O TESOURO DO ALHAMBRA XVII
(O Alhambra dos Sultões Abencerrages)
"Estou aqui há setecentos anos
e nas minhas pernas trago três correntes
de ouro, prata e ferro, contundentes,
sujeita a seus caprichos desumanos."
"Todo esse tempo, não entrou aqui ninguém.
Este quarto é protegido por Sheitan,
que é o nome que ao diabo dá o Islam:
foi convocado por Al-Azhar, também..."
"Mas o diabo fez que adormecesse!...
Estou sentada sobre seu caixão.
Em cada canto do quarto há um jarrão,
com um guardião que a me vigiar não cesse."
"Sou prisioneira," insistiu a jovem loura,
"Cada guardião tem a chave de um cadeado,
mas esse encanto só pode ser quebrado
por jovem pura... Serás minha redentora?"
O TESOURO DO ALHAMBRA XVIII
A menina fez que sim, ainda com medo...
"Palavras mágicas vou agora te ensinar,
para esse encantamento ires quebrar...
Eu sou Ricarda, filha de Recaredo,
o último rei visigodo de Granada...
Vai ao altar em que se ergue a taça,
esculpida em cristal puro e sem jaça,
toma seu vinho, sem temer mais nada,
pois no fundo desse graal encontrarás
uma lua, uma estrela e uma cruz.
Cada símbolo é um arcano que reluz
e com os quais o feitiço quebrarás..."
Jéssica o salão inteiro atravessou;
tomou o vinho, cheia de confiança,
em sua meiga inocência de criança...
E os três arcanos, sem dúvida, encontrou!
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