segunda-feira, 15 de novembro de 2021


 

 

ESTRELA ANTIGA I – 13 NOV 21

 

Susan Hayward tinha pés compridos,

podia de fato usar um sapatão,

sem a preferências fazer-se uma alusão,

seus interesses por homens definidos...

Não é que fossem feios, só desenvolvidos,

um pouco acima da devida proporção:

“Não há beleza sem o seu senão”,

diz o ditado em cem passados repetidos...

Mas a seu tempo foi Rainha do Cinema,

com sua expressão de donzela surpreendida,

não muito alta, mas de corpo belo,

com um par de seios delicados nos acena,

bustos gigantes sendo moda adquirida,

bem mais tarde, tão discordes do singelo.

 

ESTRELA ANTIGA II

 

Claro está que se espera da mulher

que tenha seios belos e os quadris

e não apenas por concupiscências vis,

mas pela mãe futura que se quer;

talvez eu seja retrogrado, mas qualquer

modelo de mais fama ou alguma atriz

que o silicone aplicar nos seios quis

para expandir até o tamanho que quiser

não me seduz, sem com obesas preconceito,

quando seus seios demonstram proporção,

com seu tipo físico, acrescendo sua beleza,

mas para mim parece ser até um defeito

dessas mulheres magras, mas que estão

deformadas ao contrariar sua natureza.

 

ESTRELA ANTIGA III

 

Quando eu era menino e adolescente

e me viciara (igual que todos) no cinema,

torsos eu via de expansão bem mais serena

e bem capazes de atrair paixão ardente;

bem é verdade que os expunham raramente,

mais do que tudo em sugestão pequena,

os seios em espartilho para a cena,

só a clivagem a ser mostrada realmente...

Foi só depois que o gosto demudou

e os peitos grandes insistiam em mostrar

tais pobres divas, sem ter outros talentos...

Porém a imagem de Susan perdurou,

mulher perfeita, sem em nada exagerar:

quem para os pés teria olhos mais atentos?...

 

PALÁCIOS DERRIBADOS I – 14 NOV 21

 

“Disse Jesus: Vês estas grandes construções?

Não ficará pedra que não seja derrubada.” (*)

Com esta frase contrariando a cada

esperança dos Judeus em suas restaurações.

O que é preciso reconhecer entre as contradições

é que Herodes foi um grande rei e sua morada

construiu com grande pompa, ainda apoiada

pelo poder romano em tantas ocasiões.

Sempre foi hábil em sua diplomacia,

de modo tal a ser por eles confirmado,

fortalezas e aquedutos construindo

e o nome Agrippa, para um seu filho daria,

em homenagem ao primo bem dotado

de Augusto César, seu apoio conseguindo.

(*) Evangelho segundo São Marcos, 13:2.

 

PALÁCIOS DERRIBADOS II

 

Houve até mesmo certa possibilidade

de que os Romanos o domínio lhe outorgassem

sobre o Líbano e até a Síria lhe entregassem,

porém sem legar nada à sua posteridade;

pois mais tarde ocorreu fatal eventualidade,

que os Judeus contra os Romanos rebelassem,

que Jerusalém inteira estes despedaçassem,

sobreviventes escravizados em totalidade.

Mas os Judeus Cristãos se afastaram da cidade,

Deixando claro que não aderiam à revolta

e desse modo foram deixados em paz;

reconstruída novamente a urbanidade,

povos estranhos deixados ali à solta,

mas pedra sobre pedra finalmente se refaz.

 

PALÁCIOS DERRIBADOS III

 

Foram os palácios e as muralhas destruídos,

mas do Templo não se fez total monturo:

das Lamentações ainda podemos ver seu Muro,

do mundo inteiro os peregrinos atraídos.

Do corpo de Cristo os ossos malferidos,

iguais que pedras, cimento o sangue puro,

antes deles sofreram igual destino duro,

a um sepulcro finalmente conduzidos.

Nada restou das “construções” então,

segundo o dogma da Ressurreição,

nem à Igreja devia caber Lamentação.

O que se deve lamentar, depois nos sucedeu,

até que ponto a sã doutrina corrompeu,

na falsidade de sua presente pregação.

 

SATURNO CANTA I – 15 NOV 21

 

Os anéis de Saturno a um disco se assemelham

e bem queria poder sua música tocar...

Quais sinfonias poderia ali escutar

nesses múliplos sulcos que se espelham!...

Mas que pickups para a tarefa se aparelham?

Quem sabe algum cometa poderia segurar

e com cuidado bem no início colocar...

Seus dezessete satélites então se ajoelham

para cantar a estranha melodia sideral:

haveria Ópera Cômica nesse astral

ou Ópera Trágica, como tantas há?

 Imagino que Europa seria uma soprano

e Ganimedes tenor potente e soberano;

Callisto a Io o seu amor descreverá...?

 

SATURNO CANTA II

 

Quiçá, no entanto, para meu desaponto,

essa miríade de concêntricos anéis

só interagem em melifluos carrosséis,

formando roda em musical pesponto;

então o cometa, durante o seu tramonto,

só causaria o batucar de carretéis

ou o marítimo som de alguns batéis:

quem sabe ouvisse de Sindbad um conto?

Ou então girasse como em irrigação,

uma nora multicor arcoirisada,

gotas de luz distribuindo pelo nada

ou asteróides a criar em profusão,

não melodia tal qual eu desejara,

mas só a música das esferas se escutara...

 

SATURNO CANTA III

 

É igual possível que escondesse um DVD

e que acionado por um lêiser de cometa

nos revelasse cosmologia secreta...

Quais ideologias a nosso olhar nos dê?

Nesses múltiplos anéis então se vê

Cronos, o Tempo, pelos filhos desafeto,

que os devorasse em ciclópico objeto

e então uma pedra engolisse, qual se lê,

quando sua mãe a Zeus salvar buscou

e a seu marido carnívoro enganou,

que eventualmente ao Pai Tempo venceria.

Não obstante, tudo o mais considerado,

meu cometa pickup, em meus sonhos aplicado,

que um vasto Oratório tocasse eu preferia!

 

 

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