sexta-feira, 1 de julho de 2022


 

 

CONSEQUÊNCIAS I – 30 JUN 22

 

Sonhei em vão o tempo das estrelas,

como se fosse decorrência natural,

sem ser somente a corrida espacial,

nessa disputa da ideologia pelas

medalhas e triunfos nas estrelas,

hoje esquecidas qual luxo banal

pelos museus exibidas em fanal

para quem possa nos futuros vê-las.

 

Porém, quando falhou o sovietismo,

perdendo a Rússia império e poderio,

a Norteamérica perdeu a sua paixão,

mais ocupada com um atual modismo,

lançando verbas para qualquer vazio,

que então ocupe dos Democratas a atenção.

 

CONSEQUÊNCIAS II

 

Fiquei assim em meu desapontamento:

por que a Lua não foi colonizada?

A exploração do sistema ainda é buscada,

de forma alguma com igual açodamento!

Talvez me digam ser engano de um momento,

mas em viagem por Ohio realizada,

com Neil Armstrong sentei-me em temporada,

antes de ter ele da Nasa o treinamento.

 

Só piloto de provas havia sido

e fora ali a visitar seus pais,

desconhecendo seu aproveitamento;

desembarcou antes de eu ter descido:

em mim por certo não pensou uma vez mais,

mas recordei-o em maravilhamento!

 

CONSEQUÊNCIAS III

 

Surgiu aos poucos a estação espacial,

com a colaboração entre os rivais,

alvo de esforços internacionais...

Mas não o que esperei ver no total.

Agora veem-se pelo espaço sideral,

as sondas e incursões artificiais,

talvez em Marte colonizações finais,

antes que eu parta deste globo seminal.

 

Sinto entusiasmo ao ver iniciativas

de organizações privadas ou de outras nações:

será que algo chegarei ainda a ver?

Porem lamento as rivalidades redivivas,

mais por política que por reais razões,

sem que na Lua as pretendam resolver...

 

EXSANGUINAÇÃO I – 1º JUL 22

 

Todo amor te requer veias abertas,

para que os sangues se possam misturar;

mas não convém as artérias recortar,

pois tais correntes serão bem mais espertas

e duas circulações assim despertas

nem terão tempo para se abraçar,

paixões têm a tendência de acabar,

efusões plácidas de amor sendo mais certas.

 

Assim coloca um firme torniquete

 no alto de teus braços, quando o ardor

se demonstrar impetuoso de paixão;

que não ocorra que tua vida se projete

e acabe misturada e sem vigor

em mil amores coagulados pelo chão.

 

EXSANGUINAÇÃO II

 

Era somente uma luz vinda de fora

o palpitar dolente do teu beijo,

os apalpares arfantes do desejo,

era o ventre acariciado sem demora,

era o corpo apoiado nesse outrora,

contra um móvel qualquer em tal ensejo,

mas meu sexo no teu apenas vejo,

na escuridão teu rosto vai-se embora...

 

Foi apenas uma entrega efervescente

o aquecimento total desse momento,

que volta límpido, mas é cristal quebrado;

nessa troca de fluidos, finalmente,

nesse mais breve repasse de um portento,

enclausurado firme em meu passado...

 

EXSANGUINAÇÃO III

 

Nada mais há a dizer, mas mesmo assim,

eu me contento em recordar sozinho

isso que escrevo envolto em desalinho,

enquanto eu bailo em firewall sem fim;

sei redigir, mas nem sei por que convim

em me submeter a um comezinho

dever diário com meu lembrar mesquinho,

que diariamente me requer, alfim,

 

que clique da memória em algum botão,

até que o sangue, no plasma da lembrança

torne a fluir por todo o meu sistema.

Mas como o amor foi então sofreguidão,

em minha medula algo dele ainda descansa

e as mãos me força a redigir mais um poema...

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