VIVANDEIRA & MAIS -- 14-20/10/2017
NOVAS SÉRIES DE wILLIAM LAGOS
THE
SUTLER (A VIVANDEIRA) -- 14/10/17
FRAGRANCE
(OLOR) -- 15/10/2017
SAPHIRA -- 16/10/2017
APARÊNCIA
-- 17/10/2017
REVANCHE
-- 18/10/2017
CARTEADO
-- 19/10/2017
CHUVISCO
DE VERSOS -- 20/10/2017
ALTIVEZ -- 17/4/2006
STUBBORN -- April 13, 2006
THE
SUTLER -- April 12 '06
A pretty
maid have I met today
Who
vainly sported a very strange wish:
She
wanted to show herself an easy dish,
Shameless
and ardent to the fray.
Today I
met her and deep inside
But an
illusion 'twas; or so I found
That in
the secret her heart would sound
Akin to
age-old shame in deep abide,
For her
having been born in womanly yoke:
The
object only of that fury
That
joins the flesh in glue to lechery,
The wild
scent of marigold in the stroke
Of dawn,
when a man will reckless destroy
By
taking the flesh, all further love's joy.
versão original em português:
VIVANDEIRA I (1978)
Eu hoje conheci jovem formosa,
cuja vaidade e singular desejo
é mostrar que não tem traço de pejo
em revelar-se ardente e dadivosa.
Eu hoje a conheci; e, bem no fundo,
descobri que não passa de ilusão,
pois no secreto de seu coração
existe um pejo secular, profundo,
de ter nascido em jugos de mulher:
ser objeto apenas desta fúria
que junta à carne a goma da luxúria,
no visco agreste de aurora e malmequer,
em que o homem destrói, com tanta incúria,
ao ter a carne, o amor que inda mais quer.
VIVANDEIRA II -- 14 OUT 17
Durante séculos urdiu-se o longo pejo
na sociedade sob o patriarcado,
bastante escasso sendo o matriarcado:
bem raramente assistiu-se tal ensejo.
Mesmo onde a sacerdotisa dava o beijo
como o ritual aos deuses mais sagrado,
havia um sacerdote do seu lado,
do deus a imagem na partilha do desejo.
De fato, existem bem raras evidências
de um culto matriarcal e serpentino,
na independência de um trono masculino,
mesmo de Gaia nas místicas cadências,
ou nos mistérios de Aphrodite e de Ishtar,
raro mulher predominante a se encontrar.
VIVANDEIRA III
A deusa Terra, de cunho fescenino, (*)
aquelas deusas de vasta proporções,
eram consortes dos deuses dos trovões,
fecundidade o seu real destino.
(*) Explicitamente sexual.
Sempre é preciso alguém que nesse sino
mova o badalo para as fecundações,
mesmo nos cultos de terríveis proporções,
sacrificado um homem ou algum menino.
Até as Bacantes, que em recordação de Orfeu,
a um homem ou até mais trucidariam,
em seus Mistérios bastante homossexuais,
a carne e o sangue deglutido como seu,
eucaristias que depois se esqueceriam,
após passada a embriaguez desses rituais.
VIVANDEIRA IV
Esse mito que descreve Adão e Eva,
sendo o homem gerador de uma mulher,
substitui o simbolismo que requer
Lilith, primeira esposa de sua seiva.
É quase certo, caso alguém se atreva
desse profundo interpretar ter o mister,
que aqui se mostra a mutação de um ser
e sua transmissão que ao mundo a leva.
Esse Adão mítico o Homo sapiens incipiente,
a fecundar sua Lilith neanderthal,
de sua semente a brotar a filha humana,
que por seu pai foi fecundada novamente
e assim a raça se tornou transcendental,
incestuosa, quiçá, mas soberana!...
VIVANDEIRA V
A mutação foi masculina, certamente,
pois quantas fêmeas ele poderia fecundar
ao longo de um só ano, a engravidar
neandertais e heidelbergues, é evidente. (*)
(*) As raças humanóides nossas semelhantes.
Caso ocorresse em mulher, dificilmente
uns vinte filhos poderia gestar;
muito mais certo o masculino propagar,
a evolução a se cumprir racionalmente.
O mesmo mito refere ao hebreu Ló,
que fecundou as duas filhas (sem saber?)
mais uma vez sua genética a crescer,
como o Gênesis nos conta, sem ter dó
desses tabus que mais tarde surgiriam
depois que humanos se multiplicariam.
VIVANDEIRA VI
De modo idêntico surgiu a poligamia,
para que houvesse maior reprodução,
já uma engravida durante a gestação
da companheira, que no parto ela auxilia.
Por isso seu oposto, a poliandria,
nunca alcançou suficiente difusão;
mesmo rainhas ninfômanas não são
capazes de engravidar a cada orgia.
Só para concluir: a vivandeira,
embora tida por alguns qual prostituta,
era também das tropas a enfermeira,
e se em seu corpo se mostrava hospitaleira,
os uniformes consertava em sua labuta:
mais que no sexo, sendo a mãe e a
companheira.
FRAGRANCE (Translated into English April
2006)
Here you have me, still from your kisses
Smelling to saliva in sweetest affection,
Enwrapped by your scent in a completion
As total as the giving of your blisses.
Here you have me, still from your arms
Caressed whole by the scintillating down,
Scattered drops of gold, your renown
Shining on me in balmy, aromal charms.
As an ethereal cascade, unsubstantial
Covering me, in broad,
lukewarm daylight,
Candid as moonshine, ardent as fire...
A real reddish brightness of unessential
Redolence from flesh to risen flesh
delight,
Your lingering perfume in my desire.
OLOR I (30 set 1978)
Eis-me aqui, pois ainda de teus beijos,
Rescendendo a saliva, em doce afeto,
Envolto em teu perfume, tão completo
Quanto é total a entrega em teus desejos;
Eis-me aqui, pois ainda de teus braços,
Carinhado dos pelos cintilantes,
Esparsas gotas d'oiro e triunfantes,
A rebrilhar em mim seus meigos traços,
Numa cascata etérea e fugidia,
Que recobriu-me, em plena luz do dia,
Em seu candor de lua e ardor de lume...
Fulgor real e ruivo de quimera,
Que a carne exsuda e a carne minha altera,
Permanecendo em mim, no teu perfume.
OLOR II -- 15 OUT 17
O olor do beijo é o odor da ptialina,
palavra rara e até poética no som,
desinfetante para um beijo bom,
arrebatado dos lábios da menina.
Anéis benzóicos perfumam toda a sina,
agradáveis perfumes neste tom,
nem todos com aroma de bombom,
mas sem o puro hexágono, não se atina
qualquer exalação em tua narina;
e esse gosto túrgido que sentes,
esse sabor que a alma te assassina,
também te é lançado ao paladar
pelos compostos químicos assentes
nesse outro corpo que buscas conquistar.
OLOR III
Não encontro aqui desprezo ao romantismo:
esse esplendor aromático e sensual
de tua parceira ou parceiro é material,
pois é seu corpo que te inspira o naturismo.
Igual teu próprio corpo, sem sofismo:
são os compostos químicos a natural
coordenação entre o físico e o mental,
ungem sentidos em perfeito maneirismo.
O que te atrai no beijo e amor sensual
são feromônios que o fazem despertar
perante hormônios oriundos do exterior
e não existe qualquer coisa de imoral
em teu dizer que o "clima" a se "pintar"
é mais do corpo que de qualquer amor.
OLOR IV
Contudo, quando olores te controlam
e por tua língua correm os sabores,
na exaltação que precede a teus amores,
teus preconceitos anteriores se degolam
e de teu coração veias amolam
com as limas invisíveis dos pendores;
desejo químico permeia os teus sexores,
que para pontos de nobreza então se evolam.
Tudo pensado, intangível é a paixão
e esse amor que te anima o coração
interpretado tão só pelo mental,
bem mais sensível o tato de tua mão
sobre essa pele, qual molécula sensual,
um toque leve a gerar tanta emoção!
SAPHIRA I -- 30 set 06
cinco Bichanos teve a Gata Persa
de Pelos diferentes, mas saudáveis.
também, pudera!... com seus Saltos ágeis,
caçava ela Pardais, numa perversa
e instintiva Vontade de Matar,
por mais Comida tivesse no seu Prato;
matava as Aves, sem caçar um Rato
[que, felizmente, não temos de espantar].
e um dia, olhando o Pátio, distraída,
uma Mulher pensou, vendo um Pardal,
a se Arrastar pelo Chão, na preferida
posição para a Tocaia, no Impulso de caçar
tal qual faria a Gata, num total
Anseio à Forma antiga Retornar!...
SAPHIRA II -- 16 out 17
toda Mulher é movida por Instintos,
cinco Bichanos querendo assim Gerar,
seu Corpo físico a jamais Locupletar
se à Luz não traz quaisquer Corpos distintos!
não que seja o seu Feitio caçar os Pintos
de um Pardal ou de outro Pássaro a Encontrar;
prefere o Pinto ver num Frango se tornar,
para depois Cozinhar seus Órgãos tintos!
sem Dúvida será um Instinto natural
a Vida alheia assim Sacrificar
para sua Própria Existência Conservar
e a de sua Prole, em Instinto maternal,
Carne não Come sem primeiro se Matar,
se bem não Crua, qual faria um Animal!...
SAPHIRA III
mas se a Mulher que me viste Referir
observar um Pardalzinho a se Arrastar,
que Coisa atávica lá do Fundo vem Brotar:
com Carne crua novamente se Nutrir!
só os Mamíferos e Aves a possuir
o Sangue quente, sem Assar-se, assim...
pode com o próprio Sangue alimentar
seu Filho ou Filha por umbílico fluir...
mesmo depois da Criança dada à Luz,
seu Sangue ainda é transformado em Leite,
a brotar de seus Mamilos, Peitos nus,
mais nutritivos que qualquer Azeite,
nesse Ritual mais velho do que a Cruz
que a cada Um de Nós trouxe o Deleite!...
SAPHIRA IV
Saphira já morreu. Está
enterrada
permeio às Flores de nosso Jardim;
Arthur Pendragon nos deixou, enfim,
um Gato persa de Raça incontestada.
Sua filha Ágatha por minha Irmã criada;
dos Trinta e nove que gerou, outros, assim,
ainda existem pelos Páramos do Outrossim,
cuja Vivência não nos é Comunicada...
Contudo, em Vida, mais de uma vez, Saphira,
após caçar algum simples Pardalzinho,
ao invés de o Devorar, deu de Presente
para minha Esposa e creio, sem Mentir,
que nela percebeu Anseio pequeninho
de outra Gata ser, lá no Inconsciente!...
APARÊNCIA I (1981)
Os meus sonetos ficaram
infelizes
Por dois motivos:
primeiro, eu sou amado;
Paradoxal que seja, o
atribulado
Coração é o que produz
versos felizes.
Quando, no ideal
romântico, é encontrado
Aquilo que impossível nos
parece,
Cada soneto é uma emissão
de prece,
Louvando sempre o beijo
desprezado.
Depois... ao encontrar
correspondência
E embora nos vejamos com
freqüência,
O amor ideal não pode consumar-se.
Talvez melhor me fora
indesejado
Ficar --- noutros versos
consolado,
Que meu amor espiritual
siga a abrasar-se.
APARÊNCIA II -- 17 outubro 17
Que mais se pode amar que o inalcançável?
Profunda parte da natureza humana,
É desejar o que se acha em alheia cama,
(Por mais que seja rima pobre e
desprezível!)
O coração sempre abrilhanta o imponderável,
Aquela estrela que a alma nos inflama,
Que leva o explorador gastar a chama
Da própria vida na busca do impossível.
Que levou cada cientista às descobertas,
Que conduziu à criação tantos artistas,
Que ao filósofo faz mistérios desvendar;
E num sentido mais chão, apostas certas
No mercado de ações; buscar conquistas
Ou simplesmente os bens alheios cobiçar.
APARÊNCIA III
E num sentido ainda mais simples e imediato
O que impele mais a mente e o coração
Que essa busca de uma nova exultação,
No desvendar final de algum recato?
De um novo amor... Um novo corpo, é fato!
Esse anseio imperativo da paixão,
Esse explodir que amalgama tua emoção
E te faz buscar nos dedos outro tato?
Não que todos se entreguem ao desejo
De nova carne, por diversa excitação
Daquela que sabemos já ser nossa.
Pois a moral e a segurança afiam pejo,
Bem mais de fato que a consciência da ilusão
Que o corpo incita e a seu prazer endossa...
APARÊNCIA IV
Para qualquer esta
tendência é compreensível,
Quer a desejem, quer a
queiram desprezar,
Ou mais quiseram, porém
sem alcançar,
Ante um desdém alheio
intransponível...
Bem mais difícil é esta
tendência incrível
Para um amor espiritual
só se buscar,
Mais que o da carne, o
qual vem inspirar
Feroz torrente de verso
inexaurível...
Porém que a posse, por
mais seja tangível,
Por mais sempre constante
e prazerosa,
Nos impeça de auferir o
amor ideal!...
Essa fome por ter alma
imperecível,
Esse desejo do espinho
mais que a rosa,
O melancólico querer do
que é imortal!...
revanche I -- 19 abr 2006
ah, por um beijo longo de Tua boca!
que me sugasse a alma num relance,
que não daria eu por esse alcance
que tal sofreguidão assim sufoca!...
ah, que perfume dentro em mim espoca!
o calor do Teu corpo neste instante,
do tempo mau da espera palpitante,
da palidez da pena e a sorte mouca!...
é como se Tua vida, em tal momento
fluísse para mim, enquanto a minha
escorresse para Ti, lenta paixão,
uma delícia doce, esse tormento:
a vida explode e a morte se avizinha,
enquanto a mente esvai-se em transfusão.
revanche II -- 18 OUT 17
o espanto dorme em cada coração
e pelo corpo ondula a adrenalina;
por mais que amor por outro amor se inclina,
sempre um receio qualifica essa emoção.
será
efêmera, se pensa, essa paixão?
não
esmeralda, mas apenas turmalina?...
até que ponto o esplendor que nos fascina
tem força igual sobre quem nos dá a mão?
beijos são beijos, afinal, algo inicial,
fim alcançado tão somente nos romances,
na vida material, etapa apenas,
que nos conduza a entrega mais total,
ou que se esgote afinal, quando te canses,
de um novo beijo já envidando novas cenas...
revanche III
mas quando chega um beijo inesperado
que nos invade na mais incauta hora,
como impedir que nos conquiste agora,
por mais que seja não mais do que um agrado?
mas quando um beijo por muito foi buscado
e só obtido após longa demora,
como impedir essa emoção que aflora:
essa certeza incerta do aguardado?
quando demora demais, tal a riqueza
que só se herdou já na senectude,
o seu valor já nos chega diluído...
por que a demora de tal sonho de beleza,
desse amor que finalmente nos ilude,
tão diferente do que havíamos querido?
revanche IV
ah, que esse beijo Teu me venha agora,
enquanto ainda abrasa-me o desejo!
esse beijo material, sem qualquer pejo,
que me atinja neste dia, sem demora!
que a longa espera esvaia-se no outrora,
que Teu desdém dissolva-se em adejo,
que o perspirar que nas Tuas faces vejo
ao meu se funda em perenal aurora!
e que nos seja qual tormento permanente
esse Teu beijo tornado tão frequente
quanto é frequente a Tua expiração!...
que nele durma o suspiro do lamento,
que flua o sangue desde o coração
e a carne inteira se desfaça em sofrimento!
CARTEADO I - 19 OUT 2017
Fazer sonetos não é mais que baralhar
ideais palavras, sem precisar de amor;
quando a mente já adquiriu esse pendor,
por entre os dedos flui seu meigo derramar.
Mas depois de a habilidade aperfeiçoar,
as cartas giram tal qual fosco fulgor,
uma sequência se completa sem labor:
novo soneto o inteiro jogo a completar!
Não se requer ao coração vibrar,
cada emoção se consegue relembrar,
sem o esforço bisonho do inconsciente,
de uma palavra para outra a revoar,
numa ilusão de magia intermitente,
tua vista cega nessa estalo permanente.
CARTEADO II
Olha, contudo, além do embaralhar
e do dispor sobre a mesa do carteado
em singular disposição de lado a lado,
o teu futuro pretendendo desvendar!
Um soneto de amor vai te alcançar
antigas prendas do coração magoado,
qualquer descaso sofrido no passado...
Toma cuidado, sem te descuidar,
porque sonetos têm agudo gume,
não são aquilo que só o poeta diz,
mas a emoção que ali tu própria alocas!
Do misterioso coração brota esse lume,
esse abafado desejo que se quis,
o anseio antigo que em ti mesma embocas!
CARTEADO III
A cada carta um valor é atribuído,
com aparente ou até real significado...
Em meu arquivo conservo bem guardado
cada prosaico valor tanto temido!
Quando ser possa doravante desejado:
mostra uma carta um coração ferido,
outra carta um amor bem retribuído,
caleidoscópico amor prestidigitado!...
E se a Rainha de Espadas traz a morte
e se a Rainha de Copas traz o amor,
o Rei de Ouros vem predizer fortuna!
E o meu soneto só brinca com tua sorte:
tua é a alegria e todo é o teu calor,
só teu desejo interpretando cada runa!
CHUVISCO
DE VERSOS I -- 20 OUT 17
Vi
com frequência se esvair o amor,
por
mais real que fosse e verdadeiro;
não
se consegue vivenciá-lo por inteiro,
que
a vida corta a vida em seu furor!
Assim
também, o mais real fervor
não
se demora a dar suspiro derradeiro;
só
permanece um carinho alvissareiro,
quando
não entra em seu lugar frio rancor!
Sempre
mantenho meu pendor e simpatias
em
qualquer situação, mas sei que poucos
assim
o fazem, ao buscar de outros parceiros,
em
vão trançando tristezas ou folias,
ao
verdadeiro amor ouvidos moucos
em
troca de alvos tão só interesseiros!...
CHUVISCO
DE VERSOS II
Já
tanto se falou que nem mais resta
qualquer
nova temática a cantar,
que
o mundo nos persegue no embalar
e
a total futilidade nos atesta,
seja
na dor, igual que em dia de festa,
a
vida nos afoga em fundo mar,
invólucro
sutil, dor de luar,
no
Sol manchado por canção de gesta.
Pois
realmente tudo já foi dito
e
nada sobra para o meu dizer,
nem
sei porque me atrevo a mais compor.
O
meu impulso, porém, é mais maldito,
pois
sou forçado ao verso entretecer
na
tempestade interna deste ardor.
CHUVISCO
DE VERSOS III
Assim
não penses que o amor é verdadeiro
que
nesta linhas te envio que redijo;
se
por acaso o peito mais te aflijo,
é
que te entregas a elas por inteiro!...
Todo
soneto de amor é sorrateiro,
no
escolher dos sentimentos que te alijo,
que
se geraram no meu peito rijo.
Nem
te conheço! Como ser teu cavaleiro?
Flechas
te lanço mergulhadas em veneno
desse
amor que já senti e já é passado,
dessa
busca sutil do amor ideal.
E
desse tímido amor sai leve aceno
sabendo
bem que jamais será encontrado
qualquer
amor que não possa ser mortal...
ALTIVEZ
--- Wm. Lagos, 20 ABR 2006
[Para a amiga Ana Maria Fernandes,
de quem ouvi esta história].
O velho se apresenta ao consultório,
com um corte na mão; e pede pressa,
pois tem um compromisso, uma promessa
que precisa cumprir; um peditório
que o doutor logo atende; e então, indaga
que compromisso é esse, tão urgente
e o velho lhe responde que é a frequente
visita feita à esposa, que se apaga,
tocada de Alzheimer, numa clínica
e ainda acrescenta que ela nem mais sabe
quem ele é; e à pergunta cínica
do médico sobre a pressa que então cabe
num caso assim, responde, como um rei:
"Não sabe mais quem sou; mas ela, eu sei."
STUBBORN -- April 13, '06
my life is like that, a constant Woe
for things never happened, for the Throe
of faced enemies, the laughing Foe,
ever undying, never letting Go
the way of flesh, a permanent Hoe
over my hopes; but a Glow
that flees the furthest; only a Flow
of promises dangling and yet to Grow,
never no more; and still i Plow,
and i insist, and even set my Bow
with new-fangled arrows but to Throw
into unattainable targets; and to Sow
my lungs' breath, till no longer Blow
I can -- and yet in my skiff I'll Row!
Recanto das Letras >
Autores > William Lagos
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