O TESOURO DO ALHAMBRA XIII
"Mas como vou meus filhos sustentar?"
"Há os domingos, ou será que tem preguiça?"
"Mas, senhor, aos domingos vou à missa!
Nos domingos não se pode trabalhar!..."
"Isso decido eu," falou Orellana.
"Aos domingos, você vai ao Generalife,
com sua família, não vai, hein, seu patife?
Vai procurar o tesouro, não me engana!"
"Não é isso, senhor governador,
meus filhos brincam depois que almoçamos,
é um lugar seguro, nos deitamos
no capim ou na sombra, se há calor..."
"Pois é lá mesmo que você vai trabalhar.
Você gosta de água, arrume a fonte,
capine o mato, conserte aquela ponte...
Mas a sua dívida terá de me pagar..."
O TESOURO DO ALHAMBRA XIV
E deste modo, o pobre Peregil
foi trabalhar aos domingos, pela tarde,
no frio, na chuva ou quando o sol mais arde
e sem ganhar em troca um só ceitil!
Jéssica ficava cuidando dos irmãos
ou lia no seu livro histórias de ouro...
Umas falavam de um grande tesouro
no Alhambra, que em mil labores vãos,
já haviam procurado, sem achar.
Mas o pai lhe apagava a esperança.
"Esse livro é o que sobrou de minha herança,
a única coisa que pude retirar
da casa de meu pai, que confiscaram,
para pagar impostos atrasados...
Mas são apenas contos encantados:
já mil vezes o tal tesouro procuraram!"
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