O TESOURO DO ALHAMBRA XI
Peregil era um católico devoto
e sempre ia à catedral agradecer
por sua saúde e por sete filhos ter:
levava velas e cumpria cada voto.
Depois da missa, conduzia suas crianças
para um passeio no palácio abandonado,
que de Alhambra ainda era chamado,
onde almoçavam, sem grandes abastanças.
Sua família já tivera certas posses,
porém impostos os haviam arruinado...
Mas o aguadeiro não era revoltado:
só recordava da infância os tempos doces...
Depois, Jéssica pegava um livro antigo,
todo ilustrado, com contos de fadas,
para ler durante horas encantadas...
E os irmãos brincavam, sem qualquer perigo.
O TESOURO DO ALHAMBRA XII
Contudo um dia, decidiu o governador,
Ortuño Ortega de Ortiz y Orellana,
aumentar os impostos, pela insana
despesa com seu luxo e esplendor...
Determinou Dón Ortuño aos aguadeiros
que pagassem um maravedi diariamente
pela água, que dizia pertencente
ao rei, senhor dos rios e dos outeiros.
Os outros reclamaram, mas pagaram,
mas como Peregil iria pagar?
Dón Ortuño mandou-o convocar
a seu palácio e os guardas o buscaram.
Ele explicou que não podia pagar,
que só ganhava dois maravedis por dia...
Mas Dón Ortuño exceções não permitia:
"Não tens dinheiro? Pois terás de trabalhar."
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