE UM POBRE RESULTADO,
ENQUANTO OS MEUS SÃO FÁCEIS: BASTA SENTAR-ME
AO LADO
DESSA MULHER QUE AMEI E UM BEIJO NEM REMATA;
QUE POUCO SE LHE DEU E AOS VERSOS FOI INGRATA;
E QUASE EMUDECI, MAS DIGO, EM ROGATÓRIA,
QUE SAIU DE MINHA VIDA, PORÉM NÃO
DE MINHA HISTÓRIA.
AS JOVENS DE ROMA XIX
CLÓDIA
EU NEM ALMEJARIA A AMOR TÃO GRANDE
TER PRETENSÃO QUE REBROTASSE EM MIM:
QUERIA UM AMOR PEQUENO, AMOR CHINFRIM,
BEM CONTROLADO, AMOR QUE DEUS ME MANDE
SÓ POR CONSOLO E VAGA DISTRAÇÃO...
PORÉM NÃO FOI ASSIM --- A FRECHA VEIO,
NUM MOMENTO EM QUE ESTAVA SEM RECEIO,
MUDANDO ESSA AMIZADE EM ILUSÃO...
FOI UMA PENA, AFINAL!... MUITO
MAIS FÁCIL
SERIA DOMINASSE UM CORPO GRÁCIL
E LHE MANDASSE MENSAGENS HIPNÓTICAS...
MAS FOI BEM AO CONTRÁRIO: QUE OUTRAS
ÓTICAS
INCENDIARAM-ME EM CHEIO; E FOI ASSIM,
QUE ME ENVOLVI NUM PEQUENO AMOR SEM
FIM...
AS JOVENS DE ROMA XX
A BRISA QUE ME SOPRA AO CORAÇÃO
É UMA RÉSTIA DE LUZ, QUE ME ANGUSTIA:
POIS LEVA ASSIM DE MIM QUANTO EU QUERIA,
EM PERFUME FUGAZ DE EXALTAÇÃO,
QUE ELA ME DEIXOU, EM NOSTALGIA...
PERFUME FEITO NÉVOA DE ILUSÃO,
PERFUME FEITO VOZ DE ENCANTAÇÃO,
QUE DELA EU ASPIREI, QUANTO PODIA...
E O VENTO ZUNE AGORA; E GARANTIAS
NÃO TENHO DE A REVER; VIVO, PORÉM,
EM BUSCA DESSE ODOR; E VEJO, À SOLTA,
NESSA BRISA QUE SOPRA E NUNCA VOLTA,
LUMINOSAS AS NOITES, QUAIS MEUS DIAS,
PÁLIDAS ROSAS... A ZUNIR
TAMBÉM...
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