LOVE
SPIRALS I (Translated on 07/07/21
I
need you, that is wholly undeniable,
Even
having to force my own nature,
Even
denying a most gorgeous allure,
I
need you, my pure jewel attainable
In
my every dream, despaired or lovable
I
need you, my every day for sure,
Close
to me, that my hours will secure,
That
my waiting be never just spendable.
I
need you, but not only in a distance,
Near
only inside a verse or in a sigh,
Only
caressed in the dream I breathe,
But
your hands on mine, in loving stance,
In
full desire your breast against mine,
Like
a hugging kiss of perpetual wreath.
Na ilustração, a atriz americana Miranda Rae Mayo,
da série Chicago Fire.
My own original sonnet written in Portuguese,
VOLUTAS I
(9 MAI 79)
Preciso de você, não há
negá-lo,
Mesmo que force a
própria natureza,
Mesmo que negue a mais
veraz beleza,
Preciso de você, meigo
regalo
Dos sonhos meus, de
amor e desespero.
Preciso de você todos
os dias
Perto de mim: que as
horas fugidias
Não se evolassem tanto
como espero.
Preciso de você: não
longe, apenas,
Entrevista num verso e
num suspiro,
Acarinhada no sonho que
respiro...
Mas junto às minhas,
tuas mão morenas,
Teu peito contra o meu,
nesse desejo
De me estreitar
perpétua no teu beijo.
ESFIGMOMANÔMETRO I – 1º JUL 2021
Bom dia, meu amor distante e vago,
Quase invisível a meu olhar distante,
Torna vago o coração que, delirante,
Encheu-se um dia desse amor pressago.
Bom dia, meu amor de tanto estrago,
Que me deixaste o coração errante,
Preso em delírio quase fibrilante,
Sem sequer eletrochoque por afago!...
Meu vago amor, amor de meu enfarte,
Amor senil, feito aterosclerose,
Amor tricúspide em minha válvula mitral,
Amor que mesmo assim busco destarte,
Amor parasitário de chistose,
Contudo amor inteiro e bem real!...
ESFIGMOMANÔMETRO II
Bom dia, meu amor que desconheço,
Com quem tropeço em noite estrelada;
Dentro do sono não vejo quase nada,
Apenas esse amor que tanto peço,
Apenas esse sono em que eu ingresso,
Meu coração em plena madrugada,
Em cada sonho a vida ensolarada,
Será que em sonho a noite faz ingresso?
De fato, tanto quanto me recordo,
Os meus sonhos se passam só de dia;
Alguma vez ante vitrinas passaria,
Com a impressão de noite nesse acordo,
Mas logo vejo que um reflexo luzia
Contra a vidraça que em tal momento abordo.
ESFIGMOMANÔMETRO III
Bom dia, meu amor de puro sonho,
Que mesmo à noite vejo claramente,
Jamais me falha a sombra de teu ente,
Será esta sombra que eu amo, de bisonho?
Mas é um amor que não me faz tristonho,
Faz bater meu coração bem mais frequente,
Só com esforço conservo-me dormente,
Ante a pressão do amor em que me ponho.
Meu puro amor de aparelho de pressão,
Fazendo as válvulas vibrar do coração
E a penetrar-me do corpo em cada parte,
Amor saudável nesse estranho enfarte,
Amor que vibra inteiro de emoção
E a cada noite algo do Sol reparte...
Atmavydia (ilusão) i – 2 jul 2021
Se algo desejas bem ardentemente,
Não esperes que te venha ao colo;
Sempre é preciso capinar o solo
Até que cresça ideal mais imponente;
Na verdade, o destino é indiferente,
Não pretende esmagar-te sob um rolo,
Nem dar-te bem e nem te causar dolo:
Só te oferece mil escolhas,
realmente.
Cada manhã, quando ergues o teu
rosto,
Há mil caminhos e mil
possibilidades,
Mas só um deles podes escolher
E ao fim do dia, estando o sol já
posto
Seguiste a escolha em suas
potencialidades
Ou permitiste ao fado te escolher?
Atmavydia (ilusão) iI
Tua vida inteira é por escolhas
feita,
Mesmo que sempre julgues tudo em
vão,
A dita sempre te há de dar a mão,
Mas somente após por ti ter sido
eleita.
Não te deixes levar pela suspeita
De que o destino foi traçado de
antemão,
Foi consequência de cada decisão
E cada acerto teu próprio bem
aleita.
pois cada erro te levou a mau
caminho,
porém tudo foi escolhido por ti só,
a não ser que aguardes na
impotência,
quando teu dia transcorrerá sozinho
e os resultados de ti não terão dó,
que os provocaste por simples
indolência.
Atmavydia (ilusão) iii
Portanto, bate à porta sem cessar
E não te desanimes se não abre,
Quando teu ouro se corrompe de
zinabre
Ou se na lama te vês a escorregar,
contempla a própria escritura a
revelar,
quem não te atende por ser teu
amigo,
se o importunares, te dará abrigo
breve que seja no seu ajudar.
O importante é insistir, que nessa
luta,
Mesmo quando ao final nada se ganha,
Ao menos se tentou, sem desistir;
Nunca se sabe quando um anjo nos
escuta,
Mas quem desiste sem qualquer
barganha
Nada pode esperar de seu porvir.
Farpas de Sono I – 3 jul 202l
De espada à cinta eu saio sempre à rua,
Andando à cata de sombras e fantasmas;
Quando me encontras, parece-me que pasmas,
Pensas que caço almas penadas sob a Lua.
Tu que és meu sonho, minha sombra nua
Que me surges à noite e que me orgasmas,
Quando me enxergas caçando meus miasmas,
A sombra ocultas que persigo tua;
Então te enrolas em ti mesma, previdente:
Só queres sombra ser à luz do Sol,
À luz da Lua com a treva te misturas.
E numa esquina das casas, inocente,
Vejo tua sombra, escuridão de escol,
Mais branca sempre que tais sombras impuras.
Farpas de Sono II
Quem me encontra pelas ruas capinando
Entre as pedras da
calçada e as tijoletas,
Decerto imagens faz de mim pouco diletas:
Deve ser louco, melhor seja desviando.
De fato, se nas ruas me flagram procurando
Por entre as frestas sombras mais completas,
Nada me atraem farpas de almas abjetas,
Somente vultos mais gentis vou garimpando;
Se busco um vulto encontrar com minha espada,
Não o pretendo de forma alguma retalhar
E nem tampouco menção faço de o espetar.
Eu busco é a sombra da mulher amada,
Que ali passou e deixou coisa de si,
Fantasmas seus que aos poucos recolhi.
Farpas de Sono III
Mal percebem que suas sombras as pessoas
Guardam de si um certo sentimento;
Quando pressagas de ressentimento
Ou quando alegres por lembranças boas.
Porém as sombras que deixas quando voas,
Alacremente a esparzir
teu julgamento,
Se entremeiam com muito alheio pensamento,
Abandonado em memórias mais atoas.
Por isso à espada preciso então cortar
Os outros vultos junto aos teus esmerilhados,
Que só tuas sejam as sombras recolhidas.
E assim peneiro argênteas ruas ao luar:
Como lamento essas noites negregadas,
Que mais me ocultam tuas farpas esquecidas!
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