AS
TRÊS MANTILHAS XV – 13 outubro 2022
Mas
os dois irmãos de novo protestaram:
“Cavalo
e armas, tudo isso foi roubado,
como
poderia ter tudo ganho em tal castelo?”
Os
pais, contudo, não os apoiaram:
“De
que outra forma os poderia ter achado?
Que
vieram de Bielograd é fácil vê-lo
e
essa corrente que me trouxe é bem valiosa,
posso
trocá-la por uma soma fabulosa!...”
Mas
por que o mais moço irá casar
antes
de nós, que bem mais velhos somos?
Milovan
disse: “Essa disputa é irrelevante,
nenhum
de nós foi sequer até hoje namorar!
Por
que nova disputa não propomos,
onde
as noivas encontrar cada galante?”
Disse
Vsevolod: “Milovan tem a razão,
vocês
três noivas para mim trarão!...”
“E
quem trouxer a noiva mais bela
será
aquele a se casar primeiro!
Mas
esta corrente de ouro é suficiente
para
três bodas, se eu conseguir vendê-la!”
Os
dois irmãos concordaram bem ligeiro,
cada
um deles acreditando facilmente
que
a sua ninfa seria a mais formosa,
em
sua autoconfiança presunçosa!...
Partiu
Khristos novamente até a ponte
e
foi confiante pedir a ninfa em casamento.
“Mas
meu querido, eu até mesmo o aprecio,
porém
sou imortal, duro o tempo que ainda conte
esta
robusta construção que guardo e represento;
seu
pedido me agrada e até fácil eu sorrio,
contudo
ninfas não se casam com mortais
e
sequer filhos poderíamos ter jamais!”
Então
disse Khristos que não se importaria,
que
a desejava como esposa ardentemente.
“E
por que antes nunca me pediu um beijo?”
“Eu
não julguei que a senhora me daria,
mas
criei coragem e lhe peço humildemente
que
satisfaça generosa o meu desejo!”
“Mesmo
que aceite, não posso deixar minha ponte
enquanto
o sol rebrilhe no horizonte!...”
AS
TRÊS MANTILHAS XVI – 14 outubro 2022
“Se
houver finalmente um casamento,
terá
de ser à noite e de manhã retorno
para
guardar a ponte de meu rio.
Durante
as noites o beijarei com sentimento,
com
mil abraços deixarei seu leito morno,
e
consigo permanecerei por anos a fio,
mas
nunca poderemos ter um filho
e
a cada dia retornarei para meu trilho!”
Khristos
disse aceitar a condição
e
na garupa da mula a ninfa fez montar;
mais
um vez em casa foi o primeiro,
aos
pais causando tremenda comoção:
“Onde
uma noiva tão bela foi achar?”
“Esta
é Katzinka,que namorei ligeiro!...”
“Bem,
vamos ver o que irão apresentar
os
seus irmãos, quando cada um chegar!”
Mas
Katzinka afirmou bem claramente:
“Só
poderei ficar aqui durante a noite.
Amanhã
bem cedo, antes do sol nascer,
tenho
deveres para executar urgente:
sou
a ninfa da ponte!” – disse com afoite.
“Ao
casamento eu me irei submeter,
mas
sob as condições de minha magia,
caso
contrário, jamais seu filho aceitaria!”
Lukasz,
por sua vez, foi até a floresta,
para
a hamadríade pedir em casamento,
que
o escutou bastante surpreendida.
“Por
que me vem assim, com ar de festa,
se
nunca um beijo me pediu com sentimento?
Eu
sou imortal, ou minha vida é tão comprida
quanto
durarem estas matas que protejo,
não
é possivel aceder ao seu desejo!...”
“Hamadríades
não se casam com mortais,
mas
se quiser, posso ser sua namorada
porém
só te posso encontrar durante o dia,
minha
carne e sangue são mais vegetais,
se
uma criança por nós fosse gerada,
uma
nova árvore é provável que seria!”
Mas
Lukasz insistiu: “Querida fada,
em
quaisquer condições, serás por mim amada!”
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