O DEUS SEDUTOR IV – 25 out 21
E nesse amor, a Deusa Terra dissolveu-se,
Na maravilha da umidade desse amante.
Nimmursaya misturou-se em seu abraço,
De sua dureza apagou-se cada traço
E desejou possuir, no mesmo instante,
Esse gosto de água e assim perdeu-se...
E disse a Enki: “Escutei teu coração,
Como o bramido das águas matutinas;
Vejo Urdu, a Terra, meu corpo, árida e seca,
Porque sem água ela sofre e tanto peca?
Assim concede-lhe as tuas bênçãos peregrinas:
Que a Terra inteira se dissolva em igual paixão!”
“O que é um campo que não tem lagoas?
Que é uma cidade que não tenha poço?
E o que é um rio que não possui um cais?
Dá-me tua essência, então, e muito mais:
Abre nascentes entre a rocha, em cada fosso,
Pelo murmúrio das águas que me entoas...”
Foi assim Enki tomado de surpresa,
Pois já lhe dera a essência de sua alma,
Mas não lhe dera a vida que hoje encerra
O corpo dessa deusa: toda a Terra!...
E então o deus se diluiu em calma,
Lançando as águas sobre toda a Natureza.
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