Capítulo
Onze – 11 jul 21
“Tereis
de bater na porta junto à fonte,
ignorar
a segunda feiticeira
e
ir correndo até a terceira porta,
que
uma jovem linda irá abrir;
com
sua beleza de fatal reponte
tentará
vos seduzir, a sorrateira,
e
vos reter, que a vida vos aborta:
empurrai-a
para um lado, sem ouvir!”
“O
Espelho do Sol é gigantesco,
fácil
é o corpo inteiro contemplar,
mas
ele tende a seduzir também,
os
incautos prendendo, por vaidade,
para
sofrerem esse fado tão grotesco:
Deem-lhe
apenas o mais rápido olhar,
que
o tempo ali é falso no seu vaivém,
mais
depressa a correr na realidade!”
Os
dois irmãos encontraram o caminho,
tiraram
as roupas antes do Sol nascer
e
pela porta depressa se enfiaram,
como
antes, chegando à outra porta,
a
bruxa velha empurrando sem carinho,
mas
a segunda custou mais a atender!
Suas
solicitações também ignoraram,
só
que a terceira porta estava torta!
Custou
a abrir e então a jovem bela
tentou
aos dois com beijos seduzir,
mas
correram os irmãos até o espelho,
contemplaram-se
depressa e já fugiram!
E
ignorando os convites da donzela,
por
toda a gruta puseram-se a fugir:
a
porta da Casa, como avisara o velho,
já
se fechava! Por um tris não conseguiram!
Quase
ficaram presos mesmo no lugar,
porém
São Sunday com um cajado a segurava
e
junto a ele, encontraram os outros três
anacoretas
que antes os auxiliaram,
São
Friday e São Saturday a guardar
suas
roupas e também os acompahava
São
Thursday e ainda viram outra vez
até
a raposa-mãe! Juntos marcharam.
No
caminho, encontraram a rainha,
ainda
bela, apesar do seu castigo,
e
com as preces dos quatro anacoretas,
ela
saiu ilesa e bela de sua cova!...
Mas
comentaram que ainda não convinha
que
o rei a visse libertada do jazigo.
“Vamos
guardá-la em locações secretas,
que
ela está linda e saudável como nova!...
Capítulo
Doze – 12 jul 21
Que
era sua mãe já haviam os dois sonhado,
mas
para ela demorou mais a aceitação;
“Pois
então, não dei à luz dois cachorrinhos?”
“Não,
minha senhora, foram dois meninos louros.”
“Eu
pensei ter sido castigo do pecado,
de
minha vaidade para subir de condição;
as
feiticeiras são enterradas nos caminhos
e
até pensei merecer esses desdouros!...”
Mas
entre lágrimas, os três logo se abraçaram:
“Mamãe,
como crescemos tão depressa?”
“Em
minha família sempre isso acontece,
mas
não pensei que ficaríeis tão bonitos!”
“As
maldades daquela bruxa resultaram
nessa
beleza que nos dois não cessa...
Mas
ainda temos de resolver essa questão:
Vou
separá-los, mas não fiquem muito aflitos!”
Os
dois rapazes voltaram à cidade
e
o rei já encontraram esperando,
que
os levou ao castelo de carruagem.
Mas
a bruxa ficou apavorada
e
logo arquitetou outra maldade,
aos
cozinheiros foi depressa se juntando
e
derramou venenosa beberagem
na
sobremesa que lhes seria levada!
Os
dois rapazes comeram à vontade
e
conversaram com o rei alegremente,
mas
sem dizer-lhe que sabiam ser seu pai.
A
ama mandou a sobremesa envenenada
e
ordenou, com a maior autoridade,
“Para
os convivas vão servir inicialmente!”
Mas
a suspeita de suas mentes já não vai:
“Vou
dar um pouco para essa cachorrada!”
E
os dois cães que o triste rei considerava
Serem
seus filhos, lamberam logo o doce
E
entre ganidos, morreram envenenados!
Ficou
o rei furioso e apavorado
e
logo o pessoal da cozinha convocava:
“Qual
de vocês esse veneno trouxe?”
“Foi
a ama, senhor, não somos os culpados,
Tentou
fugir, mas o portão achou fechado!”
O
rei mandou buscar depressa a ama,
que
jurou não ter culpa, ardentemente,
mas
nesse instante bateram ao portão
e
atenderam aos três anacoretas,
que
ao rei revelaram toda a trama,
tirando
o véu da rainha, finalmente!
“Só
há um castigo para tão má ação:
Arrastar
essa bruxa nas sarjetas!...”
EPÍLOGO
Assim
a bruxa foi sendo arrastada
pelas
ruas da cidade e então morreu.
O
rei seus filhos então reconheceu
e
a própria culpa suplicou fosse perdoada!
Mas
a rainha abraçou-o gentilmente:
“Também
pensei que a culpa fosse minha...”
E
foi de novo entronizada qual rainha:
Viveu
o casal muitos anos bem contente!
Voltaram
os ermitãos a seus abrigos,
mas
a raposa no castelo receberam
em
gratidão pelo leite que beberam
e
os dois rapazes combateram os inimigos
até
que o reino suas fronteiras expandiu;
a
sua mãe lhes deu também irmãs,
morenas,
louras, ruivas e louçãs,
porém
a Casa do Sol ninguém mais viu!
E
neste ponto a história concluiu!...
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