O MENINO SEM CABEÇA X –
11 dez 21
“Todos aqueles que
desgostam ao vizir
são condenados, por ordem
do rei,
sem o menor respeito pela
lei;
muita gente da cidade
anda a fugir!”
“E tem o rei algum
costume peculiar?”
“Tem um capricho de cunho
hereditário:
toda a família o cumpre
qual sacrário,
cascas de ovos eles
mandam esvaziar...”
“E dentro delas é que
tomam seu café!”
“E os filhos do rei o
fazem igual?”
“Não, sua esposa perdeu
em moléstia mortal
e o Grão-vizir o
aconselha de má fé
que não torne a casar-se
novamente...
Assim o trono não tem
herdeiro ainda
e quando a vida do rei
estiver finda,
uma guerra civil será
iminente...”
“Bem, doutor, vejo ser
bem importante
e a sua própria vida eu
salvarei!
Minha cabeça pela do rei
eu trocarei:
vamos lá, fazer a troca
neste instante!”
“Meu filho, és bastante
generoso,
mas não irás modificar
teus sentimentos?”
“Não, doutor, sei
controlar os pensamentos
e minha cabeça já sofreu
dano portentoso,”
“por tantas vezes que me
caiu no chão...”
“Bem, se é assim, vamos
até o castelo!”
E o médico o conduziu com
todo o zelo,
até atravessarem juntos o
portão.
“Ah, voltaste, curandeiro
charlatão?
É a última oportunidade
que te dou:
se não me curas desta
vez, eu vou
te enfiar vivo na
fornalha do carvão!”
“Majestade, agora eu
tenho a solução:
este moço para trocar se
ofereceu
a sua cabeça sã, que
dores não sofreu
pela sua cabeça dolorida,
em razão
da recompensa que foi já
oferecida...”
“Que recompensa? Que o faça de graça,
ou sofrerá ainda hoje uma
desgraça!
Seria uma honra a ele
concedida!...”
“Naturalmente, isto é
coisa impossível
e será enforcado pelo
atrevimento!”
“Majestade, eu lhe
garanto o provimento:
corto a dele primeiro e
será crível!”
“Pois então corte,” disse
o rei, “eu quero ver!”
“Majestade, primeiro me
permita
um costume que minha
família concita
há muitos anos, desde
antes de eu nascer!”
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