AS
TRÊS MANTILHAS V – 3 outubro 2022
Os
sátiros rápido para o mato se escaparam,
seu
sangue verde pela estrada derramado,
enquanto
a jovem agradecia profusamente:
“Sou
uma hamadríade, mas eles me puxaram
para
fora dos galhos de meu ninho alado;
aqui
no solo meu poder é inexistente...”
A
linda jovem o abraçou agradecida:
“Pede
o que queres e te darei em seguida!”
Ora,
Lukasz só uma coisa tinha em mente:
“Minha senhora, então dê-me a sua mantilha!
A
ninfa da árvore pareceu desapontada,
mas
a retirou do pescoço, complacente
e
logo Lukasz retornou pela estreita trllha,
até
chegar aonde deixara a sua montada
e
sem pensar duas vezes, com vagar,
seguiu
a passo lento de retorno ao lar!
Mas
a mantilha de um verde bem formosa,
pouco
a pouco começou a desbotar
e
quando à mãe, com orgulho, ele a estendeu,
estava
branca como rosa primorosa;
grande
prazer sua mãe a demonstrar,
porém
ao pai pouco ou nada comoveu
e
assim Lukasz foi reunir-se a seu irmão,
em
seu trabalho ao redor da plantação.
Já
Milovan, sempre a pé a caminhar,
chegou
à margem de um caudaloso rio,
um
castelo vislumbrando na outra margem,
em
raiz de árvore sentou-se a descansar:
talvez
pudesse atravessar o rio tão frio
e
lá pedir um emprego com coragem,
mas
sem saber como o largo rio cruzar,
com
seu magro lanche se foi alimentar.
O
que ele não sabia era do encantamento
que
fora lançado sobre o tal castelo.
Ainda
moço, o seu rei havia morrido,
uma
única filha a deixar como rebento.
Sua
mãe morrera de desgosto e zelo,
o
castelo e o reino para a princesa tido
como
herança, mas sem poder ser coroada,
antes
que fosse devidamente desposada!
AS
TRÊS MANTILHAS VI – 4 outubro 2022
Mas
com sua morte o rei não se conformava
e
retornava ao castelo em noites frias,
para
eliminar da filha os pretendentes;
ela
sabia, mas o feitiço a obrigava
e
cada vez que passavam por suas vias,
convidava
mesmo os transeuntes inocentes,
alimentava-os
bem, mostrava-se gentil,
mas
os conduzia até a armadilha vil!...
Eles
eram levados a algum aposento
em
que poderiam dormir tranquilamente
ou,
pelo menos, era o que se lhes dizia:
durante
a noite soprava estranho vento,
vultos
fantasmas a atacá-los cruelmente
e
sempre o hóspede dali desaparecia!
Ninguém
sabia qual fora o seu destino
e
a princesa se lamentava em desatino!
Afinal,
não eram mais seus pretendentes,
todos
do castelo haviam desaparecido,
mas
o rei morto insistia que outros viessem
e
era assim pelos feitiços contundentes
forçada
a atrair qualquer desconhecido,
para
que os fantasmas deles dispusessem!
Chorava
lágrimas então amargamente,
mas
não poderia avisá-los realmente!
Quando
sua boca abria para os avisar,
sentia
como a trancasse uma mordaça,
que
só com goles de vinho se abriria,
mas
depois de aos infelizes atraiçoar;
por
sinais, tentava indicar o que se passa,
mas
para o aposento fatal os mandaria
e
nessa noite o espírito de seu pai chegava
e
de cada hóspede então se apoderava!
Portanto,
ao avistar Milovan na outra margem,
por
mais que esse desgosto ainda a magoasse,
mandou
um barco, enfim, para o buscar!
Milovan
mal pensava na paisagem,
somente
em mantilha que encontrasse,
para
seu pai e sua mãe não ir desapontar,
embora
de se casar não visse necessidade,
mulher
alguma o interessara de verdade.
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