quinta-feira, 7 de julho de 2022

TRIÃNGULO AMOROSO I – 6 JUL 2022

 

A hipotenusa tem seus dois catetos,

cada qual a suportá-la em equidade

e se permite amar em sobriedade,

sem compartir-lhes seus ideais secretos.

 

Ambos a buscam, a ansiar por seus afetos,

sem querer reparti-la em realidade;

se algum insiste com maior intensidade,

logo o força a entender seus objetos.

 

“Na verdade, eu precisarei dos dois,

se por acaso um suporte se perder,

meu equilíbrio de imediato afeta,

não poderei me sustentar depois

e se ligar-me ao que permanecer,

não mais serei que uma grossa linha reta!”

 

TRIÃNGULO AMOROSO II

 

Assim estando, os catetos se conformam,

pois sem os dois não haveria hipotenusa,

só uma linha que pelo espaço cruza,

tampouco eles sem ela nada formam.

 

São os três em seu conjunto que se adornam,

pois são dois ângulos que a figura usa;

com mais um ângulo a geometria abusa,

chega outra linha e em retângulo se tornam.

 

Algumas vezes, a disputar dominação,

eles se esticam e a deixam bem menor,

em um isósceles a maltratar a hipotenusa.

 

Ou as três linhas emparelhadas são

e é num triângulo retângulo que se escusa

essa tríade perfeita em seu pendor.

 

TRIÃNGULO AMOROSO III

 

Mas nós vivemos no tridimensional

e as tríades tendem a causar ciúme:

rivalidade logo vem a lume,

raramente a relação é perdurável.

 

Só um “hipotenuso” mais hábil que o normal

o domínio das “catetas” é que assume,

tríplice amor elevado assim ao cume,

na segurança de seu poder sensual.

 

Mas em geral, somos linhas paralelas

e uma terceira só causa confusão,

são escalenos os triângulos então

 

ou ao “hipotenuso” burlam duas donzelas,

as reais amantes sendo as duas “catetas”,

uma com a outra a nutrir paixões secretas...

 

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