VLADKO E LODNISSA VII –
15 jan 2023
Porém no dia seguinte,
manhã cedo,
Vladko lhe disse que não
iria pastorear.
“Que história é essa,
não pretende trabalhar?”
“Senhor meu pai, tenho
um destino ledo:
Vou pedir a mão da
princesa, sem ter medo.”
“Mas o que é isso?
Pretende me enganar?”
“Não, senhor meu pai,
não há razão para zombar,
porque o meu plano já
calculei a dedo.”
“Meu filho, você
endoideceu?”
Disse-lhe a mãe. “Sei o
que estou fazendo.”
Assim um fiambre ela lhe
preparou
e Vladko até o castelo
então marchou,
muito seguro do que
estava pretendendo
e perante a levadiça
então se apresentou.
Os guardas não lhe queriam dar entrada,
mas um nobre chegou logo a seguir,
que a mão de Lodnissa também queria pedir
e aos guardas convenceu dar-lhe passada.
Esse era o Conde Bopp e não adivinhara nada,
mas ao ver Vladko com tal firmeza insistir,
chegou à conclusão de que poderia conseguir
as respostas ao interrogá-lo de passada.
Disse a Vladko: “Fale você primeiro,
se estiver certo, então confirmarei,
que os sinais sei muito bem quais são;
foram os dois admitidos bem ligeiro.
“Quais são os três sinais?” – interrogou o rei
e Vladko respondeu na maior convicção.
“Em sua testa tem a
princesa uma estrela!”
“É isso mesmo!” –
confirmou o acompanhante.
“Ia dizer o mesmo neste
instante...”
“No peito um sol sobre
sua carne bela!”
“Tem toda a razão!” –
disse o esperto nessa trela,
era o que eu ia dizer,
muito confiante!”
“E acima do joelho uma
lua deslumbrante!”
“Justamente,” disse
Bopp. “É a marca nela!”
Ficou a princesa
extremamente surpreendida:
“Realmente, são esses os
meus sinais.”
“Mas ao mesmo tempo nós
dois adivinhamos!”
Lodnissa ficou bastante
desconfiada:
“Senhor Conde, eu não o
encontrei jamais,
mas eu e o pastor já
antes conversamos...”
“Princesa, eu consultei
um adivinho,”
mentiu o conde, falaz e
bem traiçoeiro.
”E eu os avistei,
sentado no terreiro,
quando foi me comprar
cada bacorinho.
“Para resolver, conheço
um bom caminho,”
disse Lodnissa. “Temos
no pátio um grande algarrobeiro
com frutos só no topo. Quem me trouxer primeiro
um fruto maduro, ganhará
o meu carinho.”
Dizia isso, porque
Vladko era moço,
enquanto o Conde era de
meia idade
e ela confiava na
vitória do pastor,
mas Bopp foi veloz e o
tronco grosso
foi escalando na maior
facilidade,
pensando assim
conquistar o seu favor.
VLADKO E LODNISSA VIII –
16 jan 2023
Percebeu Vladko que não
o poderia ultrapassar
e ao invés disso, no
tronco se abraçou
e com energia toda a árvore balançou:
“Cuidado, que vais
cair!” – foi avisar.
O Conde Bopp se assustou,
porque galgar
aquela árvore bem mais
fácil se mostrou
do que descer e, sem
querer, largou
a algarroba que já
pudera apanhar!
Vladko nem a deixou cair
no chão,
mas aparou-a e correu
para a princesa,
que o acolheu como sendo
o vencedor!
Mas o conde trouxe outro
fruto na mão,
mas que apertou com
excesso de firmeza,
esmagando-o contra o
peito num tremor!
Porém o conde protestou com violência:
“Esse vilão quis me prejudicar,
a primeira fruta fui eu a apanhar,
ele a roubou de mim com prepotência!
Exijo uma outra prova de excelência,
que assim comprove como pôde adivinhar
os três sinais que tem a princesa a ostentar,
Majestade, apelo para sua clemência!”
“Mas qual é a prova que vais apresentar?”
“Sire, existe um carneiro com pelo de ouro:
se realmente ele for dela merecedor
esse velo de ouro deve intacto buscar,
será o dote da princesa esse tesouro!...!
“Você aceita?” – indagou o rei ao pastor.
“Se for a vontade da
princesa, eu o farei.”
O conde interferiu:
“Caso ela recusar,
deverá casar comigo – é
o mesmo que aceitar
que esse pastor foi
desonesto, senhor rei!”
Lodnissa pensou: Se é assim, concordarei,
afinal é só um carneiro, será fácil de matar,
ele é um pastor, acostumado a dominar
os animais do rebanho. “Então, concordarei!”
Vladko apanhou como arma
uma escopeta
e foi ao bosque em que
vivia o carneiro.
O que ele não sabia é
que o conde interesseiro
não mencionara a tocaia
mais secreta
dessa missão, que o
carneiro era gigante
e que o brilho de seu
velo era ofuscante.
A morte já causara a
muita gente
e quando Vladko chegou
até a clareira
em que o animal passava
a tarde inteira,
viu que igual falava de
forma surpreendente!
“Que queres ter comigo,
jovem imprudente?
Matei teu pai e é coisa
bem certeira
que ele me encarou na
hora derradeira:
vou te matar também,
tolo indigente!”
Sem medo, Vladko
respondeu-lhe de imediato:
“Meu pai é vivo e não me
matarás!”
O carneiro eriçou o pelo
e agigantou,
surpreendendo ao rapaz
por este fato
e sem querer a escopeta
que ele traz,
sem mirar, porém
certeira disparou!
Nenhum comentário:
Postar um comentário