AS
TRÊS MANTILHAS VII – 5 outubro 2022
(SVIATOSWID, DEUS ESLAVO DA GUERRA,
IMAGEM ESCULPIDA EM TRONCO)
Todavia,
tão logo no castelo penetrou,
foi
conduzido aos aposentos da princesa,
que
indagou-lhe o que buscava ali;
mas
com a formosura dela se encantou,
sua
língua presa diante de tal beleza:
“Quero
um emprego, se me aceitar aqui...”
“Mas
só por isso vieste ao meu castelo?”
“Minha
senhora, é realmente muito belo!”
“Mas
nem sequer sabia de sua existência,
só
vim caminhando ao longo desta estrada,
estava
em busca de qualquer ocupação,
estou
disposto a trabalhar com eficiência
e
só desejo uma recompensa limitada,
suficiente
para de uma mantilha a aquisição,
que
para minha mãe darei como presente
e
deste modo deixarei meu pai contente...
A
princesa começou a interrogá-lo
e
a história inteira então ele contou;
um
glamor fazia o castelo desaparecer,
só
aparecia quando queria capturá-lo
para
ser vítima e hóspede; ela dele se apiadou:
Esse
pobre rapaz não merece morrer!”
E
desta forma, entregou-lhe um amuleto:
“Este
é Swiatoswid, meu protetor secreto!”
“Swiatoswid? Mas não é o deus da guerra?
“Realmente,
mas como o pode conhecer?”
“Nosso
pai costumava seu nome invocar,
em
proteção de nossa pequena terra,
que
ninguém viesse nossa colheita desfazer
ou
sobre a nossa cevada batalhar!”
“Está
certo, mas também é o protetor
contra
feitiço, doença ou salteador...”
“No
seu pescoço o coloque agora,
antes
de ao quarto ir se recolher,
depois
do banho que lhe mandei preparar
e
uma boa refeição sem mais demora.”
Depois
disso, ainda quis melhor o conhecer,
longa
conversa entre os dois a entabular.
A
cada vez apreciava mais esse rapaz,
que
gostaria de poder mandar em paz.
AS
TRÊS MANTILHAS VIII – 6 outubro 2022
Mas
que fazer, quando o encanto a compelia?
E
assim o conduziu a um aposento,
todo
forrado de vermelho e o avisou,
com
grande esforço, do perigo que corria:
“Algo
virá esta noite. Algum portento,
querendo
te assustar, mas o amuleto que te dou
com
a figura de Swiatoswid, a ti protegerá:
segura-o
bem e nada de mau te afligirá!”
Milovan
nunca um luxo igual gozara,
somente
em enxergão de palha ele dormira,
algumas
vezes num pelego sobre o chão;
com
receio no olhar, a princesa se afastara
e
sem saber direito contra que o prevenira,
custou
a dormir com certa inquietação,
mas
finalmente os seus olhos cerrou
e
só ao soar da meia-noite se acordou!
Quatro
soldados de capacete e couraça
se
materializaram, dando gritos violentos:
“Queres
roubar o castelo de meu rei!...
Não
iremos consentir em tal desgraça!”
Mas
Milovan, com os olhos bem atentos,
segurou
o amuleto, como se fosse lei
e
eles zombaram: “Não te pode proteger!
Tua
liberdade e mesmo a vida irás perder!...”
Mas
o rapaz os fitou tranquilamente:
“Não
tenho medo de qualquer fantasma!”
A
figurinha de três faces firme em sua mão.
As
espadas lhe apontaram cruelmente,
algo
temeu, mas nem por isso pasma:
estendeu
o braço e percebeu ser só ilusão:
“Eu
sou de carne e sangue e não me cortam,
suas
pontas e gumes contra mim se abortam!”]
Frustrado,
os fantasmas tiraram as cabeças,
flutuando
as quatro em sua direção
e
acabando por pousar nos cobertores!
Mas
sua coragem não tremeu perante essas
e
uma das bocas repetiu a acusação:
“De
nosso rei somos os protetores,
sou
o Capitão da Guarda e o defenderei
e
até mesmo em sua defesa eu morrerei!
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