O TERCEIRO HÓSPEDE XI
Sentiu algum remorso o lenhador,
mas Rosicleia se esforçara tanto!
Podia ver-lhe as lágrimas de pranto,
quando lhe pode entregar o seu presente
e como ele ficaria indiferente?
Preparara-lhe o peru com tanto amor!
Ergueu os braços para a Deus agradecer
e levantou bem depressa o seu facão...
Mas uma sombra lhe cobriu a mão!...
Ergueu os olhos, cheio de surpresa:
chegara outro, de oposta natureza,
bem alto e magro, de estranho parecer...
Como a de um Charro
era sua vestimenta:
um salteador, que percorria a Terra,
todo de negro, vestido para a guerra,
moedas lhe pendiam do chapéu
e bem depressa, dissipou-se o véu:
era o diabo, que todo o cristão tenta!
O TERCEIRO HÓSPEDE XII
“Estou com fome, meu querido amigo,
dê-me um pedaço desse seu peru!”
Macário percebeu-lhe o olhar cru,
sua maldade refletida em ameaça,
porém julgou possuir de Deus a graça
e não mostrou temor ao inimigo...
“Lamento muito, mas vai-me desculpar;
minha esposa passou a noite cozinhando,
para eu comer sozinho se esforçando.”
“Não reparti com ela ou com meus filhos:
volte depressa a seus estranhos trilhos,
pois nem um pedacinho vou-lhe dar!...”
El Charro praguejou e foi-se embora,
ameaçando fazer-lhe grande mal.
Sabia Macário que tal ser infernal
só poderia vencê-lo em tentação
e com fervor, dirigiu nova oração
para que os céus o protegessem nessa hora!
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