quinta-feira, 2 de março de 2023


 

 

A PRINCESA DO MAR VII

(Lyubova)

 

"Três anos em viagem gastarás

e terás sempre minha proteção,

mas à minha mãe terás de conquistar

e a meu pai a cada dia louvar.

Assim, alcançarás satisfação

e longa vida em meus braços gozarás."

"Porém agora, eu tenho de partir.

Lembra de tudo o que te aconselhei."

Dizendo isso, Volkhova caminhou

até o lago e nas águas mergulhou,

para encontrar de novo o pai e rei,

cuja graça e boa vontade iria pedir.

 

Deitou-se Sadko e voltou a adormecer,

julgando tudo não passar de um sonho.

Mas Lyubova, sua esposa, o procurou

e quando nas areias o encontrou,

iluminou-se seu olhar tristonho,

para com beijos e abraços o acolher...

Sadko voltou com ela para casa,

dizendo à sua esposa como a amava.

Tomou um banho, fez ligeira refeição,

voltou-lhe muito clara sua visão

e logo ao porto, ligeiro, caminhava.

Breve retorno com Lyubova apraza.

 

A PRINCESA DO MAR VIII

 

Chegado ao porto, Nazhata viu cantando

e até os pobres lhe davam atenção...

O rival foi o primeiro que o enxergou

e com versos sarcásticos o saudou,

sob a galhofa de toda a multidão.

Sadko magoou-se e foi logo jurando

que pescaria do lago peixes de ouro!...

Caíram em gargalhadas... e apostou

que os pescaria logo essa manhã.

Os mercadores disseram que era vã

a sua pretensão, mas declarou

que os venderia, em troca de um tesouro.

 

Fizeram troça e, por pura zombaria,

o que ele desejava perguntaram.

"Dez mil rublos de cada mercador!..."

"Mas tu não tens coisa alguma de valor!

O que darás em troca?"lhe indagaram,

"ao fracassares em tua fantasia...?"

Afirmou Sadko que apostava sua cabeça!

Indecisos se entreolharam os mercadores.

Porem Nazhata, para assistir seu mal,

instou com eles que aceitassem, afinal:

"Será escravo de vocês, senhores!...

Ou lhe empalhem a cabeça como peça!..."

 

A PRINCESA DO MAR IX

 

Dez mercadores a aposta confirmaram,

perante as vistas de toda a multidão.

Pediu Sadko que uma rede lhe emprestassem

e que até certa distância o transportassem.

Lançou a rede, sem hesitação:

logo três peixes dentro dela se lançaram!...

Erguida a rede, eram mesmo peixes de ouro!

Maravilhados, seus amigos pescadores,

que até esse momento o lamentavam,

alegremente até a praia o transportaram,

para que fosse mostrar aos mercadores

como agora lhe deviam seu tesouro!...

 

Os mercadores juntaram, a contragosto,

os cem mil rublos que Sadko ganhara,

dizendo ser mal ganhos.  Comerciantes

perfazem lucros com esforços extenuantes,

enquanto ele, só por sorte, conquistara

esse dinheiro que na aposta haviam deposto!

E como olhassem para Nazhata, contrafeitos

por se terem dobrado à sua insistência,

ele se pôs a cantar de um rouxinol

que se tornara comerciante no arrebol...

Essa canção despertou-lhe a impaciência

e quis Sadko justificar os seus direitos.

 

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