DOMINAÇÃO DE AMOR I – 31 JUL 2022
(Elizabeth Olsen = Capitã Marvel)
Por certo existe a mulher dominatriz,
a quem se submete um masoquista
e seu prazer com ela só conquista,
sob a chibata e seu salto está feliz.
Fero destino que para mim não quis,
só o amor suave meu coração avista:
talvez de dor e desprezo encontre a pista,
porém buscar tal mal jamais eu fiz,
pois certamente não gosto de sofrer,
embora inspiração me vá trazer
qualquer pena de amor que o vento traga,
porque a mulher consciente do poder,
em rosto bate e só depois afaga,
nalgum capricho de amor que possa ter.
DOMINAÇÃO DE AMOR
II
Muitos caprichos
de amor são generosos,
sendo carínhos
melífluos na verdade,
inversamente a
comprovar sinceridade:
é a bem-amada que
tem caprichos mais formosos,
que ao se saber querida,
serão mais viçosos
e nessa troça está
a peculiaridade,
a se cambiar com
extrema liberdade,
final origem de
amores mais ditosos,
pois ela julga que
irá tornar feliz
ao seu amor depois
de suas negaças:
“Que importa que
ele sofra, se é por mim?”
E quantas vezes
nossa história diz
que até preferes
essa mulher que abraças,
quando ela cede em
grande amor enfim?
DOMINAÇÃO DE AMOR III
Já muita vez encontrei pela minha vida
essa mulher que se aproxima e foge,
convidativa ontem, tão distante hoje,
qual lamentando pequena graça concedida.
E quanta vez tal graça foi perdida,
quando minha própria incompreensão arroje
toda promessa de amor assim despoje,
por não ter sido buscada e perseguida.
Que não é de qualquer mulher algum capricho
que me atraia para o empenho da conquista,
mas na verdade, só me torna mais prolixo,
em fazer versos de abandono e de lamento,
sem de fato lamentar a breve pista,
que percorri no capricho de um momento!
CONDIÇÃO DE AMOR I – 1º AGOSTO 22
Quando eu souber que sonhas só comigo,
que para ti não existe outra pessoa,
sem devaneios por motivo atoa,
que só por mim teu coração ressoa;
quando eu souber que teu peito só ecoa
meu nome e ali apenas permites seu jazigo,
que em tua válvula mitral encontre abrigo,
que em tua tricúspide habitação consigo,
só então confessarei que só contigo
eu mesmo sonho a cada noite e dia;
não dou meus passos em abismo de incerteza,
só por caminhos seguros é que eu sigo,
nunca a arriscar por prêmio sem valia
esse que eu tenho já composto de nobreza.
CONDIÇÃO DE AMOR II
Na verdade, amor
que é amor existe um só,
não se encontram
amores na calçada,
por detrás de cada
pedra levantada,
lá dormem tristes
as emoções sem dó,
algumas vezes no
emaranho de algum nó,
cada ilusão por
outrem desprezada
sem qualquer
crença de novamente ser amada,
a tijoleta sua
proteção e portaló...
Mas há amores
certamente por aí,
pelas calçadas
estão a saltitar,
alegremente, sob o
sol a rebrilhar,
de um par de olhos
a se fitar em ti,
são seguros de si
e não se ocultam
em desenganos que
facilmente indultam.
CONDIÇÃO DE AMOR III
De certo modo, do amor eu sou vampiro,
não que pretenda o sangue teu furtar,
nem de tua alma sequer me apoderar,
quando minhas vistas para teu rosto eu giro
e em seguimento meu olhar retiro,
somente em casos de amor irei sonhar,
assentimento ou desprezo irei buscar,
quando meu próprio coração assim eu firo.
Não mais serás que o tema de um soneto,
no esvaziamento de tuas possibilidades,
tal qual seria o calor desses teus braços,
como eu teria o teu desprezo mais completo;
e assim redijo as minhas inverdades,
enquanto os dedos pensam nos teus traços.
TUMBAS DE AMOR I – 2
AGO 22
A cada hora mil
olhos sei se cerram
e porventura o mundo
para de girar?
Indiferente é a
Terra ao trespassar
das ilusões que
outrora ali se encerram,
ou das tristezas e
rancores que ali erram
ou dos amores que
tiveram de deixar,
dos descendentes que
puderam alcançar,
dos sentimentos que
corações aterram.
Por que motivo seria
diferente,
se honestamente nos
dispusermos a pensar?
De fato hoje vivemos
todos muito mais
do que vivia toda
essa arcaica gente,
mesmo os que hoje
vão florestas habitar,
tão curtas sendo
suas vidas naturais.
TUMBAS DE AMOR II
O que sabemos dos muitos que morreram
na antiga Suméria, em Mitani ou dos Hititas,
salvo um que outro em recobradas criptas,
nas quais seus corpos os crentes encerraram;
sabemos mais o que os Egípcios deixaram,
por seu costume de enrolar em fitas
seus próprios mortos para futuras ditas,
seus pobres restos ressuscitar julgaram.
Li a história de arqueóloga Americana,
seu objetivo sendo especializado
no Egito antigo que há tanto terminou;
num cemitério antigo ela se afana,
suas tochas sendo os braços ressecados
de velhas múmias que Osíris já julgou!
TUMBAS DE AMOR III
Se alguma coisa me
assombra é esse costume
de guardar mortos em
vastos cemitérios,
após séculos submetidos
aos despautérios,
suas sepulturas
reabertas para o lume,
artefatos a despojar
que o corpo assume
tal povo antigo por
seus mitos sérios,
necessitados para
seus eremitérios
nesse outro mundo
para o qual se rume...
Até suas roupas já
se encontram em museus,
expostos em vitrinas
os acessórios
ou os esqueletos
melhormente preservados...
Bem que faziam os
Romanos com os seus,
somente as cinzas,
sem quaisquer emunctórios,
que no futuro ser
pudessem dessacrados...
TUMBAS DE AMOR IV
Só imagino quanta
terra de cultivo
é com os mortos
assim desperdiçada,
por túmulos inúteis
pontilhada,
sem colheitas
alimentarem qualquer vivo,
tudo em função de um
sacerdócio altivo,
cada necrópole por
eles explorada,
em afirmação pela
Escritura contrariada,
que um corpo morto
voltasse a ser ativo...
Contradição da
Epístola aos Romanos,
em que São Paulo
chama de insensato
a quem menciona a
ressurreição do material,
guardar cadáveres
costumes bem insanos:
semeado um corpo
físico, é real fato
que ressuscite apenas
um corpo espiritual!
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