O TRIÂNGULO DO OLHAR I –
29/4/2022
Ainda hoje se emprega pela
Maçonaria
um elemento do antigo
paganismo,
do Olho de Amen-Rah o
simbolismo,
que ainda contempla aquilo
que antes via.
O pensamento do divino
compreendia
a criação do inicial
temporalismo,
cada hora a indicar o vasto
abismo
entre o passado que não
mais havia
e o futuro que não havia
chegado,
como uma forma de o tempo
dominar,
que menos fosse, por
arbitrárias divisões
desse presente, por
fantasia criado,
rápida linha entre o
passado desgastado
e os porvires a surgir por
exclusões...
O TRIÂNGULO DO OLHAR II
Pois cada vez que uma hora
era chegada,
as demais horas possíveis
se exauriam;
o mês lunar e a semana
pretendiam
submeter à solar vista
encantada.
Num só piscar de olhos a
abençoada
luz astral, que de modo
igual temiam,
nesse país em que as chuvas
nao caíam,
ao novo dia ordenando a
caminhada
e assim, por matemáticas
diversões,
elaborar foram o primeiro
calendário
para os Egípcios, porém já
remanescente
das tabelas estelares,
cujas construções
pelos Sumérios feitas, em
inicial fadário,
o tempo conceberam para
escravizar a gente.
O TRIÂNGULO DO OLHAR III
Foi por eles inventado o
solar quadrante
e a clepsidra com que as
noites dividir,
relógio de água, a torrente
a transmitir
do deus Sobk, o jacaré
lacrimejante.
Também ele um avatar do
deus constante,
Atom-Rah, o mundo inteiro a
constituir,
cada pequeno deus da luz a
se fundir
nesse deus único da
claridade dominante,
que na verdade, só dois
deuses existiam,
Osíris, o deus dos mortos,
sobre o escuro
e Amon-Amen-Aton-Horashteh
da luz,
mas até mesmo esses dois se
confudiam,
que a cada noite Aten-Rah
iria, seguro,
iluminar os mortos com seus
raios em cruz.
O OLHO QUE AINDA VÊ I – 30
ABR 22
Foi assim a metáfora do
triângulo criada,
em sua natureza potente e
admirável,
em sua base, qualquer deus
menos notável,
que em cada cidade então
era adorado.
Todas as deidades nesse
sopé, elevado
acima dos homens e do
animal mutável;
por isso suas cabeças, de
formato honorável,
coroavam os deuses em seu
perfil alçado.
De cada lado, subiam linhas
diagonais,
que conduziam à mais alta
divindade,
seu mistério é ser de fato
horizontais,
cada qual grupos de linhas
paralelas,
até o ápice chegar, com a
particularidade
de que esse vértice era de
fato igual candelas.
O OLHO QUE AINDA VÊ II
Pois ali brilhava a potente
luz solar:
era o próprio Amem-Rah,
senhor da vida,
e esse espaço a que o
triângulo dá guarida
era ocupado por tal visão a
cintilar.
Ali espiava o divinal globo
ocular,
que contemplava qualquer coisa
conhecida
e ao mesmo tempo as criava,
na renhida
luta constante pelo espaço
milenar;
mas o triângulo era de fato
perenal,
sem ter começo e portanto,
sem ter fim,
sendo um presente constante
e sem passar,
sempre imutável,
permanecendo assim,
somente as lágrimas de Sobk
a pingar,
nesse ritmo incessante todo
o tempo original.
O OLHO QUE AINDA VÊ III
Mas esse tempo só domina o
ser mortal,
visto que o Sol nunca
cessara de existir,
porque jamais se iniciara o
seu luzir,
sendo Aton-Rah, senhor
eterno e divinal.
Também a Esfinge, de pedra
colossal,
tinha a cabeça em
triângulo, a recobrir
a mesma coroa de
lápis-lazuli a refulgir
sobre a cabeça do Faraó
existencial;
cada um deles, ao adormecer
com os seus pais,
indo tornar-se em nova
linha horizontal
nesse grande equilátero do
espaço,
como a luz solar,
tornando-se eternais,
desmesurados em sua alma
perpetual,
do imenso deus contida em
seu abraço.
O TEMPO QUE NADA VÊ I – 1º
MAIO 2022
O tempo chegou cansado e
veio sentar-se à porta,
no degrau mais inferior de
minha escadinha;
ouvi ruído e fui ver. A sua aparência tinha
o ar entumescido e
gigantesco de comporta;
no mais sendo bem humana a
sua figura torta,
de tanto carregar a
enxúndia com que vinha;
fiquei só a observar e
encarou-me desde a linha
mais perto da calçada que a
sua silhueta corta.
Fiquei apalermado e preso
em sua figura,
só depois de algum período
começando a perceber
que de carros ou
transeuntes não havia movimento.
Havia uma jovem parada, com
a expressão mais pura,
uma perna para a frente,
como em passo a pretender,
flutuando imóvel, sem
aflorar o pavimento.
O TEMPO QUE NADA VÊ II
Só confabulei com o tempo
em pensamento,
se ele falasse, começaria
já a passar,
se algo eu proferisse, só o
iria perturbar
e fazer com que expelisse o
seu alento.
Mas como o tempo se
cansara, em tal portento,
Ou por que o espaço cessara
de avançar?
Só em meu cérebro
compreendi seu inventar
pelos humanos, em mui
antigo julgamento.
Fora de fato contra os
humanos concebido,
que pelo tempo se deixassem
afligir,
sem que os animais se
deixassem consumir,
no dia a dia, pelo espaço
transcorrido,
ficando o tempo assim, de
olhar cansado,
há tantos séculos pelos
humanos inventado...
O TEMPO QUE NADA VÊ III
Todo esse tempo, a tal
jovem de olhar puro
permanecia em seu estático
ballet,
sem na calçada jamais depor
o lindo pé,
nesse equilíbrio incauto,
mas seguro,
o Sol parado, sem mover-se
para o escuro,
meus pensamentos na
proteção de meu boné,
fitando o tempo a me
encarar até,
a projetar-se sobre mim,
qual brando muro.
Durou um instante, ou foi
uma eternidade?
Mas que sentido teria o
tempo se parar,
só em minhas pupilas a
poder se aconchegar?...
Quanto começa tem sua
finalidade
e assim o tempo infundiu-me
seu suspiro
e ainda exausto, retomou
seu longo giro...
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