VIRTUAL
HIPNOSE 1 – 2 JUL 22
Ilustração: Julia Faye, atriz do cinema mudo
Quando
passeio pela Onirosfera,
persigo
fogos-fátuos impaciente
por
qualquer coisa que se me apresente,
na
rejeição total do que me espera,
quando
do olhar a luz do sol se abeira;
sempre
ali encontro magia diferente,
um
espanto qualquer com que me alente,
mas
deste lado só rotina e pasmaceira...
Talvez
indaguem se não tenho pesadelos,
mas
não os tenho, somente peripécias,
que
me fazem recordar de antigas grécias
e
dos tempos remotos dos desvelos;
mas
sobretudo, tenho pendor potente
para
o controle total de tal ambiente.
VIRTUAL
HIPNOSE 2
Pesadelos
só encontro neste espaço
em
que a vida me tolhe diariamente,
pois
nada sei do que tenho pela frente,
se
de amor encontrarei um leve traço.
Nada
controlo no avanço de meu passo,
muda-se
o clima caprichosamente,
notícias
chegam de forma indiferente
e
nada sou nesse tempo tão escasso.
Quando
me deito, aguardo em impaciência,
não
pelo sono, que falta não me faz,
mas
pelo ingresso em anil imponderável.
Meu
corpo deixo com sua vã exigência,
mas
se me faltam sonhos, sou capaz
de
encarcerar-me neste mundo condenável.
VIRTUAL
HIPNOSE 3
No
hipnagógico assim me refugio,
fico
aos poucos a tecer meus devaneios,
deixo
de lado tristezas e receios
nessas
paisagens que para mim eu crio.
E
com frequência, até retomo o fio
dos
vultos de ontem, por arcanos meios,
galgo
a mesma janela em meus recreios
e
logo encontro a senda em que me guio.
Mas
se algo ocorre diverso do que quis,
giro
o timão a controlar minhas naves,
para
o reino cristalino em róseas lentes,
volto
às mansões em que me satisfiz,
das
mesmas casas recupero as chaves
em
que me esperam mil faces sorridentes.
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