quinta-feira, 4 de maio de 2023


 

 

AS TRÊS MANTILHAS V – 3 outubro 2022

 

Os sátiros rápido para o mato se escaparam,

seu sangue verde pela estrada derramado,

enquanto a jovem agradecia profusamente:

“Sou uma hamadríade, mas eles me puxaram

para fora dos galhos de meu ninho alado;

aqui no solo meu poder é inexistente...”

A linda jovem o abraçou agradecida:

“Pede o que queres e te darei em seguida!”

Ora, Lukasz só uma coisa tinha em mente:

 “Minha senhora, então dê-me a sua mantilha!

A ninfa da árvore pareceu desapontada,

mas a retirou do pescoço, complacente

e logo Lukasz retornou pela estreita trllha,

até chegar aonde deixara a sua montada

e sem pensar duas vezes, com vagar,

seguiu a passo lento de retorno ao lar!

Mas a mantilha de um verde bem formosa,

pouco a pouco começou a desbotar

e quando à mãe, com orgulho, ele a estendeu,

estava branca como rosa primorosa;

grande prazer sua mãe a demonstrar,

porém ao pai pouco ou nada comoveu

e assim Lukasz foi reunir-se a seu irmão,

em seu trabalho ao redor da plantação.

Já Milovan, sempre a pé a caminhar,

chegou à margem de um caudaloso rio,

um castelo vislumbrando na outra margem,

em raiz de árvore sentou-se a descansar:

talvez pudesse atravessar o rio tão frio

e lá pedir um emprego com coragem,

mas sem saber como o largo rio cruzar,

com seu magro lanche se foi alimentar.

O que ele não sabia era do encantamento

que fora lançado sobre o tal castelo.

Ainda moço, o seu rei havia morrido,

uma única filha a deixar como rebento.

Sua mãe morrera de desgosto e zelo,

o castelo e o reino para a princesa tido

como herança, mas sem poder ser coroada,

antes que fosse devidamente desposada!

 

AS TRÊS MANTILHAS VI – 4 outubro 2022

 

Mas com sua morte o rei não se conformava

e retornava ao castelo em noites frias,

para eliminar da filha os pretendentes;

ela sabia, mas o feitiço a obrigava

e cada vez que passavam por suas vias,

convidava mesmo os transeuntes inocentes,

alimentava-os bem, mostrava-se gentil,

mas os conduzia até a armadilha vil!...

Eles eram levados a algum aposento

em que poderiam dormir tranquilamente

ou, pelo menos, era o que se lhes dizia:

durante a noite soprava estranho vento,

vultos fantasmas a atacá-los cruelmente

e sempre o hóspede dali desaparecia!

Ninguém sabia qual fora o seu destino

e a princesa se lamentava em desatino!

Afinal, não eram mais seus pretendentes,

todos do castelo haviam desaparecido,

mas o rei morto insistia que outros viessem

e era assim pelos feitiços contundentes

forçada a atrair qualquer desconhecido,

para que os fantasmas deles dispusessem!

Chorava lágrimas então amargamente,

mas não poderia avisá-los realmente!

Quando sua boca abria para os avisar,

sentia como a trancasse uma mordaça,

que só com goles de vinho se abriria,

mas depois de aos infelizes atraiçoar;

por sinais, tentava indicar o que se passa,

mas para o aposento fatal os mandaria

e nessa noite o espírito de seu pai chegava

e de cada hóspede então se apoderava!

Portanto, ao avistar Milovan na outra margem,

por mais que esse desgosto ainda a magoasse,

mandou um barco, enfim, para o buscar!

Milovan mal pensava na paisagem,

somente em mantilha que encontrasse,

para seu pai e sua mãe não ir desapontar,

embora de se casar não visse necessidade,

mulher alguma o interessara de verdade.

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