segunda-feira, 22 de novembro de 2021


 

 

O DEUS SEDUTOR  IV – 25 out 21

 

E nesse amor, a Deusa Terra dissolveu-se,

Na maravilha da umidade desse amante.

Nimmursaya misturou-se em seu abraço,

De sua dureza apagou-se cada traço

E desejou possuir, no mesmo instante,

Esse gosto de água e assim perdeu-se...

 

E disse a Enki: “Escutei teu coração,

Como o bramido das águas matutinas;

Vejo Urdu, a Terra, meu corpo, árida e seca,

Porque sem água ela sofre e tanto peca?

Assim concede-lhe as tuas bênçãos peregrinas:

Que a Terra inteira se dissolva em igual paixão!”

 

“O que é um campo que não tem lagoas?

Que é uma cidade que não tenha poço?

E o que é um rio que não possui um cais?

Dá-me tua essência, então, e muito mais:

Abre nascentes entre a rocha, em cada fosso,

Pelo murmúrio das águas que me entoas...”

 

Foi assim Enki tomado de surpresa,

Pois já lhe dera a essência de sua alma,

Mas não lhe dera a vida que hoje encerra

O corpo dessa deusa: toda a Terra!...

E então o deus se diluiu em calma,

Lançando as águas sobre toda a Natureza.

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário