quinta-feira, 18 de maio de 2023


 

 

AS TRÊS MANTILHAS XI – 9 outubro 2022

 

Chegou o pai e interrompeu-a calmamente:

“Por que razão foi tal embate começado?”

Os dois mais velhos falaram sua pretensão.

“Se o deram para ele no castelo, certamente

não poderá por vocês dois ser-lhe tirado!

Sigam agora e vão cumprir a sua missão!”

Khristos e Lukasz partiram então de má-vontade

e Milovan pôde então cavalgar em liberdade!...

Khristos partiu até encontrar a ponte,

pedindo à ninfa que lhe cedesse a corrente

com que ela fora antes encadeada;

a ninfa consentiu em seu desmonte

e à margem a trouxe, num esforço ingente.

Mais uma vez ela se deixou ser abraçada,

possivelmente algo mais até desejaria,

mas Khristos só cumprir a sua missão queria!

E para casa retornou, pesadamente;

como da outra vez, chegou primeiro,

mas quando a corrente foi desenrolada,

para três voltas foi apenas suficiente

e o pai lhe disse, com um olhar matreiro:

“Se nenhuma maior for encontrada,

da disputa ainda o declaro vencedor:

vamos ao campo executar nosso labor!”

Lukasz prosseguiu, montado em seu jumento,

até o ponto em que já havia encontrado

a hamadríade, que indagou qual seu desejo.

Ele a informou, sem qualquer acanhamento:

“Quero o grilhão maior que for achado

nesta floresta”, -- sem sequer pedir-lhe um beijo!

A ninfa da floresta, mesmo um tanto despeitada,

puxou uma longa liana nas árvores enrolada.

E tão logo o cipoal ia caindo ao chão,

se transformava em correntes de metal.

Lukasz achou que já era o suficiente.

“Senhora hamadríade, tem minha gratidão!”

E as enrolou no jumento, mal e mal,

sendo obrigado a pé seguir em frente

e até uma parte nos seus ombros transportou

e já exaurido junto à casa ele chegou...

 

AS TRÊS MANTILHAS XII – 10 outubro 2022

 

“Uma bela corrente que me trouxe,” disse o pai.

“Mas me parece estar um pouco enferrujada...”

“Como assim, era uma corrente quase nova!...”

“Por que está verde?   É um zinabre que não sai?”

Ficou Lukasz sem conseguir dizer mais nada.

“Vamos desenrolar, para ver se ela se aprova...”

E conseguiram apenas cinco voltas dar,

como fora requerido, em torno ao lar...

“Bem, ao menos que a de Khristos é maior,

serei obrigado a declará-lo vencedor,

mas vamos ver o que nos traz o seu irmão...”

“Duvido que o Milovan faça melhor!...”

“Vamos esperar, com calma e sem furor,

não há por que se queixar da situação...”

Mas Milovan custava muito a aparecer:

“Decerto ele não encontrou o que trazer!”

Enquanto isso, Milovan ao castelo retornou

e à Princesa Ludmilla apresentou o seu pedido.

“Pois muito bem, amanhã eu lhe darei,

mas o encantamento ainda não terminou;

tenho certeza que por você será vencido,

tenho confiança no amuleto que lhe dei...”

Assim Milovan de novo com a princesa jantou

e tranquilamente para o quarto retornou...

“Não,” disse ela, “em outro quarto vai hoje dormir.”

E o levou a um aposento só de amarelo pintado.

Milovan foi deitar-se de novo, calmamente,

à meia-noite mais uma vez a ouvir

aqueles gritos que havia antes escutado:

“Queres furtar de nosso rei potente!...”

Mas desta vez não se tratava de soldados:

“Aqueles tontos foram por você engazopados!”

“Porém a nós enganar não poderá,

nós somos os ministros do Conselho Real,

homens ilustres que ao rei defenderemos!”

“Mas fantasma algum me machucará,

eu sou de carne e sangue e nenhum mal

qualquer espírito me fará!” “Nós o arrebataremos,

nem Swiatowid o poderá impedir

e em suas mentiras não poderá insistir!...”

 

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