A
CASA DO SOL
Capítulo
Cinco – 5 jul 21
(TRACY SPIRIDAKOS, atriz contemporânea)
Contudo,
Deus não abandona os garotinhos
e
fez a água lançá-los à outra margem;
chegou
raposa que perdera os seus filhotes:
lambeu
os meninos e os levou para sua toca.
Amamentou-os
desde pequeninhos
e
os animais da floresta e da pastagem
trouxeram
penas e pelos como dotes,
com
que a raposa teceu roupas em sua roca...
De
fato, eles cresceram bem depressa
e
a raposa os levou então a uma caverna
em
que morava São Thursday, um ermitão, (*)
que
os protegeu com toda a boa vontade.
E
mais cresceram os dois, na maior pressa,
aos
quatro anos, por bênção superna,
igual
que adultos já parecia cada irmão
e
São Thursday, sua mente sem maldade,
(*)
São Quinta-feira.
acreditou
tudo ser obra de Deus
e
foi buscar, no fundo da caverna,
um
baú em que roupas conservava,
antes
de ali se recolher como ermitão
e
deu a ambos os trajos que eram seus
quando
era nobre, antes da promessa eterna
de
penitência, que de há muito realizava:
as
roupas lhes serviram à perfeição.
Também
lhes deu dois pares de botas
e
dois chapéus valiosos de veludo
e
finalmente, a cada um deu uma espada.
“Estais
crescidos, meus filhos queridos
e
é tempo de buscardes novas rotas.
Prata
não tenho para lhes dar, contudo,
minha
riqueza há muito foi doada,
mas
acredito que sereis bem sucedidos!”
Os
dois rapazes dele se despediram
e
seguiram seu caminho pela mata;
algumas
frutas encontraram facilmente
e
entre as raízes de um carvalho adormeceram.
No
mesmo sonho, todos dois se viram:
Não somos órfãos, há
uma certa data
uma bruxa nos trocou,
perversamente
por dois cachorros,
que nosso pai convenceram
serem os filhos
nascido desse parto,
mas ela nos jogou
dentro do rio,
quando encontrou-nos
nossa mãe raposa,
da qual nos recordamos
muito bem;
mas nossa mãe
verdadeira teve um farto
castigo, que a
enterraram exposta ao frio,
até a cintura, mas a
gente generosa
a alimentou e lhe deu
vinho também!...
Capítulo
Seis – 6 jul 21
“Que
coisa estranha, tivemos o mesmo sonho,
deve,
portanto, ter um cunho de verdade!...”
E
assim marcharam até a capital
desse
pequeno reino de seu pai,
tão
galhardos com seu ar sempre risonho,
que
a atenção logo chamaram na cidade
e
ao Rei Murphy II anunciaram, afinal,
e
do castelo, o bom rei curioso sai.
Ora,
o plano de sua ama interesseira,
no
fim das contas, resultara em nada,
porque
sua filha, com seu namorado
se
casara afinal, secretamente;
mas
o rei, em sua tristeza, não se abeira
de
qualquer outra mulher apresentada,
acreditando
ser ele o amaldiçoado
e
esses dois cães acreditava, realmente,
serem
seus filhos e os criava com carinho.
Ao
encontrar os dois irmãos, tão bem vestidos,
seu
coração para eles se voltou,
sem
entender porquê: para jantar os convidou.
“Quais
os seus nomes?” Respondeu um rapazinho,
“Meu
nome é Monday.” Sobrenomes esquecidos,
“Meu
nome é Tuesday,” o outro lhe falou.
Surpreso
o rei, novamente os convocou. (*)
(*)
Segunda- e Terça-feira.
Porém
a velha ama feiticeira
sentiu
um baque no seu coração:
teve
certeza de serem, realmente,
os
dois filhos do rei, que ela pensara
ter
afogado, em sua traição primeira.
Sua
filha não lhe melhorara a condição,
porém
se descobrisse sua maldade ardente,
por
certo o rei ferozmente a castigara!
Assim,
foi procurar os dois rapazes,
que
vinham ao castelo caminhando
e
depressa lhe falou: “Como sois belos!
Mas
seríeis dez vezes mais bonitos,
se
vos banhásseis nas águas fugazes
da
Casa do Sol, ali deixando
qualquer
defeito, da cabeça aos tornozelos!”
E
os dois irmãos acreditaram nos seus ditos.
E
ao invés de seguirem ao castelo,
foram
em busca da tal Casa do Sol,
que
ficava junto ao mar, muito distante,
até
encontrarem uma pequena gruta:
“Decerto
é aqui!” Mas com o maior zelo,
viram
um velho manipulando um rol
de
pergaminhos de aspecto importante,
com
longa barba e fisionomia impoluta.
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