VLADKO E LODNISSA XI –
19 jan 2023
Mas quando Vladko viu o
outro dia amanhecer
olhou em volta o
observou maravilhado
que o terreno inteiro
parecia estar plantado
com mudas de videira já
a enverdecer
e em breve tempo tudo
estava já a crescer,
no sétimo dia, cada
cacho havia brotado,
numa cesta os cachos
maduros já tinha colocado,
fazendo prece sincera
para à fada agradecer.
Logo a seguir levou a
cesta ao rei,
que mal podia em seu
feito acreditar
e foi depressa conferir
o parreiral.
“Em sua boda penso até
consentirei...”
Mas o conde foi de novo
sua mente envenenar:
“São uvas mágicas e
causarão seu mal!”
“Marque-lhe uma prova ainda mais dificultosa,
antes de sua palavra lhe comprometer...”
“Mas, meu amigo, o que poderia lhe dizer...?”
“Determine-lhe uma tarefa de fato portentosa,
que ele construa uma capela bem suntuosa,
só com dentes de javali as paredes a erguer,
sem pedras ou tijolos de permeio intrometer...
Só lhe dê um mês para tarefa assim grandiosa!”
De novo o rei aceitou seu mau conselho,
deixando a filha mais uma vez desesperada
e o pobre rapaz na maior infelicidade,
mesmo a rainha discutir com seu rei velho,
porém sua cruel resolução fora tomada
e de forma alguma abrandaria a sua maldade!
“Majestade, sua ordem,
se puder, eu cumprirei,
mas os javalis vivem na
margem superior do rio,
preciso de um barco e de
remadores um trio,
só assim junto às
nascentes do rio eu chegarei.”
“Refreia tua ousadia,
nenhum barco te darei,
se depender de mim,
podes nadar por dias a fio,
tens tua magia, não
precisas de navio,
se não o fizeres, a tua
cabeça eu cortarei!”
Mas nessa noite, sem seu
pai saber,
a princesa levou Vladko
até uma enseada,
em que pequeno bote
encontrou ancorado.
“Meu querido, vai e
cumpre o teu dever,
é só de ti que estou
enamorada,
o teu sucesso rogo que
seja alcançado!”
Vladko despediu-se da
princesa
e saiu remando vigorosamente;
sozinho, um mês levaria
até a nascente,
não teria tempo para
realizar essa proeza!
Mas não desanimou e com
presteza
e com denodo subiu pela
corrente,
sem ter qualquer
esperança, realmente,
mas se esforçando com a
máxima nobreza!
O Conde delatou Lodnissa
a seu pai,
que mandou trancá-la em
seu apartamento.
“Se decapitares Vladko,
eu também me matarei!”
Mas nem assim ao rei
convencer vai.
bem ao contrário: “Onde
o teu devotamento,
quando dizias: ‘Só a ti,
meu pai, eu amarei?’”
VLADKO E LODNISSA XII –
20 jan 2023
“Meu pai era um homem
justo e bom,
Seria incapaz de tal
iniquidade!”
“E minha filha era
obediente de verdade,
mas me traiu, quando deu
esse dom
ao tal pastor, agindo de
mau tom!”
Mas a fada-madrinha se
ofendeu com tal maldade
e a combateu num gesto
de bondade
sua vara de condão
sibilando agudo som
que fez o bote aumentar
imensamente
e o dotou de vinte
remadores.
“São invisíveis, mas
esconde teus temores,
eles saberão o que fazer
perfeitamente:
minha afilhada quer-se
casar contigo
pois de ti afastarei
qualquer perigo!”
A fada ante seus olhos desapareceu,
mas logo Vladko o altiplano alcançou
e de um bando de javalis se aproximou,
cada um deles um dos invisíveis abateu
e logo as presas cada fera ali perdeu,
que em sacos rapidamente se guardou,
porém o maior dos machos desconfiou,
deu meia-volta e no mato se escondeu.
Espada em punho, Vladko então o perseguiu
e de repente enxergou mil esqueletos
de javalis, numa clareira acumulados;
o marrão para mais além então fugiu,
ali estavam em cemitérios bem secretos,
gerações de ossos de javalis ali amontoados!
A seguir os invisíveis,
prontamente
foram puxando as
caveiras para fora
e suas presas arrancando
sem demora,
vinte sacos a encher
inteiramente!
Sem falar, empurraram
Vladko delicadamente
até o barco e o
reocuparam nessa hora,
à capital chegando antes
da aurora,
começando a erguer uma
capela imponente.
Moeram as presas tiradas
dos javalis
e as misturaram com cal
e cimento,
suas paredes subindo bem
depressa;
talharam troncos com
serras e buris
que dispuseram no teto
num perfeito assento,
com folhas de bronze
cobrindo toda a peça.
Nessa manhã, quando se
ergueu o rei,
Vladko já estava no
pátio a esperar
E o convidou a fim de o
acompanhar:
“A capela que me pediu
lhe mostrarei!”
Disse a rainha: “Eu o
acompanharei!”
E a princesa foi
igualmente observar,
mais o Conde Bopp, sem
querer acreditar:
“Mas onde as presas de
javali encontrarei?”
Vladko mostrou que
algumas sobressaiam,
das paredes, tal qual o
rei pedira.
“Vossa Majestade me
proibiu de utilizar
pedra ou tijolos, mas as
presas serviriam,
além de ossos. “O senhor
não me proibira
de cal, madeira ou
cimento aqui empregar...”
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