VLADKO E LODNISSA XIII –
21 jan 2023
“Com placas de bronze
cobri o telhado
e tijoletas de ossos
moídos para o chão...”
“Será aqui que se
realizará a celebração
de meu casamento com meu
Vladko amado!”
Mas o Conde Bopp não se
deu por derrotado
e aos ouvidos do rei fez
nova sugestão.
“Falta uma prova para
minha satisfação:
você deverá ir ao reino
do outro lado
desse braço de mar e me
trazer a filha
do Rei de Mogyária. Só então concordarei.”
“Majestade, isso pode
causar uma guerra!”
“Seu pai dificilmente
seguirá tal trilha,
ele não tem barcos de
guerra, disso eu sei
e é impossível chegar
aqui por terra!”
Ficou a Rainha bastante
ofendida:
“Por que motivo, senhor
Rei, quereis buscar
esta princesa, acaso
querei-vos divorciar?”
Riu-se o Rei: “De modo
algum, minha querida!
Ela será mediante um
resgate devolvida,
até seu peso em ouro eu
poderei cobrar
e nem sei se só com isso
me irei contentar,
a coroa de Mogyária
talvez seja incluída!”
“Majestade,” disse
Vladko, “sua ordem eu seguirei,
mas de um barco bem
equipado irei precisar
e uns vinte marinheiros
que o possam tripular;
de boa quantia igual
precisarei,
para atender às despesas
da viagem...”
“Caro Vladko, por favor,
deixe de bobagem!”
“De mim não receberá dinheiro algum:
use esse barco que minha filha lhe entregou,
sem permissão, com que afinal me contrariou,
que então não dispusesse de barco nenhum!
Mas desta vez, não alcançará dela mais um!”
Desse barquinho você se aproveitou
e nem sei como minha outra ordem realizou,
salvo feitiçaria de qualquer tipo incomum!”
“E se o Rei de Mogyária não o matar,
nem conseguir realizar a sua missão,
no seu retorno o mandarei decapitar!
Agora parta, que pretendo descansar,
traga a princesa em perfeita condição
ou se apronte para ao carrasco se entregar!”
Desceu Vladko cabisbaixo
até a margem,
mas a Rainha lhe mandou
entregar
três moedas de ouro com
que o ajudar,
pela princesa disfarçada
em pagem.
Os dois se despediram,
cheios de coragem,
Vladko a remos seu
barquinho impulsionou,
a grande distância com
energia enfrentou,
mas sem saber o que
faria em tal viagem.
Porém a fada-madrinha de
novo lhe surgiu
e transformou seu bote
num galeão,
como vinte marinheiros
seus servos invisíveis
e para seu bom sucesso o
advertiu:
“Três comerciantes
encontrarás em sucessão,
a oferecer-te alguns
artigos bem incríveis...”
VLADKO E LODNISSA XIV –
22 jan 2023
“Do primeiro uma águia
comprarás,
por uma de tuas três
moedas de ouro,
do segundo um peixe numa
bolsa de couro,
cheia de água e outra
moeda lhe darás;
e do terceiro, sem
discutir, adquirirás
uma pomba, pelo preço de
um tesouro,
mas lhe darás a terceira
moeda, sem desdouro,
mesmo que destituído
totalmente ficarás.”
“Feitas as compras, irás
tirar uma pena
do remígio direito da
águia e a soltarás; (*)
a seguir do peixe
tomarás só uma escama
e na água o deitarás já
nessa cena;
da pomba só uma pluma do peito arrancarás
e ao céu a soltarás sem qualquer
gana.”
(*) As penas longas da
ponta de uma asa.
“Lançarás a âncora à
frente do castelo
e os marinheiros então
visíveis ficarão,
quais negociantes se
mostrarão então,
cada qual a vender um
artigo belo,
mas não somente tu
poderás vê-lo,
baixada a ponte, cem
pessoas subirão
e tais mercadorias
depressa comprarão,
virá a princesa a
examiná-las com desvelo.”
“Acompanhada pelas damas
de sua corte,
mas assim que chegar à
cabine à atrairás,
a lhe mostrar artigos
mais inspiradores,
para afastá-la dos compradores
desta sorte
e de suas amas separá-la
tentarás,
por tais artigos ainda
mais ricos em valores.”
“Os meus servos farão os demais todos descer,
erguerão a âncora, para fazer o barco zarpar,
sem que a princesa ao convés possa retornar,
com boa conversa saberás como a entreter...
Quando o movimento do barco ela perceber,
uma ave oculta que trazia irá depressa libertar,
para do seu rapto o próprio pai ir avisar
e então na pena da águia uma chama irás prender.”
“Ela virá e ao ver o pássaro ao castelo destinado,
irá capturá-lo e o devorar com facilidade;
então a princesa irá arrojar ao mar
uma pedrinha que em sua roupa havia ocultado
e teu barco fará encalhar em qualquer profundidade,
sem sair do ponto em que a pedrinha foi lançar.”
“Então a escama do peixe
irás nas águas arrojar
e com sua boca ele
engolirá a pedrinha,
seguindo o barco na rota
que mantinha,
mas logo após uma
borrasca hás de encontrar
e a princesa se dirá
enjoada, a coitadinha
a pedir-te água de uma
fonte ali vizinha;
então a pluma da pomba
arrojarás.”
“Logo a pomba lhe trará
uma concha cheia
com a mesma água que a
princesa te pedir
e com ela se recobrará
do falso enjoo,
após o que se conformará
com a peia
e aceitará para o teu
reino vir,
para o qual o próprio
barco alçará voo.”
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