RITA NÁIADE I – 16 NOV 21
Rita Hayworth se tornou famosa
por seu papel como “Gilda” interpretado,
que em Buenos Aires foi aclimatado,
no qual se demonstrou bem prestimosa;
com Glenn Ford contracenou, formosa,
até um caso de amor sendo inventado,
provavelmente sem poder ser confirmado,
que à sua maneira, não era escandalosa.
Tão somente casou-se cinco
vezes, (*)
três dos maridos bem pouco conhecidos,
mas com o príncipe Ali Khan causou furor,
sua filha Yasmin Ali Khan a que mais peses,
pela insistência em tratamentos envolvidos
com o Mal de Alzheimer em todo o seu horror.
(*) Casou-se com Edward Judson, Oscar Welles, Ali Khan,
Dick Haynes e James Hill, tendo falecido de Alzheimer.
RITA NÁIADE II
Realmente se chamava Margarita
Carmen Cansino; seu pai era Mexicano,
naturalizado cidadão Americano,
mas seu agente o nome Hayworth a incita
a adotar logo; por mais fosse bonita,
o sobrenome Cansino lhe traria dano
e Rita Judson soava mal no plano,
pouco eufônico para anunciar alguma fita.
Assim abandonou o nome do marido
e se afirmou provir do lado materno,
mas muitas vezes correu boato vário,
que seu nascimento no México tinha sido
e o sobrenome inventando como alterno
ao espanhol que lhe podia ser contrário.
RITA NÁIADE III
Com Orson Welles também teve descendência,
que o nome Rebecca Welles
recebeu;
Mas para mim “Sangue e Areia” pareceu,
seu melhor firme e de maior potência;
das touradas de Espanha a sanguinolência;
dessa época o enredo dos filmes pertenceu
a romances famosos e este nos deu
imagens fortes e da maior magnificiência.
Em seus filmes não houve cenas de nudez,
mas a ilustração é “vintage” de sua imagem,
em um misto de vaidade e de coragem,
sem demonstrar nela a menor desfaçatez,
nesse regato a fazer parte da paisagem
seu belo corpo que já há muito se desfez.
MULHERES ÓRFÃS I – 17 NOV 21
Bem certamente eu lastimo muito mais
mulher órfã de filhos que nunca
conheceu,
mais ainda a que os teve e que os
perdeu
ou que sofreu a morte de seus pais.
Todos nós temos ascendentes nos
demais,
mas descendência nem sempre se
alcançou;
quem porta um ventre a que nunca
fecundou
sofre a revolta de seus sucos
hormonais.
Para o homem é mais fácil, realmente,
não é ele que transporta o embrião,
sua descendência lançada no exterior,
mas nesse útero que jamais teve
presente
dentro de si o palpitar de um coração,
tal orfandade deverá ser bem maior.
MULHERES ÓRFÃS II
Outra vez que me perdoe a feminista,
o corpo físico, contudo, da mulher
foi projetado para esse maior mister
de à humanidade levar avante a pista.
É questão hormonal que aqui se
enrista,
não se limita à educação sequer,
muito embora, naturalmente, se
convier
que hoje muitas opções ela conquista.
Talvez prefira antes seguir uma
carreira
que a impeça de assumir a gravidez,
mas os hormônios de uma mulher normal
protestam contra essa morte interessira
de três ou mais centenas de bebês,
como uma afronta violenta ao natural.
MULHERES ÓRFÃS III
Existem há séculos as sororidades
em que as freiras são mantidas sem
gerar;
não me parece que a feminista vá
aprovar
prisão austera só por religiosidades;
mesmo com lésbicas proclividades,
muitas mulheres alguns filhos vão
buscar,
sem com homens colaboração se
procurar
e assim se atendem tais necessidades.
Irão dizer que um homem não entende,
mas não falo por machismo, é
biologia,
sua própria herança assim se perderia
e o direito de ter pena me pretende:
por mais que aquela que me lê
contende,
sua orfandade ainda assim lastimaria.
A MORTE DO PRESENTE I – 18 NOV 21
Todo presente é a consciência temporária
de um universo inteiro para ti;
por breve instante o manterás aqui,
logo é passado por senda univiária,
quando o universo captado em forma vária
deixa de ser o universo presente que vivi,
e em ponto de minha mente o guardo ali,
com outros milhares, entidade multifária.
Foram presentes por lampejos do universo
percebido e de segundos em fração,
quando outros já se assentam sobre eles,
igual que ocorre no redigir de cada verso,
enquanto cresce de uma estrofe a redação
que até mesmo em rascunho então congeles.
A MORTE DO PRESENTE Ii
Cada universo será apenas percebido
depois de tua escolha ser realizada:
existe a chispa da certeza conquistada,
para depois perder-se no incontido.
Mas se o momento por ti não é escolhido
pelo qual tua percepção é delineada,
por teu passado é a escolha então forçada,
falso destino a que há muito tens nutrido.
Assim tua escolha de um universo será feita
ou a farão por ti, em consequência
das mil escolhas que fizeste anteriormente;
não é um destino a te manter sujeita,
mas um antanho denotando sua potência
na precessão equinocial de teu presente.
A MORTE DO PRESENTE III
Teus universos vão sendo acumulados
como os estratos de cidades mortas
e a cada nova escolha, escolhas cortas
de mil outros universos despojados;
dormem em ti os exércitos passados,
uns sobre os outros em camadas tortas
e a cada vez que outro presente abortas,
mais espessos os sedimentos desprezados.
Talvez te seja difícil compreender
ou, pelo menos, o aches trabalhoso,
porém és a mãe e o pai do teu futuro,
que realmente é só o poder de vir a ser,
o único ato esse presente duvidoso,
que já sepultas em teu passado impuro.
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