AS
TRÊS MANTILHAS IX – 7 outubro 2022
Milovan
respondeu-lhe, calmamente:
“Não
se dá conta que assim foi que morreu?
É
só um fantasma que me veio perturbar!
Mas
eu não quero este castelo, certamente;
emprego
vim pedir e a princesa me acolheu,
só
uma mantilha pretenderei daqui levar!...”
Os
fantasmas finalmente se aquietaram
e
os quatro em fumaça então se dissiparam!
Milovan
beijou então seu amuleto:
“Swiatoswid,
te agradeço a proteção!”
Fechou
os olhos e dormiu tranquilamente.
Bem
de manhã, um criado bem discreto,
a
porta do quarto entreabriu com precaução
e
à luz que projetava o Sol nascente,
viu
Milovan, ainda deitado sobre a cama,
depressa
dando a notícia à sua senhora e ama!
“Senhora,
o hóspede não desapareceu!
É
a primeira vez que isso acontece!...”
“Já
o esperava...” – Ludmilla lhe afirmou.
Foi
ver Milovan, que se espreguiçou e distendeu.
“Caro
hóspede, os deuses escutaram minha prece,
mas
o seu sono coisa alguma perturbou?”
“Só
alguns fantasmas que vieram conversar,
sem
conseguirem nem um pouco me assustar!”
“Levante
então, para ir comer comigo.”
Milovan
se ergueu e notou, ao pé da cama,
um
trajo completo da roupa mais fina
e
simplesmente considerou consigo:
Minhas
roupas para lavar levou a mucama,
decerto
esta muda para mim se destina;
depois
a troco por minha roupa de viagem,
não
posso estas usar nesta paragem!
Mas
ao mencioná-lo, após a refeição,
a
princesa respondeu-lhe, sorridente:
“Serás
obrigado agora a usar estas,
mandei
queimar as outras com razão,
estas
serão as suas daqui para a frente...”
“Mas,
minha senhora, são roupas para festas!”
“Não
se preocupe, que merece muito mais,
ninguém
a maldição venceu antes jamais!...”
AS
TRÊS MANTILHAS X – 8 outubro 2022
“Esse
mal que ao Castelo Bielograd acometeu.
A
maldição só foi vencida parcialmente,
mas
sobre nós já seu peso se aliviou!...
Recebe
as roupas como um presente meu,
mais
esta mantilha, que espero realmente
faça
sua mãe, ao vê-la, se alegrar!...
Quanto
a seu trajo, não poderá estragá-lo,
porque
também irá ganhar um bom cavalo!”
Partiu
o rapaz no maior contentamento,
belos
arreios, o trajo assim acompanhado
e
sem se preocupar, para casa retornou,
consternação
a causar nesse momento:
“De
onde roubou?” “Ganhei em Bielograd,
a
Princesa Ludmilla é que me presenteou!”
Os
dois irmãos insistiram que ele era ladrão,
os
pais, porém, a refutar sua acusação.
“Essa
mantilha tem uma renda prestimosa
e
a parte central está muito bem bordada,
até
as franjas me parecem ser de ouro!...”
A
acusação de Khristos e Lukasz mais furiosa,
mas
o pai não aceitou a alegação não comprovada:
“Que
não seja isto um motivo de desdouro!
Uma
segunda prova será agora excelente:
que
cada um dos três me traga boa corrente!...”
“Suficiente
para sete voltas em nossa casa dar
e
o resultado só eu mesmo julgarei:
Vão
descansar e partam de novo amanhã!”
Milovan
primeiro o seu cavalo foi tratar,
mas
no outro dia Khristos quis impor sua lei:
“Eu
sou o mais velho!” – insistiu com grande afã.
“Fique
com a mula, o cavalo eu montarei!”
“Eu
pego a mula,” disse Lukasz “e o jumento lhe darei!”
Porém
Milovan resistiu-lhes firmemente,
embora
os dois tentassem despojá-lo:
“Você
roubou e roubaremos do ladrão!”
Já
estavam a ponto de ferir-se mutuamente,
o
cavalo a relinchar com grande abalo,
a
mula e o jumento a aumentar a confusão!
A
mãe olhou pela janela e já assustada,
chamou
o pai, que mais não fosse agravada!
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