ALTERNÂNCIA I – 5 maio 2022
(Patricia Neal)
Se quiseres definir maturidade,
talvez seja a certeza de tua morte,
talvez conformidade com essa sorte,
que a todos chega, em velha ou tenra
idade.
E para ao invés definir puerilidade,
talvez indique sentimento de outro
porte,
de quem se arrisca, sem temer o
corte,
em sua ilusão de invulnerabilidade.
Sobretudo, é preciso a aceitação,
sem revolta e a um só tempo com
certeza
de que o destino a todos nós atinge,
sem ter por nós qualquer comiseração,
reconhecendo que possui em sua beleza
todas as fitas com que o fado nos
cinge!...
ALTERNÂNCIA
II
Contudo,
urdefesas nos permaneceram,
cada
um tem a transcendência que merece;
a
grande maioria escolhe a prece,
quaisquer
que sejam os deuses em que creram,
enquanto
há outros que à ciência se entregaram,
na
alopatia a buscar um bem que desce
e
se espalha pelo corpo e mesmo favorece
as
precauções com que se acostumaram,
nessa
ilusão de imortalidade
que
os leve ao futuro com frequência,
pela
extensão do alimento natural
enquanto
negam em estulticidade
os
alimentos conservados em sua essência,
sem
as impurezas do mundo vegetal.
ALTERNÂNCIA
III
Mas
onde entram as questões de bem e mal,
é
mais fácil acreditar em mecanicismo
que
expliquem os paradoxos, afinal
de
um deus que crie o mundo com o sadismo
de
um gato exercido em sua total
crueldade
para um rato, enquanto o idealismo
tem
de enfrentar os fatos e a banal
renovação
diária de todo o humano egoísmo.
E
então se afirma que um deus onipotente
não
pode ser também benevolente,
mas
que se for benévolo, é impotente
e
que apenas um poder malevolente
poderia
criar um ser humano eterno
pelo
prazer de vê-lo arder em seu inferno!
DESCONFIANÇA I – 6 MAIO 2023
Uma coisa é se crer na vida eterna
e bem outra no eterno sofrimento,
descendo ao Hades após sofrer o
julgamento
que à permanência a libertação se alterna.
Mas a mansão dos mortos tão superna,
para os Gregos, era um lugar de
esquecimento,
o asfódelo para os mortos alimento,
bem raro aquele que ao Tártaro se
aderna.
Porém São Paulo declarou, bem
firmemente,
que a Lei Antiga não se aplicava mais
e que a Graça era concedida num
momento
a qualquer um que de Cristo fosse
crente,
sem possuir mérito ou culpa por
demais,
só por perdão de Seu divino alento.
DESCONFIANÇA
II
Eu
não encontro nos Dez Mandamentos,
nem
tampouco na Oração Dominical
referência
a um tal inferno no total,
do
Credo Niceno tais temas são isentos.
Foi
o Papa Silvestre, que em seus momentos
no
Credo Apostólico acrescentou tal mal,
mesmo
que a crença na Gehenna original
já
se encontrasse nos judaicos testamentos.
Desta
forma, melhor poderia controlar
rebanhos
crédulos dentre seus seguidores,
a
acalentar-lhes nas almas mil temores
e
suas Indulgências por pagamento dar,
como
forma de seus poderes aumentar
por
seu temor de sofrer eternas dores.
DESCONFIANÇA
III
Eu
acredito que o Inferno exista só
para
aqueles que nele acreditarem
e
na bondade divina não confiarem,
do
julgamento a negar o menor dó.
Esse
deus em que creem é igual que mó,
um
Cristo Pantocrátor a temerem,
na
divina Graça até mesmo crerem
negada
a seres que são apenas pó.
Mas
mesmo que essa Graça não exista,
contrariando
as Santas Escrituras,
nada
nos leva a crer nessas impuras
convicções
em que a culpa só persista,
que
um Deus Onipotente não possa perdoar
a
quem sem pena vá a si mesmo condenar.
A VERDADEIRA CRENÇA I – 7 MAIO 2023
Na verdade, acreditam muito mais
em horóscopos mostrados nos jornais,
em seu destino totalmente artificial,
revelado pela Vereda dos Animais,
o significado do Zodíaco, afinal,
capaz de lhes prever o bem e o mal,
desconfirmado por fatos naturais,
sem possuir justificativa mais cabal.
Assim deixam macular o seu presente,
pelo temor de um mal que se acha à
frente,
diariamente temendo esse caudal
de tristezas, de ódio e de desgraça,
sem confiar de forma alguma nessa
Graça
de a cada dia bastar seu próprio mal.
A
VERDADEIRA CRENÇA II
E
quem diria que ao longo dos milênios
essa
certeza falsa perdurasse,
que
a esperança humana só alcançasse
o
mesmo horóscopo dos antigos gênios...
que
persistisse a antiga astrologia
desse
Sol que percorre seu trajeto,
a
nos cobrir de ouro e azul o teto,
dali
apagando as estrelas que se via...
Cada
astro guardado em sua caixinha,
tampada
por tal Sol diariamente,
para
que rejam os destinos só à noite!
Que
pelos dias seja o Fado onipresente,
somente
Hélios a balançar sua chibatinha,
queimando
a todos com seu feroz açoite!
A
VERDADEIRA CRENÇA III
Mas
essa gente insiste em sua agonia,
querendo
horóscopos de uma astrologia,
em
que cada charlatão, sem cerimônia
escreve
coisas com que os orientaria...
sem
que sequer acreditem no que fazem,
suas
mensagens totalmente trazem
como
uma espécie tola de alimônia,
para
que bobos nelas sonho embasem.
Tudo
porque, no temor de escuras vias,
buscam
caminhos para sua ambição.
na
busca fútil dos menores traços
e
assim sempre justificam profecias
por
meras coincidências de ocasião,
logo
esquecidos de tantos mil fracassos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário