sábado, 6 de abril de 2024


 

 

VLADKO E LODNISSA XIII – 21 jan 2023

 

“Com placas de bronze cobri o telhado

e tijoletas de ossos moídos para o chão...”

“Será aqui que se realizará a celebração

de meu casamento com meu Vladko amado!”

Mas o Conde Bopp não se deu por derrotado

e aos ouvidos do rei fez nova sugestão.

“Falta uma prova para minha satisfação:

você deverá ir ao reino do outro lado

 

desse braço de mar e me trazer a filha

do Rei de Mogyária.  Só então concordarei.”

“Majestade, isso pode causar uma guerra!”

“Seu pai dificilmente seguirá tal trilha,

ele não tem barcos de guerra, disso eu sei

e é impossível chegar aqui por terra!”

Ficou a Rainha bastante ofendida:

“Por que motivo, senhor Rei, quereis buscar

esta princesa, acaso querei-vos divorciar?”

Riu-se o Rei: “De modo algum, minha querida!

Ela será mediante um resgate devolvida,

até seu peso em ouro eu poderei cobrar

e nem sei se só com isso me irei contentar,

a coroa de Mogyária talvez seja incluída!”

 

“Majestade,” disse Vladko, “sua ordem eu seguirei,

mas de um barco bem equipado irei precisar

e uns vinte marinheiros que o possam tripular;

de boa quantia igual precisarei,

para atender às despesas da viagem...”

“Caro Vladko, por favor, deixe de bobagem!”

“De mim não receberá dinheiro algum:

use esse barco que minha filha lhe entregou,

sem permissão, com que afinal me contrariou,

que então não dispusesse de barco nenhum!

Mas desta vez, não alcançará dela mais um!”

Desse barquinho você se aproveitou

e nem sei como minha outra ordem realizou,

salvo feitiçaria de qualquer tipo incomum!”

 

“E se o Rei de Mogyária não o matar,

nem conseguir realizar a sua missão,

no seu retorno o mandarei decapitar!

Agora parta, que pretendo descansar,

traga a princesa em perfeita condição

ou se apronte para ao carrasco se entregar!”

Desceu Vladko cabisbaixo até a margem,

mas a Rainha lhe mandou entregar

três moedas de ouro com que o ajudar,

pela princesa disfarçada em pagem.

Os dois se despediram, cheios de coragem,

Vladko a remos seu barquinho impulsionou,

a grande distância com energia enfrentou,

mas sem saber o que faria em tal viagem.

 

Porém a fada-madrinha de novo lhe surgiu

e transformou seu bote num galeão,

como vinte marinheiros seus servos invisíveis

e para seu bom sucesso o advertiu:

“Três comerciantes encontrarás em sucessão,

a oferecer-te alguns artigos bem incríveis...”

 

VLADKO E LODNISSA XIV – 22 jan 2023

 

“Do primeiro uma águia comprarás,

por uma de tuas três moedas de ouro,

do segundo um peixe numa bolsa de couro,

cheia de água e outra moeda lhe darás;

e do terceiro, sem discutir, adquirirás

uma pomba, pelo preço de um tesouro,

mas lhe darás a terceira moeda, sem desdouro,

mesmo que destituído totalmente ficarás.”

 

“Feitas as compras, irás tirar uma pena

do remígio direito da águia e a soltarás; (*)

a seguir do peixe tomarás só uma escama

e na água o deitarás já nessa cena;

 da pomba só uma pluma do peito arrancarás

e ao céu a soltarás sem qualquer gana.”

(*) As penas longas da ponta de uma asa.

“Lançarás a âncora à frente do castelo

e os marinheiros então visíveis ficarão,

quais negociantes se mostrarão então,

cada qual a vender um artigo belo,

mas não somente tu poderás vê-lo,

baixada a ponte, cem pessoas subirão

e tais mercadorias depressa comprarão,

virá a princesa a examiná-las com desvelo.”

 

“Acompanhada pelas damas de sua corte,

mas assim que chegar à cabine à atrairás,

a lhe mostrar artigos mais inspiradores,

para afastá-la dos compradores desta sorte

e de suas amas separá-la tentarás,

por tais artigos ainda mais ricos em valores.”

“Os meus servos farão os demais todos descer,

erguerão a âncora, para fazer o barco zarpar,

sem que a princesa ao convés possa retornar,

com boa conversa saberás como a entreter...

Quando o movimento do barco ela perceber,

uma ave oculta que trazia irá depressa libertar,

para do seu rapto o próprio pai ir avisar

e então na pena da águia uma chama irás prender.”

 

“Ela virá e ao ver o pássaro ao castelo destinado,

irá capturá-lo e o devorar com facilidade;

então a princesa irá arrojar ao mar

uma pedrinha que em sua roupa havia ocultado

e teu barco fará encalhar em qualquer profundidade,

sem sair do ponto em que a pedrinha foi lançar.”

“Então a escama do peixe irás nas águas arrojar

e com sua boca ele engolirá a pedrinha,

seguindo o barco na rota que mantinha,

mas logo após uma borrasca hás de encontrar

e a princesa se dirá enjoada, a coitadinha

a pedir-te água de uma fonte ali vizinha;

então a pluma da pomba arrojarás.”

 

“Logo a pomba lhe trará uma concha cheia

com a mesma água que a princesa te pedir

e com ela se recobrará do falso enjoo,

após o que se conformará com a peia

e aceitará para o teu reino vir,

para o qual o próprio barco alçará voo.”

 

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