O PRÍNCIPE CEGO XI – 23 ABR 2022
(Ninfas Eslavas)
Levou-o por um trecho e
afastou-se a gargalhar,
Milovan, tonto, ficou em tronco
a se apoiar,
tão fraco estava, que mal podia
caminhar,
ficou apenas a escutar-lhe o
murmurar...
Daqui a
pouco irei ver, se não cair...
Adormeceu e só acordou ao ouvir
o som alegre de três jovens a
rir,
as ninfas da floresta ali se
estavam a reunir...
As três
se banharam alegremente,
sem nem
notar a presença do infeliz,
que
muito quieto ali permaneceu:
Se o descobrissem, lhe dariam um
castigo?
Não observei a nudez delas,
realmente,
mas por que acreditariam no que
fiz?
E entre
as ramas do pinheiro se escondeu,
Mesmo
cego, ainda temendo algum perigo!
De repente, a uma das ninfas escutou:
“Vocês conhecem desta fonte os seus
poderes,
tem água mágica que qualquer doença
cura,
até a paralisia e surdez, mesmo a
cegueira!”
A segunda ninfa depressa contestou:
“Ninguém pode saber de seus pendores,
precisamos conservar sua água pura,
vindo gente, vai-se a virtude bem
ligeira!”
“Chega
logo um cordão de peregrinos
beber a
água e deixá-la poluída!”
“Eu bem
que gostaria, ao menos uma vez
de ver
alguém empregar os seus poderes...”
Disse a
terceira. “Não escutaram os sinos?
A filha
do rei, tão prendada e tão querida,
está à
morte, de alguma peste, como vês..
Não
merecia, tão gentil nos seus deveres!”
“Não cabe a nós interferir no fado,”
disse a segunda, que era a mais severa.
“Vamos agora retornar a nossos
ninhos...”
E assim as três se afastaram
alegremente.
Filha do
rei? Só se for do país ao lado,
nossa
mãe não teve filhas, nem se espera
que
ainda possa gestar mais pequeninhos...
E de
nenês não falavam, certamente!
O PRÍNCIPE CEGO XII – 24 ABR
2022
Esperou pacientemente, até que o
ruído
desapareceu das asas
farfalhantes
e então desceu à fonte,
cambaleando...
Será que
realmente é milagrosa?
Lavou o sangue de seu olhar
ferido,
mas continuou tão cego como
dantes...
Foi só
uma ilusão... Quem sabe me enganando
estavam
elas nesta noite tenebrosa?
Talvez tenham minha presença
pressentido
e só de mim quiseram se burlar?
Outra injustiça eu sofreria
assim,
será que de fato eu sou o
errado?
Da água
da fonte não tinha ainda bebido...
De algum modo poderá me
confortar...
Encheu a
mão com aquela água de cetim
e a
bebeu, somente um pouco consolado...
Mas de repente, embora fosse noite,
algumas luzes percebeu a seu redor:
eram as estrelas na lagoa a refletir!
Será de
fato que recobrei a minha visão?
Olhou em volta, no maior afoite,
a Lua brilhava, como um astro redentor,
tudo ao redor a pratear e a reluzir!...
Assim a Justiça reocupou seu coração!
Então
encheu de água o seu cantil
e se pôs
a cruzar a floresta até a fronteira,
entre o
reino de seu pai e o dos vizinhos,
com
algumas frutas a se alimentar...
Seguiu
adiante sob o céu de anil,
com
grande gratidão, que a derradeira
maldade
da Injustiça os seus caminhos
nunca
mais lhe poderiam perturbar!...
Finalmente, após longa jornada,
conseguiu toda a floresta atravessar
e ao longe avistou grande cidade,
depois de vastos campos de cultivo.
Sua mente estava agora descansada
e com Justiça continuou a caminhar,
e ali indagou sem qualquer temeridade
como ao castelo do rei chegar ativo...
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