A PRINCESA DO MAR IV
Chegou o guslar,
um tanto esfarrapado,
trazia consigo seu
instrumento velho.
Porém Nazhata se
vestia ricamente,
seu gusli rebrilhava
de imponente,
sua madeira reluzia
como espelho,
em cada acorde
melodioso e compassado.
Fizeram troça de
Sadko, no começo,
enquanto as cordas
tangeu e afinou.
Mas sua voz mostrava
um timbre delicado...
Assim Nazhata se
sentiu ameaçado
e para um duelo de
canções o desafiou,
a fim de ver quem
merecia mais apreço.
Como de Sadko fosse a
voz melhor
e no instrumento mais
habilidoso,
os partidários de
Nazhata começaram
a troçar dele e tanto
o apuparam
que Sadko ofendeu-se
e, corajoso,
decidiu-se a abordar
tema maior.
E assim cantou que
mais prosperidade
teria Novgorod, caso
ao Oceano
tivesse acesso, pois
muito mais riquezas
poderia alcançar,
pelas proezas
de cem barcos lançados
a cada ano,
que lhe trariam um
tesouro de verdade...
A PRINCESA DO MAR V
Entretanto, aos
comerciantes ofendeu.
"Que direito
tinha esse cantorzinho
de pôr em dúvida a
sua habilidade?
De desprezar assim a
sua cidade?"
Lançaram Sadko ao
meio do caminho:
por seu esforço ele
nada recebeu...
Enquanto ao
estrangeiro proclamaram
como o melhor cantor
que conheciam...
Sadko
ergueu-se. Por sorte, o instrumento
não se quebrara nesse
ruim momento.
Mas negro era o
futuro que anteviam,
depois que do salão
os expulsaram...
Assim Sadko foi
andando até a praia
e se deitou a dormir,
do lago à beira,
até que despertou, à
meia-noite...
Batia a areia em seu
rosto como açoite.
Pensou cantar sozinho
a derradeira
canção, já sem se
expor a qualquer vaia...
E enquanto ele
cantava, aproximaram-se
sete donzelas de
irreal beleza
e se assentaram em
círculo, a escutar...
Ele cantou de novo
sobre o mar,
como traria à cidade
mais riqueza
e as sete jovens
rápido alegraram-se.
A PRINCESA DO MAR VI
E quando sua canção
foi terminada,
todas sete o
aplaudiram com calor
e disse dentre elas a
mais bela:
"Eu sou Volkhova,
a filha de uma estrela
com o Rei do Mar,
no mais sincero amor
e agora estou por ti
apaixonada..."
"Cantaste muito
bem sobre o Oceano,
canta-me agora da
terra e sobre o amor!..."
Sadko em tudo a
atendeu, envaidecido.
Seis das donzelas
haviam desaparecido.
Volkhova o abraçou,
mas seu calor
julgou sonhar,
compensando o desengano.
E quanto finalmente
rompe a aurora,
Volkhova prometeu-lhe
seu destino
mudar profundamente
doravante.
"Todo obstáculo
levarás por diante,
se tão somente creres
qual menino,
no que direi, antes de
ir-me embora."
"Pescarás amanhã
três peixes de ouro
e se souberes
aproveitar a oportunidade,
irás fazer pelo mar
longa viagem
e novamente, se agires
com coragem
e comerciares com
grande habilidade,
a Novgorod trarás
grande tesouro..."
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