TRIÃNGULO AMOROSO I – 6 JUL 2022
A hipotenusa tem seus dois
catetos,
cada qual a suportá-la em
equidade
e se permite amar em sobriedade,
sem compartir-lhes seus ideais
secretos.
Ambos a buscam, a ansiar por seus
afetos,
sem querer reparti-la em realidade;
se algum insiste com maior
intensidade,
logo o força a entender seus
objetos.
“Na verdade, eu precisarei dos
dois,
se por acaso um suporte se
perder,
meu equilíbrio de imediato afeta,
não poderei me sustentar depois
e se ligar-me ao que permanecer,
não mais serei que uma grossa
linha reta!”
TRIÃNGULO AMOROSO II
Assim estando, os catetos se
conformam,
pois sem os dois não haveria
hipotenusa,
só uma linha que pelo espaço
cruza,
tampouco eles sem ela nada
formam.
São os três em seu conjunto que
se adornam,
pois são dois ângulos que a
figura usa;
com mais um ângulo a geometria
abusa,
chega outra linha e em retângulo
se tornam.
Algumas vezes, a disputar
dominação,
eles se esticam e a deixam bem
menor,
em um isósceles a maltratar a
hipotenusa.
Ou as três linhas emparelhadas
são
e é num triângulo retângulo que
se escusa
essa tríade perfeita em seu
pendor.
TRIÃNGULO AMOROSO III
Mas nós vivemos no tridimensional
e as tríades tendem a causar
ciúme:
rivalidade logo vem a lume,
raramente a relação é perdurável.
Só um “hipotenuso” mais hábil que
o normal
o domínio das “catetas” é que
assume,
tríplice amor elevado assim ao
cume,
na segurança de seu poder
sensual.
Mas em geral, somos linhas
paralelas
e uma terceira só causa confusão,
são escalenos os triângulos então
ou ao “hipotenuso” burlam duas
donzelas,
as reais amantes sendo as duas
“catetas”,
uma com a outra a nutrir paixões
secretas...
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